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Trauma Abdominal Bibliografia: ATLS ➥Se paciente, com peritonite presente no exame físico a indicação é cirúrgica, independente de choque ou não. Na prática, com paciente com alteração de nível de consciência, como alcoólica, ou paciente com queimadura extensa no tórax. ➥Abordagem Inicial • Sala de Trauma / Sala de Emergência • paramentação adequada da equipe assistencial • exposição do paciente • Obtenção dos dados locais do trauma • tipo de trauma (fechado ou penetrante) • informações sobre a cena após o trauma e outras vítimas • sinais vitais no local • tempo decorrido do evento (não apenas do resgate) • Monitorização:pressão arterial; monitorização cardíaca; oximetria;acessos venosos calibrosos ➥Abdome agudo NÃO é trauma. ➥Avaliação Primária • Protocolo de atendimento conforme prioridades estabelecidas pelo Advanced Trauma Life Support (ATLS) • Airway (via aérea com proteção da coluna cervical) • Breathing (respiração e ventilação) • Circulation (hemorragias) • Disability (déficits neurológicos) • Exposure (exposição completa) ➥Reavaliação seguindo as prioridades sempre que intervenção ou alteração do estado clínico ➥Trauma abdominal fechado - Mecanismo: impacto direto, lesão aceleração/desaceleração (viscera tracionada) - Estruturas lesadas: baço > fígado > intestino delgado (principalmente por desaceleração, pela lesão do mesentério) -baço e fígado: estrutura que tem sinusóides, o impacto sangra muito -Conduta: se tiver irritação peritoneal (barriga em tabua, com sinais em irritações) → cirúrgico -sem irritação peritoneal: paciente estável e instável (hipotenso, taquicárdico, tempo de capilar aumentado) → instável: e-FAST e LPD (lavado peritoneal diagnóstica)--> líquido na barriga e choque -o FAST é o exame ultrassonográfico realizado na sala de trauma voltado para a pesquisa de líquidos livres intracavitários,rápido, pouco invasivo e possível de repetição para reavaliação. Por outro lado, não permite distinguir com tanta acurácia qual o líquido intracavitário (sangue, urina, conteúdo intestinal) nem avaliar adequadamente o retroperitônio -LPD: invasivo, dá para fazer apenas uma vez, difícil em gestantes; positivo imediatamente se aspirarmos 10mL de sangue inicialmente ou conteúdo entérico, urina ou restos alimentares. → estável: pacientes sem sinais de irritação peritoneal e estáveis do pontos de vista hemodinâmico, mas que apresentam trauma de alta energia, nível de consciência alterado ou dor abdominal importante ao exame físico devem ser avaliados com exames de imagem complementares. O exame de escolha é a tomografia computadorizada de abdome e pelve com contraste. SINAIS DE ALARME ● Dor abdominal ● Hematúria ● Sangramento intestinal (melena, enterorragia, hematoquezia) ➥Achados tomográficos ❖ Pneumoperitônio (ar→ rompimento de víscera oca- cólon e estômago, por exemplo), retropneumoperitônio (ar no retroperitônio→ lesão de cólon ascendente e descendente, duodeno), líquido livre intra cavitário sem evidência de lesão de vísceras parenquimatosas → abordagem cirúrgica ❖ Blush arterial em vísceras parenquimatosas (fígado, baço, rins) → embolização -arteriografia com embolização: quando vaza contraste, vai os vasos sanguíneos maiores joga partículas para fechar esse vasos menores -Pacientes com lesões no fígado que não apresentarem sinais de sangramento ativo na tomografia computadorizada (o chamado blush), desvascularização ou sinais de lesões em vias biliares podem ser tratados conservadoramente. ❖As lesões traumáticas da bexiga urinária (pacientes atropelados) podem ocorrer em pacientes vítimas de traumas pélvicos com fratura de bacia, principalmente nas compressões laterais. Elas podem ser divididas em extraperitoniais (não-operatório; sonda) e intraperitoneais (vasa urina para todo abdome). → As lesões intraperitoneais da bexiga urinária, assim como as lesões de intestino delgado, são difíceis de serem vistas em tomografia computadorizada, sendo o achado frequente a presença de