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Resumão Psicanálise

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RESUMÃO PSICANÁLISE
DETERMINISMO PSÍQUICO
Nossos processos mentais segundo Freud
ocorrem de forma encadeada, ou seja,
nenhum pensamento, sentimento ou
lembrança acontece isoladamente/por
acaso como se surgisse do nada. Mesmo
que às vezes alguns pensamentos ou
sensações pareçam surgir
espontaneamente, existem elos ocultos
que ligam esses eventos mentais a outros
que ocorreram antes.
De acordo com Freud, a vida mental se
desenvolve de forma contínua, mesmo
que as pessoas não estejam conscientes
dessa continuidade entre seus
pensamentos e sentimentos.
CONSCIENTE
O consciente é a parte da sua mente que
lida com todas as informações das quais
você está ciente em um dado momento.
Agora por ex o seu consciente está
ocupado em dedicar atenção a esse
vídeo em tentar estabelecer relações
entre as informações novas e as
informações que você já tinha sobre o
assunto, etc. O consciente agrega as
informações das quais você dirige sua
atenção de forma intencional num dado
momento. Mas o consciente é apenas a
ponta do iceberg. Ou seja, é uma
pequena parte da sua mente, existem
outras partes menos expostas às quais
Freud chamava de pré-consciente e
inconsciente.
PRÉ CONSCIENTE
O pré-consciente é uma porção do ics
que facilmente se torna consciente, então
ele seria o equivalente aquela parte do
iceberg que está imediatamente abaixo
no nível da água, e que é facilmente
acessível. Todas as suas memórias que
podem ser lembradas, ex nome do
cachorro de alguém. Memórias acessíveis.
O iceberg completo representa toda a
sua consciência: dividida em três partes.
INCONSCIENTE
Imagine o ics como a parte mais
submersa de um iceberg, lá ocorrem
processos mentais que nunca foram
conscientes e que não podem ser
acessados pelo consciente. A não ser em
situações excepcionais. É nesse lugar
inacessível que também fica aguardadas
as informações que foram excluídas do
consciente e que não podem ser
lembradas pois foram reprimidas ou
censuradas, como lembranças
traumáticas, podem ser enviadas para o
ics e permanecerem lá, influenciando
indiretamente a vida mental do indivíduo
sem jamais serem lembradas novamente.
Apesar de você não ter clareza sobre as
coisas que estão no ics, sempre que um
pensamento ou sentimento vier a mente
e parecer que ele não tem nenhuma
relação com os pensamentos ou
sentimentos anteriores, na verdade eles
estão relacionados sim, mas esses eles se
encontram no ics, já que não existem
descontinuidades na vida mental
segundo freud.
Um dos elementos que não podem ser
acessados pelo consciente são as
PULSÕES.
PULSÕES
Os termos pulsão, instinto e impulso, às
vezes são usados como sinônimos.
Todos temos pulsões, que são pressões ou
necessidades que nos dirigem a um
determinado fim, toda pulsão tem uma
fonte, uma finalidade, uma pressão e um
objeto.
Ex. Comparação entre a pulsão e a sede:
a sede tem uma fonte - necessidade de
líquidos para hidratar; tem uma
finalidade - reduzir essa necessidade até
que o organismo se satisfaça; pressão - é
a quantidade de energia que uma
pessoa emprega para satisfazer a sede,
depende da intensidade ou da urgência
da sede; o objeto - não é apenas o líquido,
mas tudo que alguém faz para satisfazer
a sede, por ex. Se levantar, ir à geladeira,
escolher um líquido e bebe lo.
A sede é uma necessidade fisiológica, já a
pulsão é uma necessidade psíquica, e ao
mesmo tempo orgânica, ela está ali na
fronteira entre o mental e o físico.
Toda a diversidade de pulsões foi
organizada por freud em dois tipos
básicos:
Pulsão de vida: é toda a demanda interna
que nos leva a buscar o prazer, a criar, a
realizar projetos.
Pulsão de morte: é aquela demanda que
nos conduz à busca do isolamento, da
estagnação e a atos de destruição e
morte.
Essas pulsões mantenedoras da vida e
incitadoras da morte residem em todos
nós em conflito permanente e não
resolvido, e a maior parte dos nossos
pensamentos e ações é resultado não de
apenas uma dessas forças mas de uma
combinação das duas.
ENERGIAS
Tanto a pulsão de vida quanto a de morte
tem fontes de energias distintas. Pulsão
de vida - libido, desejo, é a energia
empregada na manutenção da vida.
Pulsão de morte - sem nome, mas há uma
energia específica.
Sempre que você se dedica a construir
algo ou a levar adiante um projeto
importante, você está empregando uma
parte da sua libido nesse projeto,
enquanto você estiver envolvido e
empolgado aquela quantidade de energia
empregada torna-se indisponível para
outros objetivos, isso não quer dizer que
nada mais importe, pois é possível
distribuir níveis diferentes de libido para
diferentes objetivos, mas quanto mais
interesse mais níveis de energias estão
sendo investidos naquele projeto. Por isso,
em situações de luto nas quais as
pessoas perdem completamente o
interesse por suas ocupações normais,
parece haver uma retirada de libido
dessas atividades e uma aplicação
extrema de libido na pessoa que foi
perdida.
Como Freud entende a estrutura da
personalidade?
