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Difusos e Coletivos RICARDO DE SÁ CONHEÇA NOSSOS CURSOS: www.aprenda.com.br/ricardodesa AÇÃO CIVIL PÚBLICA 4. LEGITIMIDADE ATIVA (ART. 5º da LACP) Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 4.1. Noções Gerais • Taxatividade e controle judicial da representação adequada 🡪 para a jurisprudência, o rol de legitimados do art. 5º da LACP é taxativo, não podendo ser ampliado senão por meio de alteração legislativa. Mesmo assim, nenhum dos legitimados é universal, sendo sempre possível o exame da pertinência temática. • Admissibilidade de litisconsórcio (art. 5º, §2º) §2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. 4.2. Do Ministério Público É o legitimado ativo por excelência para a Ação Civil Pública, cuja propositura é função institucional prevista no art. 129, III, da Constituição. A LACP também admite o litisconsórcio entre o MPU e os Ministérios Públicos dos Estados e Distrito Federal. 4.2.1. Intervenção obrigatória do Ministério Público 🡪 segundo o art. 5º, §1º, da LACP, mesmo não sendo autor, o Ministério Público deverá intervir, no processo, como fiscal da ordem jurídica: § 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. 4.2.2. Ministério Público como sucessor processual 🡪 quando não for autor da Ação Civil Pública, o Ministério Público assumirá a ação, sucedendo seu autor original, como substituto de parte, nos casos de desistência infundada ou abandono da ação. É o que dispõe o art. 5º, §3º, da LACP: 4.2.3. Provocação ao Ministério Público 🡪 qualquer pessoa, servidor público, juiz ou tribunal podem levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que possam vir a ensejar a propositura de ações civis públicas, conforme os arts. 6º e 7º da Lei da Ação Civil Pública. § 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção. Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis. 4.2.4. Legitimidade do Ministério Público para a tutela de interesses individuais homogêneos 🡪 para o exame da pertinência temática, o juízo deverá observar se os interesses individuais em questão são indisponíveis ou se há interesse social (segurança pública, moradia etc.). Atenção! A jurisprudência tem admitido, em circunstâncias especiais, o ajuizamento de Ações Civis Públicas pelo Ministério Público, em favor de interesse individual de um só interessado, desde que se trate de interesses indisponíveis, a exemplo do direito à saúde. JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA ✔ SÚMULA Nº 643 (STF): O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares. ✔ SÚMULA Nº 329 (STJ): O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público. ✔ Legitimidade do Ministério Público para obter acesso aos critérios de correção de provas de concursos públicos (STJ, Informativo nº 528) ✔ Legitimidade do MP para, por ACP, pleitear a liberação de saldos de PIS/PASEP de beneficiário incapaz e insusceptível de reabilitação, ou mesmo quando tiver por dependente pessoa com moléstia grave (STJ, Informativo nº 568). 4.3. Defensoria Pública Apesar da falta de previsão constitucional, a promoção de ações civis públicas é considerada, pela Lei Orgânica da Defensoria Pública (LC nº 80/94), função institucional da Defensoria Pública (art. 4º, VII) Com o julgamento da ADI nº 3.943, o STF pacificou o entendimento no sentido de que a DP é legitimada para a defesa, via ACP, de interesses difusos e coletivos – e não apenas individuais homogêneos, desde que as ações possam, potencialmente, beneficiar pessoas hipossuficientes. VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes; 4.4. Administração Pública (incisos III e IV) Pela interpretação combinada de ambos os incisos, pode-se afirmar, de maneira abrangente, que todos os entes da Administração Pública direta e indireta estão legitimados à Ação Civil Pública. Em todo caso, porém, haverá a possibilidade do controle judicial da representação adequada, pelo qual o juiz deve examinar a pertinência temática entre a ACP concretamente ajuizada e a finalidade institucional da entidade autora. Seria possível o ajuizamento de ACP por órgão despersonalizado? Por aplicação do diálogo das fontes, há de se considerar o art. 82, III, do CDC: III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; 4.5. Associações 4.5.1. Agrangência 🡪 Não-literal. O conceito de associação é fornecido pelo art. 53 do Código Civil, que define essa modalidade de pessoa jurídica como uniões de pessoas que se organizam para fins não-econômicos e sem obrigações recíprocas. Para a doutrina e jurisprudência, incluem-se entre as associações, para fins legais, os partidos políticos, sindicatos, entidades de classe e a OAB. Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 4.5.2. Requisitos de representação adequada a) Constituição ânua (pré-constituição) 🡪 a associação autora deve estar constituída há mais de 01 (um) ano, embora essa exigência não seja absoluta, podendo ser dispensado conforme o art. 5º, §4º, da LACP: b) Pertinência temática 🡪 a associação deve incluir, entre suas finalidades, institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. § 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. COMPETÊNCIA 1. Critério pessoal/funcional (prerrogativa de foro) As prerrogativas de foro constitucionais possuem natureza processual penal, razão pela qual não se estendem às ações civis públicas. Mesmo nas ações de improbidade administrativa – consideradas espécies de ACP pelo STJ –, não há prerrogativa de foro. Em sede da Pet. 3211, o STF abriu uma exceção, estendendo prerrogativa de foro à ação de improbidadeadministrativa quando o réu for ministro do STF. A doutrina reconhece a hipótese de o art. 102, II, n, da CF (competência do STF para ações de interesse de toda a magistratura) deslocar a competência de uma ACP com essa extensão para a Suprema Corte. 2) Critério material A depender do direito material versado na Ação Civil Pública, variará a competência de Justiça (Comum Estadual, Comum Federal, do Trabalho ou Eleitoral). Atenção! A Justiça Militar não possui competência para julgar Ações Civis Públicas, pois sua atuação se restringe à esfera criminal (art. 124 da CF). 2.1. Competência da Justiça Federal Dependerá da existência de interesse da União, autarquia, fundação pública ou empresa pública federais na lide (havendo dúvida acerca da efetiva existência desse interesse, caberá à Justiça Federal avaliar sua existência, conforme a Súmula nº 150 do STJ). Também se tem entendido, no STJ e STF, que competem à Justiça Federal as ACPs ajuizadas pelo MPF. Súmula nº 42: Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que e parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. Súmula nº 150 do STJ: Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas. Atenção! A Constituição, no art. 109, não inclui as sociedades de economia mista. Nesse sentido, observe a Súmula nº 42 do STJ. 2.2. Competência da Justiça do Trabalho Serão da competência da Justiça do Trabalho aquelas Ações Civis Públicas cujo objeto se enquadre nas hipóteses do art. 114 da Constituição Federal. 2.3. Competência da Justiça Eleitoral É possível o ajuizamento de ACPs perante a Justiça Eleitoral, porém, procedimentos como o inquérito civil são vedados no âmbito dessa Justiça especializada Súmula nº 329: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público”. 3. Competência Territorial 🡪 em razão do princípio do diálogo das fontes, tem-se entendido pela aplicação do art. 93 do CDC Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local: I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente. Como o STJ tem interpretado essas regras de competência?