Buscar

Perícia em Nascituros e Bebês

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MEDICINA LEGAL 
1 
 
AULA 5 
PERÍCIA EM NASCITUROS 
 
Na aula de hoje iremos aprender sobre quem é o nascituro, seus direitos e a 
perícia em nascituros e bebês, bem como o aspecto legal e criminal dos delitos que 
envolvam o nascituro, natimorto e os bebês. 
 
A expressão “nascituro” decorre do código civil que estabelece que “A 
personalidade civil do homem começa com o nascimento com vida, mas a lei põe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.” 
 
Nascituro é, então aquele ser que foi concebido e ainda não nasceu. É o bebê que 
encontrasse no ventre materno e já tem um conjunto de direitos, como a vida, mas que 
ainda não nasceu. Esse entendimento da lei brasileira, inclusive, é o que justifica 
constituir crime o aborto, pois sub entende-se que aquele organismo na barriga da mãe 
tem uma expectativa de direito à vida, que se concretizará com o nascimento, e por 
isso, não poderá ter a vida interrompida, a não ser nos casos que veremos a seguir. 
Aborto legal 
Existem situações concretas em que a vida da gestante se encontra em risco e o 
aborto é a única medida a ser tomada para poupar a morte dessa gestante. O código 
penal estabelece no artigo 128 que não será considerado crime o aborto médico ou o 
aborto necessário nos casos de perigo de vida da gestante ou quando a gravidez resultou 
de estupro. 
Aborto criminoso 
A lei penal classifica o aborto entre os crimes contra a vida e diz que: 
 
• É crime provocar aborto em si mesma ou permitir que outro lhe provoque e a 
pena prevista é a de detenção de 1 a 3 anos. 
 
• Já o indivíduo que provoca o aborto da gestante, sem o consentimento da mesma 
sofrerá uma pena de 3 a 10 anos. 
 
MEDICINA LEGAL 
2 
 
 
O código penal diz ainda que será imputado ao agente a pena de reclusão de 1 a 
4 anos àquele que provocar aborto com o consentimento da gestante. 
 
Será aplicada essa mesma pena se a gestante é menor de 14 anos, ou é alienada 
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, violência ou grave 
ameaça. 
 
Ainda está previsto que serão aumentadas em um terço as penas se em 
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofrer 
lesão de natureza grave. 
 
Caso a gestante venha a óbito, as penas serão duplicadas. 
 
Se o aborto for provocado pela ingestão de substâncias tóxicas abortivas o 
organismo da mulher poderá sofrer desde os simples efeitos da intoxicação até o efeito 
letal. 
 
Já os abortos em que se empregam meios mecânicos para a retirada do feto 
podem ocorrer efeitos colaterais como embolias gasosas, perfurações de útero, lesões 
das alças intestinais, tétano e infecções hospitalares. 
Quiz: 
1. O médico está autorizado a praticar o aborto com conhecimento da gestante 
ou de seu representante legal (artigo 128, inciso II, do Código Penal), 
quando a gestante for vítima de estupro: 
 
a) após estar convencido de que tal circunstância tenha ocorrido; 
 
b) após o registro do fato na Delegacia de Polícia; 
 
c) após o oferecimento da Denúncia contra o autor do fato; 
 
d) após a condenação do autor do fato; 
 
e) após a condenação transitada em julgado em face do autor do fato. 
 
Para responder à questão deve ser considerado o que diz o Ministério da Saúde 
1.145/05 que explica que não é necessária a existência de boletim de ocorrência para a 
realização do aborto sentimental. 
 
MEDICINA LEGAL 
3 
 
A lei não exige que haja condenação prévia do autor da violência sexual, que 
haja ação penal em curso, autorização judicial, ou, ainda, que exista instauração de 
inquérito policial. Basta que o médico forme seu convencimento com base em indícios 
razoáveis da ocorrência do crime. 
 
Uma vez convencido da existência do crime sexual, poderá realizar a intervenção 
cirúrgica. 
 
A alternativa CORRETA é a letra A. 
 
2. Com relação ao aborto necessário, marque a opção correta. 
 
a) Pode ser realizado quando houver gravidez de risco. 
 
b) Precisa de consentimento da gestante ou de seu representante legal. 
 
c) É a interrupção artificial da gravidez para repelir perigo certo e inevitável à vida 
da gestante, na ausência de outro método eficaz. 
 
d) É aquele praticado na presunção de que o futuro filho herdaria dos pais doenças 
ou anormalidades físicas ou mentais. 
Vamos entender melhor o tema? Veja só o que diz a lei penal sobre o 
aborto: 
 Não se pune o aborto praticado por médico. 
Aborto necessário 
 I - Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto de gravidez decorrente de estupro 
 II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
Ou seja, a primeira hipótese de aborto é aquela que coloca em xeque a vida da 
mãe e a única alternativa para assegurar a vida da gestante é o procedimento abortivo. 
Sendo assim, a lei penal permite expressamente que o aborto seja realizado nesses 
casos. 
 