Freud percebeu que seus pacientes
apresentavam inúmeros conflitos
internos, e muitas vezes lidavam com tais
conflitos realizando certos acordos
psíquicos para tentar aliviar a ansiedade
gerada pelos conflitos. E manter algum
nível de conforto mental.
De acordo com Freud, a nossa PSIQUE ou
a nossa mente tem como principal meta
preservar ou recuperar um certo nível de
equilíbrio interno que lhe permita
minimizar o desprazer e maximizar o
prazer. Essa tarefa é levada a cabo pelo
relacionamento dinâmico entre os três
componentes básicos da psique: o ID, o
EGO e o SUPEREGO.
ID
O ID é a estrutura original da
personalidade, por isso é caótico,
desorganizado e sem forma, todo
conteúdo do id é ics, elementos que
jamais foram conscientes formam o ID -
forma caótica da personalidade.
(Instintos tempestuosos lutam para se
libertar, mas não acham um meio certo
pois foram trancados. Essa é a mente ics,
animalizado com todos os instintos
selvagens dentro dele. O comportamento
ics trata-se de um ics muito dinâmico,
muito mais plausível no contexto das
noções biológicas do corpo, era nosso
passado animal, e esse passado
evolucionário tem coisas incompatíveis
com a civilização moderna, mas não há
como fugir dele pois somos forçados a
herdar tudo isso do passado e a repetir. O
ics freudiano é vivo, poderoso, trancado e
perigoso; e é parte do pensamento do
século XIX sobre o organismo e a
evolução.)
Devido a essa natureza caótica, no ID
convivem por exemplo: desejos
contraditórios lado a lado sem que um
anule o outro, pois a lógica não se aplica
ao ID.
O ID também é a fonte de toda energia
das pulsões, as de vida e de morte. Em
verdade, tanto as energias quanto as
próprias pulsões fazem parte do ID, ele
busca a liberação constante de toda
energia, toda a tensão e toda a excitação.
Pode se dizer que o ID é como uma
criança mimada que desconsidera os
limites da realidade procurando a auto
satisfação de forma irracional e egoísta a
todo momento, sem inibições e não
tolerando frustrações. Lógica, valores ou
ética não significam nada para o ID.
EGO
O ego é uma estrutura da personalidade
que se desenvolve a partir do ID na
medida em que o bebê vai tomando
consciência de sua própria identidade. A
função do ego é a de procurar atender e
ao mesmo tempo aplacar as exigências
constantes do ID, preservando a saúde, a
segurança e a sanidade da psique, como
o ID é incapaz de lidar com a realidade
externa, o ego que é lógico e racional
cumpre essa função fazendo um meio de
campo entre o mundo interno e mundo
externo. A energia utilizada pelo ego é
extraída do ID.
O ego, segundo freud, se esforça pelo
prazer e tenta evitar o desprazer, mas ele
faz isso considerando as limitações e as
oportunidades que são postos pela
realidade externa, controlando as
exigências do ID e avaliando como
quando e se elas devem ser satisfeitas,
em poucas palavras, o ID funciona
segundo o princípio do prazer, o ego
funciona segundo o princípio da
realidade, separando o desejo da
fantasia.
SUPEREGO
O superego é uma estrutura que surge a
partir do EGO é tem a função de atuar
comoum juiz das ações e pensamentos
do ego, é no superego que residem os
códigos de conduta aprendidos no
convívio social, as inibições e os ideais, o
superego age no sentido de proibir ou
limitar certos pensamentos e atitudes.
A capacidade de auto observação é uma
característica do superego, uma vez que
ele age independente das pressões do ID
por satisfação, e das pressões do ego
(que a seu modo também está envolvido
na busca pelo prazer). O superego de
uma criança, segundo freud, se
desenvolve de acordo com o modelo do
superego de seus pais ou das pessoas
que a criaram, ou seja, todo o conteúdo
que ele abriga é derivado dos
julgamentos, valores e tradições
defendidos durante a criação e que
dessa forma são passados de geração a
geração.
O superego contém os ideais nobres
pelos quais lutamos, ele gera sentimento
de orgulho e amor próprio, por conta de
nossos bons comportamentos, mas
também gera sentimento de culpa e
inferioridade pelo comportamento
desaprovado. Às vezes o superego pode
atuar de maneira bem primitiva, severa e
inflexível com base em julgamentos preto
no branco ou tudo ou nada, em busca da
perfeição; e as pessoas podem se sentir
culpadas até mesmo por mesmo certos
pensamentos, mesmo que eles não
tenham provocado nenhuma ação.
Mas o superego também pode se
desenvolver no sentido da compreensão e
da flexibilidade, aprendendo a perdoar a
si mesmo ou aos outros quando percebe
que uma agressão foi fruto de um mal
entendido ou de uma situação de
extrema tensão.
Comparação dos três componentes
básicos da psique com a figura de um
homem montando sobre um cavalo:
• O cavalo seria o ID -> impulsivo e
cheio de energia
• O cavaleiro seria o ego -> cujo papel
é de proteger o ID e de intermediar
a relação entre seus desejos e a
realidade externa
• As rédeas são o superego - que
freiam, limitam ou redirecionam todo o
sistema
Freud considera que muitas vezes o ID
consegue sobrepujar o ego e levá-lo
aonde bem quer. De fato, Freud percebe
o ego como uma estrutura fraca, um
joguete nas mãos do ID, da realidade e do
superego.
