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Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre Anatomia da próstata: A próstata é um órgão piramidal (pirâmide invertida), fica logo abaixo da bexiga, pesa normalmente 30g, com a base voltada para cima e o ápice voltado para baixo. Zonas Prostáticas (McNeal): Z. De Transição: menor porção (5%). Circunda a uretra. PRINCIPAL responsável pelos sintomas de HPB. Área que possui grande correlação com sintomas urinários obstrutivos; Z. Central: Não glandular – tecido estromal, também relacionada com a HPB. Também possui uma correlação importante com os sintomas urinários obstrutivos; Z. Periférica: maior porção (80%). Maior incidência de Câncer de Próstata. !! Cada zona dessa possui característica específicas com o tipo da patologia. Os sintomas que o paciente terá vai depender muito da área que está sendo acometida. As áreas de transição e central, por exemplo, são áreas que comprimem a uretra e, sendo assim, os sintomas nesses lugares serão típicos de obstrução, mesmo que a próstata do paciente não seja tão grande. Da mesma forma, se o paciente tiver uma próstata grande (de 80g, por exemplo), não será preciso operar se não tiver causando sintomas. A conduta, nesse caso, seria apenas expectante. Moral da história: o que vai ser tratado é a clínica do paciente, não o tamanho da próstata que é vista pelo ultrassom ou ressonância. Nesse sentido, o tamanho da próstata pelos exames de imagem não é indicação de tratamento. O aumento benigno da próstata geralmente confere tamanhos de próstatas maiores do que o câncer. A principal característica do câncer de próstata é a nodulação endurecida/difusamente endurecida/ de consistência pétrea. Definição: A hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma das patologias mais comuns nos homens a partir da quinta década de vida, podendo associar-se à obstrução prostática benigna e/ou sintomas do trato urinário inferior (STUI ou Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre LUTS), além de um aumento benigno da próstata. A doença costuma interferir nas atividades diárias e no padrão do sono dos pacientes e, quando não tratada, pode levar à retenção urinária, hidronefrose e insuficiência renal. Trata-se de um processo histopatológico onde há proliferação das células estromais e epiteliais prostáticas. Na imagem acima, a primeira figura é de uma próstata de um homem jovem (até 40 anos) e a última, a de um idoso. Percebe-se que as paredes da bexiga vão ficando espessas com o passar do tempo, por conta do aumento de pressão. A consequência disso é que a bexiga perde a complacência e o paciente já apresenta urgência, incontinência ou qualquer outro sintoma de armazenamento. Importante salientar que essa transformação/progressão do crescimento da próstata ocorre ao longo de décadas, não é do dia para a noite e a intensidade dos sintomas varia de acordo com o paciente. Epidemiologia: Doença urológica mais prevalente em idosos; lembrando que é preciso quantificar os sintomas e ver o grau de repercussão disso na vida desse paciente; ↑ Idade ↔ ↑ Prevalência; O envelhecimento e os testículos funcionantes constituem os principais fatores de risco; Volume prostático ↔ Sintomas obstrutivos do trato urinário inferior; Volume prostático não é indicação de tratamento!!! Porém, quanto maior o tamanho da próstata maior o risco de o paciente desenvolver complicações; Cerca de 50% dos ♂ têm sintomas aos 75 anos; Até 25% apresentam sintomas aos 55 anos; O diagnóstico da HPB é clínico, será feito pelos sintomas que o paciente refere. Não depende de exames de imagem para chegar ao diagnóstico. Quadro Clínico: O quadro clínico é variável, podendo apresentar sintomas intermitentes ou progressivos. Alguns pacientes apresentam STUI mesmo sem crescimento expressivo da próstata, da mesma forma que algumas pessoas com aumento prostático significativo podem permanecer oligossintomáticas. Sintomas obstrutivos ou de esvaziamento: Diminuição do jato urinário; * Jato Urinário