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Trauma abdominal Definição de Politrauma • Agressão a dois ou mais sistemas levando ao risco de morte Abordagem Inicial · Sala de Trauma/ Sala de Emergência Paramentação adequada da equipe e exposição do paciente · Obtenção dos dados locais do trauma Tipo de trauma, sinais vitais, possíveis vítimas, tempo decorrido do evento, não somente o resgate. · Monitorização PA, oximetria, monitorização cardíaca, acesso venoso calibroso. · Avaliação primária ABCDE Toda alteração vital deve ser identificada DURANTE avaliação primária conforme prioridades. Exemplos: Insuficiência respiratória, pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco, fratura instável, Hemotórax maciço. REAVALIAÇÃO deve ocorrer sempre que houver uma intervenção ou alteração do estado clínico (A-B-C-D-E novamente). Trauma abdominal: · Fechado · Penetrante Trauma abdominal fechado Mecanismo: impacto direto, lesão aceleração/ desaceleração Estruturas lesadas: baço >> fígado>> intestino delgado Conduta: Achados tomográficos · Pneumoperitônio, retropneumoperitônio, líquido livre intracavitário sem evidência de lesão de vísceras parenquimatosas → abordagem cirúrgica · Blush arterial em vísceras parenquimatosas (fígado, baço, rins) → embolização Blush arterial em vísceras- há rompimentos de vasos se estiver estável faz embolização Hematomas retroperitoneais: Hematomas em Zona I – zona central (aorta, mesentérica, pâncreas e duodeno) Hematomas em Zona II- cólon ascendente e descendente, rins. Hematomas em Zona III- pelve, reto, colo sigmoide, vasos ilíacos. FAST pode vir negativo, não enxerga o exame intracavitário. Hematoma em Zona I: lesão de aorta, veia cava, artéria mesentérica superior, pâncreas podem ocasionar fístula, duodeno (ambos podem causar choque) Conduta: reparação cirúrgica Hematoma Zona II: rins, colón A e D Conduta: conservador (exceto: instável, exclusão renal, pneumoperitônio, pneumoretroperitônio) Se não tiver pneumoperitônio ou o rim não lesou pedículo renal avulsão renal, não precisa operar, mantem paciente em observação!! Não tem vasos principais então não precisa de intervenção cirúrgica. Hematomas em Zona III: reto, veias ilíacas, pelve Conduta: conservador (exceto: paciente instável, pneumoperitônio, pneumoretroperitônio. Se tiver lesão significativa instabiliza, se tiver estável SEM gás/perfuração fora de alça tratar de forma conversadora e observatório. CIRURGIA: caso haja complicações na zona 2 e 3 como perfurações, exclusão renal e todos da zona 1. Caso clínico: J.F, sexo masculino, 28 anos. Queixa e Duração: Vítima de trauma auto x anteparo HPMA: Paciente trazido pelo Resgate, com colar cervical e prancha rígida • Vítima de acidente AUTO x ANTEPARO (colisão de Kombi com canteiro central da Marginal Pinheiros), alta velocidade. Vítima era passageiro com cinto de segurança. Motorista envolvido também trazido ao pronto-atendimento, estável. Sem outras vítimas. Dados Locais • Glasgow 15, PA 140x90mmHg, FC 104bpm • FR, SatO2 e intervalo de tempo não relatados • Dor abdominal difusa e incaracterística ➢ A: Vias aéreas pérvias, conversando, SatO2 95%aa, 99% com máscara de O2 12L/min • Com colar cervical e prancha rígida, sem alterações cervicais ➢ B: Expansibilidade bilateral sem alterações, sem crepitações • Som claro pulmonar à percussão • Murmúrios vesiculares presentes, sem ruídos adventícios ➢ C: PA 140x90mmHg, FC 76bpm • Bulhas cardíacas rítmicas, normofonéticas, 2T, sem sopros • Abdômen doloroso difusamente à palpação, DB negativa • Pelve estável • Toque retal com esfíncter normotônico, sem espículas ósseas, próstata tópica, sem sangramento • Diurese clara em SVD FAST utilizado em paciente instável, estável faz TC! ➢ D: Glasgow 15 • Pupilas isocóricas e fotorreagentes • Sem déficits motores grosseiros ➢ E: Impressão do cinto