MEDICINA LEGAL 
4 
 
A letra A fala acerca da gravidez de risco, o que não é uma circunstância que 
permite o aborto e sim a exigência de cuidados especiais durante a gestação. É o que é 
chamado de aborto terapêutico ou necessário. Portanto, a alternativa A está errada. 
 
Já a letra B fala acerca do consentimento da gestante. É importante 
considerarmos situações como a que a gestante pode estar inconsciente e 
impossibilitada de informar ao médico que autoriza o aborto. Este, no entanto, tem o 
dever legal de assegurar a vida da gestante, e se entender que o aborto é a única medida 
cabível para assegurar a vida daquela gestante, deverá realizar os procedimentos. Por 
esse motivo a alternativa B está incorreta. 
 
A letra C traz perfeitamente o que diz a lei penal quanto ao aborto necessário. 
Alternativa CORRETA. 
 
Quanto a letra D, o Brasil não permite o aborto nos casos em que os filhos 
possam herdar doenças congênitas, seja física ou mental, alternativa incorreta. 
Uma mulher de vinte e oito anos de idade foi presa acusada do crime de infanticídio, 
após ter jogado em uma centrífuga o bebê que ela havia dado à luz. Segundo a 
ocorrência policial, um familiar da suspeita disse que ela havia escondido a gravidez e 
que negava que houvesse praticado aborto. 
 
 A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir. 
 
3. Caso a docimasia pulmonar hidrostática de Galeno evidencie franca flutuação 
desde a primeira fase, excluindo-se as causas de falso-positivos, deverá concluir 
que o nascituro não respirou. 
 
• Certo 
 
• Errado 
 
 
A alternativa está INCORRETA, pois o resultado do exame é claro. Se o 
pulmão, ao ser colocado no recipiente com água, subir até a superfície e boiar, é um 
sinal que a criança respirou, e, portanto, viveu. 
 
Infanticídio e estado puerperal 
A lei penal estabelece como uma “causa privilegiada” o crime de “matar, sob a 
influência do estado puerperal o, o próprio filho, durante o parto ou logo após. 
 
MEDICINA LEGAL 
5 
 
Causa privilegiada é uma circunstância que atenua, nesse caso, o crime de 
infanticídio. 
 
Já o estado puerperal é definido como um momento até alguns dias após o parto 
em que a mulher se encontra em uma situação de trauma psicológico, seja por motivos 
como angústia, aflição, dores, bem como a uma deficiência de alguns níveis hormonais 
que a medicina entende que podem levar a mulher a cometer o gesto criminoso. 
 
A perícia para caracterizar ou não infanticídio é algo muito complexo e exige 
um estudo detalhado, pois a falha do perito nesse momento pode não só deixar impune 
quem cometeu o crime como pode também acarretar na prisão injusta de um inocente. 
Exame pericial 
O exame pericial tem como objetivo determinar se aquele cadáver analisado tem 
status de: 
 
• Natimorto, que é o indivíduo que já saiu da barriga morto, por alguma 
circunstância como síndrome, complicação de parto ou erro médico e, portanto, 
nunca respirou. 
 
OU 
 
•Recém-nascido, que é aquele bebê que foi expelido do útero, respirou e 
posteriormente, por causa natural ou violenta, veio a óbito. 
Docimasia de galeno 
A professora Silvia Mota, em breve explicação sobre o referido exame, diz o 
seguinte: 
 
 "A palavra docimasia tem origem no grego dokimasia e no francês docimasie 
(experiência, prova). 
 
Trata-se de medida pericial, de caráter médico-legal, aplicada com a finalidade 
de verificar se uma criança nasce viva ou morta e, portanto, se chega a respirar. 
 
Após a respiração o feto tem os pulmões cheios de ar e quando colocados num 
vasilhame com água, flutuam; não acontecendo o mesmo com os pulmões que não 
respiram. Se afundarem, é porque não houve respiração; se não afundarem é porque 
houve respiração e, consequentemente, vida. Daí, a denominação docimasia pulmonar 
hidrostática de Galeno. 
MEDICINA LEGAL 
6 
 
 
No âmbito jurídico a docimasia é relevante porque contribui para a determinação 
do momento da morte, pois se a pessoa vem à luz viva ou morta, as consequências 
jurídicas serão diferentes em cada caso. 
 
