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Síndromes Hipertensivas na Gestação A Síndrome Hipertensiva Gestacional (SHEG) é uma doença multissistêmica, que acontece ao final do período gestacional e se apresenta em várias formas clínicas; Surge após a 20ª semana de gestação, sendo mais comum no 3° trimestre e se estende até o puerpério; As alterações morfológicas e funcionais ocorridas no organismo das gestantes que possuem SHEG são provocadas devido a um espasmo arteriolar, reduzindo o diâmetro dos vasos sanguíneos e dificultando o fluxo de sangue aos órgãos, o que aumenta a pressão sanguínea e, as funções do cérebro, da placenta, do fígado e dos rins tem suas funcionalidades reduzidas; Principal causa de mortalidade materna no Brasil. Hipertensão crônica: observada antes da gravidez, ou antes das 20 semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após o parto; SHEG/DHEG: quadro hipertensivo que se desenvolve na gestação, porém, não acompanha proteinúria; Pré-eclâmpsia: hipertensão arterial após a 20ª semana de gestação + edema + proteinúria e desaparece após 12 semanas do parto; o Casos em que há ausência de proteinúria: excreção de 0,3g de proteínas ou mais em urina de 24h. Pré-eclâmpsia grave: o PA diastólica igual/maior que 110 mmHG; o Sinais de encefalopatia hipertensiva; o Oligúria; o Proteinúria >2,0g em 24h ou 2+ em fita; o Aumento de enzimas hepáticas e/ou bilirrubinas; o Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2 mg/dL; o Dor epigástrica em hipocôndrio direito; o Plaquetopenia; o Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatia. o Acidente vascular encefálico; o Sinais de insuficiência cardíaca ou cianose; o Presença de CIUR (restrição de crescimento intrauterino restrito) e/ou oligodrâmnio. o Os valores tensóricos obtidos através da mensuração da PA, a partir da 20ª semana gestacional, consistem em um dos critérios diagnósticos mais importantes para a definição dos casos e, associado à presença de proteinúria, elucida o diagnóstico de pré-eclâmpsia; o A mensuração da PA consiste em um importante preditor de casos e deve ser adequadamente aferida para evitar falsos positivos ou negativos; o O erro evitável mais comum no atendimento a pacientes com pré- eclâmpsia é a falta de atenção no controle da PA; o A avaliação perspicaz da enfermagem e a intervenção imediata de toda a equipe obstétrica são fundamentais para o cuidados às mulheres com pré- eclâmpsia. Eclâmpsia: presença de convulsões tônico-crônicas generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. o Pode ocorrer na gravidez, no parto e no puerpério imediato. Obesidade/sobrepeso; Cor não branca; HAS crônica; Fatores socioeconômicos e demográficos; Antecedentes pessoais e familiares; Diabetes mellitus; Extremos de idade materna; São detectáveis ainda na pré-concepção. A mulher deve ser avaliada para causas potencialmente reversíveis da hipertensão; Longo histórico de HAS: avaliar lesões de órgãos-alvo, incluindo hipertrofia ventricular, retinopatia e doença renal; Se em uso de inibidores da enzima de conversão da angiotensina (captopril, enalapril) ou de antagonistas de receptores A II (losartana), os mesmos devem ser descontinuados; A presença de hipertensão estágio 2 ou repercussões em órgãos-alvo requer assistência em nível terciário; A presença de sintomas sugestivos de síndromes hipertensivas requer uma monitoração mais rigorosa da pressão arterial e a detecção de proteinúria; As gestantes que estiveres bem controladas com medicação anti- hipertensiva (nifedipino, hidralazina) antes da gravidez podem ser mantidas com os mesmos agentes; Assistência no pré-natal: prevenção, detecção precoce e controle dos fatores de risco, é, por vezes, uma enfermidade evitável! Se a PA aumentar, a gestante deve ser reavaliada dentro de 1 a 3 dias, assim que tiver o diagnóstico, a conduta dependerá da gravidade e da idade gestacional; Pré-eclâmpsia leve Preferência: hospitalização + avaliação diagnóstica inicial e manutenção da dieta normossódica e repouso relativo; Na avaliação das condições maternas deve constar: o PA de 4/4h durante o dia; o Pesagem diária; o Pesquisa de sintomas de iminência de eclampsia; o Cefaleia frontal ou occipital persistente; o Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurose); o Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada ou não de náuseas e vômitos; o Hiper-reflexia; o Proteinúria na fita ou proteinúria de 24h; o Contagem de hematócritos e plaquetas; o Provas de função renal e hepática. Sinais e sintomas que demandam retorno imediato ao hospital: o Sangramento vaginal; o Cefaleia grave e persistente; o Náuseas ou vômitos persistentes; o Presença de contrações uterinas regulares; o Diminuição dos movimentos fetais; o Presença de distúrbios visuais; o Aumento exagerado de peso; o PA > 150/100 mmHg; o Dor abdominal persistente, principalmente na região epigástrica e hipocôndrio direito. Pré-eclâmpsia grave Necessidade de internação + exames de rotina + avaliação das condições maternas e fetais; Após estabilização inicial – avaliação da necessidade de transferência para unidade de referência; IG maior ou igual a 34 semanas: preparação para interrupção da gestação; IG entre 24 e 33 semanas: monitoração maternofetal rigorosa, uso de sulfato de magnésio e agentes anti-hipertensivos; Administração de sulfato de magnésio – ação anticonvulsivante; Uso de corticoide (betametasona) – diminuição das alterações respiratórias neonatais; Infusão de solução ringer lactato; Administração de anti-hipertensivos de ação rápida (hidralazina ou nifedipina). Exames laboratoriais. Terapia anticonvulsivante: o Prevenir convulsões recorrentes em mulheres com eclâmpsia assim como o aparecimento de convulsões naquelas com pré- eclâmpsia; o Sulfato de magnésio: pode ser utilizado durante o trabalho de parto, parto e puerpério e geralmente utilizado em infusão endovenosa lenta; o Após a aplicação atentar para: FR menor que 16 mrpm ou diurese inferior a 100 ml durante as 4h precedentes, além da saturação de O2 e recorrência de convulsões. Eclâmpsia Ambiente tranquilo, o mais silencioso possível; Decúbito elevado a 30º e face lateralizada; Cateter nasal com O2 (5l/min); Punção de veia central ou periférica, calibrosa; Cateter vesical contínuo; A conduta obstétrica visa a estabilização do quadro materno, a avaliação das condições de bem-estar fetal e a antecipação do parto, em qualquer IG; Após a estabilização do quadro, iniciar os preparativos para a interrupção da gestação. Avaliação fetal As SHEG podem ocasionar complicações clínicas e obstétricas, com repercussões negativas para o feto, destacando restrição de crescimento intrauterino, sofrimento fetal, baixo peso, prematuridade e morte fetal; US para avaliação da IG deve ser feito entre 18 e 20 semanas e o crescimento fetal avaliado posteriormente por nova avaliação US entre 28 e 32 semanas e a seguir mensalmente até o termo; Contagem de movimentos fetais diariamente. Avaliação do crescimento fetal e do líquido amniótico – se os resultados estiverem normais, repetir o teste a cada 3 semanas; Cardiotocografia basal (CTB), se disponível; A reavaliação materna e fetal deve ser imediata se ocorrerem mudanças abruptas nas condições maternas, redirecionando a conduta; Nas gestações pré-termo o controle ambulatorial pode ser iniciado após a hospitalização se confirmadas condições materno-fetais estáveis, com as seguintes recomendações: o Consultas semanais;o Repouso relativo (evitar grandes esforços); o Pesar diariamente pela manhã; o Proteinúria na fita semanalmente pela manhã; o Aferir PA pelo menos uma vez ao dia. Indicações para o parto: a antecipação do parto é o único tratamento definitivo para a pré-eclâmpsia! Parto vaginal X Parto cesáreo Evitar o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas; Medidas paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma apropriada. Quadro clínico caracterizado por hemólise, elevação das enzimas hepáticas e plaquetopenia; Avaliação das condições maternas: a triagem laboratorial básica para as gestantes com suspeita de síndrome HELLP é hemograma completo com plaquetas, urinálise, creatinina sérica, DHL, ácido