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A interpretação dos sonhos na ótica freudiana - Leonardo Della Pasqua

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A Interpretação dos sonhos na ótica freudiana 
 
Antes de Sigmund Freud, os autores que estudavam os sonhos, preocupavam-se em 
responder principalmente as seguintes perguntas: Por que se sonha? O que provoca o sonho? 
De quais estímulos surgem as imagens oníricas? 
Quatro fontes de estímulos eram consideradas como produtoras de sonhos: 
1. Excitação sensorial externa – estímulos externos que atingiam os órgãos dos 
sentidos durante o sono e provocariam os sonhos; 
2. Excitação sensorial interna (subjetiva) – seriam os estímulos que agem sobre os 
órgãos dos sentidos a partir de dentro do corpo; 
3. Estimulação orgânica – durante o sono existiria uma maior consciência 
sensorial do corpo, uma percepção aumentada dos órgãos internos. Os doentes 
de coração e pulmão têm sonhos de angústia; os tuberculosos têm sonhos de 
sufocamento; a excitação sexual provoca sonhos de conteúdo erótico; 
4. Fontes de estímulo psíquico – os interesses, as preocupações da vida de vigília 
continuariam durante o sono, provocando sonhos, mas os produtos da atividade 
onírica perderiam todas as qualidades psíquicas, reduzindo-se a representações 
reproduzidas mecanicamente, reguladas somente pelas leias associativas. 
Os autores que davam importância a estas quatro fontes de estimulação nos sonhos 
sustentavam a idéia de que o sonho fosse uma perturbação do sono, não um processo psíquico 
com características definidas. Os autores médicos, afirmavam que o sonho era um fenômeno 
somático, de origem orgânica vegetativa. 
Freud questiona essas teorias, afirmando que nenhuma das fontes de estímulos 
observada isoladamente pode bastar para explicar o conteúdo onírico. Nenhum estudioso 
conseguiu esclarecer a fundamental relação entre o estímulo e a imagem onírica. A grande 
	
	
lacuna entre as teorias era a origem do material imaginativo-representativo que é típico do 
sonho. Freud acredita na necessidade de partir do enigma do sonho para se compreender as 
perturbações mentais. 
 Assim,	para	encontrar	o	significado	do	sonho,	para	chegar	a	sua	origem,	as	suas	
motivações,	 é	 necessário	 utilizar	 os	 pensamentos	 que	 surgem	 espontaneamente	 na	
mente	 de	 quem	 sonhou,	 depois	 de	 acordar.	 Através	 deste	 método,	 o	 sonho	 será	
decomposto	 nos	 seus	 elementos.	 Para	 cada	 fragmento,	 o	 paciente	 fornecerá	 preciosas	
associações	de	idéias	pelas	quais	será	possível	o	sentido	do	sonho	em	sua	totalidade.	O	
conceito	de	associação	livre	passa	a	ser	central	para	a	Psicanálise,	transformando-se	em	
sua	regra	fundamental.	Sem	este	modelo	técnica	não	é	possível	descobrir	os	verdadeiros	
significados	 inconscientes	 de	 um	 sonho,	 nem	 dos	 sintomas	 neuróticos	 dos	 pacientes.	
Terminado	o	trabalho	de	interpretação,	o	resultado	é	que	o	sonho	é	um	ato	psíquico	que	
tem	por	movente	um	desejo	e	por	objetivo	a	realização	alucinatória	desse	desejo.	
 
O sonho é a Realização de um Desejo e o Guardião do Sono 
 
A mais famosa teoria freudiana sobre os sonhos é a hipótese sobre eles serem a 
realização de um desejo inconsciente. Este desejo encontra-se em todos os sonhos, inclusive 
nos pesadelos. Nos sonhos de conveniência, eles são provocados por necessidades orgânicas. 
O estímulo da sede, por exemplo, pode fazer com que sonhemos de beber água. Neste caso o 
sonho tem duas funções: a de matar a sede e de fazer com que continuemos a dormir, 
protegendo o sono. Temos então a segunda característica dos sonhos: eles são guardiões do 
sono. 
Outro exemplo simples de realização de desejos: uma jovem mulher tinha sonhado de 
estar menstruada. Se sonhou isso – pensou Freud – as menstruações não chegaram, mas ela 
	