Exemplos: 
 
Quando um homem, ao morrer, deixa a mulher grávida e a criança vêm à luz 
morta, o patrimônio do de cujus transmitir-se-á aos herdeiros deste, que poderão ser 
seus genitores. 
 
Se, por outro lado, a criança nascer viva e morrer imediatamente após o 
nascimento, o patrimônio do pai passará aos seus herdeiros, no caso, a mãe da criança." 
Quiz: 
4. Em relação ao infanticídio, é correto afirmar que: 
 
a) É necessária a presença do estado puerperal da mulher 
 
b) A verificação de vida extrauterina não é importante 
 
c) É possível sua configuração em natimorto 
 
d) A docimasia de galeno não permite verificar que houve vida extrauterina. 
 
A lei diz que o infanticídio é o crime cometido pela mãe durante ou minutos após 
o parto quando tomada pelo “estado puerperal” de descontrole emocional. 
 
O professor Genival França diz que este é um estado de descontrole e depressão 
hormonal onde a mulher não tem entendimento e autodeterminação alguma, portanto 
não responde por seus atos. 
 
Como a letra A expõe, o infanticídio só se configura quando a mulher se encontra 
acometida pelo estado puerperal. Portanto, alternativa CORRETA. 
 
A Alternativa B está incorreta. A verificação de vida extrauterina é 
extremamente importante e inclusive papel do legista determinar, pois caso estiver 
comprovado que o bebê respirou, estará configurado o infanticídio. 
 
A letra C está incorreta e o raciocínio é muito simples. O natimorto é aquele ser 
que nunca respirou, portanto nunca teve vida. Logo, não pode ser morto o que nunca 
viveu, estando desconfigurado o infanticídio. 
MEDICINA LEGAL 
7 
 
 
A letra D está incorreta pelo fato de que a Docimasia de Galeno é o exame 
realizado pelo I.M.L para afirmar se houve ou não vida extrauterina. 
 
 
5. Uma mulher de vinte e oito anos de idade foi presa acusada do crime de 
infanticídio, após ter jogado em uma centrífuga o bebê que ela havia dado 
à luz. Segundo a ocorrência policial, um familiar da suspeita disse que ela 
havia escondido a gravidez e que negava que houvesse praticado aborto. A 
partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir. 
 
Caso a docimasia pulmonar hidrostática de Galeno evidencie franca flutuação 
desde a primeira fase, excluindo-se as causas de falso-positivos, dever-se-á concluir 
que o nascituro não respirou. 
 
• Certo 
 
• Errado 
 
 
A alternativa está INCORRETA, pois o resultado do exame é claro. Se o 
pulmão, ao ser colocado no recipiente com água, subir até a superfície e boiar, é um 
sinal que a criança respirou, e, portanto, viveu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEDICINA LEGAL 
8 
 
 
 
Critérios para Investigação do Óbito Infantil e fetal 
 São adotados critérios mínimos de referência para investigação no âmbito 
nacional, de modo a permitir o dimensionamento dos óbitos investigados no âmbito 
estadual e municipal, respeitando-se a realidade e as iniciativas locais de implantação 
das equipes de vigilância. 
 
 São critérios mínimos sugeridos para investigação todos os óbitos de residentes 
no município ou Regional: 
 
• Pós-neonatais (28 dias a 1 ano incompleto de vida); 
• Neonatais (0 a 27 dias de vida) com peso ao nascer ≥ 1.500 gramas; 
• Fetais (natimortos) com peso ao nascer ≥ 2.500 gramas; 
• Óbitos ocorridos em domicílio. 
 
 Considerando-se o critério de investigação dos óbitos potencialmente evitáveis, 
podem ser excluídos os óbitos por malformação congênita grave/complexa/letal. 
 
 Os municípios com maior capacidade de operacionalização podem estender 
estes critérios, assumindo, por exemplo, a investigação de óbitos ocorridos em 
domicílio, fetais com peso ao nascer ≥ 1500 gramas, todos os óbitos neonatais, óbitos 
de crianças menores de 5 anos, como já acontece em alguns municípios do País. 
 
