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RESUMÃO PSICANÁLISE DETERMINISMO PSÍQUICO Nossos processos mentais segundo Freud ocorrem de forma encadeada, ou seja, nenhum pensamento, sentimento ou lembrança acontece isoladamente/por acaso como se surgisse do nada. Mesmo que às vezes alguns pensamentos ou sensações pareçam surgir espontaneamente, existem elos ocultos que ligam esses eventos mentais a outros que ocorreram antes. De acordo com Freud, a vida mental se desenvolve de forma contínua, mesmo que as pessoas não estejam conscientes dessa continuidade entre seus pensamentos e sentimentos. CONSCIENTE O consciente é a parte da sua mente que lida com todas as informações das quais você está ciente em um dado momento. Agora por ex o seu consciente está ocupado em dedicar atenção a esse vídeo em tentar estabelecer relações entre as informações novas e as informações que você já tinha sobre o assunto, etc. O consciente agrega as informações das quais você dirige sua atenção de forma intencional num dado momento. Mas o consciente é apenas a ponta do iceberg. Ou seja, é uma pequena parte da sua mente, existem outras partes menos expostas às quais Freud chamava de pré-consciente e inconsciente. PRÉ CONSCIENTE O pré-consciente é uma porção do ics que facilmente se torna consciente, então ele seria o equivalente aquela parte do iceberg que está imediatamente abaixo no nível da água, e que é facilmente acessível. Todas as suas memórias que podem ser lembradas, ex nome do cachorro de alguém. Memórias acessíveis. O iceberg completo representa toda a sua consciência: dividida em três partes. INCONSCIENTE Imagine o ics como a parte mais submersa de um iceberg, lá ocorrem processos mentais que nunca foram conscientes e que não podem ser acessados pelo consciente. A não ser em situações excepcionais. É nesse lugar inacessível que também fica aguardadas as informações que foram excluídas do consciente e que não podem ser lembradas pois foram reprimidas ou censuradas, como lembranças traumáticas, podem ser enviadas para o ics e permanecerem lá, influenciando indiretamente a vida mental do indivíduo sem jamais serem lembradas novamente. Apesar de você não ter clareza sobre as coisas que estão no ics, sempre que um pensamento ou sentimento vier a mente e parecer que ele não tem nenhuma relação com os pensamentos ou sentimentos anteriores, na verdade eles estão relacionados sim, mas esses eles se encontram no ics, já que não existem descontinuidades na vida mental segundo freud. Um dos elementos que não podem ser acessados pelo consciente são as PULSÕES. PULSÕES Os termos pulsão, instinto e impulso, às vezes são usados como sinônimos. Todos temos pulsões, que são pressões ou necessidades que nos dirigem a um determinado fim, toda pulsão tem uma fonte, uma finalidade, uma pressão e um objeto. Ex. Comparação entre a pulsão e a sede: a sede tem uma fonte - necessidade de líquidos para hidratar; tem uma finalidade - reduzir essa necessidade até que o organismo se satisfaça; pressão - é a quantidade de energia que uma pessoa emprega para satisfazer a sede, depende da intensidade ou da urgência da sede; o objeto - não é apenas o líquido, mas tudo que alguém faz para satisfazer a sede, por ex. Se levantar, ir à geladeira, escolher um líquido e bebe lo. A sede é uma necessidade fisiológica, já a pulsão é uma necessidade psíquica, e ao mesmo tempo orgânica, ela está ali na fronteira entre o mental e o físico. Toda a diversidade de pulsões foi organizada por freud em dois tipos básicos: Pulsão de vida: é toda a demanda interna que nos leva a buscar o prazer, a criar, a realizar projetos. Pulsão de morte: é aquela demanda que nos conduz à busca do isolamento, da estagnação e a atos de destruição e morte. Essas pulsões mantenedoras da vida e incitadoras da morte residem em todos nós em conflito permanente e não resolvido, e a maior parte dos nossos pensamentos e ações é resultado não de apenas uma dessas forças mas de uma combinação das duas. ENERGIAS Tanto a pulsão de vida quanto a de morte tem fontes de energias distintas. Pulsão de vida - libido, desejo, é a energia empregada na manutenção da vida. Pulsão de morte - sem nome, mas há uma energia específica. Sempre que você se dedica a construir algo ou a levar adiante um projeto importante, você está empregando uma parte da sua libido nesse projeto, enquanto você estiver envolvido e empolgado aquela quantidade de energia empregada torna-se indisponível para outros objetivos, isso não quer dizer que nada mais importe, pois é possível distribuir níveis diferentes de libido para diferentes objetivos, mas quanto mais interesse mais níveis de energias estão sendo investidos naquele projeto. Por isso, em situações de luto nas quais as pessoas perdem completamente o interesse por suas ocupações normais, parece haver uma retirada de libido dessas atividades e uma aplicação extrema de libido na pessoa que foi perdida. Como Freud entende a estrutura da personalidade? Freud percebeu que seus pacientes apresentavam inúmeros conflitos internos, e muitas vezes lidavam