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Pós-capitalismo, era pós-digital e a educação no século XXI 1. Introdução Hoje em dia, a maioria das pessoas no mundo utiliza a Internet; diariamente essas pessoas consomem conteúdo, estabelecem relações amorosas, comerciais, profissionais, religiosas, políticas, ideológicas, etc. Segundo o site de estatísticas Statista, atualmente mais de 4 bilhões de pessoas no mundo utilizam a internet e esse número continua crescendo exponencialmente. Com o crescente acesso das pessoas às tecnologias de comunicação e a multiplicação das fontes de informação, uma nova arquitetura social começa a se desenhar, baseada numa estrutura social que vem se organizando em redes interconectadas globalmente, que tem como principal característica a colaboração e a participação na produção de conteúdo. Com o uso cada vez mais constante das redes sociais virtuais, as redes de influência ganharam uma importância enorme em todas as esferas da sociedade, fazendo o discurso de massa perder espaço; redes mais focadas em públicos e experiências cada vez mais específicas e com modelos de negócios disruptivos, reinventando o jeito de fazer economia. Essa nova geração já cresce mergulhada na linguagem digital, explorando as novas possibilidades de trabalho, de entretenimento, de conexão, de relacionamento e se adapta mais facilmente às mudanças constantes. É claro que essas novidades, surgidas num ambiente de extrema incerteza, geram insegurança, ansiedade e outros males, mas isso ocorre porque estamos na transição entre a era industrial e a era digital. Segundo Lucia Santaella (2007), Desde meados do século XX, com o desenvolvimento acelerado das tecnologias digitais, especialmente a partir da convergência explosiva do computador e das telecomunicações, as sociedades complexas foram crescentemente desenvolvendo uma habilidade surpreendente para armazenar e recuperar informações, tornando-as instantaneamente disponíveis em diferentes formas para quaisquer lugares. Pela mediação de interfaces do ser humano com as máquinas, o mundo está se tornando uma gigantesca rede de troca de informações. Se podemos estar certos de alguma coisa a respeito do futuro é que a influência da tecnologia digital continuará a crescer e a modificar grandemente os modos como nos expressamos, nos comunicamos, ensinamos e aprendemos, os modos como percebemos, pensamos e interagimos no mundo. Vamos explorar nossa época histórica e conhecer os elementos que a compõem, para buscarmos compreender como a nossa realidade é construída a partir da mentalidade de nossa época. Conhecendo melhor nosso contexto, saberemos escolher e nos posicionar melhor nesse jogo da realidade. 2. Era pós-digital No cenário globalizado em que vivemos, conceitos, valores e negócios mudam muito rapidamente; a invasão da tecnologia em todas as áreas da vida alterou a mentalidade das pessoas, os formatos de relacionamentos, os hábitos de consumo e até as profissões. Segundo Walter Longo (2014), publicitário e administrador de empresas, uma revolução social acontece quando as pessoas adotam novos comportamentos em seu cotidiano; nessa perspectiva, vivemos a revolução digital quando a maior parte da humanidade passou a fazer conexões digitais e a passar muito tempo na virtualidade, transformando essa prática num hábito cultural adotado por bilhões de indivíduos. Atualmente, com a naturalização dos aparelhos digitais e a necessidade dos indivíduos de se manterem sempre conectados, podemos dizer que já estamos na era pós-digital. Assim como a eletricidade, que surgiu e causou espanto, levando décadas para as pessoas se acostumarem com a novidade, atualmente é a tecnologia digital que fascina as pessoas e altera a maneira como vivemos. Segundo Walter Longo, escrevendo para Revista Galileu, Falo com alguém do outro lado do planeta e mando um WhatsApp para o amigo que está sentado ao meu lado no sofá. Tudo o que era grátis está ficando pago e o que era pago ficando grátis. Na Era Digital achavam que o futuro era baseado na convergência e no multimídia. Agora, no Pós-Digital, está cada vez mais claro que o caminho é o da divergência e da unimídia. A regra de transmissão da informação mudou de unidirecional para multidirecional. A