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Infeccoes sexualmente transmissiveis - Urologia

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Infecções Sexualmente Transmissíveis 
 
 
Epidemiologia: 
 
 200 Milhões de casos novos /ano; 
 Clamidia – 131 milhões; 
 Gonorreia – 78 milhões; 
 Sifilis – 5,6 milhões. 
 
 
Caso Clínico 1: 
M.A.S, sexo masculino, 22 anos. Refere ter feito 
sexo oral e vaginal com uma amiga há 3 dias. 
Relata que a camisinha rompeu durante a 
relação. Informa que sempre usa 
preservativos que guarda no porta-luvas do 
carro. Há 5 dias cursa com prurido uretral, dor 
uretral espontânea e disúria intensa. Há 2 dias 
passou a apresentar corrimento uretral 
espesso abundante, semelhante a leite 
condensado (SIC), mais forte pela manhã. 
Nega IST prévias, comorbidades e alergias. 
 
 
Exame Físico: 
 
Síndrome do corrimento uretral 
 
Uretrite: 
 
A uretrite é definida como uma inflamação 
da uretra, podendo ser infecciosa ou não. 
Vários agentes podem causar uretrite 
infecciosa, no contexto de práticas sexuais 
sem preservativos. As uretrites são 
classificadas, de acordo com o agente 
etiológico, em gonocócicas, causadas 
por Neisseria gonorrhoeae, e em não 
gonocócicas, causadas majoritariamente 
por Chlamydia trachomatis (60% das 
infecções). 
 
Paciente refere acordar com a roupa suja de 
pus e um corrimento descrito com a 
consistência igual a leite condensado. O 
diagnóstico para esse caso seria o de 
síndrome do corrimento uretral. 
 
A primeira conduta a ser feita é solicitar 
exames laboratoriais para saber qual 
bactéria pode estar causando essa patologia 
e o tratamento. 
 
Sintomas: 
 
 Disúria 
 Corrimento uretral 
 Dor uretral 
 
O corrimento uretral é uma síndrome clínica, 
com identificação de um grupo de sintomas 
e sinais comuns a determinadas infecções, 
caracterizada por corrimento de aspecto 
que varia de mucoide a purulento, com 
volume variável, podendo estar associado a 
dor uretral (independentemente da micção), 
disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), 
prurido uretral e eritema do meato uretral. 
 
A uretrite gonocócica é um processo 
infeccioso e inflamatório da mucosa uretral. 
Após o período de incubação, que dura em 
média de dois a cinco dias, variando de um a 
10 dias, a infecção evolui sintomaticamente. 
A disúria é compreendida como a sensação 
de formigamento e prurido intrauretral 
 
 
seguido de dor à micção. O corrimento, 
inicialmente mucoide, torna-se purulento em 
um a dois dias, com grande volume e 
acompanhado de edema do meato uretral. 
 
Corrimento mais espesso e de grande volume 
é geralmente causado pela Neisseria 
gonorrhoeae. Já o corrimento em menor 
quantidade, pela Chlamydia trachomatis. 
 
Diagnóstico: 
 
Para o diagnóstico de uretrites sintomáticas, 
podem ser realizados diversos testes para 
auxiliar na identificação do agente causador. 
 Bacterioscopia do 1º jato com contagem 
de Polimorfonucleares e pesquisa para 
Gonococos,Tricomonas,Fungos(Candida) 
 NAAT para Gonococos e Clamídia 
 Swab uretral com pesquisa para Clamídia 
(IFI ou PCR) 
 Cultura do 1º Jato para Micoplasma, 
Ureaplasma, E. coli. 
 
Tratamento: 
 
 Ceftriaxone – 500mg, intramuscular, dose 
unica; 
 + 
 Doxiciclina (Vibramicina) – 100mg, VO, 
12/12h, 07 dias; 
 
Ou: 
 Azitromicina – 1g,VO,dose unica; 
 2ª escolha: Azitromicina – 2g, VO, dose 
unica + Gentamicina 280mg, 
intramuscular, dose unica (para alérgicos 
a cefalosporinas). 
 