líquido intracavitário durante o exame de imagem. Em ambos os casos, o tratamento é cirúrgico. ❖mesentério (cinto de segurança no acidente): vazar sangue ou conteúdo entérico→ tratamento cirúrgico. *Atenção! Pacientes vítimas de trauma automobilístico em uso de cinto de segurança e dor abdominal são de alto risco para lesões de intestino delgado, mesentério e bexiga urinária intraperitoneal. -paciente instável e desvascularização (do pedículo) em pacientes com trauma renal, do baço e fígado→ intervenção ❖Hematomas retroperitoneais: -Hematomas em Zona I: • Estruturas: aorta, veia cava, duodeno, pâncreas, AMS art mesentérica, VMS • Conduta: abordagem cirúrgica -Hematomas em Zona II: • Estruturas: rins, cólon A e D • Conduta: conservador (exceto: instável, exclusão renal, pneumoperitônio, pneumo retroperitônio→ cirurgia) -Hematomas em Zona III: Estruturas: reto, av ilíacas, pelve • Conduta: conservador (exceto: instável, pneumoperitônio, pneumo retroperitônio→ cirurgia) ➥Se paciente estável→ depois de algumas horas choca----> avaliação primária,se não for algum problema de ABCDE → mesa cirúrgica ➥Caso Clínico 1: J.H.S.F., sexo masculino, 28 anos. Queixa e Duração: • Vítima de trauma auto x anteparo. HPMA: • Paciente trazido pelo Resgate, com colar cervical e prancha rígida • Vítima de acidente AUTO x ANTEPARO (colisão de Kombi com canteiro central da Marginal Pinheiros), alta velocidade. A vítima era passageira com cinto de segurança. Motorista envolvido também trazido ao pronto-atendimento, estável. Sem outras vítimas. →Dados Locais • Glasgow 15, PA 140x90mmHg, FC 104 bpm • FR, SatO2 e intervalo de tempo não relatados • Dor abdominal difusa e incaracterística ➢A:Vias aéreas pérvias, conversando • SatO2 95% aa, 99% com máscara de O2 12 L/min • Com colar cervical e prancha rígida, sem alterações cervicais ➢ B:Expansibilidade bilateral sem alterações, sem crepitações • Som claro pulmonar à percussão • Murmúrios vesiculares presentes, sem ruídos adventícios ➢ C: PA 140 x 90 mmHg , FC 76bpm • Bulhas cardíacas rítmicas, normofonéticas, 2T, sem sopros • Abdômen doloroso difusamente à palpação, DB negativa • Pelve estável • Toque retal com esfíncter normotônico, sem espículas ósseas, próstata tópica, sem sangramento • Diurese clara em SVD ➢ D: Glasgow 15 • Pupilas isocóricas e fotorreagentes • Sem déficits motores grosseiros ➢ E: Impressão do cinto de segurança em região abdominal ➢ Hipóteses Diagnósticas • Politrauma • Trauma abdominal fechado estável hemodinamicamente ➢ Condutas • Analgesia • Volume (1L de cristalóide) • Radiografia convencional de tórax e pelve • TC de abdômen e pelve Exames Complementares • Radiografias convencionais de tórax e pelve: sem alterações • TC de abdômen e pelve: → líquido livre na cavidade abdominal sem evidência de lesão de víscera parenquimatosa • intestino delgado • bexiga urinária intraperitoneal • mesentério → fratura de coluna lombar por mecanismo de desaceleração: • fratura de Chance • grande chance de lesão de víscera oca concomitante Conduta • Abordagem cirúrgica - Laparotomia exploradora - Laparoscopia diagnóstica / exploradora ➥Trauma abdominal penetrante: agressão abdominal por um objeto capaz de penetrar a cavidade abdominal entre o 4o espaço intercostal e as pregas glúteas. ❖Tipo-ferimento por arma de fogo (FAF), ferimento por arma branca (FAB). ❖Laparotomia imediata (cirurgia): - peritonismo - evisceração - instável hemodinamicamente (choque) ➥É importante destacarmos que para ferimentos abdominais penetrantes não há validação das janelas abdominais do FAST ou do lavado peritoneal diagnóstico. Isso porque pacientes instáveis hemodinamicamente por ferimento penetrante abdominal já apresentam indicação cirúrgica pela forte evidência do foco da instabilidade abdominal. A janela pericárdica do FAST ainda pode apresentar indicação nos casos de suspeita de tamponamento cardíaco pelo ferimento penetrante. ➥Trauma abdominal penetrante por arma de fogo: -pacientes instáveis hemodinamicamente devido ao choque