recepção não é mais passiva, é interativa, porque a mídia digital é mais do que um novo canal de comunicação, é um novo ambiente de relação com os consumidores e possui um componente de engajamento que faz toda a diferença. A naturalização da tecnologia digital em nosso cotidiano. https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/11/aula_estsoc_top10_img01-768x432.png Agora que absorvemos essas inovações como parte de nossas vidas, estamos também buscando otimizar as inúmeras possibilidades que a tecnologia nos proporcionou. Pessoas trabalham pela internet, desenvolvendo todos os tipos de atividades comerciais, desde a venda de objetos físicos, como roupas, comida e outros produtos, até a pornografia ao vivo, o pôquer online ou o trading esportivo. Atualmente, não existem mais barreiras entre o mundo on-line e off-line, pois tudo está interligado o tempo todo; estamos cada vez mais imersos no universo digital e nosso cotidiano é cada vez mais invadido por aparelhos tecnológicos que interagem com as ações humanas. Para Lucia Santaella (2007), Você sabia? Coronavírus: as ideias que podem mudar o trabalho no mundo pós-pandemia. A pandemia do Coronavírus modificou diversos aspectos na sociedade, entre eles as formas de trabalho. Confira abaixo o que mudou e reflita sobre esse processo. Já pensou o que será diferente? Coronavírus: as ideias que podem mudar o trabalho no mundo pós-Coronavírus: as ideias que podem mudar o trabalho no mundo pós-…… https://www.youtube.com/watch?v=0Kunw1c9obs Os prognósticos atuais, no campo emergente da computação “pervasiva” ou onipresente, indicam com alguma segurança que nossos estilos de vida serão fatalmente alterados quando os microchips se tornarem tão abundantes que sistemas inteligentes serão espalhados aos milhões em todo canto de nosso ambiente, incorporados às paredes, aos móveis, aos nossos aparelhos, nossa casa, nosso carro, penetrando na estrutura de nossas vidas. Os ambientes irão se tornar inteligentes, transformando tudo à nossa volta, inclusive a natureza do comércio, a riqueza das nações e o modo como nos comunicamos, trabalhamos, nos divertimos e vivemos. Em vez de se tornarem os monstros vorazes retratados nos filmes de ficção científica, os computadores ficarão tão pequenos e onipresentes que se tornarão invisíveis, estando em toda parte e em lugar nenhum, tão poderosos que desaparecerão de nossas vistas. Esses dispositivos invisíveis vão se comunicar uns com os outros e se conectar automaticamente à Internet, que se desenvolverá até transformar-se em uma membrana composta por milhões de redes computacionais de um planeta inteligente. Nesse cenário, muitos postos de trabalho estão desaparecendo e novas atividades profissionais e econômicas estão sendo criadas, como vimos anteriormente; as ferramentas são diferentes e muitas pessoas têm buscado novas formas de desenvolver suas habilidades. Outra coisa que influencia na esfera do trabalho é a mudança de mentalidade que vem acontecendo; como vivemos numa sociedade de consumo, o mercado vem se modificando para atender a essas demandas de consumo. A consciência ambiental da nova geração, por exemplo, gerou redução no uso do papel e no uso das mídias impressas, o que impactou as gráficas e outras empresas ligadas à impressão. O uso constante de redes sociais como o Youtube, o Instagram, Facebook e outras, cria espaço para ocupações profissionais que não existiam, como o youtuber, o gestor de mídias sociais, Gestor de Marketing para e-commerce, Especialista em Mobile Marketing, etc. Em muitos desses casos, esses profissionais são autodidatas e foram desenvolvendo seu conhecimento na prática; para o youtuber, por exemplo, a ferramenta de trabalho é apenas um smartphone e uma conexão com a Internet. Numa época como a nossa, tão impactada pelas mudançase tão atormentada pelas incertezas, algumas profissões parecem traduzir essas demandas internas, como é o caso do Futurista ou do Cool Hunter. Essa naturalização do uso da tecnologia digital, a constante inovação tecnológica e a reinvenção do trabalho que começa a acontecer, abrem espaço para novos formatos organizacionais, novos modelos de relacionamento e novas experiências sociais. Analisemos algumas delas. Fique sabendo: O