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@anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues OBJETIVOS 1. Descrever o quadro clínica e fatores de risco da hipoglicemia; 2. Compreender a fisiopatologia das complicações agudas da diabetes mellitus (hipoglicemia, cetoacidose diabética e estado hiperosmolar); 3. Esclarecer sobre as consequências e questões éticas da automedicação. Diabetes mellitus COMPLICAÇÕES AGUDAS As três principais complicações agudas do diabetes são: − Cetoacidose diabética − Estado de hiperglicemia hiperosmolar − Hipoglicemia São condições de risco à vida, que demandam reconhecimento e tratamento imediatos. CETOACIDOSE DIABÉTICA (CAD) Ocorre, comumente, em paciente com diabetes tipo 1, nos quais a ausência da insulina leva à mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo, devido à não supressão da atividade da lipase das células adiposas, que degrada os triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol. O aumento dos níveis de ácidos graxos leva à produção de cetonas pelo fígado. Pode ocorrer no início da doença, frequentemente antes de seu diagnóstico. Por exemplo, uma mãe pode levar o filho a uma clínica ou serviço de emergência com relato de letargia, vômito e dor abdominal, sem saber que a criança tem diabetes. O estresse aumenta a liberação dos hormônios gliconeogênicos e predispõe o indivíduo ao desenvolvimento de cetoacidose. Com frequência, a CAD é precedida de estresse físico ou emocional, como infecção, gravidez ou ansiedade extrema. Na prática clínica, a cetoacidose também ocorre pela omissão da insulina ou pelo seu uso inadequado. ETIOLOGIA Os três distúrbios metabólicos principais na CAD são hiperglicemia, cetose e acidose metabólica. A hiperglicemia acarreta diurese osmótica, desidratação e perda crítica dos eletrólitos. A hiperosmolalidade dos líquidos extracelulares em consequência de hiperglicemia leva a um desvio da água e do potássio do meio intracelular para o extracelular. A acidose metabólica é causada pelo excesso de cetoácidos que exigem tamponamento por íons bicarbonato, levando a uma acentuada redução dos níveis séricos de bicarbonato. A gravidade da CAD é classificada com base na gravidade da acidose metabólica. MANIFESTAÇÕES CLINICAS O aparecimento da CAD costuma ser precedido por um dia ou mais de poliúria, polidipsia, náusea, vômitos e fadiga pronunciada, com torpor eventual que pode evoluir para o coma. O indivíduo pode apresentar dor e hipersensibilidade abdominais sem doença abdominal. O hálito tem um odor característico de fruta, devido à presença dos cetoácidos voláteis. Pode-se verificar a presença de hipotensão e taquicardia, devido à diminuição do volume sanguíneo. Diversos sinais e sintomas que ocorrem na CAD estão relacionados a mecanismos compensatórios. A frequência cardíaca aumenta à medida que o organismo compensa a diminuição do volume sanguíneo, e tanto a frequência quanto a profundidade da respiração aumentam (i.e.,respiração de Kussmaul) quando o corpo tenta impedir reduções adicionais do pH. Resumo Dentre dos sintomas existem os relacionados com a hiperglicemia e os associados aos cetoanions: HIPERGLICEMIA CETOANIONS GERAL Poliúria/polidipsia Perda de peso Desidratação (poliuria e vômitos) Alteração do nível de consciência Náuseas/vômitos Dor abdominal Hiperventilação, por conta da acidose metabolica Hálito cetônico Desidratação grave Acúmulo de cetoácidos Acidose metabólica Mau estado geral @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues FISIOPATOLOGIA A cetoacidose diabética começa a partir de uma deficiência absoluta de insulina ou quando apresenta em concentrações pequenas, porém a um aumento de resistência periférica à insulina, impossibilitando a sua ação. Resumindo, deve-se ter um deficit de insulina ou um aumento de contrarreguladores (cortisol, GH e glucagon) Quando se tem um deficit absoluto, a