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Bronquiolite É uma doença infecciosa de etiologia viral, sendo o principal o vírus sincicial respiratório (VSR), a qual resulta em obstrução inflamatória dos bronquíolos e leva às manifestações clínicas. A incidência é elevada em lactentes menores de 24 meses, sendo a causa mais frequente de hospitalização dos lactentes. É grave especialmente abaixo do terceiro mês de vida. Após os dois anos, quase todas as crianças foram infectadas pelo VSR reduzindo significativamente a ocorrência de bronquiolite. É mais frequente no inverno. O lactente está mais sujeito a essa condição devido ao fato de possuir bronquíolos com raio muito pequeno, o que leva a uma resistência aumentada à passagem do ar, se agravando na presença de inflamação da mucosa e acúmulo de secreção na via aérea. Além disso, a parede torácica é muito complacente, favorecendo ao colabamento das vias aéreas durante a inspiração e risco de atelectasia. Os lactentes apresentam maior número de linfócitos, neutrófilos, mastócitos e eosinófilos nos alvéolos, o que deflagra uma resposta inflamatória mais exacerbada mediante uma infecção. Devido a esses motivos, os pacientes dessa faixa etária estão mais sujeitos à sibilância. ETIOLOGIA O VSR é responsável por mais da metade dos casos. Outras possíveis etiologias são: parainfluenza, o adenovírus 7 e 21 (bronquiolite obliterante) e ocasionalmente o Mycoplasma pneumoniae. A transmissão ocorre através do contato com secreções, sendo a fonte geralmente um membro da família ou da creche. O vírus se inocula a partir da superfície da mucosa nasal e o período de incubação é de três a cinco dias. Acredita-se que devido a aspiração das secreções da nasofaringe haja disseminação para a via aérea inferior. FISIOPATOLOGIA A bronquiolite aguda é caracterizada por obstrução inflamatória dos bronquíolos, decorrente do edema, muco, acúmulo de fibrina e debris celulares. Com a obstrução há alteração da relação ventilação/perfusão, com hipoxemia, retenção de CO2 e acidose respiratória. A resistência à passagem do ar é maior durante a expiração, o que resulta na sibilância e dificulta a eliminação do ar, aumentando o volume residual e levando à hiperinsuflação pulmonar. CLÍNICA Há período de pródromo com sintomas de vias aéreas superiores, como espirros e rinorréia, com deterioração progressiva do quadro, apresentando tosse paroxística, dispneia e irritabilidade. Ao exame a criança pode apresentar temperatura normal ou febre (variando até febre alta), hipoxemia, taquipnéia, apnéia (principalmente se menores de 2 meses, devido a imaturidade do centro respiratório), presença de sibilos (inspiratórios ou bifásicos variando com o grau de obstrução) e prolongamento do tempo expiratório. Pode haver ainda dispneia com sinais de esforço respiratório - batimento de asas de nariz, retrações intercostais e subcostais. São grupos considerados de risco para evolução grave: < 12 semanas; tabagismo passivo; cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica; imunodeficiências; doença pulmonar crônica e prematuridade. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clínico. A solicitação de exames complementares acrescenta pouca informação definidora de diagnóstico, devendo ser utilizada principalmente para diagnósticos diferenciais. Pode ser solicitada radiografias de tórax as quais evidenciam sinais de hiperinsuflação (aumento do diâmetro anteroposterior do tórax, retificação dos arcos costais e do diafragma e aumento da transparência pulmonar) podendo ainda ser encontrados infiltrados reticulonodulares e áreas de atelectasia. O leucograma não tem alterações importantes, sendo pouco específico. A gasometria arterial é um exame importante para avaliar a hipoxemia e a hipercapnia. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Asma: é o principal diagnóstico diferencial. O diagnóstico de asma antes dos 3 anos é difícil e ainda se tem dúvida da correlação entre episódios recidivantes de bronquiolite na infância e a ocorrência de asma no futuro. • Coqueluche. • Fibrose Cística - Suspeitar se: os sintomas de sibilância forem persistentes e refratários ao tratamento broncodilatador, ou se houver dificuldade de ganho ponderal ou na presença de sintomas de má absorção, ou de anormalidade hidroeletrolíticas, ou de baqueteamento digital. Cardiopatias Congênitas: aquelas que apresentam hiperfluxo pulmonar levam ao edema de parênquima e ingurgitamento linfático e venoso, cursando com obstrução dos bronquíolos, evidenciada pelo broncoespasmo. • Refluxo Gastroesofágico: é uma condição comum nos lactentes e pode provocar sintomas respiratórios recorrentes. Caso haja broncoaspiração de conteúdo gástrico, o próprio é irritativo e leva ao broncoespasmo, mas em alguns casos somente o reflexo vagal, mesmo na ausência de broncoaspiração, pode levar ao aumento de resistência nas vias aéreas e justificar o broncoespasmo. • Pneumonia Bacteriana: importante diagnóstico diferencial que modifica a conduta terapêutica inicial. A presença de febre elevada e consolidação pneumônica no RX de tórax, são dados sugestivos de pneumonia. • Outras: aspiração de corpo estranho, malformações vasculares (anéis, hemangiomas), tumores etc. TRATAMENTO O tratamento