	
gostaria que tivesse acontecido, sabendo estar grávida. Os sonhos das crianças pequenas são, 
muitas vezes, simples realizações de desejos, de fácil compreensão. 
Os sonhos de estar despido são encarados como sonhos de exibição. Reproduz-se uma 
situação infantil: a criança não conhece vergonha até a proibição do adulto. Com o sonho de 
estar nú, quer-se voltar ao “paraíso” da infância, quando não existia ainda a vergonha e a 
angústia e ainda não havia começado a vida sexual e civil. 
O sonho sobre a morte de pessoas queridas pode ser interpretado como um real desejo 
de morte, não sendo sempre um desejo atual, mas um “prolongamento” no tempo de um 
desejo infantil. No caso dos irmãos e irmãs, esse desejo deve-se ao egoísmo da criança que vê 
nos irmãos um rival do amor dos pais em relação a eles. No caso da mãe e do pai, Freud 
descobriu uma rivalidade sexual da criança em relação ao genitor do mesmo sexo e um desejo 
que ele morra. Chamou essa descoberta de Complexo de Édipo. Os sonhos das crianças 
mostram essa verdade e são testemunhos deste fenômeno os sonhos dos adultos e os desejos 
inconscientes dos pacientes. Tudo isso sem considerar a rivalidade e a hostilidade consciente 
dos filhos em relação aos pais. 
Nos sonhos sobre a morte de pessoas queridas, um desejo inconsciente passa 
diretamente para o conteúdo onírico manifesto, superando a censura (que é surpreendida, 
desarmada em relação à enormidade daquele desejo). 
Outros sonhos típicos, como voar com alegria, cair com angústia, de sentir vertigens, 
são interpretados como repetição de brincadeiras infantis. O sonho com exames é explicado 
como um desejo de consolação e autocrítica em relação a um teste sexual que nos espera e nos 
provoca angústia; por isso sonha-se que tudo dará certo (o exame já superado). 
 
 
 
	
	
Conteúdo Manifesto e Conteúdo Latente no sonho 
 
 E nos sonhos de angústia (pesadelos), onde estaria a realização de desejos? É preciso 
distinguir o conteúdo manifesto e conteúdo latente de um sonho. O conteúdo manifesto é o 
sonho como nos lembramos ao acordar, assim como o reconstruímos quando nos esforçamos a 
usar a memória. O contéudo latente refere-se ao significado escondido, os pensamentos que o 
trabalho de interpretação reconhece por detrás do sonho. 
 Seguindo esta linha de raciocínio, o conteúdo manifesto de muitos sonhos é penoso, 
mas o que existe no seu conteúdo latente? É possível provocar desprazer a uma estrutura da 
mente e realizar o desejo de outra. O ego do sujeito pode sofrer com o conteúdo aparente de 
um sonho, mas o superego pode encontrar satisfação com seu conteúdo latente. É o caso de 
realização de desejos autopunitivos, sadomasoquistas, humilhações, sofrimentos morais, onde 
a mente consciente não tolera a satisfação de certas pulsões, seguindo outras leis no 
inconsciente. 
 Em 1920, Freud aponta os sonhos de uma neurose traumática como sendo exceções da 
teoria de realização dos desejos. Neles, a pessoa retornaria à situação do trauma, despertando 
com terror. A função do sonho seria abalada ou desviada de seus propósitos. Em 1933, ele 
retorna a refletir sobre o tema. Experimentar um choque psíquico como aconteceu na I Guerra 
Mundial, reconduzem os doentes à situação do trauma pelo sonho. 
 
A Distorção Onírica 
 
Por que os sonhos deformam os seus pensamentos a tal ponto que no conteúdo 
manifesto freqüentemente aparecem algumas coisas que é tão distante do seu verdadeiro 
significado? Onde existe uma defesa contra um desejo, este não pode exprimir-se senão em 
modo deformado. A função psíquica que impede o desejo de exprimir-se na sua forma genuína 
é chamada por Freud de censura. Pode-se agora supor que agem como causas da deformação 
do sonho duas forças: uma que satisfaz o desejo e outra que exercita a censura. 
	
	
 A censura é aquela função na qual é permitido à consciência aceitar os pensamentos 
latentes dos sonho, onde se encontra o desejo. Portanto, a deformação onírica está a serviço da 
censura psíquica. A distorção serve para fazer com que não nos demos conta do fato que 
queremos satisfazer um desejo reprovável. 
 
O Material e a Fonte dos Sonhos 
 
Os acontecimentos relacionados com as impressões do dia são os que provocamo 
sonho. Nestes restos diurnos, os pensamentos oníricos podem escolher seu material de 
qualquer momento da vida do sujeito. É necessário, contudo, uma relação entre as 
experiências do dia anterior ao sonho com o passado mais distante da pessoa. 
A lembrança do passado é muito superior nos sonhos em relação a quando estamos 
acordados. Freud classifica esses sonhos de hipermnésicos. Neles, as pessoas falam línguas 
estrangeiras com uma fluência superior à quando estão despertas, tamanha a capacidade de 
lembrança. 
A memória onírica possui três características principais: preferência por impressões 
recentes, por aquelas indiferentes e por lembranças infantis. 
De onde provêm esta preferência pelas impressões recentes e indiferentes? Nesstas 
impressões existe sempre um elemento de outro valor psíquico que emerge da interpretação. O 
sonho se preocupa com os principais interesses do sonhados e não desperdiça atividade 
psíquica para material irrelevante. 
Por que no conteúdo manifesto aparecem impressões indiferentes, se o sonho foi 
provocado por uma impressão significativa? O elemento significativo é representado na 
consciência através de impressões indiferentes, pelo fato que a sua manifestação na forma 
verdadeira é inibida pela censura. Ocorre um deslocamento da acentuação psíquica, onde as 
representações inicialmente pouco intensas, assumem o lugar de outras originalmente mais 
intensas, chegando a uma força que permite o seu acesso à consciência. 
	