 Se o peso de nascimento da criança não está disponível na DO, pode ser 
necessário o levantamento de dados da Declaração de Nascidos Vivos - DNV (para 
crianças nascidas vivas) ou do prontuário hospitalar, para seleção do caso segundo o 
critério de inclusão. 
Classificação de Wigglesworth modificada e Classificação de 
Wigglesworth Expandida 
 A classificação de Wigglesworth, (Wigglesworth, 1980; Keeling et al, 1989; 
CEMACH, 2005) é utilizada em diversos países do mundo para análise do óbito 
perinatal (fetais e neonatais precoces). Aponta os principais grupos de causas de óbito 
perinatal, considerando o peso ao nascer e a relação com as circunstâncias do óbito e o 
momento da assistência à saúde. Utiliza informações clínicas que podem ser obtidas 
por meio da análise de prontuários, selecionando os aspectos passíveis de intervenção 
MEDICINA LEGAL 
9 
 
pelos serviços. Essa classificação pode ser aplicada, também, para os óbitos infantis 
por causas perinatais; não contempla os óbitos infantis por outras causas. 
 
 Os grupos de causas são excludentes, ou seja, cada caso deve ser categorizado 
em apenas um grupo de causas. No Anexo VII é apresentado o fluxograma para sua 
utilização. 
 
Grupo de causas 
 
1 Anteparto: morte fetal que ocorre antes do trabalho de parto. Taxas elevadas: 
falhas na atenção pré-natal e condições maternas adversas. 
 
2 Malformação congênita: Taxas elevadas: falhas no diagnóstico / terapia na 
gravidez (lesões potencialmente tratáveis). 
 
3 Imaturidade: nascidos vivos com < 37 semanas de gestação, sem 
hipóxia/anóxia; todos os nascidos vivos com peso ao nascer <1000 gramas. 
Taxas elevadas: falhas no manejo obstétrico /neonatal 
 
4 Asfixia: perda fetal intraparto; óbito fetal sem maceração; “fresh stillbirth”, ou 
seja, natimorto recente (<12 horas); óbitos neonatais por hipóxia, exceto PN< 
1000g. Taxas elevadas: falhas no manejo obstétrico e/ou reanimação neonatal. 
 
5 Causas específicas: óbitos por infecções especificas (TORSCH), causas típicas 
de prematuridade em RNT, outros. 
 
 Taxas elevadas: falhas na assistência pré-natal e assistência ao RN 
 
 A Calssificação da CEMACH – Confidential Enquiry into Maternal and Child 
Health (Reino Unido, 2008) propõe 9 grupos de causas de óbitos excludentes como a 
classificação original. Acrescenta os grupos de causas relacionados à infecção, causas 
externas, morte súbita e “não classificadas”, como apresentado a seguir: (Anexo VIII) 
 
• Grupo 1. Malformação Congênita (letal ou severa); 
• Grupo 2 Morte fetal anteparto de causa desconhecida; 
• Grupo 3 Morte intraparto („asfixia ‟, „anoxia ‟ou „trauma ‟); 
• Grupo 4 Imaturidade/ prematuridade; 
• Grupo 5 Infecção; 
• Grupo 6 Outras causas específicas de morte; 
• Grupo 7 Causa externa; 
MEDICINA LEGAL 
10 
 
 
• Grupo 8 Morte súbita, causa desconhecida; 
• Grupo 9 Não classificadas. 
 
 Ressalte-se que toda análise de evitabilidade do óbito infantil e fetal deve levar 
em conta o peso ao nascer, dado queeste é o fator isolado de maior importância para a 
sobrevivência infantil. Isto significa dizer que o óbito de uma criança com baixo peso 
(<2500g) deve ser considerado de maneira diferenciada em relação a uma criança com 
peso ao nascer acima de 2500g. Esse diferencial é ainda mais importante para crianças 
com peso ao nascer <1000g, quando a viabilidade fetal é bastante restrita. 
 
 Recomendasse, portanto, que a análise e a classificação de evitabilidade do óbito 
infantil e fetal sejam realizadas com a avaliação do peso ao nascer, tanto por meio de 
números absolutos (em situações com pequeno número de óbitos) quanto pelo cálculo 
da proporção e taxas de mortalidade. A análise dos óbitos pode ser feita com a seguinte 
estratificação por faixas de peso ao nascer: 500-999g; 1000 a 1499g; 1500 a 1999g; 
2000 a 2499g; 2500 a 2999g; 3000 gramas ou mais. 
 