de segurança em região abdominal Sinal do cinto impressão alta velocidade com mecanismo de aceleração/ desaceleração, causa alteração na flexão e extensão da coluna ➢ Hipóteses Diagnósticas • Politrauma • Trauma abdominal fechado estável hemodinamicamente ➢ Condutas • Analgesia • Volume (1L de cristalóide) • Radiografia convencional de tórax e pelve • TC de abdômen e pelve Exames Complementares • Radiografias convencionais de tórax e pelve: sem alterações • TC de abdômen e pelve Líquido na cavidade em volta do fígado- trauma abdominal fechado não tem lesão de víscera parenquimatosa Esse líquido ou é conteúdo entérico lesão intestinal/alça, ou sangue com lesão de mesentério, ou lesão intraperitoneal de bexiga/ urina. Exames Complementares • TC de abdômen e pelve: · líquido livre na cavidade abdominal sem evidencia de lesão de víscera parenquimatosa Pode ser líquido do: • intestino delgado • bexiga urinária intraperitoneal • mesentério · fratura de coluna lombar por mecanismo de desaceleração Fratura de Chance • grande chance de lesão de víscera oca concomitante Fratura de coluna/ Chance - tem 50% lesão de víscera oca ao mesmo tempo Conduta • Abordagem cirúrgica - Laparotomia exploradora • Laparoscopia diagnóstica / exploradora Trauma abdominal penetrante Laparotomia/ opera imediata: - peritonismo – evisceração- instável hemodinamicamente. Trauma penetrante Ferimento por arma de fogo (FAF) e ferimento por arma branca (FAB) Trauma abdominal penetrante por arma de fogo Mecanismo: trajetória, cavitação, lesão térmica, fragmentação do projétil. Orifícios: · Distância ferimentos e estruturas lesadas. Pólvora/queimadura próximo ao orifício de entrada. · Único ou número ímpar: pode indicar ferimento de raspão ou projetil alojado. · Quantidades de tiros, se projetil entrou ou saiu do orifício de entrada e saída Faz RX pega moeda no orifício de entrada e observa projetil Estruturas lesadas: Geralmente pega intestino delgado > cólon > fígado Conduta: · Instável: laparotomia exploradora · Estável: avaliação do trajeto do projetil Trauma abdominal penetrante por arma branca Mecanismo: corte, laceração. Estruturas lesadas: Fígado > intestino delgado > diafragma Conduta · Instável: laparotomia exploradora · Estável: depende da localização: · Transição toracoabdominal • Abdomen anterior • Dorso (e flancos) Transição toracoabdominal Limites: · Superior anterior: linha transmamilar / 4º EIC · Superior posterior: linha infraescapular · Inferior: rebordos costais Possíveis lesões · Torácicas: coração, pulmão, pleura · Abdominais: fígado, baço, rim, duodeno, pâncreas, aorta, cólons · Diafragma Conduta · Instável: laparotomia exploradora · Estável: tomografia computadorizada / laparoscopia diagnóstica / laparotomia exploradora Abdome anterior Limites: · Superior: apendice xifóide e arcos costas · Laterais: linhas axilares anteriores · Inferior: ligamentos inguinais e sínfise púbica Possíveis lesões - Fígado, baço, intestino delgado, estômago, cólons, aorta Conduta: · Instável: laparotomia exploradora · Estável: exploração do ferimento em centro cirúrgico · Evisceração ou violação do peritônio → abordagem cirúrgica Dorso (e flancos) Limites: · Superior: ponta da escápula / arcos costas · Laterais: linhas axilares posteriores (flancos: posterior/anterior) · Inferior: cristas ilíacas Possíveis lesões: Estruturas retroperitoneais: rins, pâncreas, duodeno, cólon, aorta Estruturas abdominais: fígado, baço, intestino delgado, cólon Conduta · Instável: laparotomia exploradora · Estável: tomografia computadorizada de abdomen e pelve · Penetração da fáscia muscular, retro/pneumoperitônio → abordagem cirúrgica Penetrou tórax e abdômen penetrou diafragma: Laparoscopia diagnóstica para tratamento de lesão diafragmática Natália Gil – Cirurgia Geral
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