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RESUMO A NEUROSE OBSESSIVA - PSICOPATOLOGIA PSICANALÍIC

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RAFAELA FIDELIS – PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA– AULA 04 - 1º 
BIMESTRE – 8º PERÍODO 
RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 
 
Aula 04: A neurose obsessiva 
Inicialmente, Freud denomina a neurose obsessiva 
como a neurose da obsessão. Porém, os 
psiquiatras da época (final de séc. XIX) não 
achavam muito apropriado o termo obsessão pois 
a palavra se relacionava à possessão demoníacas. 
Então, a palavra obsessão foi retirada e foi 
colocada o termo coerção, que tem como sentido 
a repressão, castigo e punição. 
De fato, o neurótico obsessivo está o tempo 
inteiro se punindo e reprimindo por algo que ele 
fez; por uma decisão que tomou. 
Na castração, o neurótico obsessivo possui a 
angústia de castração, pois como o homem possui 
o supostamente tem o falo, ele tem medo de 
perder. O neurótico obsessivo é o dono das 
dúvidas, ele pensa para tomar decisão e depois 
remói a decisão tomada. 
Obsessão: ideia ou a imagem que se impõe de 
maneira incoercível ou inexpugnável 
Ou seja, é algo que está constante, que não se 
prende. Por isso, há a constância da culpa, do 
castigo. Há uma imagem que foi construída 
socialmente do que é ser um suposto depositário 
do falo, e o tempo todo ele tenta cumprir com essa 
ideia. 
O elemento recalcado é composto de duas partes 
o afeto e a representação. Sendo recalcado a a 
parte ideativa, o afeto é o que fica livre e que sofre 
efeito de deslocamento. Uma vez que algo recente 
se assemelha aquilo do afeto, ele se junta. 
Na neurose obsessiva, há o excesso de culpa e 
castigo. O obsessivo pensa muito sobre uma 
decisão a ser tomada e suas consequências. Uma 
vez que ele toma a decisão, ele fica remoendo 
sobre essa decisão. 
Parece um looping eterno: o obsessivo é 
atormentado por tomar uma decisão -> toma a 
decisão -> se culpa pela decisão -> acredita que a 
culpa/castigo foi dado pra ele por conta da decisão 
tomada. 
O neurótico obsessivo está sempre atormentado 
por tomar uma decisão e isso parece um ciclo. 
“-> Se o afeto fica solto e a representação ideativa 
é recalcada, uma vez que tomar uma decisão é 
angustiante para o obsessivo, uma vez que tomar 
uma decisão/ pensar sobre algo é angustiante e 
ele recalca aquilo ele nunca vai ter a sensação de 
que aquilo já aconteceu. Porque a representação 
foi guardada, a ideia foi guardada, o afeto ficou 
solto (a angústia). Então toda vez que se apresenta 
uma nova possibilidade de tomada de decisão ele 
vai fazer o looping citado anteriormente. Porque 
essa nova decisão a ser tomada vai se juntar ao 
afeto que ficou vagando no inconsciente.” 
Como o obsessivo sofre de angústia de castração, 
ele não quer colocar seu falo em jogo, por isso 
essa indecisão, porque decidir é se colocar em 
linha de frente, e se colocando ele pode perder a 
posição que ele tem. 
Toda neurose – seja obsessiva ou histérica – 
resulta de uma experiência sexual traumática 
infantil; o trabalho defensivo da neurose consiste 
em transformar a representação enfraquecida e 
em orientar para outros usos a soma de excitação 
que, por esse estratagema foi desligada de sua 
fonte verdadeira. 
Diferença entre histeria e neurose obsessiva: 
• Histeria: fonte de excitação transportada 
para o corpo; 
• Neurose obsessiva: permanece no domínio 
psíquico. 
 
Na neurose obsessiva o processo de defesa pelo 
qual a representação do episódio sexual passado 
se desliga de seu afeto próprio e esse afeto se une 
a uma outra representação que lhe convém – e 
que já não é incompatível com o eu – é um 
processo que, por um lado, se produz fora da 
consciência, por outro, consiste numa 
substituição em que podemos ver um “ato de 
defesa do eu contra a ideia incompatível”. Tal 
transformação, que intervém durante ou após a 
RAFAELA FIDELIS – PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA– AULA 04 - 1º 
BIMESTRE – 8º PERÍODO 
RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 
 
