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Educação e meio ambiente ADRIANA MARIA DE ASSUMPÇÃO 1ª Edição Brasília/DF - 2020 Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marjorie Gonçalves Andersen Trindade, CRB-1/2704 A851e Assumpção, Adriana Maria de Educação e meio ambiente / Adriana Maria de Assumpção. – Brasília : Alumnus, 2020. 95 p. Recurso online: e-book Modo de acesso: world wide web ISBN 978-65-89227-01-4 1. Educação ambiental. 2. Meio ambiente. 3. Ecologia humana. I. e-book. II. Título. CDU 37:502.31 Autora Adriana Maria de Assumpção Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4 Introdução ..............................................................................................................................................................................6 Capítulo 1 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE ..............................................................................7 1.1. Meio Ambiente em suas Diferentes Dimensões: Naturais, Sociais e Culturais, Econômicas etc. ...................................................................................................................................... 10 1.2. O ser humano como parte integrante da natureza ................................................................................ 13 1.3. A Dimensão Socioambiental da Educação e seu papel estratégico ................................................. 18 Capítulo 2 AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL? ........................................................................................... 22 2.1. O Papel da Educação Ambiental frente à Crise Ambiental Vigente.................................................. 23 2.2. A Educação Ambiental e seus Âmbitos ....................................................................................................... 31 Capítulo 3 DIFERENTES ESFERAS, UM MESMO OBJETIVO .................................................................................... 35 3.1. A Educação Ambiental Formal ...................................................................................................................... 36 3.2. A Educação Ambiental Não Formal .............................................................................................................. 39 3.3. A Educação Ambiental Informal .................................................................................................................... 44 Capítulo 4 A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: DAS GRANDES CONFERÊNCIAS À POLÍTICA NACIONAL (LEI N. 9.795/1999).......................................................................................................................... 46 4.1. A Trajetória da Educação Ambiental ............................................................................................................ 47 4.2. Os Principais Avanços da Educação Ambiental no Campo da Legislação ...................................... 56 Capítulo 5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL, DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE ...... 66 5.1. O Conceito de Desenvolvimento ................................................................................................................... 67 5.2. As Relações entre Educação Ambiental e Desenvolvimento .............................................................. 72 5.3. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) ................................................... 76 Capítulo 6 JUSTIÇA AMBIENTAL E DESASTRES AMBIENTAIS ........................................................................................ 79 6.1. Justiça Ambiental ............................................................................................................................................... 80 6.2. Desastres Ambientais ........................................................................................................................................ 81 6.3. Os Desastres Ambientais Relacionados com a Crise Climática .......................................................... 87 Referências ........................................................................................................................................................................ 91 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORGANIzAÇÃO DO LIVRO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Olá a todos(as)! Sejam bem-vindos(as) à disciplina Educação e Ambiente. Nesta disciplina vamos refletir sobre as relações entre educação e meio ambiente, buscando propiciar um debate acerca da relação entre desenvolvimento e aspectos sociais, econômicos e políticos, bem como a sua interface com questões ambientais e sustentabilidade. Nosso estudo está estruturado em uma perspectiva de educação ambiental crítica, em que analisamos a realidade socioambiental em que vivemos. A proposta será estruturada por meio de diferentes estações onde seja possível compartilhar hipóteses, teorias e experiências, bem como a relação entre o homem e o meio ambiente e, particularmente, sobre a responsabilidade de todos (as) frente à crise ambiental que estamos vivenciando. Por meio desta proposta, desejamos contribuir para a compreensão da importância dos conteúdos discutidos e a relação intrínseca com a vida de todos. É importante ressaltar que, independentemente da área de formação, a disciplina vai demonstrar como as questões ambientais possuem relação com diferentes aspectos da vida na sociedade e com a prática profissional, não somente de educadores. Você irá descobrir aspectos importantes das nossas discussões e, desde já, propomos que aproveite bem o material disponibilizado, incluindo os textos e o material audiovisual. Sugerimos que você se organize para ler o materialcom calma, realizar as atividades e assistir às videoaulas dentro de prazo estabelecido. Em caso de dúvidas, você pode (e deve!) consultar o professor tutor da disciplina. Objetivos » Abordar a relevância da Educação Ambiental inserida na grade curricular dos cursos de licenciatura. » Orientar os estudantes na compreesão da crise socioambiental em todas as suas dimensões. » Apresentar práticas de Educação Ambiental em diferentes contextos (formal, não formal e informal). » Refletir sobre referências teóricas importantes no campo estudado para fundamentar as reflexões posteriores sobre a educação e o ambiente. 7 Introdução No primeiro capítulo, discutiremos a relação entre educação e meio ambiente e abordaremos também a importância desta disciplina na formação dos estudantes dos cursos de Licenciatura. Por meio desta reflexão, esperamos que o estudante possa compreender o que é educação ambiental e sua relação com a educação. Nesse sentido, propomos que a construção de conhecimentos possa auxiliar o estudante a entender como as questões ambientais devem ser sempre articuladas com as questões abordadas no cotidiano escolar. Na apresentação das referências teóricas, buscamos demonstrar que conceitos nos nortearam nas discussões e como cada autor propicia o entendimento de um ou mais aspectos. Objetivos » Apresentar o conceito de educação ambiental crítica. » Relacionar prática educativa e meio ambiente em suas diferentes dimensões. » Conceituar a dimensão socioambiental da educação. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra e a iniciativa. Com a mesma veemência e a mesma força com que reivindicarmos os nossos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa começar a tornar-se um pouco melhor. (José Saramago,em discurso na entrega do Prêmio Nobel de Literatura ao escritor português, em 1998) 1 CAPÍTULO A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE 8 CAPÍTULO 1 • A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE A Relação entre Educação e Meio Ambiente Para começo de conversa... Ao inaugurar um novo momento de estudo com uma disciplina nova, muitas vezes os estudantes se perguntam sobre a relevância de determinados conteúdos para a sua formação e para a vida prática. Nossa conversa se inicia com este questionamento para que possamos explicitar a importância deste conteúdo inserido na grade curricular das licenciaturas. Estamos acompanhados do trecho de um dos discursos do escritor José Saramago, no qual ele aborda, com muita sutileza, a sua forma de enxergar o nosso papel no mundo. O apelo deixado pelo escritor impulsionou um movimento que uniu a UNAM (Universidade Autônoma do México) e a Fundação José Saramago (FJS) com o objetivo de construir uma proposta de Carta Universal dos Deveres e Obrigações dos Seres Humanos, como documento complementar à Declaração Universal dos Direitos Humanos. Especialistas de diversas áreas se juntaram às duas instituições para discutirem essa proposta e, depois de anos de trabalho, com muitas reuniões, adesão de outras instituições e de cidadãos do mundo inteiro, em 2018 o documento foi apresentado a diferentes comissões da ONU, além de ser entregue em mãos ao seu secretário Geral, António Guterres. A Carta foi traduzida para vários idiomas e está sendo difundida com o objetivo de se tornar conhecida pelo maior número de pessoas possível. A proposta também incorpora o desejo de que este se torne um documento com força legal e, para isso, a Fundação José Saramago tornou pública a versão final da Carta e criou um endereço de e-mail para que todo cidadão que desejar possa manifestar sua adesão ao documento. Pensar sobre Educação e Meio Ambiente é buscar outros sentidos para a prática educativa, considerando as possibilidades de transformação que ela pode trazer, por meio do conhecimento construído e da ampliação da compreensão do que é transformação social. Essa