	
Se existem duas ou mais experiências do dia anterior idôneas a provocarem sonhos, o 
memso se refere a todas conjuntamente, como sendo uma só, unificando as fontes de 
estímulos existentes. A fonte do sonho pode ser uma experiência íntima – uma lembrança de 
um evento psiquicamente significativo ou uma sucessão de idéias, por exemplo. Este material 
transformou-se através do trabalho da lembrança ou reflexão sobre o mesmo durante o dia. 
Como se explicam as impressões indiferentes, pertencentes ao passado, que se 
encontram no sonho? Não são verdadeiramente indiferentes, pois neste caso o deslocamento 
aconteceu no passado e permaneceu fixado na memória a partir daquele momento. Não 
existem estímulos indiferentes e Freud demonstra com alguns exemplos que diversos sonhos 
aparentemente indiferentes revelam-se à interpretação como sonhos maliciosos. 
As referências à primeira infância aparecem em tantos sonhos, que Freud se pergunta 
se esta não é uma condição essencial do sonhar. Seguidamente os sonhos podem ter diversos 
significados; atrás de diversas realizações de desejos, encontra-se uma realização de um desejo 
da primeira infância. 
 
O Trabalho do Sonho 
 
Quatro são os fatores fundamentais do trabalho do sonho: a condensação, o 
deslocamento, a representabilidade (figurabilidade), a elaboração secundária. 
1) A condensação consiste em substituir diversas representações contidas nos 
pensamentos dos sonhos por um símbolo possuidor de algum elemento comum a 
todas elas. Isto expressa-se no conteúdo manifesto, ou seja, no modo como o sonho 
é narrado. Na condensação, um símbolo possui muitos significados e um 
pensamento oculto pode estar presente em diversos símbolos oníricos; 
	
	
2) Deslocamento da intensidade psíquica: um elemento psiquicamente importante 
pode ser representado diretamente no sonho por outro elemento do conteúdo 
manifesto, referindo-se a um pensamento latente diferente. A censura é a força 
psíquica pela qual o trabalho onírico é obrigado a efetuar o deslocamento. 
No sonho o Eu pode ser representado diretamente ou com a identificação com 
outras pessoas. Quando se está indeciso onde esteja escondido o Eu, é importante 
ater-se a uma regra: o Eu está escondido por detrás da pessoa que no sonho vai o 
nosso afeto. 
3) Representabilidade (figurabilidade): nos pensamentos do sonho ocorre outro tipo 
de deslocamento, uma transformação da linguagem, do abstrato ao concreto, da 
idéia ao símbolo. O trabalho dos sonhos não faz cálculos e não faz discursos. 
Aquilo que encontramos nos sonhos são pensamentos oníricos, sem uma atividade 
de reflexão. O sonho não pensa, representando coisas já pensadas. Os afetos são 
desligados de suas representações correspondentes e perdem a intensidade nos 
sonhos. Podem ser eliminados ou – por causa da censura – serem invertidos no seu 
contrário. 
4) Elaboração secundária: o trabalho do sonho insere sentimentos críticos e 
julgamentos, não pertencentes diretamente aos pensamentos oníricos, mas à 
atividade de reflexão sobre o sonho idêntica ao pensamento de vigília. O material 
onírico é submetido a uma elaboração secundária, que tende a fazer com que o 
sonho perca a aparência de absurdo e se aproxime a um modelo de experiência 
compreensível. O pensamento de vigília pré-consciente dá ordem, estabelece 
relações, deixa coerente e inteligível o material onírico encarado como absurdo e 
desordenado. 
 
 
 
 
	
	
Referências Bibliográficas 
 
 
FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos [1899]. In: Obras psicológicas 
 completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: 
 Imago, 1988. 
________________ [1920]. Além do princípio do prazer. In: História de uma neurose 
infantil ( “O homem dos lobos”), Além do princípio do prazer e outros textos (1917-1920) 
– Obras completas, vol. 14. São Paulo: Cia das Letras, 2010, p. 120 – 178. 
________________ [1933]. Novas conferências introdutórias à Psicanálise. In: O mal-estar 
na civilização, Novas conferências introdutórias e outros textos (1930-1936) – Obras 
completas, vol. 18. São Paulo: Cia das Letras, 2010, p. 90-188.

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