com tais conflitos realizando certos acordos psíquicos para tentar aliviar a ansiedade gerada pelos conflitos. E manter algum nível de conforto mental. De acordo com Freud, a nossa PSIQUE ou a nossa mente tem como principal meta preservar ou recuperar um certo nível de equilíbrio interno que lhe permita minimizar o desprazer e maximizar o prazer. Essa tarefa é levada a cabo pelo relacionamento dinâmico entre os três componentes básicos da psique: o ID, o EGO e o SUPEREGO. ID O ID é a estrutura original da personalidade, por isso é caótico, desorganizado e sem forma, todo conteúdo do id é ics, elementos que jamais foram conscientes formam o ID - forma caótica da personalidade. (Instintos tempestuosos lutam para se libertar, mas não acham um meio certo pois foram trancados. Essa é a mente ics, animalizado com todos os instintos selvagens dentro dele. O comportamento ics trata-se de um ics muito dinâmico, muito mais plausível no contexto das noções biológicas do corpo, era nosso passado animal, e esse passado evolucionário tem coisas incompatíveis com a civilização moderna, mas não há como fugir dele pois somos forçados a herdar tudo isso do passado e a repetir. O ics freudiano é vivo, poderoso, trancado e perigoso; e é parte do pensamento do século XIX sobre o organismo e a evolução.) Devido a essa natureza caótica, no ID convivem por exemplo: desejos contraditórios lado a lado sem que um anule o outro, pois a lógica não se aplica ao ID. O ID também é a fonte de toda energia das pulsões, as de vida e de morte. Em verdade, tanto as energias quanto as próprias pulsões fazem parte do ID, ele busca a liberação constante de toda energia, toda a tensão e toda a excitação. Pode se dizer que o ID é como uma criança mimada que desconsidera os limites da realidade procurando a auto satisfação de forma irracional e egoísta a todo momento, sem inibições e não tolerando frustrações. Lógica, valores ou ética não significam nada para o ID. EGO O ego é uma estrutura da personalidade que se desenvolve a partir do ID na medida em que o bebê vai tomando consciência de sua própria identidade. A função do ego é a de procurar atender e ao mesmo tempo aplacar as exigências constantes do ID, preservando a saúde, a segurança e a sanidade da psique, como o ID é incapaz de lidar com a realidade externa, o ego que é lógico e racional cumpre essa função fazendo um meio de campo entre o mundo interno e mundo externo. A energia utilizada pelo ego é extraída do ID. O ego, segundo freud, se esforça pelo prazer e tenta evitar o desprazer, mas ele faz isso considerando as limitações e as oportunidades que são postos pela realidade externa, controlando as exigências do ID e avaliando como quando e se elas devem ser satisfeitas, em poucas palavras, o ID funciona segundo o princípio do prazer, o ego funciona segundo o princípio da realidade, separando o desejo da fantasia. SUPEREGO O superego é uma estrutura que surge a partir do EGO é tem a função de atuar comoum juiz das ações e pensamentos do ego, é no superego que residem os códigos de conduta aprendidos no convívio social, as inibições e os ideais, o superego age no sentido de proibir ou limitar certos pensamentos e atitudes. A capacidade de auto observação é uma característica do superego, uma vez que ele age independente das pressões do ID por satisfação, e das pressões do ego (que a seu modo também está envolvido na busca pelo prazer). O superego de uma criança, segundo freud, se desenvolve de acordo com o modelo do superego de seus pais ou das pessoas que a criaram, ou seja, todo o conteúdo que ele abriga é derivado dos julgamentos, valores e tradições defendidos durante a criação e que dessa forma são passados de geração a geração. O superego contém os ideais nobres pelos quais lutamos, ele gera sentimento de orgulho e amor próprio, por conta de nossos bons comportamentos, mas também gera sentimento de culpa e inferioridade pelo comportamento desaprovado. Às vezes o superego pode atuar de maneira bem primitiva, severa e inflexível com base em julgamentos preto no branco ou tudo ou nada, em busca da perfeição; e as pessoas podem se sentir culpadas até mesmo por mesmo certos pensamentos, mesmo que eles não tenham provocado nenhuma ação. Mas o superego também pode se desenvolver no sentido da compreensão e da flexibilidade, aprendendo a perdoar a si mesmo ou aos outros quando percebe que uma agressão foi fruto de um mal entendido ou de uma situação de extrema tensão. Comparação dos três componentes básicos da psique com a figura de um homem montando sobre um cavalo: • O cavalo seria o ID -> impulsivo e cheio de energia • O cavaleiro seria o ego -> cujo papel é de proteger o ID e de intermediar a relação entre seus desejos e a realidade externa • As rédeas são o superego - que freiam, limitam ou redirecionam todo o sistema Freud considera que muitas vezes o ID consegue sobrepujar o ego e levá-lo aonde bem quer. De fato, Freud percebe o ego como uma estrutura fraca, um joguete nas mãos do ID, da realidade e do superego. RELAÇÃO DINÂMICA O ego surge do ID para lidar