transformação se concretiza por meio de uma educação que preconiza autonomia e respeito aos diferentes saberes, bem como o entendimento sobre a relação entre questões ambientais e desigualdades e acesso aos bens naturais. Segundo apontam Loureiro e Tozoni-Reis (2016 apud TEIXEIRA; AGUDO; TOZONI-REIS, 2017), a educação ambiental se constitui como um campo de pesquisa e de estudos marcado por acentuadas disputas relativas às questões teórico-metodológicas que fundamentam a produção do conhecimento e o trabalho pedagógico. A inserção da temática ambiental no currículo escolar concebe a escola como uma forma de garantir a apropriação de conteúdos culturais, bem como a instrumentalização para a prática social transformadora. Saiba mais https://www.josesaramago.org/carta- universal-dos-deveres-e-obrigacoes- dos-seres-humanos/ devereshumanos@josesaramago.org. https://www.josesaramago.org/carta-universal-dos-deveres-e-obrigacoes-dos-seres-humanos/ https://www.josesaramago.org/carta-universal-dos-deveres-e-obrigacoes-dos-seres-humanos/ https://www.josesaramago.org/carta-universal-dos-deveres-e-obrigacoes-dos-seres-humanos/ mailto:devereshumanos@josesaramago.org 9 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE • CAPÍTULO 1 Nesse sentido, Teixeira, Agudo e Tozoni-Reis (2017, p. 46) afirmam que: a educação escolar – particularmente a escola básica – tem uma especificidade tal que traz para o campo da educação ambiental a necessidade de se lutar contra o esvaziamento da dimensão educativa dos processos educativos ambientais. A análise histórico-crítica sobre os interesses e as disputas ideológicas em torno das relações das sociedades com o ambiente traz à tona as contradições que estão no cerne da crise societária que enfrentamos na sociedade organizada sob o modo capitalista de produção e que exige outra forma de se produzir a vida em sociedade. A mudança das formas de vida das sociedades é necessária para que seja possível um mundo mais justo e sustentável, entendendo que os processos sociais fazem parte desta mudança. São esses processos que tornam a crise socioambiental complexa e intensa em virtude dos modos de produção e consumo de bens, que ampliam cada vez mais a distância entre o ser humano e a natureza. Essa relação vem sendo questionada por pesquisadores e cidadãos da sociedade civil que comungam dos mesmos ideais sobre o mundo que desejam. Atenção Carlos Frederico Bernardo Loureiro possui licenciatura em Ciências Físicas e Biológicas - UFRJ (1989), bacharelado em ecologia - UFRJ (1988), mestrado em Educação - PUCRio (1992) e doutorado em Serviço Social - UFRJ (2000). Atualmente é professor titular da faculdade de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor do programa de pós- graduação em educação (PPGE) da UFRJ. Líder do Laboratório de Investigações em Educação, Ambiente e Sociedade (LIEAS/UFRJ). Coordenador da Linha de Pesquisa Estado, Trabalho-Educação, Movimentos Sociais do PPGE/UFRJ. Autor de inúmeros livros e artigos em Educação Ambiental. É uma referência importante no Brasil, quando tratamos de Educação Ambiental. Saiba mais COSTA, César Augusto; LOUREIRO, Carlos Frederico. A Questão Ambiental a partir dos “sem direitos”: uma leitura em Enrique Dussel. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 17, n. 2, pp. 673-698 abr./jun. 2019 e-ISSN: 1809-3876 Programa de Pós-graduação Educação: Currículo – PUC/SP http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum. Sugestão de estudo REMEA - REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL, v.36, n. 3 Sessão Especial – V Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa - Rio Grande, pp. 235-260- set./dez. 2019. http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum 10 CAPÍTULO 1 • A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE Provocação Assista à aula do professor Celso Sanchez da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO – coordenador do Grupo de Estudos em Educação Ambiental desde El Sur – Geas. https://www.youtube.com/watch?v=l73g00p2OGE 1.1. MeioAmbiente em suas Diferentes Dimensões: Naturais, Sociais e Culturais, Econômicas etc. Partimos do pressuposto de que educar é um ato político, por meio do qual buscamos transformar a realidade social existente. Nesse sentido, o papel da educação também é pensar a realidade política e social e, por meio de suas reflexões e práticas, possibilitar “múltiplas alfabetizações e múltiplos discursos” (FREIRE, 2001, p. 58). Por meio da educação é possível ouvir e ser ouvido, compartilhando diferentes discursos sobre uma mesma questão. Nessa perspectiva, o trabalho educativo propicia ao educador o entendimento do seu próprio discurso com poder de partilha na construção de conhecimentos e não como uma forma de silenciar os outros. Segundo Freire (2001, p. 59): O desafio é nunca entrar paternalisticamente no mundo do oprimido para salvá-lo de si próprio. Igualmente o desafio é nunca querer romantizar o mundo do oprimido (a) acorrentado a condições que foram romantizadas para que o educador (a) mantenha sua posição de ser necessário ao oprimido “servindo o oprimido”, ou encarando(a) como um herói romântico. Nos últimos anos as discussões teóricas e as práticas sobre Educação Ambiental se intensificaram e incorporaram dimensões que envolvem aspectos naturais, sociais, culturais e econômicos, tornando esse debate importante para diferentes áreas do conhecimento. Além disso, as reflexões foram sendo incorporadas aos currículos escolares – tanto nos níveis fundamental e médio quanto superior – de diferentes maneiras. Isto se deve à compreensão dessas dimensões e de suas implicações para a vida no planeta Terra. Independentemente da linha teórica em que se fundamentam os estudos, podemos afirmar que todos são unânimes ao tratar das questões ambientais relacionando-as ao modo como o homem vem se apropriando – muitas vezes indevidamente – dos recursos naturais e das práticas sociais que foram sendo modificadas em virtude das necessidades econômicas que atendam ao capitalismo. O que estamos tratando aqui é que, na mesma medida em que os homens foram conhecendo novas práticas de exploração dos recursos naturais, houve uma necessidade de aumentar cada vez mais a quantidade e a rapidez dessa exploração. Isso trouxe a necessidade de novas tecnologias, equipamentos e combustíveis, assim como modificações nos espaços e nas formas de viver de povos, como por exemplo, os grupos indígenas. https://www.youtube.com/watch?v=l73g00p2OGE 11 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE • CAPÍTULO 1 Nossa compreensão nos mostra que não se trata mais de discutir práticas de Educação Ambiental apenas na escola, por se tratar de indivíduos em formação que no futuro irão adotar essas novas maneiras de lidar com o meio ambiente. Neste momento, a formação deve acontecer em todos os segmentos, desde a escola básica e, incluindo a formação superior, a fim de buscar mudanças que possam ser incorporadas imediatamente nas práticas desenvolvidas cotidianamente, em diferentes espaços formais, não formais e informais. A educação é entendida, neste contexto, como uma forma de abordar o meio ambiente por meio de um posicionamento crítico que possa tratar da emergência social em que estamos inseridos. Assim a educação precisa ter como premissa a mudança social para buscar outro modelo de sociedade. Quando tratamos de meio ambiente em suas diferentes dimensões estamos nos referindo ao fato de que o planeta possui seres humanos que se relacionam por meio de processos naturais, sociais, culturais e econômicos, o que envolve culturas de produção e consumo, assim como relações de igualdade e solidariedade, com relações dialógicas, de trocas e compartilhamentos. Nas relações entre os seres humanos e a natureza, o que se busca é outra maneira para lidar com os aspectos socioambientais, em que seja possível manter as necessidades de produção e consumo, mas com outras formas que não aumentem ainda mais a crise socioambiental. Nesta perspectiva, a luta por igualdade inclui condições de sobrevivência com acesso a elementos básicos para uma vida saudável, onde incluímos alimentação, moradia e acesso aos serviços básicos destinados aos cidadãos como educação e saúde. Segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), atualmente mais da metade da população global vive em cidades e concentra tanto os desafios do combate às mudanças climáticas quanto as soluções, por serem elas o berço das inovações tecnológicas que podem impulsionar o alcance das metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Em parceria com o Programa de Assentamentos Humanos das Nações Unidas (ONU-HABITAT) e outros organismos, o PNUMA está buscando desenvolver um repositório on-line de informações sobre mudanças climáticas a fim de apoiar a tomada de decisões de governanças locais. A proposta do PNUMA é que as soluções para ajudar os países a resolver a crise climática devem ser partilhadas e discutidas de forma colaborativa e não isoladamente. Nesse sentido, pensar na Educação e no seu potencial para impulsionar mudanças na sociedade implica também refletir sobre a formação de educadores que tenham a capacidade de interagir com estudantes trazendo possibilidades de trabalhos que integrem a cultura com aspectos socioambientais, criticidade e diálogo. O currículo escolar precisa ser pensado e pautado por aspectos sociais, econômicos, políticos, geográficos e éticos. Do contrário, continuaremos com uma educação fragmentada com aspectos pontuais sendo abordados de maneira descontinuada e sem a compreensão plena das relações entre as diferentes dimensões do meio ambiente. Nesse 12 CAPÍTULO 1 • A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE aspecto, a escola é um espaço privilegiado para compartilhar e multiplicar conhecimentos e saberes. Ademais, a divulgação exaustiva na mídia sobre os problemas ambientais vem trazendo a possibilidade de articulação dos conteúdos ambientais com suas diferentes dimensões, de acordo com a região e o público atendido. Segundo aponta Guimarães (2003), existe uma ideia no senso comum de que a prática de atividades relacionando educação e meio ambiente, por si só, traz mudanças nas posturas individuais dos sujeitos. No entanto, o planejamento de ações pontuais sem a devida reflexão sobre questões teóricas e aspectos sociais, políticos e econômicos não consolida o objetivo desejado de mudança. Muitas vezes algumas ações são repetidas na escola sem uma reflexão e os próprios estudantes se cansam daquelas práticas que resultam em produtos “reciclados” sem uma necessária utilização daquilo, que acaba por se transformar em um objeto que no futuro será transformado em lixo. Entendemos, como o autor, que a Educação Ambiental precisa ser realizada levando em consideração as diferenças, de forma diferenciada para que haja uma adaptação às realidades distintas. A EA se realizará de forma diferenciada em cada meio para que se adapte às respectivas realidades, trabalhando com seus problemas específicos e soluções próprias em respeito à cultura, aos hábitos, aos aspectos psicológicos, às características biofísicas e socioeconômicas de cada localidade (GUIMARÃES, 2003, p. 37). Para entender como essas questões se relacionam com o próprio entendimento do que é meio ambiente e qual é o papel de cada um nas práticas que são desenvolvidas nas sociedades, é preciso que também tenhamos em vista essas diferenças abordadas por Guimarães (2003, p. 37), buscando possibilidades de associar as nossas ações com as teorias que estudamos. Se ficarmos falando sobre a crise ambiental sem uma ação mais concreta ou sem um entendimento das implicações da crise ambiental para a nossa vida, possivelmente não teremos mudanças significativas. Vale destacar que também é importante que as práticas sejam exercitadas por todos e não somente a teoria, ou seja, não devemos “falar sobre educação e meio ambiente” sem nos posicionarmos na vida prática a respeito daquilo que consideramoscomo pontos importantes para assumirmos este compromisso demandado pela crise ambiental – mudar nossas atitudes em relação ao modo como lidamos com o meio ambiente – e que deverá ser uma meta para todos (as). A qualidade de vida dos seres humanos precisa estar associada a todas as questões que são tratadas aqui. A condução dos objetivos para uma proposta educativa que leva em consideração sua relação com o meio ambiente requer um comprometimento com todos os envolvidos neste processo a fim de promover a produção de conhecimento com clareza desses aspectos e da ligação da própria história humana com a natureza. Dessa maneira, é preciso construir um processo dialógico, em que as pessoas compreendam a Para refletir https://nacoesunidas.org/tema/videos https://nacoesunidas.org/tema/videos 13 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE • CAPÍTULO 1 dimensão dessa crise ambiental e o papel desempenhado pelos seres humanos, sem a concepção fatalista ou catastrófica, mas com o entendimento do poder de mudarmos esse processo ou de continuarmos a destruir o planeta, que não é infinito. Sugestão de estudo https://geasur.wordpress.com/livro-geasur/ Instituto Paulo Freire – Programa de Educação para a Cidadania Planetária (PECP) https://www.paulofreire.org/o-instituto-paulo-freire Saiba mais https://nacoesunidas.org/agencia/onumeioambiente/ Assista ao vídeo do professor Carlos Frederico Loureiro - Educação Ambiental Crítica e Ancestralidade. https://www.youtube.com/watch?v=CNdOEST6Blo Loureiro apresenta o campo da Educação Ambiental Crítica (EAC) em suas raízes marxistas, alinhada à pedagogia histórico-crítica, mas vai além, apresentando as interfaces entre a EAC e a dimensão da ancestralidade, das cosmogonias afro-brasileiras e indígenas, dos saberes populares das comunidades tradicionais, ressignificando o campo crítico e a EA. 1.2. O ser humano como parte integrante da natureza Como já foi abordado aqui, ao tratarmos de desenvolvimento sustentável, estamos considerando sustentabilidade econômica, social e ambiental. Para isso, diferentes instituições e agências governamentais estão desenvolvendo programas para contribuir com a preservação do planeta levando em consideração a participação da sociedade civil nas discussões e nos processos decisórios como uma maneira de criar redes de multiplicadores e fortalecer o trabalho desenvolvido em diferentes contextos. A palavra sustentabilidade aparece com muita frequência nos textos jornalísticos, acadêmicos e didáticos. O que pouca gente sabe é que este termo “tão moderno” foi utilizado pela primeira vez em 1713 por um pesquisador alemão especialista em silvicultura1 que afirmava de maneira clara que, para retirar árvores velhas de um local, isto só poderia ser feito se existissem árvores 1 Ciência que se dedica ao estudo dos métodos naturais e artificiais de regenerar e melhorar os povoamentos florestais e que compreende o estudo botânico das espécies, além da identificação, caracterização e prescrição da utilização das madeiras. https://geasur.wordpress.com/livro-geasur/ https://www.paulofreire.org/o-instituto-paulo-freire https://www.paulofreire.org/o-instituto-paulo-freire https://nacoesunidas.org/agencia/onumeioambiente/ https://www.youtube.com/watch?v=CNdOEST6Blo 14 CAPÍTULO 1 • A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE novas para serem plantadas naquele local. A preocupação com os impactos ambientais existe há muito tempo, desde a Antiguidade, vários grupos sociais já se preocupavam com impactos da mineração e do pastoreio e a limitação de recursos. Por muito tempo as pessoas pensavam na natureza com uma visão muito utilitarista, ou seja, os animais e os recursos naturais servindo ao homem. Essa forma de olhar a natureza se modificou em função do entendimento dos aspectos que envolvem a crise ambiental do planeta. Todos os projetos e ações são pensados partindo da necessária integração dos seres humanos na natureza, com a necessária compreensão da dimensão ambiental e as implicações disso para a qualidade do ar e da água, a saúde humana e a utilização dos recursos renováveis e não renováveis. Além disso, considera-se também a dimensão econômica, pois há uma necessidade de geração de renda para as pessoas e de valorização do capital humano, por meio do qual são criadas redes de compartilhamento de experiências e práticas que podem contribuir para a diminuição da degradação do planeta. Nesse sentido, foram criados os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), como um pacto entre os países integrantes das Nações Unidas, em setembro de 2015, quando foram adotadas 17 metas. Essas metas foram seguidas do Acordo de Paris em que 196 países e a União Europeia se comprometeram a lutar para manter a temperatura do planeta que vem subindo a cada dia. Em 2019, a mídia sempre citava o Acordo de Paris quando tratava da COP 25. Fonte: KIARA WORTH/IISDCom reportagem de Matt McGrath, correspondente de Meio Ambiente da BBC. Em 15/12/2019. A COP 25 terminou após longas negociações com um acordo de compromissos, mas também foram adiadas decisões importantes que ficaram para a próxima conferência, que será em 2021. Em matéria publicada pela Rede BBC em seu site, o jornalista Matt Mc Grath afirmou que, depois de exaustivas negociações entre quase 200 participantes, chegou-se a um consenso sobre a questão crucial que é o aumento da mobilização global por cortes de emissão de carbono. De acordo com o pacto, “todos os países precisarão apresentar novas promessas climáticas na próxima grande conferência”. Atenção Assista ao vídeo da pesquisadora Marcia Chame, da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. https://www.youtube.com/ watch?v=qtKMIAci664&app=desktop https://www.youtube.com/watch?v=qtKMIAci664&app=desktop https://www.youtube.com/watch?v=qtKMIAci664&app=desktop 15 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE • CAPÍTULO 1 E como isso se relaciona com cada um de nós? Na prática, existem metas que são parte das políticas governamentais, mas cada um também possui um papel como cidadão no cumprimento dessas metas, por meio das ações que realiza no cotidiano. Cada vez mais percebemos indivíduos mobilizados e buscando se unir a outras pessoas que, por meio de coletivos, por exemplo, organizam outras maneiras de lidar com consumo e produção. Com o avanço do capitalismo e o aumento da pobreza mundial tivemos, também, o crescimento da degradação ambiental, o que é reconhecido em estudos de diferentes países. A população pobre é mais vulnerável aos desastres ambientais provocados pelo desmatamento e aquecimento global, assim como sua vulnerabilidade é maior a doenças provocadas por falta de saneamento básico e acesso a água potável. Muitos movimentos sociais de pessoas em situação de vulnerabilidade social estão associados, comumente, à própria sobrevivência das pessoas, que precisam tirar o seu sustento de áreas ou produtos que são alterados pelas questões climáticas. Comunidades indígenas também sofrem com as alterações no meio ambiente e mudanças na demarcação de terras indígenas em função do seu modo de produzir para a própria subsistência. Para Juan Martinez Alier (1992), ao abordar aspectos da expansão do capitalismo para o meio ambiente e para os pobres, tratamos das consequências sociais e ecológicas da modernidade. Importante Acordo de Paris: elementos essenciais O Acordo de Paris se baseia na Convenção e, pela primeira vez, levou todas as nações a uma causa comum para empreenderem esforços ambiciosos para combater a mudança climática e se adaptarem aos seus efeitos, com apoio aprimorado para ajudar os países em desenvolvimento a fazê-lo. Como tal, traça um novo rumo no esforço climático global. O objetivo central do Acordo de Paris é fortalecer a resposta global à ameaça das mudanças climáticas, mantendo um aumento da temperatura global neste século bem abaixo de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e prosseguir esforços para limitaro aumento da temperatura ainda mais a 1,5 graus Celsius. Além disso, o acordo visava fortalecer a capacidade dos países para lidar com os impactos das mudanças climáticas. Para atingir esses objetivos ambiciosos, é necessário que sejam criados fluxos financeiros apropriados, uma nova estrutura tecnológica e uma estrutura aprimorada de capacitação, apoiando assim as ações dos países em desenvolvimento e dos países mais vulneráveis, de acordo com seus próprios objetivos nacionais. O acordo também prevê maior transparência de ação e apoio por meio de uma estrutura de transparência mais robusta. 