RELAÇÃO DINÂMICA
O ego surge do ID para lidar de forma
realista com as exigências do ID,
considerando a realidade externa. O
superego por sua vez emerge do ego
como um freio moral, um juiz que controla
a flexibilidade do ego.
O ics abriga os elementos que constituem
o ID, ou seja, o ID é totalmente
inconsciente. Já o ego e o superego são
formados por processos e elementos que
habitam o consciente, o pré-consciente,
mas também o inconsciente, logo, eles
são parcialmente inconscientes.
(Freud percebeu e formulou que o homem
era movido por várias forças, forças
instintivas e pulsionais que ele chamou
de ID - que seria algo da ordem da
natureza. O superego o “supereu” é a
consciência moral que nos diz como
temos ou não quer ser. E o ego ou “eu” é o
produto final disso tudo, é a instância que
fica tentando dar conta das pressões do
ID, das ordens do superego e das
exigências da realidade externa.
O bebê é ID puro na natureza e em
contato com o mundo ele vai aprendendo
por identificações, como um espelho, um
mundo dizendo pra ele como ele é -> essa
é a formação do ego, do “eu”. Ele também
vai aprendendo como ele deve ser
através da educação, ele aceita aquilo
porque ele precisa e quer o amor da mãe
e do pai. Em um momento seguinte isso é
introjetado, é internalizado, nesse
momento a criança e depois o adulto não
pensa mais “eu preciso fazer isso pela
mamãe”, ele pensa “eu, pra me amar, eu
preciso fazer isso”.
O supereu/superego tem um lado ideal
-ideal do eu- que são as nossas
expectativas de performance -ex: eu vou
ser uma grande pianista, geralmente a
partir do que os pais queriam- e as
ordens morais -exigências muito severas
com um superego muito tirânico- é
exaustivo e conflituoso tanto do ponto de
vista das ideais “tenho que ser a melhor
aluna” tanto do ponto de vista das
repressões sociais).
ANSIEDADE
Tensão entre as pulsões que o ID deseja
realizar e as limitações são impostas pela
realidade externa. Afinal o mundo não
existe só para atender aos caprichos do
ID, então muitas demandas precisam ter a
satisfação adiada por muito tempo ou
precisam mesmo ser frustradas. Outra
vezes as pulsões do ID podem ser
canalizadas para objetos diferentes do
objeto original, por exemplo, desejos de
agressão podem ser canalizadas para o
box ou outro tipo de luta corporal, isso é
possível porque as pulsões apresentam
características mutáveis, flexíveis, fluidas
e podem ser gratificadas de formas
alternativas.
Contudo para uma pulsão ser inibida
pode ser necessário um gasto de energia
muito grande, resultando em cansaço,
aborrecimento, e um estado emocional
doloroso como a ansiedade (onde existe
uma sensação de perigo iminente -
diferente do medo).
A ansiedade para freud pode ser
resultado de libido contida, ou seja, de
pulsões não realizadas, ou podem ser
resultados de experiências traumáticas.
Por exemplo, uma criança pode ser
punida por realizar um ato, e quando
chegar à idade adulta pode experimentar
a ansiedade ao se sentir inclinada a
realizar um ato semelhante, ainda que a
pessoa não se lembre mais da punição.
Assim, a ansiedade na visão de freud é
resultado do conflito entre as inclinações
do ID e a ameaça de punição do
superego; resumindo, o ID sente ou deseja
algo e o superego reprova -> e em
consequência instala-se no ego a
desconfortável sensação de medo como
se a punição estivesse prestes a
acontecer; para se livrar dessa sensação
o ego cria mecanismos de defesa.
MECANISMOS DE DEFESA
São estratégias que o ego coloca em
ação para evitar entrar em contato com
aqueles aspectos da personalidade que
são reprovados pelo superego e que por
isso podem gerar ansiedade. Mas quando
a realidade externa é o que nos
amedronta, alguns desses mecanismos
também são usados.
PROJEÇÃO
A projeção é um dos mecanismos mais
comuns, ela ocorre quando uma pessoa
aponta nos outros as inclinações que
existem nela e que o superego considera
reprováveis. Por exemplo, uma pessoa
invejosa pode acreditar que foi mal
atendida em uma loja porque a atendente
estava com inveja dela, em geral os
preconceitos como o racismo e a
homofobia estão baseados em projeções,
um grupo de pessoas projeta em outro
grupo seus próprios impulsos e
características inaceitáveis. Pela projeção
as inclinações internas e inaceitáveis são
projetadas para fora e vistas como
externas.
FORMAÇÃO REATIVA
A formação reativa ocorre quando uma
pessoa tem inclinações para um
comportamento que ela considera
reprovável, então adota um
comportamento que representa
exatamente o oposto daquela inclinação.
Ou seja, utiliza-se uma máscara social
não apenas para convencimento dos
outros, mas principalmente para o auto
convencimento. Em geral, a formação
reativa só é percebida quando ela falha,
quando a máscara cai; por exemplo,
quando se descobre que uma pessoa
extremamente moralista abusa de
pessoas indefesas, ou quando um homem
conhecido por ser meigo e sensível
comete um assassinato brutal.
RACIONALIZAÇÃO
Na racionalização uma ação inaceitável
que foi cometida é reconhecida, mas a
intenção por trás da ação não. É o caso
do agente público corrupto, que aceita
suborno, mas que se justifica dizendo que
foi obrigado a aceitá-lo; ele reconhece o
ato corrupto, mas nega a intenção, dessa
forma o comportamento é interpretado
como aceitável ou até como inevitável,
escapando a desaprovação do superego.