hemorrágico provocado pelo projétil ao atingirórgãos parenquimatosos (como baço e fígado) ou grandes vasos (como aorta, veia cava, veia porta). ❖ Mecanismo:trajetória, cavitação (lesão ao redor do projétil), lesão térmica, fragmentação do projétil ❖Orifícios - Pólvora / queimadura próximo ao orifício de entrada em tiros de curta distância - Único ou número ímpar: ferimento de raspão ou projétil alojado ❖Estruturas lesadas: Intestino delgado > cólon > fígado ❖Conduta - Instável: laparotomia exploradora - Estável: avaliação do trajeto do projétil (exame de imagem- TC, o raio x) trajeto intracavitário → abordagem cirúrgica ➥tiro em uma menor distância tem maior chances de causar lesões destrutivas. ➥Importante! Nessas condições devemos lembrar das indicações de ácido tranexâmico, da administração de concentrado de hemácias, do protocolo de transfusão maciça e da hipotensão permissiva ➥ACIDO TRANEXAMICO: antifibrinolítico - intervalo de tempo de até 3 horas do trauma - pressão arterial sistólica inferior a 90mmHg ou frequência cardíaca superior a 110 bpm - sangramento ativo (suspeito ou comprovado) Administração:1g intravenoso em 10 minutos e repetir 1g intravenoso em 8 horas ➥CONCENTRADO DE HEMÁCIAS - choque hemorrágico grau III ou IV -Administração:dois concentrados de hemácias intravenosos ➥PROTOCOLO DE TRANSFUSÃO MACIÇA (PTM) - utilizado em alguns centros referenciados de trauma, trata-se da transfusão de um conjunto de hemocomponentes para compensação da hemorragia e da coagulopatia secundária ao trauma Indicações - Shock Index maior/igual 1,4 + ABC Score maior/igual 2 - Shock Index: trata-se da divisão da frequência cardíaca pela pressão arterial sistólica (FC / PAS) - ABC Score: pontuação que leva em consideração a frequência cardíaca (>120 bpm → 1 ponto), a pressão arterial sistólica (<90mmHg→ 1 ponto), o FAST positivo (1 ponto) e o trauma penetrante (1 ponto). Se a soma for maior/ igual do que 2, há indicação do PTM Administração: 04 concentrados de hemácias + 04 concentrados de plaquetas + 04 plasmas frescos congelados ➥HIPOTENSÃO PERMISSIVA - estratégia de ponte utilizada em que se permite que o paciente mantenha PAM em torno de 50 mmHg (PAS 80 mmHg), buscando diminuir o sangramento proveniente de hemodiluição com administração de cristalóides, evitar efeitos adversos de hemotransfusão e o risco de ressangramento com aumento da pressão de pulso em áreas em que já se cessou a hemorragia Indicações - trata-se de uma medida temporária quando já se tem a identificação do foco de sangramento e a conduta terapêutica intervencionista já está definida (seja cirurgia, seja embolização ou qualquer outro método intervencionista para cessar o sangramento), Sua duração deve ser a menor possível (ou seja, a medida definitiva deve ser adotada o mais breve possível) Contra-indicações:não deve ser realizada caso o paciente apresente sinais de aumento da pressão intracraniana (manter a pressão arterial média em níveis reduzidos resultaria em lesão encefálica por hipoperfusão) e em situações em que não há indicação de abordagem invasiva para controle do sangramento. ➥Importante! Pacientes vítimas de ferimento por arma de fogo devem apresentar orifícios de número par, ou seja, um orifício de entrada e um de saída para cada projétil. Se o indivíduo apresentar número ímpar, há uma grande possibilidade de um projétil estar alojado no paciente. Nessa situação, a investigação pode ser realizada com uma radiografia simples em duas incidências ou com tomografia computadorizada, caso disponível no serviço. O orifício de entrada deve ser marcado com um objeto radiopaco, como uma moeda, e realiza-se o exame de imagem. Se houver suspeita de penetração da cavidade pela localização do orifício de entrada e a posição constatada no projétil pelo exame de imagem, a indicação cirúrgica é imediata. ➥Trauma abdominal penetrante por arma branca ❖Mecanismo:corte, laceração ❖Estruturas lesadas: Fígado > intestino delgado > diafragma ❖Conduta - Instável: laparotomia exploradora - Estável: depende da localização • Transição toracoabdominal • Abdômen anterior • Dorso (e flancos) ➥Transição toracoabdominal →Limites: - Superior anterior: linha transmamilar / 4o EIC - Superior posterior: linha infraescapular - Inferior: rebordos costais → Possíveis lesões: - Torácicas: coração, pulmão, pleura - Abdominais: fígado, baço, rim, duodeno, pâncreas, aorta, cólons - Diafragma → Conduta - Instável: laparotomia exploradora - Estável: tomografia computadorizada / laparoscopia diagnóstica / laparotomia exploradora -laparoscopia: evitar deixar lesão no diafragma→ crônico→ hérnia diafragmática ➥Abdômen anterior → Limites - Superior: apêndice xifóide e arcos costais - Laterais: linhas axilares anteriores - Inferior: ligamentos inguinais e sínfise púbica →Possíveis lesões - Fígado, baço, intestino delgado, estômago, cólons, aorta →Conduta - Instável: laparotomia exploradora - Estável: exploração do ferimento em centro cirúrgico - evisceração ou violação do peritônio → abordagem cirúrgica ➥Dorso (e flancos) → Limites - Superior: ponta da escápula / arcos costas - Laterais: linhas axilares posteriores (flancos: posterior/anterior) - Inferior: cristas ilíacas →Possíveis lesões - Estruturas retroperitoneais: rins, pâncreas, duodeno, cólon, aorta - Estruturas abdominais: fígado, baço, intestino delgado, cólon → Conduta - Instável: laparotomia exploradora - Estável: tomografia computadorizada de abdome e pelve - Penetração da fáscia muscular, retro/pneumoperitônio → abordagem cirúrgica ➥Caso Clínico 2: B.M.S., sexo feminino, 19 anos. Queixa e Duração: • Vítima de ferimento por arma branca em dorso à esquerda há uma hora. HPMA: • Paciente trazida pela polícia, com colar cervical e prancha rígida • Vítima de ferimento por arma branca (faca de cozinha) após discussão com parceiro. Encontra-se com curativo oclusivo em região dorsal alta à esquerda ao nível da 8a vértebra torácica -Dados Locais • Glasgow 15, PA 120x90 mmHg, FC 102 bpm • FR 18 ipm, SatO2 95%aa, intervalo de tempo 1h • Ferimento em região dorsal esquerda ao nível da 8a vértebra torácica com pequeno sangramento, sem saída de demais secreções .➢ A • Vias aéreas pérvias, conversando • SatO2 85%aa, 90% com máscara de O2 12 L/min • Com colar cervical e prancha rígida, sem alterações cervicais ➢ B • Expansibilidade discretamente diminuída à esquerda, enfisema de subcutâneo a esquerda • Som claro pulmonar à percussão • Murmúrios vesiculares presentes, sem ruídos adventícios, diminuídos em hemitórax esquerdo ➢ C • PA 70x40mmHg , FC 125bpm • Bulhas cardíacas rítmicas, normofonéticas, 2T, sem sopros • Abdômen discretamente doloroso a palpação do flanco esquerdo, DB negativa • Pelve estável • Toque retal com esfíncter normotônico, sem espículas ósseas, sem sangramento • Toque vaginal sem alterações • Diurese clara em SVD ➢ Após punção descompressiva • Saída de ar sob pressão • SatO2 95% com máscara de O2 12 L/min • PA 120 x 70 mmHg, FC 105 bpm • Expansibilidade bilateral simétrica • Murmúrios vesiculares presentes, sem ruídos adventícios ➢ Drenagem de Tórax • Saída de ar e pequena quantidade de sangue • Dreno borbulhando e oscilando ➢ D • Glasgow 15 • Pupilas isocóricas e fotorreagentes • Sem déficits neurológicos focais ➢ E • Orifício único de ferimento por arma branca em região dorsal à esquerda ao nível da 8a vértebra torácica, sem sangramento ativo • Sem demais lesões, sem dor em coluna vertebral ➢ Exames Complementares • Radiografía convencional de tórax / Tomografía computarizada de tórax • Radiografia convencional de pelve • Tomografia computadorizada de abdome e pelve • Exames laboratoriais normais, bHCG negativo -enfisema subcutânea + dreno no tórax -bem drenado: posição (póstero apical); pulmão expandido (trama pulmonar até região da costela/ expansão parênquima); sem líquido residual; todos os orifícios do dreno tem que estar dentro da cavidade torácica. ➢ Conduta • Laparoscopia diagnóstica para tratamento de lesão diafragmática
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