de forma realista com as exigências do ID, considerando a realidade externa. O superego por sua vez emerge do ego como um freio moral, um juiz que controla a flexibilidade do ego. O ics abriga os elementos que constituem o ID, ou seja, o ID é totalmente inconsciente. Já o ego e o superego são formados por processos e elementos que habitam o consciente, o pré-consciente, mas também o inconsciente, logo, eles são parcialmente inconscientes. (Freud percebeu e formulou que o homem era movido por várias forças, forças instintivas e pulsionais que ele chamou de ID - que seria algo da ordem da natureza. O superego o “supereu” é a consciência moral que nos diz como temos ou não quer ser. E o ego ou “eu” é o produto final disso tudo, é a instância que fica tentando dar conta das pressões do ID, das ordens do superego e das exigências da realidade externa. O bebê é ID puro na natureza e em contato com o mundo ele vai aprendendo por identificações, como um espelho, um mundo dizendo pra ele como ele é -> essa é a formação do ego, do “eu”. Ele também vai aprendendo como ele deve ser através da educação, ele aceita aquilo porque ele precisa e quer o amor da mãe e do pai. Em um momento seguinte isso é introjetado, é internalizado, nesse momento a criança e depois o adulto não pensa mais “eu preciso fazer isso pela mamãe”, ele pensa “eu, pra me amar, eu preciso fazer isso”. O supereu/superego tem um lado ideal -ideal do eu- que são as nossas expectativas de performance -ex: eu vou ser uma grande pianista, geralmente a partir do que os pais queriam- e as ordens morais -exigências muito severas com um superego muito tirânico- é exaustivo e conflituoso tanto do ponto de vista das ideais “tenho que ser a melhor aluna” tanto do ponto de vista das repressões sociais). ANSIEDADE Tensão entre as pulsões que o ID deseja realizar e as limitações são impostas pela realidade externa. Afinal o mundo não existe só para atender aos caprichos do ID, então muitas demandas precisam ter a satisfação adiada por muito tempo ou precisam mesmo ser frustradas. Outra vezes as pulsões do ID podem ser canalizadas para objetos diferentes do objeto original, por exemplo, desejos de agressão podem ser canalizadas para o box ou outro tipo de luta corporal, isso é possível porque as pulsões apresentam características mutáveis, flexíveis, fluidas e podem ser gratificadas de formas alternativas. Contudo para uma pulsão ser inibida pode ser necessário um gasto de energia muito grande, resultando em cansaço, aborrecimento, e um estado emocional doloroso como a ansiedade (onde existe uma sensação de perigo iminente - diferente do medo). A ansiedade para freud pode ser resultado de libido contida, ou seja, de pulsões não realizadas, ou podem ser resultados de experiências traumáticas. Por exemplo, uma criança pode ser punida por realizar um ato, e quando chegar à idade adulta pode experimentar a ansiedade ao se sentir inclinada a realizar um ato semelhante, ainda que a pessoa não se lembre mais da punição. Assim, a ansiedade na visão de freud é resultado do conflito entre as inclinações do ID e a ameaça de punição do superego; resumindo, o ID sente ou deseja algo e o superego reprova -> e em consequência instala-se no ego a desconfortável sensação de medo como se a punição estivesse prestes a acontecer; para se livrar dessa sensação o ego cria mecanismos de defesa. MECANISMOS DE DEFESA São estratégias que o ego coloca em ação para evitar entrar em contato com aqueles aspectos da personalidade que são reprovados pelo superego e que por isso podem gerar ansiedade. Mas quando a realidade externa é o que nos amedronta, alguns desses mecanismos também são usados. PROJEÇÃO A projeção é um dos mecanismos mais comuns, ela ocorre quando uma pessoa aponta nos outros as inclinações que existem nela e que o superego considera reprováveis. Por exemplo, uma pessoa invejosa pode acreditar que foi mal atendida em uma loja porque a atendente estava com inveja dela, em geral os preconceitos como o racismo e a homofobia estão baseados em projeções, um grupo de pessoas projeta em outro grupo seus próprios impulsos e características inaceitáveis. Pela projeção as inclinações internas e inaceitáveis são projetadas para fora e vistas como externas. FORMAÇÃO REATIVA A formação reativa ocorre quando uma pessoa tem inclinações para um comportamento que ela considera reprovável, então adota um comportamento que representa exatamente o oposto daquela inclinação. Ou seja, utiliza-se uma máscara social não apenas para convencimento dos outros, mas principalmente para o auto convencimento. Em geral, a formação reativa só é percebida quando ela falha, quando a máscara cai; por exemplo, quando se descobre que uma pessoa extremamente moralista abusa de pessoas indefesas, ou quando um homem conhecido por ser meigo e sensível comete um assassinato brutal. RACIONALIZAÇÃO Na racionalização uma ação inaceitável que foi cometida é reconhecida, mas a intenção por trás da ação não. É o caso do agente público corrupto, que aceita suborno, mas que se justifica dizendo que foi