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AVA 1 - Linguística Contemporânea A polêmica dos índios pirahãs: existe mesmo uma gramática universal? Em 2005, o antropólogo Daniel Everett publicou um estudo que pôs à prova o programa de pesquisa proposto por Noam Chomsky. Após estudar por cerca de 30 anos os pirahãs, grupo indígena baseado no sul do Amazonas, Everett indicou que essa comunidade tem seu pensamento determinado pela cultura, e não por aspectos de base biológico-cognitiva, como afirma Chomsky com sua gramática universal. Segundo o professor Roberto Baronas (2007, p. 2), o estudo de Everett indica que “os pirahãs usam apenas oito consoantes e três vogais, não têm tempos verbais, contam até três, não têm palavras para cores e não possuem mitos para a sua criação. Everett afirma ainda em seu estudo que a língua dos pirahãs não possui recursividade, ou seja, a capacidade de formar sentenças encaixando uma frase em outra”. Baronas dá como exemplo a frase: “O arco é do irmão de Pedro”. Um pirahã diria: “O arco de Pedro”; “O irmão de Pedro”. A inexistência da recursividade na língua pirahã se constitui em um forte argumento contrário à tese chomskyana da gramática universal. Escreva um texto de, no máximo, nove linhas afirmando se você concorda ou discorda com a existência de uma gramática universal das línguas naturais. Não se esqueça de embasar sua opinião nos conceitos de competência e desempenho linguísticos, estudados ao longo desta unidade, e na discussão do caso apresentado acima (as características da comunicação entre os pirahãs). Comente as opiniões de seus colegas. Referências ● Artigo: BARONAS, R. L. Apontamentos sobre “convulsões” nas ciências da linguagem ● (Links para um site externo.) http://www.ufscar.br/linguasagem/edicao08/artigos_baronas.php http://www.ufscar.br/linguasagem/edicao08/artigos_baronas.php http://www.ufscar.br/linguasagem/edicao08/artigos_baronas.php ● : Everett x Chomsky. Linguasagem, São Carlos, 2007. ● Documentário: LÍNGUA Pirahã: o código do Amazonas. Produção e direção de Michael O’Neill. [S.l.]: Essential Media and Entertainment; Sertão Filmes, 2013. ● Livro: ROSA, M. C. Introdução à (bio)linguística: linguagem e mente. São Paulo: Contexto, 2010. De acordo com a teoria gerativista de Chomsky, todo ser humano possui uma gramática interna, uma capacidade de falar inata que existe em nosso código genético. A competência linguística é o conhecimento interno que um falante possui sobre sua própria língua e o desempenho linguístico é o uso ou produtos desse conhecimento. Segundo Everett, a língua dos pirahãs não tem palavras para expressar números, cores, não possui tempos verbais e não permite a recursividade e que, por isso, a mesma não pode ser base para a gramática universal (GU). Mesmo que a língua pirahã não possua algumas características apresentadas na GU, como a recursividade, não significa que eles não possuem competência linguística, apenas que sua língua possui um desempenho diferente. Como visto no documentário, os pirahãs estão aprendendo português e matemática, mostrando que esta competência existe, e assim, invalidando o argumento de Everett em relação à não-existência de uma gramática universal. REFERÊNCIAS ● Documentário: LÍNGUA Pirahã: o código do Amazonas. Produção e direção de Michael O’Neill. [S.l.]: Essential Media and Entertainment; Sertão Filmes, 2013. ● Livro: ROSA, M. C. Introdução à (bio)linguística: linguagem e mente. São Paulo: Contexto, 2010. ● GUIMARÃES, T. Noam Chomsky: a reação mentalista. In: GUIMARÃES, T. Linguística I. São Paulo: Pearson, 2014. ● LEITÃO, Marcio. A Gramática Universal. Youtube, 8 out. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hUCORWFKtro>. Acesso em 31 maio 2022