 Abstinência sexual; 
 Rastreamento de outras IST’S; 
 Rastreamento da (s) parceira (s) 
 
 
 
 
 
 
Outras apresentações das uretrites: 
 
 
 
Patógenos menos frequentes: 
 
 Mycoplasma hominis e Ureaplasma 
urealyticum 
Tratar com: 
 Azitromicina – 2g, VO, em dose unica; 
 Doxiciclina - 100mg, VO, de 12/12 h, por 14 
dias; 
 Tetraciclina - 500mg, VO, DE 6/6 h, por 10 
dias; 
 
 Tricomonas vaginalis 
Tratar com: 
 Secnidazol – 2g, VO, dose unica; 
 Metronidazol – 2g, VO, dose unica; 
 
 Candidaalbicans 
Tratar com: 
 Fluconazol 150mg, VO, dose unica; 
 
 Escherichiacoli 
Tratar com: 
 Ciprofloxacina 500mg, VO, 12/12h por 07 
dias; 
 
!! Evitar trauma (sexo anal). 
 
 
Complicações das uretrites: 
 
 
 
Orquiepididimite (inflamação do testículo e 
epidídimo). Causado por Clamídia – principal 
patógeno que causa essa patologia em 
homens jovens. 
A figura acima trata-se de uma Faringite 
gonocócica; 
 
 
Dermatite por gonococos, oftalmia 
gonocócica, proctite gonocócica. 
 
A figura cima mostra uma Sepse gonocócica 
(casos raros). 
 
Úlceras genitais 
 
As úlceras genitais representam uma 
síndrome clínica, sendo muitas vezes 
causadas por Infecções Sexualmente 
Transmissíveis (IST), e se manifestam como 
lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não 
por pústulas e/ou vesículas, acompanhadas 
ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de 
material mucopurulento, sangramento e 
linfadenopatia (íngua) regional. 
Sempre perguntar ao paciente se houve 
alguma apresentação de “bolhas” antes de 
aparecem as feridas. Após o aparecimento 
dessas vesículas com liquido transparente, 
que com o passar do tempo ficam com o 
aspecto parecido com uma acne. Depois de 
rompidas há o aparecimento de ulceras que 
começam a cicatrizar logo depois. 
 
 
Agentes Etiológicos: 
 
 HERPES GENITAL – Herpesvirus hominis tipo 
2; 
 SI ́FILIS – Treponema pallidum; 
 CANCRO MOLE – Haemophilus ducreye; 
 DONOVANOSE – Calymmatobacterium 
granulomatis; 
 LINFOGRANULOMA VENÉREO – 
Chlamydia trachomatis (sorotipos L1, L2, 
L3). 
 
 
Caso Clínico 2: 
M.A.S, sexo masculino, 19 anos. Refere 
astenia, mialgia, febre e queda do estado 
geral ha 5 dias. Surgiram vesiculas no 
prepucio e inguas muito dolorosas nas 
regioes inguinais. As vesiculas se romperam 
espontaneamente formando ulceras 
dolorosas e confluentes. Informa que fez sexo 
oral desprotegido há 7 dias. Nega IST previas 
comorbidades e alergias. 
 
Diagnóstico: 
Sindrome da Ulcera genital precedida de 
vesículas (primoinção). 
 
Agente Etiologico: Herpes Simplex 1 ou 2. 
 
Existem dois tipos de vírus causadores do 
herpes genital. Os HSV tipos 1 e 2 pertencem 
à família Herpesviridae. Embora os HSV-1 e 
HSV-2 possam provocar lesões em qualquer 
parte do corpo, há predomínio do tipo 2 nas 
lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais. 
As manifestações da infecção pelo HSV 
podem ser divididas em primeira infecção 
(primoinfecção) herpética e surtos 
recorrentes. Sabe-se que muitas pessoas que 
adquirem a infecção por HSV nunca 
desenvolverão manifestações, e que a 
proporção de infecções sintomáticas é 
estimada entre 13% e 37%. 
 