16 CAPÍTULO 1 • A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE Atenção A COP 25 - Conferência da ONU sobre o Clima aconteceu em 2019, na cidade de Madri, na Espanha, e contou com a participação de quase 200 países. O objetivo foi acelerar o combate às mudanças climáticas. Cientistas e ambientalistas defendem que o aquecimento global desencadeia eventos climáticos extremos no mundo todo, como enchentes e queimadas. Durante a conferência, o Brasil foi tratado como um dos grandes vilões ambientais do planeta, junto com a Austrália e o Japão, e recebeu o prêmio “Fóssil do Dia”, uma honraria irônica concedida a quem mais atrapalha do que ajuda. Saiba mais A COP 25: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50800984 Para entender as mudanças climáticas: https://www.bbc.com/portuguese/geral-50019998 Queimadas na Amazônia e na Austrália: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51011491 Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ou Objetivos Globais, se caracterizam como uma ação para proteger o planeta contra a mudança global do clima e a desigualdade econômica, buscando maneiras de priorizar o consumo sustentável. Segundo as informações divulgadas no site das Nações Unidas, os líderes mundiais pediram uma década de ação para entregar os ODS até 2030 e anunciaram mais de 100 “ações aceleradas” – compromissos voluntários para acelerar o progresso. Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento humano, o combate à pobreza e o crescimento do país, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) executa diversos projetos em diferentes áreas, oferecendo aos parceiros apoio técnico, operacional e gerencial, por meio de acesso a metodologias, conhecimentos, consultoria especializada e ampla rede de cooperação técnica internacional. Levando em consideração a diversidade e a realidade multifacetada do Brasil, os projetos são desenvolvidos em parceria com o Governo Brasileiro, instituições financeiras internacionais, setor privado e sociedade civil. O administrador do PNUD, Achim Steiner, afirma que os ODS são uma agenda inclusiva para fazer uma mudança positiva para as pessoas e para o planeta, buscando colocar o mundo em um caminho sustentável. https://veja.abril.com.br/noticias-sobre/clima/ https://veja.abril.com.br/noticias-sobre/aquecimento-global/ https://veja.abril.com.br/noticias-sobre/enchente/ https://veja.abril.com.br/noticias-sobre/brasil/ https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50800984 https://www.bbc.com/portuguese/geral-50019998 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51011491 17 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE • CAPÍTULO 1 O Plano Estratégico do PNUD (2018-2021) foi desenhado para responder à grande diversidade de países para os quais prestam serviços. Essa diversidade se reflete em três amplos âmbitos de desenvolvimento: erradicação da pobreza, transformações estruturais e construção de resiliência. Nos últimos meses de 2019, os especialistas repetiram incessantemente que a crise na biodiversidade e as mudanças climáticas estão implicadas com soluções ligadas à natureza, pois os seres humanos dependem de ecossistemas saudáveis para sua sobrevivência no planeta. Segundo a comunidade científica, o ano de 2020 será de grande importância para reunir especialistas e consolidar acordos que propiciarão a construção da agenda ambiental para a próxima década. Saiba mais https://nacoesunidas.org/2020-um-ano-decisivo-para-a-biodiversidade-e-as-emergencias-climaticas/ Atenção Em dezembro de 2019, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento divulgou o Relatório sobre Desenvolvimento Humano 2019 onde encontramos informações que reafirmam que as desigualdades econômicas e a crise climática devem ser abordadas de maneira conjunta, pois isto permitirá que os países avancem para o desenvolvimento inclusivo e sustentável. No documento afirma-se que as desigualdades devem ser combatidas juntamente com as mudanças climáticas, tratando ao mesmo tempo do que diz respeito aos direitos humanos. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development- goals.html http://strategicplan.undp.org/ https://nacoesunidas.org/2020-um-ano-decisivo-para-a-biodiversidade-e-as-emergencias-climaticas/ https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development-%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20goals.html https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development-%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20goals.html 18 CAPÍTULO 1 • A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE Saiba mais A Agenda 2030: https://www.undp.org/content/undp/en/home.html A Agenda 2030 é um plano de ação para pessoas, planeta e prosperidade. Também busca fortalecer a paz universal. Reconhece que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Todos os países e todas as partes interessadas, atuando em parceria colaborativa, estão implementando esta Agenda. 1.3. A Dimensão Socioambiental da Educação e seu papel estratégico No campo da educação, encontramos muitos estudos tratando do papel da dimensão socioambiental na formação de educadores e o papel estratégico que a Educação possui (GONÇALVES; BENAC; SANTOS, 2015; SOUZA; COSTA; BONFIM, 2015; PEDROSO; SILVA; KAWASAKI, 2015), no entanto, o que se percebe nos trabalhos, de maneira geral, é que os educadores ainda são formados em uma perspectiva disciplinar e com poucas experiências em estudos e práticas desenvolvidas em diferentes contextos educativos. Nesse sentido, Garrido e Meireles (2015, p. 7) afirmam que os alunos de Pedagogia e de outras áreas ligadas à educação precisam vivenciar “a interdisciplinaridade durante sua formação” e, nesse caso, a EA é uma legítima e necessária oportunidade. Para as autoras, a prática de EA exercida por meio da interdisciplinaridade é uma das maneiras de se contribuir para a formação docente. O campo da Educação, particularmente no que diz respeito à Educação Ambiental, vem sendo palco de intensos debates sobre formação de professores e o papel da educação para criar espaços de discussão sobre as questões ambientais, assim como as práticas desenvolvidas. Essa formação precisa levar em consideração orientações políticas, sociais e culturais para que sejam criadas possibilidades da participação da população escolar. Garrido e Meirelles (2015, p. 6) afirmam que, dentre as contribuições da Educação Ambiental para educadores, reconhecem a mudança na forma de construir conhecimentos, buscando unir teoria e prática. Assim a Educação Ambiental compreendida em uma perspectiva crítica vai estimular ao educador a percepção do ambiente e todas as relações envolvidas e esta ótica deve fazer parte da formação docente, especialmente em cursos de Pedagogia. Quando atuamos na prática educativa, precisamos estar cientes de todas essas questões para que possamos desenvolver estratégias que sejam interessantes e coerentes com a complexidade desses processos. Muitas vezes encontramos espaços escolares desenvolvendo atividades em uma https://www.undp.org/content/undp/en/home.html 19 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE • CAPÍTULO 1 perspectiva que por si só é reducionista e não propicia aprofundamento teórico nem apropriação de práticas sustentáveis.O trabalho na educação pode contribuir para uma mudança na compreensão das concepções de ciência e de construção de conhecimentos e isto propicia aos sujeitos que estão envolvidos neste processo a reflexão sobre meio ambiente e problemas relacionados aos fenômenos climáticos, sem, no entanto, assumir uma postura de negação ou de reação de desespero. Esse fato possibilita aos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem o entendimento das subjetividades, das incertezas, dos conflitos, dos valores, dos questionamentos metafísicos e políticos relacionados à questão ambiental. De acordo com Loureiro (2004, p. 65), a Educação Ambiental Transformadora enfatiza a educação enquanto processo permanente, cotidiano e coletivo pelo qual agimos e refletimos, transformando a realidade de vida. O que se percebe é que há uma mobilização de educadores em todo o país que buscam trabalhar na perspectiva dessa dimensão socioambiental, buscando formação inicial e continuada, reconhecendo avanços, mas lutando por maiores conquistas. Apesar disso, ainda há muitos caminhos a percorrer e a luta continua para garantir maior destinação de PIB para a educação e políticas educacionais em que a temática da Educação Ambiental e da sustentabilidade estejam no Plano