cool hunter tem como objetivo prever tendências e buscar inovações dentro de um nicho ou de uma empresa. Mais do que descrever mudanças nos comportamentos dos consumidores, o objetivo é entender os acontecimentos que explicam as mudanças, buscando assim distinguir fenômenos de caráter passageiro ou duradouro. O cool hunter é por si só um profissional dotado de senso crítico e curiosidade, é um pesquisador ávido e sensível para prever situações e tendências que virão num futuro próximo, com base também em ações e eventos que acontecem no presente. Esse profissional geralmente trabalha em empresas de pesquisa, em departamentos de criação e desenvolvimento de produtos ou em agências de publicidade. Ele também pode ser reconhecido pelos termos “trend designer”, ou “pesquisador de tendências”, até mesmo para fazer a diferenciação de pessoas que não tem experiências no ramo. Disponível aqui. 3. Pós-capitalismo e as novas experiências sociais Em seu livro, Pós-capitalismo: um guia para o nosso futuro (2016), Paul Mason relata que durante a década de 1980, acreditava-se que a máquina inteligente que mudaria a história da humanidade era o computador, e com a popularização dos computadores pessoais, essa crença estava prestes a se concretizar. No entanto, os usuários desses computadores logo perceberam que eles só serviam para processar dados e só estavam ligados uns aos outros para realizar tarefas específicas. Com o início das conexões de Internet, muitos começaram a perceber que a máquina inteligente não era o computador, mas a REDE, e que esta iria acelerar o ritmo da mudança e torná-la imprevisível. Desde então, iniciou-se um processo para aumentar, ampliar, melhorar e alargar as relações e as comunicações entre todos os seres e todos os objetos. http://www.ideiademarketing.com.br/2015/07/03/cool-hunters-saiba-o-que-e-e-a-importancia-desse-profissional-para-o-marketing/ A economia em rede apareceu e tornou-se social. Em 1997, apenas 2% da população mundial tinha acesso à internet, enquanto hoje são mais de 53% e esse número não para de aumentar. Ainda em 1997, o jornalista americano Kenn Kelly, citado por Mason (2016), afirmou que estava surgindo uma nova ordem econômica, baseada em três características principais: “É global. Favorece coisas intangíveis – ideias, informação e relações. E é intensamente interligada. Esses três atributos dão origem a um novo tipo de mercado e de sociedade”. Segundo Paul Mason (2016) O aumento da quantidade de computadores potentes e baratos e das redes de comunicação, colocou os meios de produção de bens intelectuais nas mãos de muita gente. As pessoas constroem blogs, podem fazer filmes e distribuí-los, podem publicar e-books – em alguns casos até podem alcançar uma audiência de milhões de pessoas antes que os editores tradicionais saibam sequer que os autores existem. O resultado é que um bom negócio pode, agora, ser realizado por indivíduos que interagem socialmente uns com os outros, mais como seres humanos e como seres sociais, do que como atores do mercado através do sistema de preços. Isto conduz à expansão dos mecanismos de não-mercado: ações descentralizadas realizadas por indivíduos que trabalham de forma colaborativa e voluntária. É a produção de novas formas de economia peer-to-peer, nas quais o dinheiro ou está ausente ou não é a principal medida de valor. Enquanto a Amazon, a mais bem-sucedida empresa de e-commerce do mundo, recolhe seu lucro em formato de dinheiro através da compra e venda de objetos, a Wikipedia só produz “lucro humano”, pois nenhuma criança fica sem informação por falta de biblioteca ou de estruturas que forneçam esse conhecimento. Além disso, a Wikipedia produz informação através da organização em rede, de maneira descentralizada e colaborativa, sem precisar recorrer ao mercado nem à gestão hierarquizada. Há também outros exemplos desse novo modelo de economia que começa a se desenhar e a produzir novas experiências sociais, como é o caso do Coworking. Coworking é uma forma de trabalho em que profissionais das mais variadas áreas trabalham em escritórios compartilhados. Longe de ser apenas um modismo, pois já existe desde 2005, essa prática já é comum nas principais cidades brasileiras e ao redor do mundo; com