Sinais e sintomas: 
Os primeiros sintomas normalmente surgem 
após seis dias de contato com o vírus e são: 
 Lesões avermelhadas com pequenas 
bolhas muito dolorosas e de localização 
variável na região genital, as quais 
evoluem para pequenas úlceras 
arredondadas; 
 Febre, mal-estar, dores no corpo e 
ardência ao urinar, com ou sem retenção 
urinária; 
 Ínguas dolorosas na região da virilha. 
 
Tratamento: 
 
 Aciclovir (Zovirax) – 200mg, VO, 5x/dia, por 
7 a 10 dias; 
 Aciclovir (Zovirax) – 400mg, VO, 8/8h, por 7 
a 10 dias; 
 Valaciclovir (Valtrex,Herpstal) – 500mg, 
VO, 12/12h, por 7 a 10 
Dias; 
 Famciclovir (Penvir, Famvir) – 250mg, VO, 
8/8h, por 5 dias. 
 
 
Tratamento (recidivas): 
 
 Aciclovir (Zovirax) – 200mg, VO, 5x/dia, por 
05 dias; 
 Aciclovir (Zovirax) – 400mg, VO, 8/8h, por 
05 dias; 
 Valaciclovir (Valtrex,Herpstal) – 500mg, 
VO, 12/12h, por 05 dias; 
 Fanciclovir (Penvir, Famvir) – 125mg, VO, 
12/12h, por 05 dias. 
 
Caso clínico 3: 
A.S.M., sexo masculino, 23 anos. Refere 
surgimento de ulcera genital indolor, cerca 
de 20 dias apos a ultima relacao sexual. 
Informa que usa camisinha apenas no 
momento da ejaculacao para evitar 
gravidez. 
Notou a presença de gânglios aumentados 
não dolorosos nasregiões inguinais. 
Nega IST previas comorbidades e alergias. 
 
 
Sífilis: 
 
É uma Infecção Sexualmente Transmissível 
(IST) curável e exclusiva do ser humano, 
causada pela bactéria Treponema pallidum. 
Pode apresentar várias manifestações 
clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, 
secundária, latente e terciária). 
 
!! Nos estágios primário e secundário da 
infecção, a possibilidade de transmissão é 
maior. 
 
Exame físico: 
 
 
Diagnóstico: 
 
Sindrome da Ulcera Genital 
(∆t< 4 semanas). 
 
Agente Etiológico: 
 
 Treponema pallidum – cancro duro; 
 Haemophilus ducreye – cancro mole 
- Abordagem sindrômica. 
 
Exames Complementares: 
 
 Microscopia com campo escuro; 
 IImunofluorescência direta; 
 Bacterioscopia da secreça ̃o da 
lesão(estreptobacilos Gram (-) em 
paliçada ou cardume ou trilho de trem) – 
H. ducreyi. 
 
Exames Complementares (controle): 
 
 FTA-ABS (IgM e IgG) ,ELISA (IgM e IgG), 
HTPA; 
 Testes treponemicos(muito especificos); 
 Positivam-se na 3a semana de infeccao; 
 Tem positividade perene - IgG (não 
servem para controle de cura) Sao 
qualitativos (+ ou -); 
 VDRL, Testes não treponemicos (menos 
especificos). Positivam-se na 4ª ou 5ª 
semana. Servem pouco para diagnostico 
e mais para controle de cura. 
 