Nacional de Educação e tenham centralidade correspondente à sua relevância neste cenário (AMARO; SANCHÉZ, 2012). Nessa linha de pensamento encontramos a pesquisa desenvolvida por Pereira, Pedrini e Fontoura (2019) que realizou um estudo sobre as percepções de docentes sobre questões ambientais, particularmente, aquecimento global. Por meio das suas narrativas, os docentes confirmaram a importância da Educação Ambiental e, por meio dela, trabalhos que possam abordar consumo excessivo, produção e descarte de lixo. Todavia os autores observam que o discurso da maioria dos docentes indica uma forte visão conservadora da Educação Ambiental: cujo foco está na mudança comportamental das pessoas, preocupando-se basicamente com as consequências da crise ambiental e não com a sua origem – mas também apresentando indícios de um enfoque dentro da visão socioambiental – mais abrangente, buscando a conscientização do indivíduo enquanto cidadão integrante do meio e a interação homem-ambiente e considerando os aspectos sociais (2019, p. 201). Assim reiteramos o papel social de todo educador e a necessidade de uma formação docente que possa contribuir para a sua prática no sentido de compartilhar conhecimento, gerando formas de ensino – aprendizagem que atendam aos desafios que a dimensão socioambiental traz em seu bojo. O educador precisa trabalhar de maneira responsável e criativa, permitindo um processo dinâmico em que propostas coerentes com essa prática se concretizem permitindo compartilhar e construir cotidianamente o fazer educativo. 20 CAPÍTULO 1 • A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE A sustentabilidade precisa ser tratada de maneira interligada com as questões sociais, culturais e econômicas e, por meio de experiências, de transformação de atitudes e comportamentos podemos criar outros sentidos para a formas de viver na sociedade. No livro Ideias para Adiar o Fim do Mundo, o líder indígena Ailton Krenac (2019) afirma que a separação do ser humano em relação ao planeta Terra vem causando um processo que ele nomeia como “abstração civilizatória”, na qual o consumo leva as pessoas ao impedimento de uma verdadeira cidadania. De acordo com Krenac, “é justamente isso que está criando falta de sentido na vida, retirando o prazer de viver, de dançar e de cantar, o que transformou a humanidade em humanidade zumbi”. Ele afirma ainda que nos momentos em que realiza palestras procura “contar histórias” para adiar o fim do mundo. Atenção Produto Interno Bruto (PIB) Segundo dados divulgados na Agência Brasil, o Brasil gasta anualmente em educação pública cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). Esse valor é superior à média dos países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 5,5%. No entanto, o país está nas últimas posições em avaliações internacionais de desempenho escolar, ainda que haja casos de sucesso nas esferas estadual e municipal. A avaliação é do relatório “Aspectos Fiscais da Educação no Brasil”, divulgado hoje (6) pela Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda. Para refletir Colapso da civilização? fronteiras planetárias: Litszt Vieira 06/01/2020 Liszt Vieira é um dos primeiros e maiores conhecedores da questão ecológica em nosso país. Esse texto é extremamente informativo. Apela à nossa responsabilidade. Reforça nossa resistência e nossa crítica aos negacionistas do aquecimento global instalados no atual governo, a começar pelo presidente e seu ministro do Meio Ambiente. A ser verdadeiras as informações passadas neste trabalho, nos damos conta de quão irresponsáveis são, pois simplesmente desprezam os dados científicos. Bem disse o Papa Francisco em sua encíclica “Sobre o Cuidado da Casa Comum”: “As previsões científicas já não se podem olhar com desprezo e ironia, pode-se desembocar em catástrofes” (n.161). Negadores desta realidade sinistra, não se preocupam com o destino desastroso possível do planeta, de nosso país, de nossas cidades costeiras e especialmente das grandes maiorias pobres. Eles serão os primeiros a sofrer os danos letais do aquecimento global. Não estamos indo ao encontro dele. Queiram ou não queiram os negacionistas nacionais e mundiais, já estamos dentro do aquecimento global. Há uma tendência irrefreável, se nada fizermos, de sermos confrontados com uma catástrofe ecológico-social, apenas ocorrida há milhões de anos, quando boa parte dos seres vivos desapareceu. Mas nós ainda não havíamos surgido dentro do processo da evolução. Agora estamos face à uma emergência planetária e seremos responsáveis pelo futuro nosso e da vida no planeta. Não podemos esperar. Temos que agir para não chegarmos tarde demais e mergulharmos numa sepultura que nós mesmos temos cavado. A Terra continuará, empobrecida, mas sem a comunidade de vida e sem nós: Leonardo Boff. 21 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE • CAPÍTULO 1 Saiba mais Cartilha para crianças https://nacoesunidas.org/cartilha-para-criancas-explica-direito-a-um-meio-ambiente-seguro-saudavel-e-sustentavel/ https://nacoesunidas.org/2020-um-ano-decisivo-para-a-biodiversidade-e-as-emergencias-climaticas Projetos de Educação Ambiental escolar: uma proposta de avaliação. Revista Brasileira de Educação Ambiental: https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea Sugestão de estudo https://nacoesunidas.org/2020-um-ano-decisivo-para-a-biodiversidade-e-as-emergencias-climaticas https://nacoesunidas.org/agencias-da-onu-apoiam-projetos-de-impacto-social-criados-por-adolescentes-no-brasil/ Sintetizando Neste primeiro capítulo: Apresentamos reflexões sobre a relação entre educação e meio ambiente. Refletimos sobre o meio ambiente por meio de suas diferentes dimensões, buscando explicitar cada uma e sua importância no contexto da crise ambiental. Analisamos a dimensão socioambiental da educação e sua relevância no cenário atual de grave emergência ambiental. Provocação http://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/italianos/noticias/2020/01/04/vogue-italia-renuncia-a-fotografias-e-lanca-capa- ilustrada_71cbaacc-4b88-436f-a8fd-e45dcb650548.html https://nacoesunidas.org/cartilha-para-criancas-explica-direito-a-um-meio-ambiente-seguro-saudavel-e-sustentavel/ https://nacoesunidas.org/2020-um-ano-decisivo-para-a-biodiversidade-e-as-emergencias-climaticas https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea https://nacoesunidas.org/2020-um-ano-decisivo-para-a-biodiversidade-e-as-emergencias-climaticas https://nacoesunidas.org/agencias-da-onu-apoiam-projetos-de-impacto-social-criados-por-adolescentes-no-brasil/ http://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/italianos/noticias/2020/01/04/vogue-italia-renuncia-a-fotografias-e-lanca-capa-ilustrada_71cbaacc-4b88-436f-a8fd-e45dcb650548.htmlhttp://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/italianos/noticias/2020/01/04/vogue-italia-renuncia-a-fotografias-e-lanca-capa-ilustrada_71cbaacc-4b88-436f-a8fd-e45dcb650548.html 22 Introdução Nesta aula as reflexões tratam da Educação Ambiental, destacando a conceituação adotada por diferentes autores, assim como as abordagens de trabalho. Por meio desta aula, esperamos que o estudante possa entender do que trata hoje a Educação Ambiental e como os conteúdos abordados precisam ser atualizados constantemente, em virtude da rapidez com que as questões surgem no cenário brasileiro e mundial, quando se trata de meio ambiente. Consideramos que a construção de conhecimentos acontece quando o estudante consegue entender como a educação ambiental vai muito além da sala de aula e se relaciona com vários aspectos que ele vivencia em seu cotidiano. Na apresentação das reflexões, buscamos trazer referências teóricas, mas também demonstrar ações elaboradas por grupos de pesquisa e organizações não governamentais que se dedicam a essa área. Objetivos » Definir Educação Ambiental. » Apresentar conceitos e discussões sobre a Educação Ambiental na atualidade. » Apresentar projetos e atividades de Educação Ambiental. 2 CAPÍTULO AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL? 23 AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL • CAPÍTULO 2 2.1. O Papel da Educação Ambiental frente à Crise Ambiental Vigente Quando, por vezes, me falam em imaginar outro mundo possível, é no sentido de reordenamento das relações e dos espaços, de novos entendimentos sobre como podemos nos relacionar com aquilo que se admite ser a natureza, como se a gente não fosse natureza. Na verdade, estão invocando novas formas de os velhos manjados humanos coexistirem com aquela metáfora da natureza que eles mesmos criaram para consumo próprio (KRENAK, 2019, p. 67). Para começar este capítulo, escolhemos uma parte da narrativa do índio Ailton Krenak, em seu livro Ideias para adiar o fim do mundo (2019), citado no Capítulo 1 do livro desta disciplina. Essa escolha se relaciona com o caminho que pretendemos construir para falar sobre Educação Ambiental. O autor citado trata da relação que os povos foram estabelecendo com a natureza, ao longo dos séculos, distanciando-se cada vez mais do que tradicionalmente os povos indígenas e outros estabeleciam por meio dos seus modos de viver harmoniosamente com o meio ambiente. As tradições foram esquecidas e os meios de subsistência foram sendo adequados ao modo capitalista sem um cuidado com o manejo da natureza de maneira equilibrada. Nesse livro, Krenak busca provocar o debate trazendo especificidades do discurso construído com seu povo, mas principalmente, busca alertar o distanciamento e a falta de compreensão que os seres humanos demonstram ao lidar com as questões ambientais Essa escolha pela epígrafe citando o texto de Ailton Krenak também se relaciona com a nossa intenção