lipase hormônio começa a agir promovendo a lipolise e liberação de ácidos graxos. Esses ácidos graxos vão para o fígado onde serão convertidos em cetoanions (cetona, beta-hidroxibutirato e acetoacetato) − Cetona é responsável pelo hálito típico da cetoacidose. Entre os cetoanions ele é o único volátil, então sai na respiração, por isso é possível sentir o cheiro. − Beta-hidroxibutirato (predomínio, inicio) e acetoacetato ficam na circulação, promovendo a acidose metabólica, eles são encontrados na urina. Beta-hidroxibutirato é justamente o que se dosa no sangue na cetonemia. Com o passar o tempo, o paciente com cetoacidose vai aumentando a concentração de acetoacetato. No exame Urina tipo 1 visa encontrar acetoacetato, quando o paciente está no início da cetoacidose, normalmente não se consta acetoacetato então esse método não é muito fidedigno quando testado no início da patologia. Resumindo: Urina tipo 1 normal não afasto o diagnóstico de cetoacidose. O resultado disso tudo é o acumulo de cetoácidos (promove a acidose metabólica), hiperglicemia (deficiência de insulina) e sintomas de CAD. DIAGNÓSTICO O diagnóstico definitivo de CAD consiste em: − Hiperglicemia (níveis sanguíneos de glicose >250 mg/dL [13,8 mmol/L]) − Baixo nível sérico de bicarbonato (<15 mEq/L [15 mmol/L]) − pH baixo (<7,3), com cetonemia (positivo numa diluição de 1:2) e cetonúria moderada. TRATAMENTO Objetiva melhorar o volume circulatório e a perfusão tecidual, diminuir o nível de glicemia, corrigira acidose e os desequilíbrios eletrolíticas. Esses objetivos são habitualmente alcançados com a administração de insulina e de soluções de reposição hidroeletrolítica por via intravenosa. Como a acidose grave é acompanhada de resistência à insulina, são utilizadas doses baixas de insulina. São efetuados exames laboratoriais frequentes para monitorar os níveis de glicemia e os níveis séricos de eletrólitos, bem como para orientar a reposição hidroeletrolítica. E importante repor os líquidos e eletrólitos e corrigir o pH, ao mesmo tempo que se efetua a normalização da concentração sanguínea de glicose. Uma queda muito rápida da glicemia pode causar hipoglicemia. Além disso, pode ocorrer uma súbita alteração da osmolalidade do líquido extracelular quando os níveis de glicemia são reduzidos com demasiada rapidez, podendo causar edema cerebral. Com frequência, os níveis séricos de potássio caem com a correção da acidose e o deslocamento do potássio do compartimento extracelular para o intracelular. Por conseguinte, é necessário acrescentar potássio à infusão intravenosa. A identificação e o tratamento da causa subjacente, como infecção, também são importantes. Com a melhor compreensão da patogenia da CAD e um consenso mais uniforme sobre o diagnóstico e o tratamento, a taxa de mortalidade é reduzida para menos de 5%. ESTADO HIPERGLICÊMICO HIPEROSMOLAR O EHH é caracterizado por hiperglicemia, hiperosmolaridade com desidratação, ausência de cetoacidose e depressão do nível de consciência. O EHH costuma ser observado em pessoas com diabetes tipo 2. ETIOLOGIA Uma deficiência parcial ou relativa de insulina pode dar início ao EHH, via utilização da glicose e, ao mesmo tempo, intensificação da secreção de glucagon e da produção de glicose hepática. A hiperglicemia leva à perda de um grande volume de água por diurese osmótica. A desidratação em geral é mais grave no EHH do que na CAD. À medida que o volume plasmático diminui, há desenvolvimento de insuficiência renal. A resultante diminuição na eliminação renal de glicose eleva ainda mais os níveis glicêmicos, aumentando a gravidade do estado hiperosmolar. Nos estados hiperosmolares, o aumento da osmolaridade sérica tem o efeito de atrair a água para fora das células, inclusive das células cerebrais. O EHH também pode ser complicado por eventos tromboembólicos relacionados à contração do volume plasmático com aumento da coagulabilidadeem decorrência da estase. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações do EHH são fraqueza, desidratação, poliúria, alterações neurológicas e sede excessiva. As alterações neurológicas incluem hemiparesia, convulsões e coma; esses sintomas podem ser confundidos com um acidente vascular encefálico. TRATAMENTO O tratamento bem-sucedido do EHH envolve monitoramento diligente do paciente e correção da desidratação, da hiperglicemia e do desequilíbrio eletrolítico. A observação e o tratamento cuidadosos são particularmente importantes, uma vez que a água retorna para as células cerebrais e isso impõe risco de edema cerebral. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues HIPOGLICEMIA A hipoglicemia em geral é definida como qualquer concentração sérica de glicose inferior a 70 mg/dℓ, com ou sem sintomas. Sua ocorrência é mais comum em pessoas tratadas com injeções de insulina, mas a hipoglicemia prolongada também pode resultar de alguns agentes antidiabéticos orais. ETIOLOGIA Muitos fatores podem precipitar a hipoglicemia em alguém com DM tipo 1, incluindo erros na dose de insulina, impossibilidade de ingerir alimentos, aumento do exercício, diminuição da necessidade de insulina após o afastamento de uma situação de estresse, alterações nos medicamentos e alteração no sítio da injeção da insulina. O álcool diminui a gliconeogênese hepática; portanto, pessoas com diabetes devem ser advertidas a respeito do potencial de hipoglicemia causada pela ingestão de álcool, em particular no caso de consumo em grandes quantidades ou com o estômago vazio. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A hipoglicemia em geral apresenta início rápido e progressão dos sintomas acelerada. Os sinais e sintomas de hipoglicemia podem ser divididos em duas categorias: − Aqueles causados pela alteração da função cerebral; − Aqueles relacionados à ativação do sistema nervoso autônomo. Como o cérebro depende da glicose sérica como sua principal fonte de energia, a hipoglicemia produz comportamentos relacionados à alteração da função cerebral. Podem ocorrer cefaleia, dificuldades na resolução de problemas, comportamento anormal ou alterado, coma e convulsões. No início do episódio hipoglicêmico, com frequência a ativação do sistema nervoso parassimpático causa fome. A resposta parassimpática inicial é seguida pela ativação do sistema nervoso simpático, causando ansiedade, taquicardia, sudorese e constrição dos vasos cutâneos (i. e., a pele fica fria e pegajosa). Os sinais e sintomas de hipoglicemia são extremamente variáveis e nem todas as pessoas manifestam todos os sintomas ou a maioria deles. Os sinais e sintomas são particularmente variáveis em crianças e idosos. Estes podem não apresentar as respostas autônomas típicas associadas à hipoglicemia, mas com frequência desenvolvem sinais de comprometimento da função do SNC, incluindo confusão mental. Algumas pessoas desenvolvem inconsciência hipoglicêmica, e a suspeita desse quadro deve ser levantada quando não há relato de sintomas diante de concentrações glicêmicas abaixo de 50 a 60 mg/dℓ (2,8 a 3,3 mmol/ℓ). Isso ocorre normalmente em pessoas com diabetes mais prolongada e níveis de A1c dentro da variação normal. Alguns medicamentos, como os bloqueadores beta- adrenérgicos, interferem na resposta simpática normalmente observada na hipoglicemia. TRATAMENTO O tratamento recomendado para uma reação à insulina consiste na administração oral imediata de um tipo de glicose de rápida absorção, a qual poderá ser repetida conforme o necessário. Para as pessoas inconscientes ou que não conseguem engolir, pode ser administrado glucagon por via intramuscular ou subcutânea, com o intuito de elevar a glicemia por meio da glicogenólise hepática. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA PORTH – Fisiopatologia
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