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Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 1 COMPLICAÇÕES DO DIABETES MELLITUS TBL 4 O ECG de repouso é um exame pouco sensível, desta forma o rastreamento de doença coronariana assintomática não deve ser feito com este exame. FALSO – todo ano deve ser feito ECG, mas um ECG normal não exclui o risco de ter doença isquêmica. A cintilografia de perfusão miocárdica com estresse é o método de escolha para detecção de isquemia em pacientes assintomáticos. FALSO – Não é recomendado para assintomático. O teste ergométrico pode ser o método inicial de detecção de isquemia em indivíduos que desejam iniciar atividade física de alta intensidade. VERDADEIRO O ecodopplercardiograma com estresse farmacológico pode ser utilizado no lugar do teste ergométrico, inclusive se incapacidade física. VERDADEIRO Diabetes mellitus – complicações agudas: • Crises hiperglicêmicas ▫ Cetoacidose diabética (CAD) – geralmente manifestação inicial do DM1. ▫ Estado hiperglicêmico hipereosmolar (EHH) – DM2, população idosa. • Cetoacidose diabética (CAD) ▫ Manifestação inicial do DM tipo 1 ▫ 30% dos adultos ▫ 15-67% das crianças e adolescentes ▫ Principal causa de óbito em diabéticos < 24 anos ▫ Pode ocorrer no DM tipo 2 • Estado hiperglicêmico hiperosmolar (EHH) ▫ Praticamente exclusivo do DM tipo 2 ▫ Principalmente em idosos ▫ Alta taxa de mortalidade (±15%) • CAD ▫ Hiperglicemia (>250mg/dL) ▫ Cetonemia (>1,5mmol/L) (ou cetonúria ≥3+/4+) ▫ Acidose metabólica com anion gap elevado (pH <7,3) – avalia com gasometria • CAD – fatores de risco: ▫ Mau controle metabólico ▫ Episódios prévios de CAD ▫ Adolescentes mulheres ▫ Doenças psiquiátricas ▫ Baixas condições sócio-econômicas ▫ Manuseio inapropriado de bombas de infusão de insulina • CAD – fatores precipitantes: ▫ Doença aguda / Infecções ▫ Omissão ou uso inadequado de insulina ▫ Diabetes de início recente ▫ Distúrbios endócrinos ▫ Medicações: glicocorticoides, fenitoína, β- bloqueador, cortalidona, diazóxido, inibidores de protease, etc. ▫ Consumo excessivo de álcool ▫ Uso de drogas ilícitas ▫ Desidratação ▫ Ingestão excessiva de açúcar • CAD – sinais e sintomas ▫ Taquicardia ▫ Respiração de Kussmaul (acidose) ▫ Desidratação (poliúria) ▫ Hálito cetônico ▫ Hiperestesia abdominal (pode confundir confundir com abdome agudo) ▫ Hipotensão ou choque (perda de volume pela poliúria) ▫ Hiper ou hipotermia ▫ Distúrbio do sensório ▫ Coma diabético (±10%) • CAD – história natural ▫ Início agudo ▫ Poliúria, polidipsia, fraqueza acentuada, náuseas e vômitos Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 2 Fisiopatologia da cetoacidose diabética: Ausência absoluta de insulina (relativa: DM2 pode eventualmente ter acetoacidose); fator precipitante associado a essa ausência da insulina (trauma, cirurgia, infecção), aumentando cortisol glucagon, GH e catecolaminas em resposta ao estresse – hormônios hiperglicemiantes (desencadeiam catabolismo). Paciente entra em catabolismo pleno – começa a fazer lipólise – liberando glicerol e ácido graxo livre, no músculo com presença de cortisol e catecolaminas, também entra catabolismo, quebra tecido muscular e libera aminoácidos. O estimulo do glucagon e catecolaminas faz com que aconteça neoglicogênese e glicogenólise no fígado. Sem insulina, o fígado produz ainda mais glicose (com glicerol do tecido adiposo e ácido graxo do tecido muscular). Essa hiperglicemia começa a exceder a capacidade renal de glicose, perdendo glicose na urina, fazendo diurese osmótica e desidratando. Quanto mais desidrata, a hipotensão e hipovolemia diminui a TFG, piorando ainda mais a hiperglicemia ciclo vicioso de piora. Além disso, sem a sinalização de insulina no fígado e com a sinalização do glucagon, há o estímulo da síntese de cetonas. Ainda mais, há chegada de ácido graxo, que será quebrado para síntese de corpo cetônico, que vai para o alvéolo e sente o hálito cetônico. Apesar de ser um ácido fraco, quando mais aumenta, mais vai acidificando o pH sanguíneo, entrando em cetoacidose. • Estado de Hiperosmolaridade e Hiperglicemia: Pacientes idosos, DM 2 – predominantes. ▫ Hiperosmolaridade (>320 mOsm/L). ▫ Hiperglicemia (>600mg/dL). ▫ Cetose e acidose discretas ou ausentes. ▫ Fisiopatologia pouco esclarecida. Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 3 • EHH – fatores precipitantes ▫ Estresse agudo (ACV, IAM ou trauma) ▫ Consumo excessivo de álcool ▫ Pancreatite ▫ Distúrbios endócrinos ▫ Medicações: glicocorticoides, fenitoína, β-bloqueador, cortalidona, diazóxido, inibidores de protease, etc. • EHH – história natural ▫ Início insidioso ▫ Paciente típico (idoso, desidratado e alteração do nível de consciência) - progressão ‘arrastada’. CAD: deficiência absoluta x EHH deficiência relativa. Na CAD, a ausência de insulina faz com que a lipólise seja liberada, com liberação de ácido graxo, que serve de substrato para o fígado fazer cetona. No EHH, mesmo com concentrações mínimas de insulina é suficiente para inibir o adipócito e não permitir que aconteça a lipólise. Sem a lipólise, não tem ácido graxo para chegar no fígado, portanto não ocorre a cetogênese. Semelhanças: presença do fator estressor que estimula catabolismo no tecido muscular – perda de massa muscular, eliminação de aminoácidos: estimulo para neoglicogênese hepática – acentuação da hiperglicemia.Ocorre então, glicosúria com hiperosmolaridade. Perda de volemia, desidratação: no idoso, a desidratação é mais grave (não pede água) – comprometimento da função renal é maior, creatinina vai subindo, ele vai piorando por vários dias. Ocorre hiperglicemia excessiva e hiperosmolaridade. EHH pode ser primeira manifestação de um diabético que não sabe seu diagnóstico (DM2). Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 4 Abordagem terapêutica da CAD e do EHH: Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 5 -Mesmo manejo: hidratação rápida e depois manutenção, pode usar expansores plasmáticos (ringer lactato), pacientes em choque cardiogênico: UTI. Hipotensão leve: mantem hidratação. Avalia o sódio: tem que fazer o sódio corrigido (hiponatremia dilucional – quando glicemia cai, o sódio normaliza). Se não puder avaliar por meio de exames, manter o soro a 0,9. Se sódio elevado soro a 0,45. A insulinização de infusão continua na veia – efeito muito rápida para redução da glicemia – quando a glicose entra na célula puxa potássio para dentro da célula por osmolaridade, paciente pode ter hipocalemia. Deve fazer avaliação do potássio antes!!! Se potássio tiver menor que <3, tem que administrar potássio. Se o potássio tiver normal, administrar insulina e deixar reserva de potássio. Se houver hipercalemia, já pode administrar insulina. Acompanha a glicemia de hora em hora: 50mg/dL/h pode manter essa velocidade de infusão de insulina; Se não estiver caindo a glicemia, ou até aumentar: dobra dose. Se daqui uma hora atingiu, diminui... assim vai avaliando de hora em hora e vai ajustando. Quando a glicemia alcançar 250mg/dL, começa correr glicose, paranão fazer hipoglicemia e porque o paciente estava em catabolismo e precisa de anabolismo. -Manejo diferente: na CAD tem acidose e quando o pH é <6,9 = risco de morte. Faz bicarbonato. Se pH >7, apesar de ainda ser uma forte acidose, com apenas infusão de insulina, essa acidose se corrige. Questões (TEEM/2011) Com relação à cetoacidose diabética (CAD), assinale a INCORRETA: a) Se houver glicemia muito elevada (acima de 400 mg/dL), a mortalidade se iguala à da síndrome hiperosmolar não cetótica. b) Pode ser precipitada por infecções ou uso de drogas ilícitas. c) O quadro clínico pode simular abdome agudo. d) Pode haver leucocitose com desvio para esquerda, mesmo na ausência de infecção (pode, porque tem liberação de cortisol, que pode causar o desvio). e) Nos casos não complicados, pode ser tratada com hidratação e insulina de ação ultrarrápida subcutânea (tem que fazer a classificação da cetoacidose – olhar no Harrison). (TEEM/2011) Homem de 71 anos, com diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 há 20 anos, interna-se no hospital com história de infecção urinária grave, febre, dor lombar e disúria. Refere abandono de sua medicação.(glibenclamida e metformina) há 2 dias. Vem perdendo peso (em torno de 5Kg no último mês) com poliúria e polidipsia. À internação, encontra-se prostrado, temperatura de 38ºC, PA 130/90 mmHg, com glicemia de 470mg/dL, HbA1c 9,2%. Assinale a afirmação CORRETA: a) Devemos reintroduzir os medicamentos orais, iniciar hidratação e antibiótico para infecção urinária. b) Esse paciente pode ter um quadro de falência pancreática e deverá ser tratado com hidratação, insulina e antibiótico. c) A normalização do quadro deverá ser feita com insulina, droga secretagoga e/ou inibidor da DPP-4, hidratação e antibiótico. d) Devemos reintroduzir apenas a glibenclamida, pois a metformina está contraindicada nesse caso. e) A utilização da insulina dependerá da medida do peptídio C, que