de provocar os estudantes, com textos acadêmicos e literários, buscando ampliar leituras e posições críticas. Nossa intenção é construir um caminho educativo que não só estimule, mas desafie os estudantes para se envolverem nos processos de regeneração do planeta, por meio de práticas e ações que tragam verdadeiramente mudanças de comportamento e construção de novos saberes articulados com a complexidade ambiental. Você já deve ter percebido que é muito comum encontrar textos sobre essa área que possuem um início com uma bela imagem de natureza e um texto que fala em trilha, fazendo uma alusão às trilhas ecológicas. Essa discussão é interessante do ponto de vista teórico e metodológico e vamos explicar melhor. É interessante falar em trilha, caminho ou outro tipo de construção que possibilite ao estudante compreender como pensamos este estudo, no sentido de um percurso. Porém, também é relevante que fique claro como essas palavras “aparentemente simples” estão relacionadas ao nosso modo de entender o que é Educação Ambiental e como isso se relaciona diretamente ao modo como o professor vê o mundo. Ver e enxergar, como nos disse José Saramago (Estação 1) questões aparentemente “banais”, quer dizer, enxergar aspectos cotidianos das práticas que desenvolvemos e que são coerentes com uma educação que se propõe a ser voltada para o meio ambiente. Em relação ao uso de imagens, é preciso estar atento (a) para a importância desse tipo de texto. Sim! A imagem é um texto e possibilita leituras polissêmicas que, de maneira geral, podemos 24 CAPÍTULO 2 • AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL dizer que esse termo trata da multiplicidade de sentidos que a mesma imagem possui. Isso possibilita leituras distintas e entendimento diferente para cada pessoa que lê a imagem. Esse sentido é importante para que não façamos da imagem um texto complementar ao texto escrito. Essa não deve ser a função principal do texto imagético, pois ele pode possibilitar uma série de inferências construídas por meio das discussões compartilhadas em um grupo. A Educação Ambiental demonstra que é preciso construir um trabalho educativo que envolva todos os educandos, com o objetivo de construção de conhecimentos, com ampliação da participação mediante a mudança de valores, comportamentos e atitudes que sejam propiciadoras de uma relação de equilíbrio com o meio ambiente. Dessa maneira, a Educação Ambiental vem se tornando cada vez mais desafiadora em virtude da emergência dos problemas ambientais e da complexidade dos saberes exigidos para a compreensão dos processos sociais que estão implicados nessa questão. Nesse sentido, políticas ambientais e programas educativos que sejam relacionados à conscientização da crise ambiental demandam crescentemente novos enfoques que possam integrar uma realidade contraditória e geradora de desigualdades, como vai nos advertir Pedrini (2007). Para o autor, é necessário “transcender a mera aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis” para que haja uma verdadeira mudança e a desejada conscientização. No livro citado, que data de 2007, o autor e outros pesquisadores já ressaltavam o desafio de uma Educação Ambiental voltada para a transformação social, em uma perspectiva de estímulo de uma visão global e crítica de questões ambientais. Nas palavras de Pedrini (2007, p. 14): O desafio que se coloca é de formular uma Educação Ambiental que seja crítica e inovadora, voltada, acima de tudo, para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma perspectiva de ação que propicie, de um lado, o resgate e o desenvolvimento de valores e comportamentos (confiança, respeito mútuo, responsabilidade, compromisso, solidariedade e iniciativa) e, de outro, estimular uma visão global e crítica das questões ambientais e promover um enfoque interdisciplinar que resgate e construa saberes. O desafio de um trabalho que esteja em consonância com essas proposições começa com os diferentes contextos sociais e econômicos que encontramos no Brasil, ocasionando contradições e dificuldades na implementação de propostas. Nesse sentido, para que tenhamos a Educação Ambiental crítica é preciso que professores e estudantes estejam acordados de maneira equilibrada para pensar e criar ações em colaboração. Segundo Trein (2012), no contexto de crise socioambiental as práticas educativas precisam considerar o seu compromisso social e criar espaços para a problematização das relações estabelecidas historicamente pelos seres humanos com a natureza. A autora defende que será do campo educacional “que emergirá um vigoroso campo da EA, ou alimentaremos a perplexidade de que as políticas públicas para a Educação Ambiental continuem sem saber qual é o seu verdadeiro lócus de pertencimento” (2012, p. 306). 25 AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL • CAPÍTULO 2 Quando tratamos de questões ambientais, precisamos sempre relacioná-las com as questões sociais, econômicas, políticas e culturais. Este posicionamento vai ser reafirmado em váriosmomentos no livro e nas estações de estudo desta disciplina. Podemos dizer que este é o “pano de fundo” das nossas reflexões. Por muito tempo, até alguns anos atrás, os textos de Educação que abordavam a questão ambiental tratavam de “uma crise” que se aproximava e demandava uma postura mais ecológica de preservação do planeta com orientação de práticas e atividades que supostamente formariam cidadãos com essa preocupação ecológica. Infelizmente o que temos hoje é uma crise muito além do que foi previsto, com o planeta completamente alterado em desarmonia com a sustentabilidade e sem possibilidades de preservação. Atualmente a luta ambiental busca estratégias para regenerar parte do que foi destruído. Partimos do pressuposto de que a Educação Ambiental consiste em reconhecer valores e práticas, buscando mudanças na qualidade de vida sem aumentar a crise ambiental e percebendo o verdadeiro papel de cada ser humano e a relevância de saber, por exemplo, como calcular sua pegada ecológica e como modificar essa “pegada”. A degradação incessante do planeta nos levou a uma situação insustentável e, nesse sentido, é preciso criar novas posturas articuladas com esse entendimento. A pegada ecológica é uma metodologia criada para contabilizar a pressão humana sobre os recursos naturais. Por meio dessa metodologia é possível comparar os padrões de consumo dos seres humanos e considerar a capacidade ecológica do planeta. Dessa maneira, a pegada ecológica possui relação com o que consumimos e os recursos naturais renováveis. Entendendo essa nossa pegada podemos tentar mudar alguns dos nossos hábitos de consumo que, de maneira simples, potencializam o que acontece no planeta. Alguns hábitos que são lembrados constantemente na mídia, como uso de transporte público ou bicicleta, ao invés de carro, a separação do lixo doméstico, a utilização de sacolas retornáveis para compras e o consumo daquilo que é realmente necessário constituem algumas dessas mudanças que podem contribuir verdadeiramente com o que desejamos para o planeta. Algumas vezes ouvimos pessoas que afirmam que o maior peso para a crise ambiental seria das grandes indústrias, porém, as ações de cada cidadão cotidianamente repetidas no mundo inteiro possuem uma parcela significativa neste processo. Isso também faz parte do compromisso que cada educador precisa assumir para ser coerente com as ideias que deseja compartilhar com seus educandos, para que eles compreendam e assumam novas práticas cotidianamente. É preciso que educadores tenham mais que um discurso emblemático para convencimento dos estudantes. 26 CAPÍTULO 2 • AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL Atenção A Pegada Ecológica mede a quantidade de recursos naturais renováveis para manter nosso estilo de vida. Basicamente, tudo o que usamos para viver vem da natureza e mais tarde voltará para ela. Essa é a nossa Pegada. Para conhecê-la, você tem agora essa calculadora no site da WWF – link abaixo. https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/ http://www.pegadaecologica.org.br/2019/pegada.php Saiba mais WWF https://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/publicacoes_educacao_ambiental/ A Questão do Consumo https://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/cartilha_para_o_consumidor_ responsavel___wwf_brasil_1.pdf Refletindo sobre a degradação do meio ambiente e os aspectos sociais, é necessário deixarmos explícita a relação de consumo e desenvolvimento neste contexto. Lembramos que o consumo é praticado por diferentes cidadãos, independentemente do nível social, entretanto, com a crise ambiental, as populações mais atingidas são aquelas que estão em situação de vulnerabilidade social. Afirmamos isso porque, com as mudanças climáticas, as populações mais pobres sofrem com as catástrofes ambientais (furacões, enchentes e outros), perdendo suas casas, suas plantações, mudando radicalmente seus modos de produção e de sustento. Com o aquecimento global, muitas regiões deixam de ser férteis e, consequentemente, tornam-se improdutivas para populações inteiras que dependiam da agricultura, por exemplo, mas também acontece com a pesca e outras formas de produção. Outro ponto importante é salientado por Kassiadou (2018, p. 27) quando a autora afirma que o “desenvolvimento” é permeado por conflitos e disputas, que por um lado é entendido como transformação social positiva e, por outro, como uma lógica perversa engendrada por um discurso da modernidade. A autora reitera essas considerações ao citar os resultados do Mapa de Conflitos envolvendo Justiça Ambiental e Saúde no Brasil (2013) produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esse