úrico, bilirrubinas e transaminases. A avaliação serial da contagem de plaquetas, DHL e enzimas hepáticas deve ser feita a cada 12-24h ou mais frequentemente, se necessário. Distenção, ruptura e hemorragia hepática; Edema cerebral; Descolamento prematuro de placenta; Coagulação intravascular disseminada; Insuficiência renal aguda; Lesão pulmonar aguda; Lesão pulmonar aguda e síndrome de angústia respiratória (intubação e VM); Falência sistêmica de múltiplos órgãos; As mulheres com piora da síndrome HELLP apresentam risco elevado de morbidade e mortalidade. Avaliação das condições fetais Após a admissão confirmar a IG e avaliar o estado fetal; As gestantes com gestação > 34 semanas e síndrome HELLP devem ser preparadas para o parto vaginal ou abdominal dentro de 24h; Aquelas com IG entre 24 e 34 semanas devem fazer uso de corticoide, mesmo se o parto não puder ser adiado pelo período ideal de 24-48h; Controle de PA: manter sistólica menor que 150 mmHg e diastólica entre 80-90 mmHg; Prevenção de convulsões com sulfato de magnésio; Monitorar débito urinário e FR; Monitorar fluídos e eletrólitos. Tratamento da gestante no pós-parto Devem ser tratadas em uma unidade de cuidado intensivo ou uma unidade de cuidados intermediários até que: o A contagem de plaquetas demonstre uma tendência consistente de elevação e a DHL uma tendência consistentes de diminuição; o A gestante tenha uma diurese de >100 ml/hora por 2h consecutivas sem infusão adicional rápida de fluídos ou sem diuréticos; o A hipertensão esteja bem controlada, com a sistólica em torno de 150 mmHg e a diastólica <100 mmHG; o A melhora clínica seja óbvia ou não haja complicações significativas. A detecção precoce de alterações na gestação é decisiva para que se evite a morbimortalidade do binômio mãe/filho; Coleta de dados detalhada, o exame físico criterioso e atento aos valores pressóricos e a outros sinais de pré- eclâmpsia; Coleta e o acompanhamento dos exames laboratoriais pertinentes, principalmente a proteinúria de 24h e a avaliação fetal; Intervenções corretas e rápidas (administrar oxigênio, estabelecer acesso venoso calibroso e iniciar a terapia com sulfato de magnésio); A promoção e o estímulo ao seguimento das consultas pré-natal; Educação em saúde durante todo o ciclo gravídico puerperal e na alta hospitalar; O profissional enfermeiro possui competência e formação suficientes para praticar seus conhecimentos de cunho técnico científico na prática assistencial, visando um cuidado coerente, holístico e humanizado; Sistematização da Assistência em Enfermagem (se torna uma atribuição específica do enfermeiro no planejamento dos cuidados para a gestante, diferenciando o dos demais profissionais da equipe multidisciplinar; Importância do conhecimento pelos enfermeiros da patologia, pois só assim será possível atuar na prevenção e tratamento da SHEG, fornecendo às gestantes, clareza no esclarecimento de dúvidas, realizando uma assistência pré- natal de qualidade e tornando imprescindível a elaboração de planos e estratégias que objetivem a prevenção dessa patologia. Pós-parto Mulheres que desenvolvem hipertensão na gravidez devem ser cuidadosamente avaliadas nos meses imediatamente após o parto e aconselhadas a respeito de futuras gestações e risco cardiovascular; A expectativa é que a hipertensão e outros sinais e sintomas ou disfunção orgânica associados a pré-eclâmpsia terão remissão seis semanas após o parto; Qualquer anormalidade laboratorial ou achado físico que não retorne ao normal antes da alta deve ser reavaliado na consulta de puerpério. Aconselhamento para gestações futuras O risco de recorrência da síndrome HELLP pode variar de 19 a 27%; Se a gestação anterior terminou antes de 32 semanas, o risco de pré-eclâmpsia e eclâmpsia em uma gestação subsequente pode ser de até 61%; Tratamento da hipertensão durante a amamentação A amamentação deve ser encorajada e pode ser realizada com segurança; As crianças de mães que usam anti- hipertensivos e que amamentam ao seio devem informar o pediatra para vigilância de eventuais efeitos adversos.