interrompido; * Dificuldade em iniciar a micção (hesitação); * Gotejamento terminal (após a micção continuam ocorrendo os escapes urinários em gotejamento, chegando a sujar a roupa); Sensação de esvaziamento incompleto; * Aumento da frequência urinária (polaciúria); * Aumento da frequência urinária noturna (noctúria); * Aumento do esforço miccional; * Dificuldade em conter a micção; * *IPSS. Na avaliação inicial recomenda-se utilizar escores de sintomas para avaliar seguimento e manejo do paciente. O I-PSS (Escore Internacional de Sintomas Prostáticos) é um escore amplamente utilizado e validado para uso no Brasil. Apresenta sete perguntas, autoaplicadas pelo paciente, que avaliam a gravidade dos sintomas prostáticos. Além disso, é importante avaliar se os sintomas prejudicam a qualidade de vida do paciente, sendo esse um fator norteador para otimizar o tratamento. Por vezes, essa avaliação é auxiliada por meio de um diário miccional, no qual o paciente deve registrar os sintomas, Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre horário e volume das micções durante três dias e noites. !! Não existem sintomas patognomônicos de câncer de próstata. Os mesmos sintomas urinários obstrutivos que podem surgir na HPB podem estar presentes no câncer de próstata também, e nenhum sintoma é específico para nenhuma dessas duas patologias. Os sintomas urinários obstrutivos, aliás, são muito mais frequentes na HPB do que no câncer de próstata, mas sempre será preciso rastrear. Exame físico: Essa figura mostra o exame do toque retal, em que é encontrada uma próstata grande geralmente de consistência preservada (fibroelástica), porém pode apresentar alguns nódulos. O toque retal serve para avaliar tamanho da próstata (25 a 30 g) e a presença de sinais de neoplasias (nódulo, endurecimento ou assimetria). Estima-se o peso prostático através da palpação, sendo que uma calota palpável com 3 cm equivale a uma próstata de aproximadamente 30 g. Exames complementares: Ultrassom (transabdominal e transretal). O ultrassom trasnretal só é pedido em casos de biópsia. Porém, é mais fidedigno do que o transabdominal em relação ao tamanho da próstata. Uretrocistoscopia (avaliar uretra, colo vesical e bexiga); Urofluxometria (avaliar jato urinário); Estudo Urodinâmico (diagnosticar patologias de esvaziamento). Os exames complementares são feitos para quantificar os sintomas e avaliar a repercussão disso na vida do paciente. Sendo assim, só vai pedir esses exames quando tiver um paciente com queixas. Se o paciente, 60 anos, chega ao consultório para fazer o rastreamento de câncer de próstata, sem queixas, o médico só faz o toque retal e pede o PSA; se os resultados forem satisfatórios, não será preciso pedir esses exames complementares. Talvez possa até pedir um ultrassom transabdominal para investigar outras patologias (câncer de rim ou de bexiga) que estavam assintomáticas. Tratamento da HPB: A decisão sobre o tratamento deve ser individualizada e compartilhada com o paciente. As principais opções de manejo são: Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre Expectante (conservador): pode ser utilizada em pacientes com sintomas leves ou moderados e sem complicações. Quando se opta por esta conduta,deve- se ter em mente que os sintomas progridem com o tempo na maioria dos pacientes. Algumas medidas comportamentais podem ajudar a reduzir os sintomas: redução da ingesta de líquidos à noite, exercícios para treinamento vesical como dupla micção para esvaziar a bexiga mais efetivamente, redução do uso de álcool, café e cigarros (efeito diurético e irritativo vesical); Medicamentoso: indica-se o uso de medicamentos quando a pessoa apresenta sintomas leves que causam prejuízo à qualidade de vida e pessoas com sintomas moderados a graves (I-PSS > 8). Os medicamentos da classe alfa- bloqueadores causam benefício imediato dos sintomas, enquanto os inibidores da 5- alfa-redutase requerem um tratamento em longo prazo. Medidas comportamentais (ingesta hídrica –> pedir para