NEGAÇÃO
A negação pode acontecer de duas
maneiras: negação da realidade ou
negação de um pensamento ou desejo.
• Negação da realidade: um evento
frustrante ou doloroso, como a
morte de um ser querido, é negado
como forma de se proteger
psicologicamente daquela dor.
• Negação de um pensamento ou
desejo: a pessoa se recusa a admitir
o que sente, ela pode dizer furiosa
que não está com raiva, mesmo
sendo evidente. Ou nega que quer
um objeto que não pode ter ou que
a posse seria considerada
socialmente reprovável.
ISOLAMENTO
No isolamento há uma separação entre
pensamento e emoção, assim o conteúdo
emocional de uma lembrança ou de um
desejopode ser separado da lembrança
ou do desejo propriamente ditos. Por
exemplo, alguém pode experimentar o
desejo ou a fantasia de agredir seu
próprio irmão sem experimentar o
conteúdo emocional perturbador que
acompanha esse desejo. O complexo de
madonna-prostituta é outro exemplo, é
quando homens separam as mulheres em
duas categorias, as que devem ser
amadas e não podem fazer sexo e
aquelas com quem podem apenas fazer
sexo, mas não podem ama-las. Freud diz
que esses homens sofrem de impotência
psíquica pois são incapazes de manter a
excitação sexual em uma relação na qual
existe compromisso afetivo.
DESLOCAMENTO
No deslocamento nós redirecionamos um
impulso agressivo para um objeto que
não seja ameaçador, por exemplo, após
levar uma bronca do chefe você pode
redirecionar sua agressividade gritando
com o cachorro ao chegar em casa.
REGRESSÃO
Na regressão nós retrocedemos a um tipo
de comportamento mais primitivo como
forma de evitar a ansiedade. Freud fazia
uma analogia entre a regressão e as
águas de um rio que de repente se
deparam com um obstáculo difícil de ser
transposto, as águas retornam e voltam a
correr por antigos canais que já tinham
secado, a pessoa que devora um pote de
sorvete depois de uma discussão está
regredindo à fase oral do
desenvolvimento, na qual se sentia mais
protegida e feliz.
SUBLIMAÇÃO
Na sublimação uma pulsão é canalizada
por um objeto diferente do original,
geralmente um objeto considerado
culturalmente superior. No filme frozen a
elsa canaliza sua agressividade para
construir um castelo de gelo ao invés de
ferir as pessoas, na sublimação ao invés
da pulsão ser enfrentada ela é orientada
para finalidades belas e nobres; alguém
que tem pulsões agressivas destrutivas
podem sublimá-las tornando-se um
grande lutador de boxe.
De acordo com Freud a essência da
civilização está na capacidade de
sublimação, ou seja, canalizar as energias
sexuais e destrutivas para finalidades
nobres como a literatura, as artes, a
arquitetura, a ciência e todas as demais
conquistas civilizatórias. Para freud, sem
a sublimação ainda estaríamos na idade
da pedra, gratificando nossas pulsões
com sexo e pancadaria.
RECALQUE
O recalque em alguns textos é traduzido
como repressão. É um mecanismo de
defesa fundamental e o mais estudado
por Freud. No recalque o pensamento,
sentimento ou desejo inaceitável é
simplesmente descartado para o ics, o
que requer os gastos de energia
permanente para manter o indesejável
longe da consciência.
(Porque será que todas essas coisas que
ficam recalcadas no ics como a gente diz
em psicanálise não aparecem todo
tempo pra gente na consciência? Porque
existe essa instância psíquica que é um
instância que censura os traços de
memória que trouxeram sofrimento
anteriores para que eles não possam ficar
o tempo inteiro convivendo com a gente
na nossa vida desperta. Com o objetivo de
nos proteger do sofrimento que a gente já
viveu. Então a gente pode pensar que o
uso que a gente faz cotidiano do
recalcado é exatamente o contrário do
que a psicanálise quer dizer. O problema
é que o psiquismo funciona o tempo
inteiro e o ics fica o tempo inteiro
tentando trazer aquelas ideias recalcadas
para a consciência, o nosso recalque,
essa instância psíquica, ela é sempre um
pouco falha, por tanto, nós sofremos de
angústia, porque não somos muito bem
recalcados.)
O recalque é em si um mecanismo de
defesa, mas ele também tem um papel
coadjuvante em todos os demais
mecanismos de defesa do ego, ou seja,
sem uma dose de recalque, os outros
mecanismos não conseguem operar de
maneira eficaz, nós estamos o tempo
inteiro fazendo o uso de uma mescla de
todas essas defesas.
FASES PSICOSSEXUAIS
Freud em sua obra descreve as fases
psicossexuais pelas quais os indivíduos
passam pelo seu desenvolvimento físico e
mental. Ele foi duramente criticado pois
afirmou que as crianças tinham
sexualidade. O que ele afirma é que na
medida em que a criança amadurece ela
vai desejando coisas diferentes e
encontrando formas diferentes de
gratificar esses desejos. Há um misto de
necessidades fisiológicas, descobertas e
fantasias na psique infantil e não a
sexualidade que existe no adulto.