puberdade, das impressões penosas da 
experiência infantil, por vezes muito precoce, 
culmina em obsessões que assumirão a forma, 
seja de ideias, de atos ou de impulsos. 
• No primeiro caso: há a substituição de 
uma ideia incompatível por outra ideia 
pouco adequada para se associar ao 
estado emotivo, que de sua parte, 
continuou o mesmo. 
É essa aliança desarmônica entre o estado 
afetivo e a ideia associada que explica o 
caráter absurdo próprio das obsessões. 
• No segundo caso: a ideia original é 
substituída não por outra ideia, mas “por 
atos ou impulsos que serviram 
originalmente como lenitivos ou como 
procedimentos de proteção, e que agora 
se veem numa associação grotesca com 
um estado emotivo que não lhes convém, 
mas que permaneceu o mesmo que se 
justifica tanto quanto na origem”. 
O sentimento de culpa e o cerimonial obsessivo 
Na neurose obsessiva o vínculo estrutural é com a 
culpa. 
Através da revivescência, nas representações e 
nos afetos atuais, das experiências precoces 
geradoras de prazer, o sujeito se vê invadido por 
recriminações. 
O obsessivo faz recriminações a si mesmo ao 
reviver o gozo sexual que antecipava a experiência 
ativa de outrora. 
Quando experiências de prazer infantis são 
rememoradas durante a puberdade há duas 
modalidades de processos obsessivos: a primeira 
é quando o conteúdo mnêmico referente a essas 
ações consiga forçar o acesso à consciência 
sozinho, ou consiga fazê-lo junto do afeto de 
recriminação ligado a elas. 
No primeiro caso, o conteúdo da representação 
obsedante está deformado sob efeito do 
recalcamento de tal modo que a compulsão 
neurótica desempenha um papel de 
compromisso. 
A defesa primária reprime a recriminação inicial, 
dando origem a um primeiro tipo de sintoma que 
se exprime sob a forma de uma desconfiança de si 
mesmo (o que equivale a justificar essa 
recriminação, que o paranoico por sua vez recalca 
pela via da projeção, adotando a desconfiança em 
relação aos outros como sintoma de defesa contra 
ela). 
No segundo caso, quando a representação da ação 
passada é acompanhada pelo afeto 
correspondente, a recriminação referente à ação 
sexual passada se traduzirá numa série de afetos 
obsedantes entre os quais Freud evoca: 
• a vergonha (como se os outros pudessem 
perceber alguma coisa). 
• Angústia hipocondríaca (ou temor de que a 
ação passível de recriminação tenha 
repercussões somáticas). 
• Angústia social (ou temor de que a ação 
condenável atraia um castigo por parte do 
meio social). 
• Angústia religiosa (ou medo do julgamento 
divino). 
• Delírio de observação (ou temor de revelar 
involuntariamente a outrem o segredo da 
ação cometida). 
• E a angústia de tentação, ou falta de 
confiança nas próprias forças morais na 
luta contra o possível retorno de ações 
semelhantes. 
Os sintomas de compromisso, que são esses afetos 
obsedantes, representam uma forma de “retorno 
do recalcado e, consequentemente, um fracasso 
da resistência que fora bem-sucedida no início”. 
Tal fracasso da defesa primária acarreta a 
formação de outros sintomas, em que Freud viu 
defesas secundárias ou medidas de proteção; é 
para eles, quando conseguem reprimir os 
sintomas do retorno do recalcado, que a 
compulsão vai se transferir, sob a forma de ações 
compulsivas. 
RAFAELA FIDELIS – PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA– AULA 04 - 1º 
BIMESTRE – 8º PERÍODO 
RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 
 
Estas, que são sempre reacionais, constituem um 
terceiro tipo de processo obsessivo, marcando por 
grande variedade. 
Defesas geradoras de ações compulsivas 
• Controle meticuloso e tirânico: A defesa 
secundária contra as representações 
obsedantes pode, por exemplo, alimentar 
seja a ruminação compulsiva de 
pensamentos inteiramente alheios ao 
registro da sensualidade, seja uma 
compulsão de pensamento e de verificação 
ou uma doença da dúvida, pelas quais o 
sujeito se protege contra a lembrança 
obsedante, deixando-se tomar pelo 
controlemeticuloso e tirânico dos objetos 
à sua volta. 
• Medidas de expiação (cerimonial penoso, 
observância dos números). 
• Medidas de precaução (toda sorte de 
fobias, superstições, manias, aumento do 
sintoma primário da escrupulosidade). 
• Medidas de temor da traição (coleção de 
papéis, temor de companhia), 
• Medidas para se atordoar (dipsomania). 
Na tentativa de se defender contra as 
representações e os afetos relativos à antiga “ação 
passível de recriminação”, a compulsão pode 
alcançar formas severas como a fixação de 
cerimoniais torturantes, uma loucura da dúvida 
generalizada, ou uma série de inibições e de fobias 
pelas quais o sujeito se pune, proibindo a si 
mesmo toda ação e toda relação possível. 
O obsessivo se comporta como se estivesse sob o 
império de uma consciência de culpa, a cujo 
respeito aliás nada sabe, sob o jugo portanto de 
uma consciência de culpa inconsciente, como nos 
sentimos forçados a dizer, por mais que essas 
palavras resistam a se combinar. 
O obsessivo está sob uma angústia que consiste na 
expectativa sempre à espreita, uma angústia que 
consiste na expectativa de uma desgraça e que 
está ligada à percepção interna da tentação pelo 
conceito da sanção. 
A formação do cerimonial tem, portanto, a função 
de um “ato de defesa ou de asseguramento, em 
outras palavras, de uma medida de proteção”. 
Referências da aula: Verbete: neurose obsessiva – 
Dicionário Enciclopédico de Psicanálise - Pierre 
Kaufmann.

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