estudo apresenta um mapeamento de situações trazidas pelas transformações nos territórios brasileiros, como decorrência de um modelo de desenvolvimento que desconsidera as populações que possuem suas vidas “imbricadas com recursos e paisagens em disputa nos seus territórios” (Fiocruz, 2013, p. 37 apud KASSIADOU, 2018, p. 28). O que isso significa é que https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/ http://www.pegadaecologica.org.br/2019/pegada.php https://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/publicacoes_educacao_ambiental/ https://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/cartilha_para_o_consumidor_responsavel___wwf_brasil_1.pdf https://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/cartilha_para_o_consumidor_responsavel___wwf_brasil_1.pdf 27 AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL • CAPÍTULO 2 populações em situação de vulnerabilidade social vivem constantemente injustiças ambientais resultantes desse modelo de “desenvolvimento”. Para pensarmos em uma educação que possa abordar a dimensão ambiental é preciso que sejam tratadas as inter-relações entre meio ambiente e os diferentes sujeitos sociais que são implicados pela educação, mas também são sujeitos vulneráveis a todas as mudanças climáticas. Não basta utilizar uma nomenclatura adequada aos parâmetros educacionais propostos ou nomes que contenham adjetivos impressionantes. Por meio da educação ambiental é possível orientar os estudantes no sentido de compreensão daquilo que é papel de cada um e o potencial dessa ação individual para o desenvolvimento com responsabilidade ambiental. A responsabilidade de cada indivíduo e da coletividade por meio de uma participação ativa já constavam na conceituação de Educação Ambiental definida na Conferência de Tbilisi, realizada em 1977, considerada um marco importante da história da Educação Ambiental. Algumas décadas depois, Spazziani e Sardinha (2007, p. 123) escreveram um verbete sobre Educação Ambiental, onde afirmavam que: Há um movimento constante avassalador sobre o ambiente natural para estabelecimento dos modos de vida que marcam a nossa cultura. Embora não uniforme e não – linear, os diferentes modos de ocupação política ou econômica são realizados pela dominação sobre outros seres humanos e sobre as demais espécies e elementos da natureza. Nossa ocupação do planeta precisa ser revista em caráter de urgência, buscando fortalecer propostas e ações apoiadas na regeneração e na continuidade das espécies. Saiba mais Mapa de Conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/ Para refletir O Amanhã é Hoje (2018) - FILME COMPLETO O documentário é uma realização da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Engajamundo, Greenpeace, Instituto Alana e Instituto Socioambiental (ISA). https://www.youtube.com/watch?v=UsG3o5ndjaU https://www.conectas.org/noticias/documentario-inedito-o-amanha-e-hoje-expoe-impactos-das-mudancas-climaticas-na- vida-de-brasileiros http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/ https://www.youtube.com/watch?v=UsG3o5ndjaU https://www.conectas.org/noticias/documentario-inedito-o-amanha-e-hoje-expoe-impactos-das-mudancas-climaticas-na-vida-de-brasileiros https://www.conectas.org/noticias/documentario-inedito-o-amanha-e-hoje-expoe-impactos-das-mudancas-climaticas-na-vida-de-brasileiros28 CAPÍTULO 2 • AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL Sugestão de estudo LOUREIRO, C. F. B. Questões ontológicas e metodológicas da educação ambiental crítica no capitalismo contemporâneo. Revista Eletrônica Do Mestrado Em Educação Ambiental, v. 36, pp. 79-95, 2019. O trecho transcrito abaixo faz parte do livro Identidades da Educação Ambiental (2004), e se encontra no Prefácio, escrito por Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente naquele período. O livro convocava a participação para a mobilização necessária em virtude da sustentabilidade do planeta, destacando a perspectiva de educação ambiental crítica, como uma possibilidade de dialogar e compartilhar conhecimentos como forma de uma política ambiental integradora, constituindo o que a ministra nomeava como “um passo rumo a sustentabilidade, entre nós e em todo o planeta”. A educação ambiental vive um momento histórico. Depois da Conferência Internacional sobre Conscientização Pública para a Sustentabilidade, realizada na Grécia, em 1997, o dia primeiro de janeiro de 2005 ficará marcado na lembrança de educadores ambientalistas em todo o mundo. Este será o primeiro dia da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014). Sob coordenação da Unesco, essa iniciativa das Nações Unidas, instituída por resolução de sua Assembléia Geral, procura estabelecer um grande plano internacional de implementação, tendo como referência os preceitos da Agenda 21, em seu capítulo 36. Assim, os governos são chamados a aderir às medidas necessárias para a aplicação do que propõe a Década em seus planos e estratégias educativas. O interessante é que mais do que por sua abrangência, essa convocação atualiza o desafio paradigmático da educação ambiental quando a nomeia como Educação para o Desenvolvimento Sustentável (SILVA, 2004, p. 5). Nas últimas décadas, o debate sobre Educação Ambiental vem sendo ampliado, incluindo em suas propostas mudanças na vida das sociedades como um caminho para fortalecer visões mais integradoras em torno das relações sociais e da diversidade dos seres. Esse debate também vem construindo importantes discussões a respeito das práticas docentes, ou seja, a atuação de professores e o seu papel nesse contexto. A educação proporciona transformação e, por meio dela, é possível elencar diferentes dimensões que são relacionadas ao meio ambiente e ao fazer educativo. O modo capitalista trouxe mudanças de paradigma separando sociedade e natureza, redimensionando as relações estabelecidas historicamente pelo homem e causando uma série de posturas que hoje são insustentáveis. Não podemos mais falar em “preservação” pois, na verdade, 29 AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL • CAPÍTULO 2 temos que considerar o trabalho educativo como uma perspectiva de formação de gerações futuras e de educadores – em diferentes espaços de educação – para buscar a regeneração do planeta. O professor e pesquisador Carlos Frederico Loureiro – que vocês conheceram no Capítulo 1 do livro – já tratava disso em 2004 quando produziu um trabalho sobre Educação Ambiental para o então Ministério do Meio Ambiente. Naquele momento, havia uma forte discussão nos espaços educativos sobre a Educação Ambiental e a organização de uma publicação com diferentes autores analisando criticamente essa área era destacada como uma iniciativa importante no movimento de construção de novas sínteses teóricas e metodológicas que poderiam contribuir para uma política pública democrática. O livro está disponível para download e continua sendo uma referência interessante pelo conjunto de reflexões que apresenta. Destacamos um trecho de Loureiro (2004, p. 81): A Educação Ambiental Transformadora enfatiza a educação enquanto processo permanente, cotidiano e coletivo pelo qual agimos e refletimos, transformando a realidade de vida. Está focada nas pedagogias problematizadoras do concreto vivido, no reconhecimento das diferentes necessidades, interesses e modos de relações na natureza que definem os grupos sociais e o “lugar” ocupado por estes em sociedade, como meio para se buscar novas sínteses que indiquem caminhos democráticos, sustentáveis e justos para todos. Baseia-se no princípio de que as certezas são relativas; na crítica e autocrítica constante e na ação política como forma de se estabelecer movimentos emancipatórios e de transformação social que possibilitem o estabelecimento de novos patamares de relações na natureza. Considerando as nossas reflexões neste momento, percebemos que a perspectiva de Loureiro está em consonância com o que estamos tratando ao abordarmos o fazer educativo e a perspectiva ambiental. Destacamos que o entendimento da relação natureza e sociedade nos impulsiona para buscar compreender as dicotomias trazidas pelo paradigma da modernidade. Na atualidade, não se trata de discutir o que é “sustentável”, mas compreender como a transformação social está relacionada com a crise ambiental e de que maneira podemos educar para uma nova postura ao viver e lidar com os recursos naturais que já estão se esgotando. O que percebemos, muitas vezes, é que o educador considera importante conhecer práticas de Educação Ambiental e, de uma maneira pragmática, aprender atividades que possam ser multiplicadas nas aulas destinadas a esse conhecimento. No entanto, como já foi escrito no Capítulo 1, os fatores econômicos, sociais, políticos e geográficos possuem influência na compreensão dos conceitos e na apropriação deles por meio de atividades práticas. Ressaltamos que o papel da Educação Ambiental não deve ser confundido com “patrulhamento ideológico ou impositivo”, pois as ações serão apropriadas por meio das reflexões sobre a própria prática realizada com participação de docentes e estudantes, independentemente dos modelos pedagógicos que forem utilizados. Também não pretendemos, aqui, criar um roteiro ou modelo de 30 CAPÍTULO 2 • AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL Educação Ambiental, o que é contrário ao entendimento que possuímos de educação e que está em consonância com a proposta apresentada nesse material onde buscamos a compreensão de conceitos, teorias e práticas de maneira coerente com o estudo de uma realidade e seus aspectos sociais e econômicos. Por meio das nossas reflexões propomos a construção de conhecimentos que leve em consideração a