FASE ORAL
Na fase oral que vai do nascimento até 2
anos. A zona erógena do bebê é a boca,
porque é a área na qual se concentra as
necessidades do bebê e suas
gratificações. Não tem nada a ver com a
sexualidade do adulto. As necessidades
básicas do bebê são a sede e a fome,
então ao receber o alimento essas
tensões são aliviadas. Adicionalmente ao
receber o alimento o bebê também é
confortado, aninhado e acalentado pelo
adulto que o alimenta, logo, o bebê
associa o ato de alimentação à redução
da tensão alimentar e a sensação de
prazer gerada pelo contato afetuoso do
adulto. A boca será a primeira parte do
corpo que o bebê aprenderá a controlar e
é pra ela que ele dirigirá toda a sua libido
(energia que alimenta a pulsão da vida),
então tudo o que o bebê faz com a boca
(comer morder beber sugar) gera prazer
e satisfação, por isso, ainda que o bebê
esteja alimentado ele ainda deseja sugar
objetos por causa da pulsão, a fome que
é uma necessidade orgânica já foi
satisfeita, mas a pulsão que é um
necessidade orgânica e psíquica nunca é
saciada.
FASE ANAL
Entre os dois e os quatro anos, a criança
passa pela fase anal, é nessa fase que ela
aprende a controlar os esfíncteres e a
bexiga. A expulsão das fezes pelos anus
gera prazer, mas ela também pode sentir
prazer em reter as fezes. O que cria uma
espécie de conflito, por um lado, eliminar
as fezes é prazeroso, por outro lado,
existe a necessidade social de controlar
essa eliminação até chegar ao local
adequado. Esse é um dos primeiros
conflitos entre um indivíduo e as
exigências da vida social que a criança
experimenta, ela quer sentir o prazer da
evacuação, mas ela não pode fazer isso a
qualquer hora e nem em qualquer lugar.
Ao mesmo tempo ela percebe que quanto
mais controle fisiológico ela adquire, mais
ela é elogiada pelos adultos. Nessa fase a
criança pode controlar a evacuação
como forma de obter elogios, mas
também pode não controlar de propósito
e evacuar onde não deve como forma de
chamar atenção. Pode ser confuso para
a criança perceber que os adultos a
elogiam por controlar a evacuação, mas
ao mesmo tempo consideram que ir ao
banheiro é algo sujo e que deve ser feito
de forma discreta. Como ela pode ser
elogiada e ao mesmo tempo ver que suas
fezes são indesejadas(?).
FASE FÁLICA
Por volta dos 4 anos. Nessa fase a criança
se dá conta que tem um pênis ou de que
lhe falta um. Os genitais passam a
concentrar todas as tensões e atenções
da criança. Meninos começam a ter
ereções e isso leva a um maior interesse
pela região genital, e ao se darem conta
que as fêmeas não tem pênis, os meninos
experimentam a chamada ansiedade de
castração que é o medo de perder o
pênis. Nessa fase as crianças começam a
sentir ciúmes da atenção que seus pais
dão um ao outro em vez de dar a eles. O
menino começa a enxergar o pai como
um rival pelo afeto da mãe, o que leva ao
chamado complexo de Édipo.
COMPLEXO DE ÉDIPO
Segundo a peça de Sófocles, o
personagem Édipo mata seu pai
desconhecendo sua identidade e mais
tarde casa-se com a mãe. Ao descobrir a
identidade de quem matou e da mulher
com quem casou, Édipo arranca os
próprios olhos.
Para Freud, o complexo de édipo que
emerge na fase fálica, o menino fantasia
matar o pai e casar-se com a mãe, ao
mesmo tempo ele acredita que seu pai
também o vê como rival e que por isso ele
poderá ser castrado pelo pai e ficar
inofensivo. Ansiedade de castração. O
menino ainda quer a atenção e amor do
pai e também enxerga a mãe como rival.
O amor e o temor por ambos os pais, a
ansiedade de castração, e o desejo pela
mãe, nunca poderão ser resolvidos por
completo. Por isso ele é recalcado. Na
infância todo esse complexo é descartado
para o ics evitando que ele apareça e
que a criança pense ou reflita a respeito
dele. Reprimir o complexo de édipo é uma
das primeiras tarefas do superego.
A menina passa por um conflito
semelhante, ela amae deseja a mãe, mas
como ela acredita que perdeu o pênis por
culpa da mãe, desenvolve-se a inveja do
pênis e o seu objeto de desejo e amor
passa a ser o pai. Ela fantasia que se
tiver um filho com o próprio pai
compensará seu órgão castrado. Como
ela acredita que já foi castrada, não tem
mais nada a perder. Logo, não tem a
ansiedade de castração que o menino
tem e que o ajuda a inibir o complexo de
édipo, e por isso a repressão pelos seus
sentimentos pelo pai é menos total nas
meninas, o que faz com que elas passem
mais tempo na situação edipiana. Após
aos 5 anos o apego aos pais costuma ser
resolvido.
LATÊNCIA
Entre os 5 anos e o início da puberdade
(12 anos). A criança está no período de
latência, ou seja, um período no qual os
desejos sexuais não resolvidos na fase
anterior, são reprimidos pelo superego. De
acordo com Freud, durante a latência a
sexualidade não avança de fato, ele
afirma que os anseios sexuais perdem
vigor e são temporariamente
abandonados, e também é durante a
latência que o ego desenvolve moralidade
e as atitudes de vergonha e repulsa.