Tratamento: 
 
 
Classificação da sifilis: 
 
Primária: 
▪ Cancro duro: surge entre 10 e 90 dias após 
a contaminaça ̃o (me ́dia de 21 dias); 
▪ Adenopatia regional não supurativa; 
▪ Cancro duro desaparece 
espontaneamente após 2 meses; 
▪ Sífilis decapitada (transfusão sanguínea); 
▪ São possíveis inoculações em outras áreas 
(raras). 
 
Secundária: 
▪ Lesões cutâneo-mucosas, não ulceradas; 
▪ Aparecem 6 a 8 semanas após o 
contágio; 
▪ Micropoliadenopatia generalizada, 
artralgias, febrícula, cefaléia e adinamia; 
▪ Alopécia; 
▪ Condilomas planos. 
 
Terciária: 
▪ Lesões cutâneas-mucosas indolores 
(tubérculos ou gomas); 
▪ Lesões neurológicas (tabes dossalis ou 
demência); 
▪ Lesões cardiovasculares (aneurisma 
aórtico); 
▪ Lesões articulares (artropatia de Charcot) 
▪ Aparecem 6 a 8 semanas após o 
contágio. 
 
Tratamento da sífilis: 
 
Secundária: 
 Penicilina Benzatina 1.200.000 U – 01 
ampola, IM profundo em cada nádega, 
1x/semana, por 02 semanas. (Total: 04 
ampolas). 
 
 
 
 
 
Terciária: 
 Penicilina Benzatina 1.200.000 U – 01 
ampola, IM profundo em cada nádega, 
1x/semana, por 03 semanas. (Total: 06 
ampolas). 
 
Caso clínico 4: 
A.S.S., sexo masculino, 23 anos. Refere 
surgimento de úlcera genital dolorosa, cerca 
de 5 dias após a última relação sexual 
desprotegida. Comenta que a lesão é 
recoberta de secrecão amarelo-
acinzentada, que está aumentando de 
tamanho e que surgiram outras lesões 
menores próximas a inicial. 
Nega queixas sistêmicas e ínguas. 
Nega DST prévias comorbidades e alergias. 
 
 
Exame físico: 
 
 
Diagnóstico: 
 
Síndrome da Úlcera Genital. (∆t< 4 semanas). 
 
Agente Etiológico: 
 
 Treponema pallidum – cancro duro; 
 Haemophilus ducreye – cancro mole. 
 
!! Abordagem sindrômica. 
 
Exames Complementares: 
 
 Microscopia com campo escuro; 
 Imunofluorescência direta; 
 Bacterioscopia da secreça ̃o da 
lesão(estreptobacilos Gram (-) em 
paliçada ou cardume ou trilho de trem) – 
H. ducreyi. 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento: 
 
 
Condilomas acuminados: 
 
 São causados pelos virus HPV (DNA-virus); 
 Há mais de 140 tipos de HPV – mais de 30 
tipos infectam os genitais; 
 A maior parte dos portadores são 
assintomáticos; 
 Contágio: contato pele-a-pele 
(secreções); 
 Cronologia indefinida; 
 Quadro clínico variável (cronologia, n° e 
local das lesões, recorre ̂ncia); 
 Duraça ̃o me ́dia da infecça ̃o: 8 meses – 9% 
infecça ̃o duraça ̃o > 2 anos; 
 Verrugas genitais: HPV 6 e 11 
 Câncer de colo uterino e a ̂nus: 16 , 18, 31, 
33, 35, 39, 45 e 51 (>84%); 
 Infecção: reaça ̃o sorológica fraca e 
transitória; 
 Diagnóstico clínico (OMS na ̃o indica 
captura híbrida em homens); 
 Biópsia: suspeita de câncer de pênis. 
 
!! Atenção: evitar a auto-inoculação; 
 
 
Diagnóstico clínico: 
 
 
 
 
 
Prevenção e vacinacão: 
 
 Podofilotoxina e ATA; 
 Imiquimod; 
 LASER, ECT, Nitrogênio líquido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
 Aula de urologia + slide; 
 Site do Ministério da Saúde; 
 Scielo.

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