avalia a reserva pancreática. Diabetes mellitus – complicações crônicas Complicações crônicas microvasculares e neuropáticas: • Fisiopatologia complexa e pouco compreendida ▫ Radicais livres / Produtos finais de glicação avançada • Retinopatia diabética ▫ Não proliferativa, proliferativa, edema macular • Doença renal diabética (nefropatia diabética) Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 6 • Neuropatia diabética ▫ Mononeuropatias, polineuropatia simétrica distal, amiotrofia, neuropatia autonômica • Pé diabético • Retinopatia diabética: ▫ Terceira causa de cegueira no Brasil (após catarata e glaucoma) ▫ Prinicipal causa de casos novos de cegueira ▫ risco aumentado DAC, IC, AVC, doença renal diabética, amputações e morte. Deve orientar paciente ir ao oftalmologista todo ano p/ fundoscopia. • Classificação da retinopatia diabética ▫ Não proliferativa: leve, moderada e grave ▫ Proliferativa (pior manifestação) ▫ Edema macular clinicamente significativo (pode aparecer em qualquer fase) 1) retinopatia não proliferativa leve – presença de microaneurismas (M) – pequenas dilatações dos vasos. Se não houver controle glicêmico adequado evolui para 2) não proliferativa moderada – microaneurismas + microhemorragias + exsudato algodonoso (branco – área isquêmica da reina). 3) não proliferativa leve) áreas isquêmicas maiores, áreas de anormalidades microvascular intraretina, ensalsichamento venoso. E se não controlada evolui para 4) proliferativa – toda alterações + angiogênese – neovasos Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 7 Patogênese da retinopatia diabética: Mecanismos: hiperglicemia crônica e posteriormente isquemia. Se controlar a diabetes interrompe essa cascata fisiopatológica e não evolui retinopatia. →Doença renal diabética: • Doença renal diabética ▫ Principal causa de DRC dialítica ▫ Risco de doença cardiovascular e mortalidade ▫ Excreção urinária de albumina (avalia RAC – amostra isolada de urina, se a partir de 30mg/g: já é possível ser DRD; albuminúria colhe urina durante o dia (24h) para avaliação da quantidade da albuminúria – mais difícil de ser colhida corretamente- albuminuria elevada (maior que 30mg/d). ▫ Taxa de filtração glomerular • Excreção urinária de albumina Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 8 ▫ Normal , elevada ou muito elevada Controle do diabetes interrompe toda essa cascata! Pede urina I, se não tiver proteinúria – pede albuminúria. Descompensação glicêmica importante, atividade física acentuada na véspera de coleta, ITU – pode ser falso- positivo. Ideal é que colha com os valores do paciente controlado. Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 9 TFG: Estimar TFG pela fórmula do CKD-EPI Encaminhas para o nefro se TFG < 30 ou albuminúria muito elevada (proteinúria maior que 300) Neuropatia diabética “Presença de sintomas e/ou sinais de disfunção de nervos periféricos em pessoas com diabetes mellitus, após a exclusão de outras causas.” É dx de exclusão!! Classificação clínica da neuropatia (Thomas PK, 1997): • Polineuropatias simétricas generalizadas ▫ Sensitiva aguda: (Dor em queimação (pode ser parestesia) em membros inferiores, simétrica (tipo bota), mais intensa a noite). ▫ Sensitivo-motora periférica: alterações dos pés (pés ressecados) ▫ Autonômica: periférica, cardiovascular, digestiva, gênitourinária (disfunção erétil). Outras patologias, como deficiência de B12, podem causar esses sintomas. • Neuropatias focais e multifocais ▫ Nervos cranianos: III, IV, VI e VII pares cranianos ▫ Nervos dos membros: mediano, ulnar, peroneal, lateral da coxa, túnel do carpo/tarso ▫ Truncal / Tóraco-abdominal ▫ Amiotrofia (Neuropatia motora proximal) ▫ Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PIDC) • Pé diabético ▫ Complicação mais devastadora ▫ Pode evoluir com ulcerações e amputações Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 10 Rastreamento do pé em risco • Dados demográficos • Idade, sexo, comorbidades • Histórico prévio ▫ Úlcera ou amputação • Exame dos calçados • Exame dos pés ▫ Deformidades, calos, rachaduras, maceração, micoses, cor da pele ▫ Teste de sensibilidade tátil fina (monofilamento 10g) ▫ Teste vibratório com diapasão 128Hz ▫ Teste de sensibilidade dolorosa ▫ Teste de sensibilidade ao frio ▫ Teste de sensibilidade tátil grosseira (chumaço de algodão) ▫ Reflexos aquileus • Detecção de doença vascular periférica • Biomecânica (pressão plantar)
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