obrigado a aceitá-lo; ele reconhece o ato corrupto, mas nega a intenção, dessa forma o comportamento é interpretado como aceitável ou até como inevitável, escapando a desaprovação do superego. NEGAÇÃO A negação pode acontecer de duas maneiras: negação da realidade ou negação de um pensamento ou desejo. • Negação da realidade: um evento frustrante ou doloroso, como a morte de um ser querido, é negado como forma de se proteger psicologicamente daquela dor. • Negação de um pensamento ou desejo: a pessoa se recusa a admitir o que sente, ela pode dizer furiosa que não está com raiva, mesmo sendo evidente. Ou nega que quer um objeto que não pode ter ou que a posse seria considerada socialmente reprovável. ISOLAMENTO No isolamento há uma separação entre pensamento e emoção, assim o conteúdo emocional de uma lembrança ou de um desejopode ser separado da lembrança ou do desejo propriamente ditos. Por exemplo, alguém pode experimentar o desejo ou a fantasia de agredir seu próprio irmão sem experimentar o conteúdo emocional perturbador que acompanha esse desejo. O complexo de madonna-prostituta é outro exemplo, é quando homens separam as mulheres em duas categorias, as que devem ser amadas e não podem fazer sexo e aquelas com quem podem apenas fazer sexo, mas não podem ama-las. Freud diz que esses homens sofrem de impotência psíquica pois são incapazes de manter a excitação sexual em uma relação na qual existe compromisso afetivo. DESLOCAMENTO No deslocamento nós redirecionamos um impulso agressivo para um objeto que não seja ameaçador, por exemplo, após levar uma bronca do chefe você pode redirecionar sua agressividade gritando com o cachorro ao chegar em casa. REGRESSÃO Na regressão nós retrocedemos a um tipo de comportamento mais primitivo como forma de evitar a ansiedade. Freud fazia uma analogia entre a regressão e as águas de um rio que de repente se deparam com um obstáculo difícil de ser transposto, as águas retornam e voltam a correr por antigos canais que já tinham secado, a pessoa que devora um pote de sorvete depois de uma discussão está regredindo à fase oral do desenvolvimento, na qual se sentia mais protegida e feliz. SUBLIMAÇÃO Na sublimação uma pulsão é canalizada por um objeto diferente do original, geralmente um objeto considerado culturalmente superior. No filme frozen a elsa canaliza sua agressividade para construir um castelo de gelo ao invés de ferir as pessoas, na sublimação ao invés da pulsão ser enfrentada ela é orientada para finalidades belas e nobres; alguém que tem pulsões agressivas destrutivas podem sublimá-las tornando-se um grande lutador de boxe. De acordo com Freud a essência da civilização está na capacidade de sublimação, ou seja, canalizar as energias sexuais e destrutivas para finalidades nobres como a literatura, as artes, a arquitetura, a ciência e todas as demais conquistas civilizatórias. Para freud, sem a sublimação ainda estaríamos na idade da pedra, gratificando nossas pulsões com sexo e pancadaria. RECALQUE O recalque em alguns textos é traduzido como repressão. É um mecanismo de defesa fundamental e o mais estudado por Freud. No recalque o pensamento, sentimento ou desejo inaceitável é simplesmente descartado para o ics, o que requer os gastos de energia permanente para manter o indesejável longe da consciência. (Porque será que todas essas coisas que ficam recalcadas no ics como a gente diz em psicanálise não aparecem todo tempo pra gente na consciência? Porque existe essa instância psíquica que é um instância que censura os traços de memória que trouxeram sofrimento anteriores para que eles não possam ficar o tempo inteiro convivendo com a gente na nossa vida desperta. Com o objetivo de nos proteger do sofrimento que a gente já viveu. Então a gente pode pensar que o uso que a gente faz cotidiano do recalcado é exatamente o contrário do que a psicanálise quer dizer. O problema é que o psiquismo funciona o tempo inteiro e o ics fica o tempo inteiro tentando trazer aquelas ideias recalcadas para a consciência, o nosso recalque, essa instância psíquica, ela é sempre um pouco falha, por tanto, nós sofremos de angústia, porque não somos muito bem recalcados.) O recalque é em si um mecanismo de defesa, mas ele também tem um papel coadjuvante em todos os demais mecanismos de defesa do ego, ou seja, sem uma dose de recalque, os outros mecanismos não conseguem operar de maneira eficaz, nós estamos o tempo inteiro fazendo o uso de uma mescla de todas essas defesas. FASES PSICOSSEXUAIS Freud em sua obra descreve as fases psicossexuais pelas quais os indivíduos passam pelo seu desenvolvimento físico e mental. Ele foi duramente criticado pois afirmou que as crianças tinham sexualidade. O que ele afirma é que na medida em que a criança amadurece ela vai desejando coisas diferentes e encontrando formas diferentes de gratificar esses desejos. Há um misto de necessidades fisiológicas, descobertas e fantasias na psique infantil e não a sexualidade que existe no adulto. FASE ORAL Na fase oral que vai do nascimento até 2 anos. A zona erógena do bebê é a boca, porque