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DIREITO DO TRABALHO Professor MARCIO FERNANDES TEIXEIRA Classroom: DIREITO DO TRABALHO UNINOVE Código da turma: w3nmyga BIBLIOGRAFIA MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. Item 4, subitens 4.4ª 4.4.7.3.2; Item 8, subitens 8.1 a 8.2.4; Item 13, subitens 13.1 a 13.4.6.2; Item 14, subitens 14.1 a 14.5.6 (BIBLIOTECA VIRTUAL). CONTRATO DE TRABALHO (continuação) Contrato a tempo parcial (art. 58-A da CLT) Trabalho em regime de tempo parcial é aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. Antes da Reforma Trabalhista ( Lei 13.467/17) a duração máxima era de 25 horas semanais, sem a possibilidade de horas extras. - O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. (Se o empregado que trabalha 44 horas por semana recebe R$ 1.500,00 por mês, o empregado a tempo parcial deverá receber R$ 750,00 por mês). - Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva. - O artigo 130-A da CLT foi revogado. O empregado sob o regime de tempo parcial terá direito a 30 dias de férias após 12 meses de trabalho, nos termos do artigo 130 da CLT. Contrato de Trabalho Intermitente A Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17), em vigor desde 11.11.2017, criou o contrato de trabalho intermitente (art. 443, caput e § 3º; art. 452-A, caput e §§ 1º até 9º, todos da CLT). “Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente.” § 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria.” “Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. § 1º O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. § 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa. § 3º A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. § 4º Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo. 5º O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros contratantes. § 6º Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: I — remuneração; II — férias proporcionais com acréscimo de um terço; III — décimo terceiro salário proporcional; IV — repouso semanal remunerado; e V — adicionais legais. § 7º O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no § 6º deste artigo. § 8º O empregador efetuará o recolhimento da contribuição previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações. § 9º A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. Interrupção e Suspensão do Contrato de Trabalho São institutos que tratam da sustação restrita ou ampliada dos efeitos contratuais durante certo lapso temporal. A suspensão contratual é a sustação temporária dos principais efeitos do contrato de trabalho no tocante às partes, em virtude de um fato juridicamente relevante, sem ruptura, contudo, do vínculo contratual formado. É a sustação ampliada e recíproca de efeitos contratuais, preservado, porém, o vínculo entre as partes. Interrupção contratual é a sustação temporária da principal obrigação do empregado no contrato de trabalho (prestação de trabalho e disponibilidade perante o empregador), em virtude de um fato juridicamente relevante, mantidas em vigor todas as demais cláusulas contratuais. Como se vê, é a interrupção a sustação restrita e unilateral de efeitos contratuais. É também conhecida como suspensão parcial do contrato. Ocorre nos casos em que o empregador é obrigado a pagar salário, embora esteja o empregado desobrigado da prestação do serviço. Tanto a suspensão quanto a interrupção implicam a manutenção do vínculo contratual e a garantia de todas as vantagens que tenham sido atribuídas coletivamente aos trabalhadores. Previsão de suspensão e de interrupção do contrato de trabalho – Artigos 471 a 476-A da CLT. Principais casos de suspensão do contrato de trabalho a) afastamento previdenciário, por motivo de doença, a partir do 16º dia (“auxílio-doença”) — art. 476, CLT; b) afastamento previdenciário, por motivo de acidente do trabalho ou doença ocupacional ou profissional a partir do 16º dia (“auxílio- acidente”) — art. 476, CLT; parágrafo único do art. 4º, CLT; c) aposentadoria provisória, sendo o obreiro considerado incapacitado para trabalhar (art. 475, caput, CLT; Súmula n. 160, TST); d) por motivo de força maior; e) para cumprimento de encargo público obrigatório (§ 1º do art. 483, CLT; art. 472, caput, CLT). O empregado deve intimar o empregador, por telegrama ou carta registrada, dentro de 30 dias do término do encargo público, sobre sua intenção de retorno ao cargo empregatício original (§ 1º, art. 472, CLT). Naturalmente que, por analogia (art. 8º, CLT), torna-se possível a ciência dada por e-mail, desde que se trate efetivamente do e-mail do trabalhador. f) para prestação de serviço militar (parágrafo único do art. 