natureza e a percepção das necessidades reais do nosso tempo. Atenção Educação Ambiental é um vocábulo composto por um substantivo e um adjetivo, que envolvem, respectivamente, o campo da Educação e o campo Ambiental. Enquanto o substantivo Educação confere a essência do vocábulo “Educação Ambiental”, definindo os próprios fazeres pedagógicos necessários a esta prática educativa, o adjetivo Ambiental anuncia o contexto desta prática educativa, ou seja, o enquadramento motivador da ação pedagógica. O adjetivo ambiental designa uma classe de características que qualificam essa prática educativa, diante desta crise ambiental que ora o mundo vivencia. Entre essas características, está o reconhecimento de que a Educação tradicionalmente tem sido não sustentável, tal qual os demais sistemas sociais, e que para permitir a transição societária rumo à sustentabilidade, precisa ser reformulado. Educação Ambiental, portanto, é o nome que historicamente se convencionou dar às práticas educativas relacionadas à questão ambiental. Assim, “Educação Ambiental” designa uma qualidade especial que define uma classe de características que juntas, permitem o reconhecimento de sua identidade, diante de uma Educação que antes não era ambiental. PHILIPPE POMIER LAYRARGUES DIRETORIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE Apresentação do Livro Identidades da Educação Ambiental Brasileira Para refletir Grandes Temas - Educação Ambiental na Escola (Parte 1). https://www.youtube.com/watch?v=aMOXbPphIhE Saiba mais Saiba mais https://www.menos1lixo.com.br/ Os Impactos ambientais da indústria da moda | Entrevista Completa. https://www.youtube.com/watch?v=CjKuUr9iyQ8&list=PLc41AE-JKjqrZMY39cLXchisEvMSVpg4p&index=7GUIA DO PREGUIÇOSO – ONU. https://nacoesunidas.org/guiadopreguicoso/ https://www.youtube.com/watch?v=aMOXbPphIhE https://www.menos1lixo.com.br/ https://www.youtube.com/watch?v=CjKuUr9iyQ8&list=PLc41AE-JKjqrZMY39cLXchisEvMSVpg4p&index=7 https://nacoesunidas.org/guiadopreguicoso/ 31 AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL • CAPÍTULO 2 2.2. A Educação Ambiental e seus Âmbitos Existe um único lugar onde o ontem e o hoje se encontram e se reconhecem e se abraçam, e este lugar é o amanhã. Soam como futuras certas vozes do passado americano muito antigo. As antigas vozes, digamos, que ainda nos dizem que somos filhos da terra, e que mãe a gente não vende nem aluga. Enquanto chovem pássaros mortos sobre a Cidade do México e os rios se transformam em cloacas, os mares em depósitos de lixo e as selvas em deserto, essas vozes teimosamente vivas nos anunciam outro mundo que não seja este, envenenador da água, do solo, do ar e da alma. Também nos anunciam outro mundo possível as vozes antigas que nos falam de comunidade. A comunidade, o modo comunitário de produção e de vida, é a mais remota tradição das Américas, a mais americana de todas: pertence aos primeiros tempos e às primeiras pessoas, mas pertence também aos tempos que vêm e pressentem um novo Mundo Novo. Porque nada existe menos estrangeiro que o socialismo nestas terras nossas. Estrangeiro é, na verdade, o capitalismo: como a varíola, como a gripe, veio de longe. (As tradições futuras, Eduardo Galeano) GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. 2 ed. – Porto Alegre, L&PM, 2008. Escolhemos o escritor uruguaio Eduardo Galeano para iniciar esta parte do livro e continuarmos nossas “conversas”. O escritor é conhecido por belos textos e sua obra mais conhecida é o livro As Veias Abertas da América Latina, publicado em 1971. Nesse livro, o autor analisa a história da América Latina desde o período colonial até a contemporaneidade. Você deve estar se perguntando o que nos motivou para escolher este texto. A maneira crítica como Galeano trata algumas questões ambientais, nomeando-as como “tradições futuras” e relacionando-as com o capitalismo, aproxima-nos das discussões que desejamos trazer por meio deste capítulo. Como já foi colocado na primeira parte, a maneira como nos posicionamos em relação aos aspectos ambientais representa um dos pontos importantes na crise ambiental, em virtude dos impactos que nossos hábitos têm no meio ambiente. As nossas “tradições futuras” dependem do que estamos fazendo agora e de como nos posicionamos a respeito da relação com o meio ambiente. A necessária reflexão sobre a complexidade ambiental nos impulsiona a questionar premissas já existentes e a buscar um fazer educativo consistente e coerente com essa mudança de atitudes e questionamento de valores como o consumismo, por exemplo. Educar também é informar, quebrar paradigmas por meio de construção de conhecimentos e mudar relações autoritárias por práticas mais dialógicas. Por meio do diálogo e do conhecimento compartilhado é possível fortalecer diferentes grupos sociais em defesa de um desenvolvimento que não privilegie apenas uma parte da sociedade. Quando falamos em desenvolvimento sustentável, precisamos nos perguntar: sustentável para quem? Ou sustentável para quais grupos? 32 CAPÍTULO 2 • AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL Nesse sentido, o que buscamos aqui é reafirmar a importância dos espaços educativos, em âmbitos formais e não formais para potencializar ações que tornem a educação ambiental uma prática coerente com as diferentes realidades sociais. A Educação Ambiental pode ser compreendida por meio de atividades desenvolvidas em diferentes âmbitos: espaços de educação formal, espaços de educação não formal e informal. Destacamos também uma área ainda incipiente no Brasil que é a Educação Ambiental Empresarial. De maneira geral, podemos afirmar que a Educação Ambiental se caracteriza por pesquisas e práticas que oportunizam a construção de conhecimentos e a criação de novas maneiras de viver e se comportar com a compreensão da relação entre os seres vivos e o meio ambiente. Deve seguir orientações nos princípios e objetivos da Conferência de Tbilisi (1977) com possíveis adaptações para o desenvolvimento das propostas adequadas aos diferentes espaços. A Educação Ambiental não se restringe aos espaços escolares e, por isso, mesmo nas últimas décadas, importantes trabalhos são desenvolvidos por organizações não governamentais, em museus e centro de ciências, dentre outros. Essa possibilidade de desenvolvimento de propostas em diferentes espaços trouxe um grande dinamismo e propostas interdisciplinares para o campo da Educação Ambiental. Muitos desses trabalhos são estruturados por meio de metodologias participativas, interdisciplinaridade e formação crítica dos cidadãos. Além disso, os grupos que atuam nas áreas produzem materiais educativos variados que podem ser valiosos em diferentes espaços contribuindo para a formação de estudantes, mas também da população em geral. De acordo com o Capítulo I da Política nacional de Educação Ambiental, Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente de forma articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Dessa maneira, a Educação Ambiental, por meio de um enfoque interdisciplinar, deve ser promotora de espaços que criem condições para formar cidadãos reflexivos, críticos, atuantes e conscientes do seu papel nas ações individuais que possuem relação com aspectos globais do planeta. Não se trata de culpabilizar o ser humano pelos aspectos da crise ambiental que se relacionam ao estilo de vida e modos de produção e consumo, mas de criar uma efetiva participação dos educandos, construindo parcerias com outros segmentos da sociedade, no sentido de incorporar diferentes saberes. Cabe destacar que, no Brasil, os educadores se articulam por meio de redes e existe uma com projeção nacional que é Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA). Ressaltamos também a importância do Grupo de Trabalho (GT 22) da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, entidade sem fins lucrativos que congrega programas de pós-graduação em educação, professores e estudantes vinculados a esses programas e pesquisadores da área. 33 AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL • CAPÍTULO 2 Saiba mais https://www.rebea.org.br/ http://www.anped.org.br/sobre-anped http://www.anped.org.br/grupos-de-trabalho/gt22-educa%C3%A7%C3%A3o-ambiental No próximo capítulo, vamos explicar como a Educação Ambiental é desenvolvida em seus diferentes âmbitos de atuação. Saiba mais Eduardo Galeano (1940-2015) nasceu em Montevidéu, no Uruguai. Viveu exilado na Argentina e na Catalunha, na Espanha, desde 1973. No início de 1985, com o fim da ditadura, voltou a Montevidéu. Galeano comete, sem remorsos, a violação de fronteiras que separam os gêneros literários. Ao longo de uma obra na qual confluem narração e ensaio, poesia e crônica, seus livros recolhem as vozes da alma e da rua e oferecem uma síntese da realidade e sua memória. Recebeu o prêmio José María Arguedas, outorgado pela Casa de las Américas de Cuba, a medalha mexicana do Bicentenário da Independência, o American Book Award da Universidade de Washington, os prêmios italianos Mare Nostrum, Pellegrino Artusi e Grinzane Cavour, o prêmio Dagerman da Suécia, a medalha de ouro do Círculo de Bellas Artes de Madri e o Vázquez Montalbán do Fútbol Club Barcelona. Foi eleito o primeiro Cidadão Ilustre dos países do Mercosul e foi o primeiro escritor agraciado com o prêmio Aloa, criado por editores dinamarqueses, e também o primeiro a receber o Cultural Freedom Prize, outorgado pela Lannan Foundation dos Estados Unidos. Seus livros foram traduzidos para muitas línguas. Fonte: EditoraL&PM https://www.lpm.com.br/site/default.asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&Template=../livros/layout_ autor.asp&AutorID=39
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