é de suporte com controle da temperatura, aporte hídrico e nutricional adequados e limpeza das vias aéreas superiores com salina fisiológica. A maioria dos pacientes pode ser manejado a nível ambulatorial, estando indicada a internação conforme a presença de sinais de gravidade e de fatores de risco para gravidade. Recomenda-se a internação se: idade inferior a 4 a 6 semanas, recusa alimentar, desidratação, letargia, história de apnéia, taquipnéia moderada a grave, disfunção respiratória moderada a grave, saturação de O2 < 95% em ar ambiente e presença de comorbidades ou se dúvida diagnóstica. O paciente internado deve ficar em precaução de contato (na confirmação de infecção por VSR), com a cabeceira mantida elevada (30º), devendo ser realizada a aspiração das vias aéreas conforme a necessidade e oferta de oxigênio umidificado a fim de manter a saturação maior que 90%. A alimentação pode ser mantida por via oral desde que tenha capacidade de deglutição mantida (atenção para pacientes muito taquipneicos, devendo ser indicada alimentação por sonda orogástrica ou enteral ou dieta zero com hidratação venosa, a depender da gravidade). Atualmente, o uso rotineiro de broncodilatadores está sendo questionado, tradicionalmente indica-se o teste terapêutico com broncodilatadores e caso haja melhora dos sinais e sintomas, pode ser mantido na prescrição. Não estão recomendados, o uso de sedativos, por risco de depressão respiratória; uso de corticoides ou uso de antivirais. COMPLICAÇÕES A fase aguda (principalmente entre 3-5 dias do início do quadro – fase de piora da bronquiolite) é a que representa maiores riscos de complicações, sendo as principais: insuficiência respiratória, pneumotórax, atelectasias e infecções bacterianas secundárias. PROFILAXIA Imunização Passiva: O anticorpo monoclonal humanizado (Palivizumabe – Synagis) é um imunobiológico que está indicado para: nascidos prematuros (até 28 semanas e 6 dias de idade gestacional) menores de um ano de idade; portadores de cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica e/ou hipertensão pulmonar até o segundo ano de vida; portadores de doença pulmonar crônica da prematuridade (independente da idade gestacional) até dois anos de vida. Deve ser administrado na dose de 15 mg/kg por via intramuscular, com intervalos mensais iniciando um mês antes da estação do ano de maior incidência (no Brasil, entre março e abril), num total de 5 doses Lavagem de Mãos: medida fundamental para evitar a transmissão. BRONQUIOLITE OBLITERANTE A Bronquiolite Obliterante (BO) cursa com obstrução crônica de bronquíolos e pequenas vias aéreas. É uma condição rara, sendo provocada pelo reparo anormal do epitélio respiratório com obstrução do lúmen dos bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios, e ductos alveolares por fibrose, após uma infecção aguda. Geralmente sucede infecções causadas pelo adenovírus (sorotipos3, 7 e 21), influenza, parainfluenza, sarampo, Vírus Sincicial Respiratório (VSR), varicela e Mycoplasma pneumoniae e B. pertussis. Outras causas podem estar associadas como: Pós-transplante de medula óssea; Doenças do tecido conjuntivo; Inalação de fumaça tóxica: NO2 e NH3; doença do refluxo gastroesofágico; aspiração de corpos estranhos; uso de penicilamina e cocaína. Clínica: Apresenta episódios de recorrência de dispneia, tosse crônica e produção de escarro. Na ausculta pulmonar percebe-se sibilos, estertores e o paciente apresenta hipoxemia. • Diagnóstico: O método padrão ouro para diagnóstico é a biópsia pulmonar. O RX de tórax evidencia áreas irregulares de hipertransparência associadas à bronquiectasias (mais visíveis à tomografia de tórax). Na espirometria há distúrbio ventilatório obstrutivo crônico. • Tratamento: Não existe um tratamento definitivo. Pode ser usado corticóide e imunomoduladores. Resumão: O vírus sincicial respiratório está envolvido como agente responsável na bronquiolite em mais de 50% das vezes. Nos períodos de sazonalidade (inverno e início de primavera), chega a ser o responsável em mais de 75% das vezes. Começa com umas IVAS 2-3 dias o lactente começa com desconforto respiratórios e sibilância 3-5 dias sintomas atingem um pico após esse período, há tendência de melhora lembrando que as medidas são apenas suportivas não há indicação de SABA e nem CI Diagnóstico clínico, mas é possível fazer um teste rápido com aspirado de nasofaringe. O PCR é capaz de diferenciar os diversos vírus que podem estar causando a bronquiolite TTO: apenas usamos medidas suportivas, como oxigenioterapia se a saturação for menor que 92%, hidratação e lavagem nasal. O corticóide não tem benefício algum. Algumas diretrizes ainda recomendam a nebulização com solução hipertônica, mas não é um consenso! Mais comum em lactentes de 3-6 meses, apresentando maior gravidade nesses pacientes RX: hiperinsuflação pulmonar e a presença de atelectasias. Fatores de risco para maior gravidade da bronquiolite: prematuridade, sexo masculino, baixa idade pós-natal, mãe fumante, aleitamento artificial. Bronquiolite e pneumonias possuem potencial de evolução para insuficiência respiratória, necessitando de entubação e ventilação mecânica Fonte: jaleko e medsimple
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