é a área na qual se concentra as necessidades do bebê e suas gratificações. Não tem nada a ver com a sexualidade do adulto. As necessidades básicas do bebê são a sede e a fome, então ao receber o alimento essas tensões são aliviadas. Adicionalmente ao receber o alimento o bebê também é confortado, aninhado e acalentado pelo adulto que o alimenta, logo, o bebê associa o ato de alimentação à redução da tensão alimentar e a sensação de prazer gerada pelo contato afetuoso do adulto. A boca será a primeira parte do corpo que o bebê aprenderá a controlar e é pra ela que ele dirigirá toda a sua libido (energia que alimenta a pulsão da vida), então tudo o que o bebê faz com a boca (comer morder beber sugar) gera prazer e satisfação, por isso, ainda que o bebê esteja alimentado ele ainda deseja sugar objetos por causa da pulsão, a fome que é uma necessidade orgânica já foi satisfeita, mas a pulsão que é um necessidade orgânica e psíquica nunca é saciada. FASE ANAL Entre os dois e os quatro anos, a criança passa pela fase anal, é nessa fase que ela aprende a controlar os esfíncteres e a bexiga. A expulsão das fezes pelos anus gera prazer, mas ela também pode sentir prazer em reter as fezes. O que cria uma espécie de conflito, por um lado, eliminar as fezes é prazeroso, por outro lado, existe a necessidade social de controlar essa eliminação até chegar ao local adequado. Esse é um dos primeiros conflitos entre um indivíduo e as exigências da vida social que a criança experimenta, ela quer sentir o prazer da evacuação, mas ela não pode fazer isso a qualquer hora e nem em qualquer lugar. Ao mesmo tempo ela percebe que quanto mais controle fisiológico ela adquire, mais ela é elogiada pelos adultos. Nessa fase a criança pode controlar a evacuação como forma de obter elogios, mas também pode não controlar de propósito e evacuar onde não deve como forma de chamar atenção. Pode ser confuso para a criança perceber que os adultos a elogiam por controlar a evacuação, mas ao mesmo tempo consideram que ir ao banheiro é algo sujo e que deve ser feito de forma discreta. Como ela pode ser elogiada e ao mesmo tempo ver que suas fezes são indesejadas(?). FASE FÁLICA Por volta dos 4 anos. Nessa fase a criança se dá conta que tem um pênis ou de que lhe falta um. Os genitais passam a concentrar todas as tensões e atenções da criança. Meninos começam a ter ereções e isso leva a um maior interesse pela região genital, e ao se darem conta que as fêmeas não tem pênis, os meninos experimentam a chamada ansiedade de castração que é o medo de perder o pênis. Nessa fase as crianças começam a sentir ciúmes da atenção que seus pais dão um ao outro em vez de dar a eles. O menino começa a enxergar o pai como um rival pelo afeto da mãe, o que leva ao chamado complexo de Édipo. COMPLEXO DE ÉDIPO Segundo a peça de Sófocles, o personagem Édipo mata seu pai desconhecendo sua identidade e mais tarde casa-se com a mãe. Ao descobrir a identidade de quem matou e da mulher com quem casou, Édipo arranca os próprios olhos. Para Freud, o complexo de édipo que emerge na fase fálica, o menino fantasia matar o pai e casar-se com a mãe, ao mesmo tempo ele acredita que seu pai também o vê como rival e que por isso ele poderá ser castrado pelo pai e ficar inofensivo. Ansiedade de castração. O menino ainda quer a atenção e amor do pai e também enxerga a mãe como rival. O amor e o temor por ambos os pais, a ansiedade de castração, e o desejo pela mãe, nunca poderão ser resolvidos por completo. Por isso ele é recalcado. Na infância todo esse complexo é descartado para o ics evitando que ele apareça e que a criança pense ou reflita a respeito dele. Reprimir o complexo de édipo é uma das primeiras tarefas do superego. A menina passa por um conflito semelhante, ela amae deseja a mãe, mas como ela acredita que perdeu o pênis por culpa da mãe, desenvolve-se a inveja do pênis e o seu objeto de desejo e amor passa a ser o pai. Ela fantasia que se tiver um filho com o próprio pai compensará seu órgão castrado. Como ela acredita que já foi castrada, não tem mais nada a perder. Logo, não tem a ansiedade de castração que o menino tem e que o ajuda a inibir o complexo de édipo, e por isso a repressão pelos seus sentimentos pelo pai é menos total nas meninas, o que faz com que elas passem mais tempo na situação edipiana. Após aos 5 anos o apego aos pais costuma ser resolvido. LATÊNCIA Entre os 5 anos e o início da puberdade (12 anos). A criança está no período de latência, ou seja, um período no qual os desejos sexuais não resolvidos na fase anterior, são reprimidos pelo superego. De acordo com Freud, durante a latência a sexualidade não avança de fato, ele afirma que os anseios sexuais perdem vigor e são temporariamente abandonados, e também é durante a latência que o ego desenvolve moralidade e as atitudes de vergonha e repulsa. FASE GENITAL Com o início da puberdade começa a fase genital, quando a libido retorna aos órgãos genitais, nesse período os indivíduos já estão cientes de suas diferenças sexuais e buscam formas de satisfazer suas necessidades