FASE GENITAL
Com o início da puberdade começa a fase
genital, quando a libido retorna aos
órgãos genitais, nesse período os
indivíduos já estão cientes de suas
diferenças sexuais e buscam formas de
satisfazer suas necessidades eróticas. É
na fase genital que o desejo sexual se
torna adulto. Sentimentos edipianos que
não tenham sido resolvidos na fase fálica
podem retornar na fase genital e
assombrar a vida psíquica de alguns
adolescentes, sendo responsáveis por
parte das turbulências vividas nessa
etapa da vida.
Na visão de Freud, todos os indivíduos
que conseguirem progredir pelas
diferentes fases do desenvolvimento,
resolvendo os conflitos de forma
satisfatória, se tornarão adultos
psicologicamente saudáveis.
FIXAÇÃO
A fixação é o que ocorre quando uma
pessoa não consegue avançar
normalmente de uma fase para outra.
Permanecendo muito envolvida com
formas de gratificação mais simples ou
infantis. Pessoas que fumam demais ou
comem demais ou mascam muito chiclete,
podem ter fixação na fase oral. Ou seja,
sua maturação psicológica pode não ter
sido completa. O mesmo pode ser dito
das pessoas viciadas em fofoca. Já as
pessoas obcecadas por ordem,
parcimônia e obstinação podem ter
sofrido experiencias difíceis durante a
fase anal, resultando em uma fixação por
limpeza e organização de maneira
exagerada.
NEUROSE
Termo criado por William Cullen em
1769 para se referir a doenças
nervosas que geram distúrbios na
personalidade. -> Concepção
freudiana (nosso caso)
Para Freud, neurose é um distúrbio
psíquico e sua causa está no recalque
imperfeito de desejos que foram
censurados. Esses desejos que foram
aprisionados no ics procuram meios de se
manifestar. E esses meios acabam sendo
justamente os sintomas neuróticos.
Porque o ego é incapaz de lidar com
esses desejos reprimidos sem sofrer, então
quando fragmentos desses desejos
conseguem driblar o recalque e voltar a
consciência, eles precisam ser
mascarados como outra coisa. Essa
máscara é justamente o sintoma
neurótico e ele pode se apresentar de
diferentes formas.
DESEJOS REPRIMIDOS
Inicialmente: Lembranças de abusos
sexuais sofridos na infância -> teoria da
sedução - que afirmava que as raízes das
neuroses se encontravam em experiências
sexuais traumáticas na infância.
Mas na medida em que Freud avançou,
ele percebeu que aquelas lembranças
eram na verdade fantasias. Seus
pacientes não tinham sido abusados, eles
estavam trazendo novamente a
consciência seus próprios desejos sexuais
infantis que tinham sido recalcados por
medo, culpa e vergonha. Por terem sido
recalcados esses desejos apareciam
distorcidos ao longo da terapia como se
fossem experiências traumáticas nas
quais os pacientes se percebiam como
vítimas de um abuso.
É importante entendermos que na
psicanálise o termo sexualidade não se
refere apenas ao ato sexual, mas também
ao universo dos afetos, logo desejos
sexuais incluem além dos prazeres
genitais, o desejo de ser amado, de ser
reconhecido e o amor fraternal, por
exemplo: bebê que sente prazer sexual ao
ser alimentado, não é de ordem genital, a
sexualidade do bebê está relacionada à
satisfação da tensão alimentar e ao afeto
que ele recebe do adulto durante esse
ato de satisfação. O registro dessa
satisfação que é simultaneamente
fisiológica e efetiva está na base da
sexualidade humana, assim a sexualidade
infantil envolve uma gama enorme de
sensações, afetos, descobertas e
fantasias. Por isso o desejo sexual infantil
não é obrigatoriamente um desejo
relacionado ao ato sexual em si, mas a
um universo de anseios muito mais
abrangente.
A neurose, portanto, é resultado de
desejos infantis que foram interditados,
esquecidos e mais tarde se manifestam
através de alguns sintomas, cada
conjunto de sintomas caracterizam um
tipo diferente de neurose.
NEUROSE HISTÉRICA
Inicialmente acreditavam que apenas as
mulheres poderiam ser histéricas pois
seria uma doença do útero, contudo,
Charcot e Freud perceberam que os
sintomas da histeria pareciam tanto em
mulheres quanto em homens. Na neurose
histérica ou neurose de conversão, um
sentimento ou desejo permanece
reprimido no ics mas mesmo não sendo
mais lembrado ele provoca sintomas
físicos, como dores corporais, paralisia,
cegueira, surdez, ou seja, os sintomas
convergem para todo o corpo.
NEUROSE OBSESSIVA
Segundo freud, na neurose obsessiva o
pensamento ou desejo que foi recalcado
permanece no ics mas a emoção atrelada
a ele escapa para o consciente, essa
emoção será atrelada a outras ideias que
então se tornam obsessivas, e será
preciso repetir exaustivamente essas
ideias na tentativa vã de satisfazer o
desejo original recalcado. Por isso na
neurose obsessiva é comum que o
neurótico tenha apego a certos rituais
que ele não consegue deixar de manter
como de verificar 15 vezes se cada
fechadura está trancada.
NEUROSE FÓBICA
Na neurose fóbica a pessoa desenvolve
medos irracionais, por exemplo, alguém
pode ter pavor de passear de barco, de
subir em escada rolante, ou até de
gatinhos fofos, mesmo sem ter nenhum
motivo para considerar essas coisas
como ameaças, nesses casos, o
sentimento de trauma relacionado ao
desejo recalcado é deslocado para um
novo objeto. Na fobia, o neurótico se
sente muito embaraçado pois ele sabe
racionalmente que esses objetos ou
situações não representam ameaça, mas
não consegue controlar suas reações de
medo que podem incluir até mesmo um
desmaio.