4º, CLT). Após sua “baixa”, o empregado deve intimar o empregador, na forma acima, quanto à sua intenção de retorno ao cargo empregatício original (art. 472, § 1º, CLT). Participação em curso ou programa de qualificação profissional (Art. 476-A da CLT) O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471 desta Consolidação. Exceções da suspensão do contrato: Nos casos de suspensão contratual por afastamento do empregado em virtude de serviço militar e de acidente do trabalho: computa-se, para efeitos de indenização e estabilidade celetistas, o tempo de serviço do período de afastamento (parágrafo único do art. 4º, CLT). Igualmente, têm pertinência os depósitos de FGTS, pelo período de licença por acidente de trabalho ou doença ocupacional/profissional O art. 28 do Decreto n. 99.684/90 (Regulamento do FGTS) prevê os depósitos do FGTS nestas situações. Do mesmo modoé o que ocorre com a suspensão contratual a partir do início da licença previdenciária — 16º dia de afastamento —, seja por acidente de trabalho, seja por simples enfermidade. Estipula a lei que o período de afastamento, até o máximo de 6 meses, integrará o período aquisitivo de férias do empregado (art. 131, III, CLT). Suspensão nos contratos por tempo determinado (art, 472, § 2º, CLT) Nos contratos por tempo determinado, o período de afastamento, se assim acordarem as partes interessadas, não será computado na contagem do prazo para a respectiva terminação. E se as partes não acordarem? a) término do contrato na data prevista para o termo final; b) término do contrato apenas quando terminar a causa que suspendeu o contrato. - Acidente do trabalho durante o contrato por tempo determinado; - Acidente do trabalho durante o aviso prévio; - Gestação durante o contrato por tempo determinado; - Gestação durante o aviso prévio. Súmula 378, III, do TST: O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no n no art. 118 da Lei nº 8.213/91. Súmula 371 do TST: A projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão do aviso prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso, ou seja, salários, reflexos e verbas rescisórias. No caso de concessão de auxílio-doença no curso do aviso prévio, todavia, só se concretizam os efeitos da dispensa depois de expirado o benefício previdenciário. Greve Artigo 7º da Lei 7783/89: os dias sem trabalho durante a greve constituem suspensão do contrato de trabalho. Dependendo de como as partes se compuserem, os dias parados poderão ser remunerados. INTERRUPÇÃO CONTRATUAL • repousos semanais remunerados e feriados; • férias; • ausências legais (art. 473 da CLT); • incapacidade laboral até o 15° dia para segurados empregados; • faltas abonadas; • licenças remuneradas: • licença-paternidade; • licença para disputa eleitoral; • licença para atuação em comissão de conciliação prévia; • licença para atuação em conselho curador do FGTS; • paralisações promovidas pelo empregador; • suspensão disciplinar anulada; • afastamento do empregado por motivo de segurança nacional (até noventa dias). ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. (Art. 468 CLT) § 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função. Súmula 372, I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira. (Ainda não foi cancelada, mas perdeu a validade) IUS VARIANDI Faculdade que o empregador possui de modular aquilo que não foi definido, limitado, concretamente pela lei. Entre os espaços vazios que permitem a modulação patronal encontra-se aquele que permite a mudança da estrutura do empreendimento ou mesmo de seu endereço. Exemplo: mudança do prédio da sede da empresa. Súmula 29 do TST: Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local mais distante de sua residência, tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da despesa de transporte. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. (Art. 469 CLT) § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. § 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. LEI 14.020/20 Art. 1º Esta Lei institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e dispõe sobre medidas complementares para enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Art. 3º São medidas do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda: II - a redução proporcional de jornada de trabalho e de salário; e III - a suspensão temporária do contrato de trabalho. Art. 5º Fica criado o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, a ser pago nas seguintes hipóteses: I - redução proporcional de jornada de trabalho e de salário; e II - suspensão temporária do contrato de trabalho. Obrigado! • Professor Marcio Fernandes Teixeira • E-mail marcio.teixeira@uni9.pro.br