eróticas. É na fase genital que o desejo sexual se torna adulto. Sentimentos edipianos que não tenham sido resolvidos na fase fálica podem retornar na fase genital e assombrar a vida psíquica de alguns adolescentes, sendo responsáveis por parte das turbulências vividas nessa etapa da vida. Na visão de Freud, todos os indivíduos que conseguirem progredir pelas diferentes fases do desenvolvimento, resolvendo os conflitos de forma satisfatória, se tornarão adultos psicologicamente saudáveis. FIXAÇÃO A fixação é o que ocorre quando uma pessoa não consegue avançar normalmente de uma fase para outra. Permanecendo muito envolvida com formas de gratificação mais simples ou infantis. Pessoas que fumam demais ou comem demais ou mascam muito chiclete, podem ter fixação na fase oral. Ou seja, sua maturação psicológica pode não ter sido completa. O mesmo pode ser dito das pessoas viciadas em fofoca. Já as pessoas obcecadas por ordem, parcimônia e obstinação podem ter sofrido experiencias difíceis durante a fase anal, resultando em uma fixação por limpeza e organização de maneira exagerada. NEUROSE Termo criado por William Cullen em 1769 para se referir a doenças nervosas que geram distúrbios na personalidade. -> Concepção freudiana (nosso caso) Para Freud, neurose é um distúrbio psíquico e sua causa está no recalque imperfeito de desejos que foram censurados. Esses desejos que foram aprisionados no ics procuram meios de se manifestar. E esses meios acabam sendo justamente os sintomas neuróticos. Porque o ego é incapaz de lidar com esses desejos reprimidos sem sofrer, então quando fragmentos desses desejos conseguem driblar o recalque e voltar a consciência, eles precisam ser mascarados como outra coisa. Essa máscara é justamente o sintoma neurótico e ele pode se apresentar de diferentes formas. DESEJOS REPRIMIDOS Inicialmente: Lembranças de abusos sexuais sofridos na infância -> teoria da sedução - que afirmava que as raízes das neuroses se encontravam em experiências sexuais traumáticas na infância. Mas na medida em que Freud avançou, ele percebeu que aquelas lembranças eram na verdade fantasias. Seus pacientes não tinham sido abusados, eles estavam trazendo novamente a consciência seus próprios desejos sexuais infantis que tinham sido recalcados por medo, culpa e vergonha. Por terem sido recalcados esses desejos apareciam distorcidos ao longo da terapia como se fossem experiências traumáticas nas quais os pacientes se percebiam como vítimas de um abuso. É importante entendermos que na psicanálise o termo sexualidade não se refere apenas ao ato sexual, mas também ao universo dos afetos, logo desejos sexuais incluem além dos prazeres genitais, o desejo de ser amado, de ser reconhecido e o amor fraternal, por exemplo: bebê que sente prazer sexual ao ser alimentado, não é de ordem genital, a sexualidade do bebê está relacionada à satisfação da tensão alimentar e ao afeto que ele recebe do adulto durante esse ato de satisfação. O registro dessa satisfação que é simultaneamente fisiológica e efetiva está na base da sexualidade humana, assim a sexualidade infantil envolve uma gama enorme de sensações, afetos, descobertas e fantasias. Por isso o desejo sexual infantil não é obrigatoriamente um desejo relacionado ao ato sexual em si, mas a um universo de anseios muito mais abrangente. A neurose, portanto, é resultado de desejos infantis que foram interditados, esquecidos e mais tarde se manifestam através de alguns sintomas, cada conjunto de sintomas caracterizam um tipo diferente de neurose. NEUROSE HISTÉRICA Inicialmente acreditavam que apenas as mulheres poderiam ser histéricas pois seria uma doença do útero, contudo, Charcot e Freud perceberam que os sintomas da histeria pareciam tanto em mulheres quanto em homens. Na neurose histérica ou neurose de conversão, um sentimento ou desejo permanece reprimido no ics mas mesmo não sendo mais lembrado ele provoca sintomas físicos, como dores corporais, paralisia, cegueira, surdez, ou seja, os sintomas convergem para todo o corpo. NEUROSE OBSESSIVA Segundo freud, na neurose obsessiva o pensamento ou desejo que foi recalcado permanece no ics mas a emoção atrelada a ele escapa para o consciente, essa emoção será atrelada a outras ideias que então se tornam obsessivas, e será preciso repetir exaustivamente essas ideias na tentativa vã de satisfazer o desejo original recalcado. Por isso na neurose obsessiva é comum que o neurótico tenha apego a certos rituais que ele não consegue deixar de manter como de verificar 15 vezes se cada fechadura está trancada. NEUROSE FÓBICA Na neurose fóbica a pessoa desenvolve medos irracionais, por exemplo, alguém pode ter pavor de passear de barco, de subir em escada rolante, ou até de gatinhos fofos, mesmo sem ter nenhum motivo para considerar essas coisas como ameaças, nesses casos, o sentimento de trauma relacionado ao desejo recalcado é deslocado para um novo objeto. Na fobia, o neurótico se sente muito embaraçado pois ele sabe racionalmente que esses objetos ou situações não representam ameaça, mas não consegue controlar suas