NEUROSE ATUAL
As neuroses atuais são aquelas
relacionadas a problemas na vida sexual
adulta, e não em desejos infantis
reprimidos. Entendendo a vida sexual
adulta não apenas como o ato sexual,
mas também como um universo mais
amplo de afetos, desejos e realizações,
ou seja, o universo das pulsões. Vejamos
os três tipos de neuroses atuais.
NEURASTENIA
A pessoa desenvolve um comportamento
intolerante a estímulos que normalmente
deveriam ser tolerados sem grandes
dramas como uma música alta na festa
de aniversário do vizinho, ou uma reunião
que foi desmarcada de última hora, até
mesmo uma opinião divergente sobre um
assunto qualquer. Enfim, o neurastênico
está sempre predisposto a um ato de
cólera e indignação, Freud percebeu que
a neurastenia ocorria preferencialmente
em homens.
NEUROSE DE ANGÚSTIA
Já a neurose de angústia acontece mais
frequentemente nas mulheres. Nesse
quadro os sintomas costumam ser
taquicardia, dores de cabeça,
desarranjos intestinais, sensação de
pressão no peito ou pescoço, e sensação
de angustia e medo como se a pessoa
fosse morrer ou enlouquecer, o que hoje
chamamos de pânico.
HIPOCONDRIA
Chamamos de pânico na hipocondria
quando o sujeito acredita que está
prestes a adoecer, ele tem a convicção de
que uma doença grave se desenvolve em
seu corpo de forma silenciosa, mesmo
que os médicos não identifiquem
problemas, o neurótico tem certeza de
que há uma doença em seu corpo.
Freud percebeu que em certos casos
esses sintomas também pareciam estar
relacionados a outras neuroses. De fato,
os quadros de neurose nem sempre são
muitoespecíficos, pode haver uma mescla
de sintomas que dificulta o diagnóstico.
Como se relacionam com os mecanismos
de defesa?
Os mecanismos de defesa em suas
manifestações corriqueiras são, por assim
dizer, formas brandas de resistir e
contornar nossos conflitos internos e
nossas dificuldades de lidar com alguns
aspectos da realidade externa. Já as
neuroses são quadros realmente
patológicos, na neurose os mecanismos
de defesa operam no contexto de uma
doença psíquica que precisa ser tratada,
mas o neurótico felizmente é um sujeito
que costuma perceber que precisa de
ajuda. Pois na neurose geralmente é
mantida uma ponte com a realidade, ou
seja, o neurótico está em conflito com seu
mundo interno, com seu ics, mas na
maioria das vezes ele não cortou os laços
com a realidade externa.
Já o psicótico geralmente vive no mundo
na psicose, ou seja, se o conflito neurótico
é com seu mundo interno, o grande
conflito do psicótico é com seu mundo
externo, ele constrói uma realidade
paralela que é a realidade da psicose.
PSICOSE
Ao contrário das neuroses que tem
origem psíquica, ou seja, são patologias
de ordem psicológica, as psicoses teriam
origem orgânica, quer dizer, seriam
doenças nas quais há um
comprometimento neurofisiológico, por
algum motivo certos grupos de neurônios
estariam se relacionando de maneira
anormal, alguns autores têm questionado
se de fato essa diferenciação é sempre
válida, mas é com ela que vamos
trabalhar nesse momento.
A neurose afeta pouco a personalidade e
compromete pouco a autonomia
intelectual. Já a psicose afeta
profundamente a personalidade e
compromete fortemente a autonomia
intelectual. Se a neurose pode ser tratada
pelo psicanalista e um psicólogo, a
psicose por ser de ordem orgânica requer
um médico psiquiatra. Se a neurose
compromete a emoção, a psicose
compromete a razão e a ação. Se o
neurótico não costuma perder a ponte
com a realidade, o psicótico geralmente
a perde, por isso o neurótico
normalmente está ciente da sua doença,
enquanto o psicótico, geralmente não.
Apesar de sempre imaginarmos o
psicótico como um louco segurando uma
faca prestes a nos atacar, a verdade é que
a psicose nem sempre é tão evidente, o
psicótico muitas vezes dorme
tranquilamente na casa ao lado ou
convive conosco no ambiente de
trabalho. Podemos classificar as psicoses
em 3 grandes grupos: paranóia,
esquizofrenia e as alterações severas do
humor.
PARANOIA
Na paranoia o grande sintoma é o delírio,
por isso ela também é chamada de
transtorno de personalidade delirante.
Curiosamente na paranóia o delírio pode
ser relativamente compatível com o dia a
dia do psicótico, ou seja, seu delírio
não necessariamente compromete o seu
convívio social. O psicótico pode ter
delírios de ciúmes, de grandeza,
perseguição etc., e ainda assim conviver
socialmente sem a necessidade der ser
apartado, a não ser em casos extremos.
ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia por sua vez é mais
desestruturante no que diz respeito às
relações sociais. O esquizofrênico tende a
estranhar a si mesmo, ou seja, parece
haver um afastamento da própria
personalidade e ele pode chegar ao
ponto de não se reconhecer mais no
espelho. o delírio na esquizofrenia
frequentemente é incompatível com a
realidade podendo haver inclusive a
presença de alucinações.