o paciente evitar tomar muita água no horário que ele não quer urinar, evitar tomar diurético à noite | exercício físico | esvaziamento programado); Farmacológico (até piora dos sintomas de esvaziamento ou armazenamento); Fitoterapia (sem fundamentação científica); Cirúrgico (endoscópico ou cirúrgico). Tratamento farmacológico: Alfa-bloqueadores (Doxazosina/ Tansulosina): Aumentam contração detrusora; relaxam o tônus da musculatura do colo vesical e estroma prostático → melhoram fluxo urinário (↓sintomas de esvaziamento). Efeitos adversos: hipotensão ortostática, disfunção ejaculatória, cefaleia, vertigem e congestão nasal. Essa medicação NÃO MUDA PROGNÓSTICO, pois faz o paciente urinar melhor, mas a próstata continua crescendo; Inibidores de Fosfodiesterase (Tadalafila): ↑óxido nítrico na bexiga, próstata e pênis causando relaxamento da musculatura lisa → ↑ fluxo urinário. Bom para pacientes com disfunção erétil. Pode ser uma opção de medicação se, por exemplo, o paciente não puder tomar o alfa- bloqueador por conta de seus efeitos adversos. !! Essas duas primeiras categorias de medicação, geralmente são receitadas para pacientes que se queixam de dificuldade para urinar. O médico receita enquanto investiga outras patologias. Inibidores de alfa 5 redutase (Finasterida / Dutasterida: muito mais potente e pode até diminuir o tamanho da próstata). Bloqueiam a conversão de Testosterona em di-hidrotestosterona. Inibem o crescimento prostático. Usados em próstatas > 40 cm3 ou PSA > 1,4 ng/ml. Podem prevenir progressão; !! Essa categoria de medicação MUDA PROGNÓSTICO, uma vez que pode diminuir o tamanho da próstata!! Anticolinérgicos (oxibutinina, solifenacina, darifenacina e tolterodina). Bloqueiam a ligação colinérgica vesical. Melhoram sintomas de armazenamento (urgência e urge-incontinência). Podem ser proscritos (condenados a prescrever) para pacientes que possuem glaucoma de ângulo fechado, pois pode levar à cegueira. Agonista β-3 adrenérgico (mirabegrona). Causa relaxamento detrusor → melhora a capacidade vesical sem prejudicar a micção (urgência e urge-incontinência). Terapia Combinada: Associação de duas categorias de medicação: uma para poder diminuir a progressão do crescimento da próstata e outra para ajudar a urinar melhor. Finasterida + Doxazosina – com ou sem Tadalafila; Dutasterida + Tansulosina – com ou sem Tadalafila. Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre Tratamento cirúrgico: Indicações de tratamento cirúrgico: Geralmente é indicado quando há falência do tratamento clínico; Falha da terapia medicamentosa; Retenção urinária recorrente ou refratária; Dilatação do trato urinário superior por HPB; ITU de repetição; Hematúria macroscópica por HPB; Litíase Vesical; Divertículos vesicais. A figura acima mostra deterioração de todo o sistema urinário. No lado esquerdo é o lado deteriorado e o lado direito, normal. A imagem acima retrata divertículos na bexiga. Trata-se de uma falência da bexiga, pois ela não conseguiu vencer a obstrução que a próstata está causando e começou a formar saculações na sua parede ficando com essa estrutura. As imagens acima mostram pedras na bexiga. A imagem da direita mostra uma pedra muito grande que preenche praticamente toda a bexiga. Opções de tratamento cirúrgico: Ressecção transuretral da próstata monopolar ou bipolar: PADRÃO OURO entre as terapias cirúrgicas para próstatas de 30 a 80 g. !! Esse tipo de tratamento não é indicado para próstatas muito grandes. Fotoablação prostática a Laser (Greenlight). Prostaectomia a Céu Aberto: Indicada para próstatas > 80g. Avanços terapêuticos: Aqua-ablação; Enucleação; Vaporização; Embolização; Urolift: modalidade experimental, em que são colocados grampos dentro da Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre próstata para deixa-la bem aberta. Reservada para pacientes idosos cardiopatas. Fluxograma básico: Referências: - Aula de Urologia – Dr. Rossi; - Material de Urologia da SanarFlix.
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