reações de medo que podem incluir até mesmo um desmaio. NEUROSE ATUAL As neuroses atuais são aquelas relacionadas a problemas na vida sexual adulta, e não em desejos infantis reprimidos. Entendendo a vida sexual adulta não apenas como o ato sexual, mas também como um universo mais amplo de afetos, desejos e realizações, ou seja, o universo das pulsões. Vejamos os três tipos de neuroses atuais. NEURASTENIA A pessoa desenvolve um comportamento intolerante a estímulos que normalmente deveriam ser tolerados sem grandes dramas como uma música alta na festa de aniversário do vizinho, ou uma reunião que foi desmarcada de última hora, até mesmo uma opinião divergente sobre um assunto qualquer. Enfim, o neurastênico está sempre predisposto a um ato de cólera e indignação, Freud percebeu que a neurastenia ocorria preferencialmente em homens. NEUROSE DE ANGÚSTIA Já a neurose de angústia acontece mais frequentemente nas mulheres. Nesse quadro os sintomas costumam ser taquicardia, dores de cabeça, desarranjos intestinais, sensação de pressão no peito ou pescoço, e sensação de angustia e medo como se a pessoa fosse morrer ou enlouquecer, o que hoje chamamos de pânico. HIPOCONDRIA Chamamos de pânico na hipocondria quando o sujeito acredita que está prestes a adoecer, ele tem a convicção de que uma doença grave se desenvolve em seu corpo de forma silenciosa, mesmo que os médicos não identifiquem problemas, o neurótico tem certeza de que há uma doença em seu corpo. Freud percebeu que em certos casos esses sintomas também pareciam estar relacionados a outras neuroses. De fato, os quadros de neurose nem sempre são muitoespecíficos, pode haver uma mescla de sintomas que dificulta o diagnóstico. Como se relacionam com os mecanismos de defesa? Os mecanismos de defesa em suas manifestações corriqueiras são, por assim dizer, formas brandas de resistir e contornar nossos conflitos internos e nossas dificuldades de lidar com alguns aspectos da realidade externa. Já as neuroses são quadros realmente patológicos, na neurose os mecanismos de defesa operam no contexto de uma doença psíquica que precisa ser tratada, mas o neurótico felizmente é um sujeito que costuma perceber que precisa de ajuda. Pois na neurose geralmente é mantida uma ponte com a realidade, ou seja, o neurótico está em conflito com seu mundo interno, com seu ics, mas na maioria das vezes ele não cortou os laços com a realidade externa. Já o psicótico geralmente vive no mundo na psicose, ou seja, se o conflito neurótico é com seu mundo interno, o grande conflito do psicótico é com seu mundo externo, ele constrói uma realidade paralela que é a realidade da psicose. PSICOSE Ao contrário das neuroses que tem origem psíquica, ou seja, são patologias de ordem psicológica, as psicoses teriam origem orgânica, quer dizer, seriam doenças nas quais há um comprometimento neurofisiológico, por algum motivo certos grupos de neurônios estariam se relacionando de maneira anormal, alguns autores têm questionado se de fato essa diferenciação é sempre válida, mas é com ela que vamos trabalhar nesse momento. A neurose afeta pouco a personalidade e compromete pouco a autonomia intelectual. Já a psicose afeta profundamente a personalidade e compromete fortemente a autonomia intelectual. Se a neurose pode ser tratada pelo psicanalista e um psicólogo, a psicose por ser de ordem orgânica requer um médico psiquiatra. Se a neurose compromete a emoção, a psicose compromete a razão e a ação. Se o neurótico não costuma perder a ponte com a realidade, o psicótico geralmente a perde, por isso o neurótico normalmente está ciente da sua doença, enquanto o psicótico, geralmente não. Apesar de sempre imaginarmos o psicótico como um louco segurando uma faca prestes a nos atacar, a verdade é que a psicose nem sempre é tão evidente, o psicótico muitas vezes dorme tranquilamente na casa ao lado ou convive conosco no ambiente de trabalho. Podemos classificar as psicoses em 3 grandes grupos: paranóia, esquizofrenia e as alterações severas do humor. PARANOIA Na paranoia o grande sintoma é o delírio, por isso ela também é chamada de transtorno de personalidade delirante. Curiosamente na paranóia o delírio pode ser relativamente compatível com o dia a dia do psicótico, ou seja, seu delírio não necessariamente compromete o seu convívio social. O psicótico pode ter delírios de ciúmes, de grandeza, perseguição etc., e ainda assim conviver socialmente sem a necessidade der ser apartado, a não ser em casos extremos. ESQUIZOFRENIA A esquizofrenia por sua vez é mais desestruturante no que diz respeito às relações sociais. O esquizofrênico tende a estranhar a si mesmo, ou seja, parece haver um afastamento da própria personalidade e ele pode chegar ao ponto de não se reconhecer mais no espelho. o delírio na esquizofrenia frequentemente é incompatível com a realidade podendo haver inclusive a presença de alucinações. TRANSTORNOS DO HUMOR Nas alterações severas de humor, há um forte empobrecimento afetivo, sentimentos de apatia e desmotivação, parece haver um desaparecimento da energia e consequentemente