TRANSTORNOS DO HUMOR
Nas alterações severas de humor, há um
forte empobrecimento afetivo,
sentimentos de apatia e desmotivação,
parece haver um desaparecimento da
energia e consequentemente da iniciativa.
A pessoa pode permanecer inerte por
horas em um canto qualquer da casa,
alucinações olfativas como o cheiro de
putrefação podem ser sentidas pelo
psicótico nessa condição e levá-lo a
acreditar que já está morto.
NEUROSE DE TRANSFERÊNCIA
A transferência é uma neurose universal,
quase impossível escapar dela. É
praticamente impossível escapar de ter
pelo menos um pouquinho de cada uma
das neuroses anteriores. Sintomas
neuróticos leves fazem parte da
normalidade, mas quando de forma
exacerbada é importante tratar.
A neurose de transferência faz parte do
nosso cotidiano. Boa parte de nosso
relacionamento envolve algum nível de
transferência e pode ter um papel
importante na educação.
TRANSFERÊNCIA
O termo transferência foi utilizado por
freud em 1900 no livro “a interpretação dos
sonhos”, neste livro ele afirma que parte
dos acontecimentos que se desenrolam
ao longo do dia são transferidos para os
sonhos e retrabalhados pelo ics, muitas
das imagens e situações experimentadas
em sonhos são simplesmente frutos da
transferência, ou seja, o ics, aquela parte
submersa da mente transfere para essas
imagens e situações as alegrias, tristezas
e angústias vivências ao longo do dia
como uma forma de retrabalhar nossas
experiências. Os sonhos são uma forma
inconsciente de lidar com as experiências
diurnas.
Mas freud também percebeu que assim
como ics transfere os restos da
experiência diurna para os sonhos, ele
também faz outro tipo de transferência,
neste outro tipo, o inconsciente dos
pacientes transfere os sentimentos
vividos em relacionamentos do passado
para a pessoa do analista, então, a partir
de um momento os pacientes começavam
a depositar em freud sentimentos que
eles tinham por seus pais, amigos, e
outras pessoas do passado em um
processo totalmente inconsciente.
PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA
Mas o processo de transferência desses
afetos ocorre em diferentes relações e
não apenas na relação paciente x
analista. Ao longo da vida as pessoas
transferem seus afetos vividos na infância
para outras figuras que passam a ser
depositárias desses afetos, é um processo
ics de repetição de formas de se
relacionar com as pessoas.
(Transferência é um fenômeno que freud
observou nos primórdios da psicanálise,
ele percebeu que em todas as emoções e
sentimentos que os pacientes estavam
vivenciando no consultório na análise
com ele, não eram dirigidos na verdade à
ele, mas sim às primeiras figuras da
infância daqueles pacientes. Então
quando ele percebe que aquelas
emoções e aquelas experiências não
pertencem àquele momento atual, mas
sim ao momento passado, ele dá esse
nome de transferência; porque a própria
palavra já traz o significado - é
transportado do passado para o
presente, das figuras do passado para a
figura atual - essa é uma tendência que
nós todos temos na verdade, os padrões
de relacionamentos antigos/primitivos,
nós temos a tendência de repeti-los, de se
tornarem justamente padrões de
relacionamento pela vida afora, então
freud percebendo isso se deu conta de
que isso poderia ser um instrumento para
tratamento dessas nossas particulares
neuroses.)
De fato, freud percebeu que a
transferência poderia ser uma porta para
o tratamento dos conflitos que seus
pacientes neuróticos apresentavam, na
medida em que o analista se torna o
depositário do afeto e da confiança do
paciente, torna se facilitado o trabalho
de dissolução dos conflitos que levaram o
paciente a clínica.
(O analista utiliza esse fenômeno da
transferência para através de
interpretações de fantasias e conflitos no
ics ir se desfazendo esses nós que
amarram o presente ao passado e
perturbam tantos relacionamentos. Por
exemplo, aquela pessoa que briga com
todos os chefes, nos empregos que
consegue; aquela outra que fica
esperando a admiração de todo mundo,
as relações com genitores, companheiros,
com sócios, com chefes, também vão se
tornando mais reais, menos permeáveis
de projeções.)
Mas não é só o analista que se torna
objeto de transferência, repetidamente
atualizamos os depositários dos nossos
antigos afetos e padrões de
relacionamento, um desses depositários é
a figura do professor. Freud considerou
por vários anos que a educação escolar
poderia ser uma aliada poderosa da
psicanálise, ele acreditava que uma
educação voltada ao esclarecimento das
questões sobre a sexualidade preveniria a
instalação de muitas neuroses. No final de
sua vida, contudo, ele já não acreditava
muito nisso. Mas Anna Freud, sua filha,
pensava diferente e se dedicou à difusão
da teoria psicanalítica na formação de
professores, como tempo os professores
abandonaram esse estudo na
psicanálise.
PROFESSOR X ALUNO
O processo de transferência é
inconsciente, a gente não sabe como ele
opera, mas em geral a transferência tem
facilidade em ambientes nos quais o
diálogo é uma constante, como em uma
sala de aula. Reedição de afetos.
APRENDIZAGEM
Estudar passa a ser uma forma de
investir nesse vínculo. O professor se
torna um espaço de investimento para
seus alunos.
MANEJO
Importante manejar a influência sobre
seus alunos.