rotinas de trabalho cada vez mais colaborativas, a tendência é que esse modelo se torne mais viável com o tempo. Com a entrada em funcionamento da Internet banda larga, em 2000, e o súbito aparecimento de ferramentas digitais baratas e padronizadas, que ficou conhecido por Web 2.0, em 2004, os programas e os dados começaram a ser armazenados mais na própria rede do que nos computadores pessoais. As atividades desenvolvidas na Internet que se tornaram as mais comuns foram a busca, a auto-publicação e as interações diversas entre as pessoas, incluindo jogos online em que as transações comerciais chegam aos bilhões de dólares. Funciona da seguinte maneira: o profissional paga um valor, geralmente calculado por hora, para utilizar o espaço de trabalho. No escritório compartilhado, eles têm à disposição sala de reunião, área de trabalho, telefone, internet e até cafezinho. Os preços para utilização do espaço variam de acordo com as horas e os serviços demandados. Aluguel, luz, água, internet, telefonia, manutenção do espaço e outras taxas ficam por conta do proprietário da instalação. Segundo Daniel Mourão, sócio-proprietário da 2Work, escritório colaborativo de Campinas, “a gama de profissionais que podem se beneficiar desse modelo é muito grande. Empreendedores, startups, pequenas empresas, profissionais liberais e freelancers podem obter benefícios financeiros ao adotar o conceito, sem falar no networking”. Outro benefício destacado, principalmente pelos clientes, é que não é preciso se preocupar com as etiquetas corporativas. O fato de não haver baias nem divisórias estimula os encontros aleatórios e as conversas espontâneas. Pessoas mais retraídas podem se comunicar mais facilmente, usando o clima de colaboração do lugar. “Acredito que esses espaços contribuem bastante para melhorar a capacidade de comunicação entre as pessoas”, diz Cadu de Castro Alves, da Bees-Office, espaço colaborativo no Rio de Janeiro (Disponível aqui). Segundo Márcio Augusto Gianelli (2016), O Coworking apresenta-se como vetor contemporâneo, no que se refere à capacidade cognitiva humana e interações colaborativas ampliadas, pois o trabalho não consiste apenas numa forma de produzir rendas, mas também na conexão, convivência e no estilo de vida, que permitem aos indivíduos o crescimento pessoal e profissional. Outra mudança que vem ocorrendo nos últimos anos é a proliferação de habitações chamadas de Cohousing, que é um modelo de moradia sustentável, baseado no compartilhamento. Segundo o site hypeness, Espaço de Coworking em Brasília. https://exame.abril.com.br/ https://www.hypeness.com.br/2015/06/cohousing-conheca-o-modelo-de-moradia-sustentavel-que-chegou-no-brasil-e-tem-feito-sucesso-por-aqui-2/ https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/11/aula_estsoc_top10_img02-768x512.jpg As consequências de nossas práticas individualistas não costumam trazer resultados positivos para o meio ambiente e nos afastam do pensamento coletivo. Movidos por essa insatisfação, um grupo dinamarquês fundou na década de 1970 um sistema de moradia que valorizava o convívio com os vizinhos e praticava a política do compartilhamento: o cohousing. Este modelo sustentável de habitação foi aplicado em diversos países europeus e norte-americanos e hoje tem sido pauta no Brasil também. O cohousing é uma espéciede vilarejo privado onde os moradores têm suas casas individuais, porém, privilegiam o espaço comum. Cada comunidade estabelece seus princípios. Muitos prezam por lavanderias, refeitórios e bibliotecas comunitárias; alguns compartilham serviços e meios de transporte como carros e bicicletas, a fim de economizar recursos naturais e aproximar pessoas. O espírito de solidariedade e proximidade humana, somadas à ideia de uma vida mais simples proporcionada pelo cohousing, tem despertado o interesse das pessoas que buscam uma alternativa à vida estressante, solitária e maquinal das grandes cidades. O cohousing nasce do conceito de economia compartilhada, que vem se disseminando rapidamente pelo mundo. É a substituição do modelo consumista, (baseado na posse de bens) pelo modelo de compartilhamento (baseado no acesso aos benefícios dos bens), visando reduzir os custos individuais da vida urbana a partir do consumo