da iniciativa. A pessoa pode permanecer inerte por horas em um canto qualquer da casa, alucinações olfativas como o cheiro de putrefação podem ser sentidas pelo psicótico nessa condição e levá-lo a acreditar que já está morto. NEUROSE DE TRANSFERÊNCIA A transferência é uma neurose universal, quase impossível escapar dela. É praticamente impossível escapar de ter pelo menos um pouquinho de cada uma das neuroses anteriores. Sintomas neuróticos leves fazem parte da normalidade, mas quando de forma exacerbada é importante tratar. A neurose de transferência faz parte do nosso cotidiano. Boa parte de nosso relacionamento envolve algum nível de transferência e pode ter um papel importante na educação. TRANSFERÊNCIA O termo transferência foi utilizado por freud em 1900 no livro “a interpretação dos sonhos”, neste livro ele afirma que parte dos acontecimentos que se desenrolam ao longo do dia são transferidos para os sonhos e retrabalhados pelo ics, muitas das imagens e situações experimentadas em sonhos são simplesmente frutos da transferência, ou seja, o ics, aquela parte submersa da mente transfere para essas imagens e situações as alegrias, tristezas e angústias vivências ao longo do dia como uma forma de retrabalhar nossas experiências. Os sonhos são uma forma inconsciente de lidar com as experiências diurnas. Mas freud também percebeu que assim como ics transfere os restos da experiência diurna para os sonhos, ele também faz outro tipo de transferência, neste outro tipo, o inconsciente dos pacientes transfere os sentimentos vividos em relacionamentos do passado para a pessoa do analista, então, a partir de um momento os pacientes começavam a depositar em freud sentimentos que eles tinham por seus pais, amigos, e outras pessoas do passado em um processo totalmente inconsciente. PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA Mas o processo de transferência desses afetos ocorre em diferentes relações e não apenas na relação paciente x analista. Ao longo da vida as pessoas transferem seus afetos vividos na infância para outras figuras que passam a ser depositárias desses afetos, é um processo ics de repetição de formas de se relacionar com as pessoas. (Transferência é um fenômeno que freud observou nos primórdios da psicanálise, ele percebeu que em todas as emoções e sentimentos que os pacientes estavam vivenciando no consultório na análise com ele, não eram dirigidos na verdade à ele, mas sim às primeiras figuras da infância daqueles pacientes. Então quando ele percebe que aquelas emoções e aquelas experiências não pertencem àquele momento atual, mas sim ao momento passado, ele dá esse nome de transferência; porque a própria palavra já traz o significado - é transportado do passado para o presente, das figuras do passado para a figura atual - essa é uma tendência que nós todos temos na verdade, os padrões de relacionamentos antigos/primitivos, nós temos a tendência de repeti-los, de se tornarem justamente padrões de relacionamento pela vida afora, então freud percebendo isso se deu conta de que isso poderia ser um instrumento para tratamento dessas nossas particulares neuroses.) De fato, freud percebeu que a transferência poderia ser uma porta para o tratamento dos conflitos que seus pacientes neuróticos apresentavam, na medida em que o analista se torna o depositário do afeto e da confiança do paciente, torna se facilitado o trabalho de dissolução dos conflitos que levaram o paciente a clínica. (O analista utiliza esse fenômeno da transferência para através de interpretações de fantasias e conflitos no ics ir se desfazendo esses nós que amarram o presente ao passado e perturbam tantos relacionamentos. Por exemplo, aquela pessoa que briga com todos os chefes, nos empregos que consegue; aquela outra que fica esperando a admiração de todo mundo, as relações com genitores, companheiros, com sócios, com chefes, também vão se tornando mais reais, menos permeáveis de projeções.) Mas não é só o analista que se torna objeto de transferência, repetidamente atualizamos os depositários dos nossos antigos afetos e padrões de relacionamento, um desses depositários é a figura do professor. Freud considerou por vários anos que a educação escolar poderia ser uma aliada poderosa da psicanálise, ele acreditava que uma educação voltada ao esclarecimento das questões sobre a sexualidade preveniria a instalação de muitas neuroses. No final de sua vida, contudo, ele já não acreditava muito nisso. Mas Anna Freud, sua filha, pensava diferente e se dedicou à difusão da teoria psicanalítica na formação de professores, como tempo os professores abandonaram esse estudo na psicanálise. PROFESSOR X ALUNO O processo de transferência é inconsciente, a gente não sabe como ele opera, mas em geral a transferência tem facilidade em ambientes nos quais o diálogo é uma constante, como em uma sala de aula. Reedição de afetos. APRENDIZAGEM Estudar passa a ser uma forma de investir nesse vínculo. O professor se torna um espaço de investimento para seus alunos. MANEJO Importante manejar a influência sobre seus alunos.