 A produção dos dados e a sistematização da informação devem ser realizadas de 
forma cotidiana e institucionalizada pelas áreas técnicas das secretarias de saúde e 
gestores dos serviços de saúde (da atenção básica, urgências e hospitais). A equipe de 
vigilância deve monitorar e acompanhar sistematicamente os indicadores da assistência 
obstétrica, neonatal e de saúde da criança, tanto indicadores do processo assistencial 
quanto de resultados da atenção. 
Divulgação da investigação dos óbitos e propostas de intervenção 
 As recomendações para redução das mortes infantis e fetais devem ser 
encaminhadas aos gestores de saúde em todos os níveis, como parte do trabalho da 
vigilância de óbitos. Devem ser apontadas as medidas de prevenção de novas 
ocorrências de óbitos potencialmente evitáveis e as medidas de intervenção para a 
reorganização da assistência. 
 
 Deve ser promovida a interlocução permanente da equipe de vigilância de óbitos 
e/ou dos Comitês com os gestores da saúde, para participação na elaboração dos 
PLANOS DE REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL E FETAL e interferência 
de forma eficiente nas políticas públicas dirigidas às necessidades da população. 
 
 
 
 
MEDICINA LEGAL 
11 
 
 Igualmente importante é a divulgação dos resultados e a integração com as 
demais políticas públicas sociais e de educação para uma atuação intersetorial com 
vistas à promoção das condições de vida da população e interferência sobre os 
determinantes sociais da mortalidade infantil. 
 
 Recomenda-se a elaboração de relatórios periódicos contendo as estratégias de 
prevenção formuladas para a redução da mortalidade infantil na localidade. Relatórios 
semestrais ou anuais, conforme acordo local, devem ser encaminhados ao Comitê 
Estadual. 
 
 A maneira de organização destes relatórios pode ficar a cargo de cada equipe. 
 
 Alguns indicadores são sugeridos como referência: 
 
• Número total de nascidos vivos e de óbitos do município. 
 
• Taxa de mortalidade infantil por componente (neonatal precoce, neonatal tardio 
e pós-neonatal) e taxa de mortalidade fetal do município. Em municípios 
menores de 80 mil habitantes é mais adequado apresentar os números absolutos 
ao invés das taxas. 
 
• Percentual de óbitos investigados, segundo critérios adotados. 
 
• Proporção de óbitos por período de ocorrência: fetais, neonatais (precoces e 
tardios) e pós-neonatais. 
 
• Proporção de óbitos segundo peso ao nascer. 
 
• Proporção de óbitos segundo idade gestacional. 
 
• Proporção de óbitos de crianças com asfixia ao nascer (Índice de Apgar <7 no 
5º minuto de vida). 
 
• Proporção de óbitos e taxa de mortalidade segundo instituição de ocorrência. 
 
• Proporção de óbitos por grupos de causa (CID, 10ª revisão). 
 
• Proporção de óbitos considerados evitáveis. 
 
• Proporção de óbitos segundo critério de evitabilidade: considerar os diversos 
momentos da assistência conforme listados anteriormente, as dificuldades 
sociofamiliares e os problemas institucionais ou do sistema de saúde. Um caso 
pode ser enquadrado em mais de um desses itens. 
MEDICINA LEGAL 
12 
 
 
• Principais fatores intervenientes para os óbitos considerados evitáveis, de acordo 
com os problemas identificados. 
 
• Recomendações/propostas e ações de saúde ou medidas de intervenção para 
redução da mortalidade infantil e fetal potencialmente evitáveis. 
 
• Número de reuniões realizadas pelo Comitê. 
 
 Outros indicadores podem ser construídos, como a condição socioeconômica das 
famílias utilizando-se, por exemplo, o grau de escolaridade da mãe, características da 
mãe (idade, paridade), da assistência pré-natal, ao parto, ao RN, entre vários outros 
fatores disponíveis nos instrumentos de coleta de dados. 
 
 Os resultados obtidos podem ser divulgados para entidades científicas 
(Sociedade Brasileira de Pediatria - SBP, Federação Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO, outras), bem como escolas médicas, de 
enfermagem e demais profissionais de saúde, Conselhos de Saúde e de Direitos da 
Criança, sociedade civil, de maneira a promover a mobilização de todos os atores a fim 
de subsidiar ações de redução da mortalidade infantil e fetal. Devem ser considerados 
os canais de divulgação, publicações médicas e de saúde (sítios das secretarias de saúde 
e do Ministério da Saúde na internet, revista, boletins, outros), publicações oficiais do 
Sistema de Saúde, por exemplo, os boletins informativos da vigilância epidemiológica 
e outros meios de comunicação.

Outros materiais