colaborativo. Outra expressão contemporânea de mudança social é o Neotribalismo, ou apenas tribalismo. Segundo Rogério Bianchi de Araújo (2007), Cohousing em Vancouver, Canadá. https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/11/aula_estsoc_top10_img03-768x502.jpg (...) é importante salientar que o termo ‘tribos’ nada mais é do que uma metáfora para explicar a existência de agrupamentos tipicamente urbanos, os quais constroem uma identidade própria, identificando-se uns com os outros. Falar em tribo é como falar em pacto. Enquanto, nas sociedades indígenas, tribo tem uma conotação ampla, nas sociedades urbano-industriais representa particularismos, isto é, um recorte dentro da sociedade. A metropolização e a urbanização intensas provocaram a crise das tradições, perdas de identidade e, consequentemente, no resgate dessas raízes emergem as tribos urbanas. Diante da impessoalidade e anonimato tão enraizados na sociedade moderna, as tribos permitem a criação de códigos de comunicação e comportamentos particulares, com o intuito de escapar da massificação imposta pelo sistema capitalista e da solidão das metrópoles. O Neotribalismo surge como uma resistência ao modelo de sociedade existente, pois não se adequando às normas e regras feitas para organizar as gerações anteriores, as novas gerações se organizam informalmente para gerar soluções alternativas às já existentes. Em seu livro A Economia dos Desajustados: Alternativas Informais para um Mundo em Crise, a antropóloga americana Alexa Clay estudou e observou durante três anos o comportamento da economia informal, e algumas vezes ilegal, dentro do sistema capitalista. A antropóloga estudou, entre dezenas de casos, a organização financeira dos piratas da Somália e de hackers franceses que usam rotas de túneis subterrâneos para invadir museus e restaurar obras de arte negligenciadas pelo governo. Considerando que o sistema capitalista está em crise, os desajustados, como ela classifica no livro, são aqueles que não têm medo de questionar e reinventar a organização econômica vigente. O objetivo da autora foi mostrar como o espírito inovador, empreendedor e a tecnologia podem se aliar para criar novas formas de organização social e econômica. “O questionamento de como sair do sistema tradicional e como criar algo sustentável financeiramente para nós vivermos de forma alternativa são saídas úteis a curto prazo que as pessoas podem ter para lidar com a crise”. (Disponível aqui.) Leia um trecho: Se o tema da inventividade humana te interessou, leia um trecho da obra A Economia dos Desajustados: Alternativas Informais para um Mundo em Crise. 4. A era da informação e os novos modelos https://motherboard.vice.com/pt_br/article/8q5wmx/os-desajustados-podem-reinventar-a-economia https://issuu.com/novoseculo/docs/a_economia_dos_desajustados de aprendizagem Considerando todas as transformações citadas acima, o setor da Educação também foi bastante afetado por tantas mudanças ocorridas tão rapidamente; o antigo modelo educacional, ainda vigente na maioria das instituições de ensino, estava baseado num modelo de sociedade que já não existe mais, que é o modelo industrial. O professor era o único possuidor de conhecimentos e a sua figura se tornava central no processo ensino-aprendizagem; as aulas eram sempre expositivas, considerando que o aluno deveria absorver esse conhecimento de seu professor, e as escolas e universidades eram o centro de produção de conhecimento. Pense em todos os diferentes tipos de pessoas e personalidades que você conhece. Você acha que todas elas vão responder aos mesmos estímulos e mesmos métodos de busca de conhecimento? Atualmente, as informações estão democraticamente disponíveis para todos os indivíduos através dos canais da Internet; com isso, o professor deixou de ser o possuidor monopolista do conhecimento e o aprendizado agora acontece em todos os ambientes; a escola e a universidade perderam a sua condição de “santuários do conhecimento” e os alunos se tornaram protagonistas de seu próprio conhecimento. Um exemplo disso é o conceito de Recursos Educacionais Abertos, defendido na Cidade do Cabo através da Declaração Sobre Educação Aberta, em setembro de 2007. Abaixo lemos um trecho dessa Declaração: Estamos à beira de uma revolução global no ensino e na aprendizagem. Educadores em todo o mundo estão desenvolvendo um vasto conjunto de recursos educacionais na Internet, que são abertos e livres para todos usarem. Esses educadores estão criando um mundo onde cada uma e todas as pessoas podem acessar e contribuir para a soma de todo o conhecimento humano. Eles também estão plantando as sementes de uma nova pedagogia, onde educadores e estudantes criam, moldam e desenvolvem conhecimento de forma conjunta, aprofundando seus conhecimentos e habilidades e melhorando sua compreensão durante o processo. Esse movimento emergente de educação combina a tradição de partilha de boas ideias com colegas educadores e da cultura da Internet, marcada pela colaboração e interatividade. Esta metodologia de educação é construída sobre a crença de que todos devem ter a liberdade de usar, personalizar, melhorar e redistribuir os recursos educacionais, sem restrições. Educadores, estudantes e outras pessoas que partilham esta crença estão unindo-se em um esforço mundial para tornar a educação mais acessível e mais eficaz. Nessa perspectiva, com tantas ferramentas de aprendizagem e tanto conteúdo disponível para pesquisa, a educação vem experimentando uma revolução nunca antes vista. As pessoas estão assumindo as rédeas de seu próprio aprendizado e esse é um movimento que está apenas começando. A ideia de descentralização na educação tem ganhado força, e o professor passa a atuar como um mentor. Com a popularização da tecnologia, dos smartphones, dos tablets e a pulverização dos jogos digitais, a metodologia da Gameficação tem sido amplamente utilizada. Algumas plataformas, como a Khan Academy, foram desenvolvidas para aprendizagem de crianças, que fazem alguns exercícios online; os algoritmos analisam os exercícios e os padrões de acertos e erros e adaptam automaticamente planos de ensino e metodologias de acordo com as preferências e o desempenho de cada aluno. É um modelo de educação personalizada, muito diferente da educação padronizada em que fomos mergulhados. É claro que milhões de pessoas ainda estão excluídas desse processo e não têm acesso ao mínimo necessário para produzirem o próprio conhecimento e tomarem as rédeas de seu próprio destino. No entanto, não podemos negar os avanços ocorridos nessa área, principalmente porque a tendência é que a tecnologia se desenvolva num ritmo exponencial e o acesso à informação se democratize cada vez mais rápido. Saiba mais: Clique aqui e descubra novos métodos de educação. 5. Conclusão Todas as transformações que temos vivido têm causado medo e ansiedade em muitas pessoas; já não temos mais certeza de nada e a busca por certezas se torna inútil num ambiente de extrema incerteza. Poucas pessoas estão preparadas para essas mudanças inevitáveis, apesar das inúmeras oportunidadesque se apresentam nesse momento de transição. Aproveite este momento para refletir sobre suas escolhas e sobre as possibilidades oferecidas por esse momento histórico. Muitas ferramentas estão disponíveis para intervirmos na realidade e criarmos nosso próprio caminho, sem roteiros prévios ou padronizados. A realidade é um ambiente de intervenção, e suas ações ajudam a moldar tudo à sua volta. Aproveite essa oportunidade! 6. Referências ARAÚJO, Rogério Bianchi. NEOTRIBALISMO – O predomínio da estética local sobre a ética global. Revista Brasileira de Marketing, 2007. https://pt.khanacademy.org/ ATHAYDE, Bruno. Você sabe o que é Coworking? Revista Exame, 2013. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/voce-sabe-o-que-e-coworking/>. Acesso em 15 de agosto de 2018. CLAY, Alexa; Philips, Kyra Maya. A Economia dos Desajustados: Alternativas Informais para um Mundo em Crise. Ed. Figurati, 2015. GIANELLI, Márcio Augusto. Coworking: o porquê desses espaços existirem! Estudo sobre espaços de coworking na cidade de São Paulo e sua importância arquitetônica na era da informação. 2016. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo. LONGO, Walter. Marketing e comunicação na era pós-digital: as regras mudaram. São Paulo, HSM do Brasil, 2014. _____________. Bem-vindos ao mundo pós-digital. Revista Galileu, 2015. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/01/bem-vindos-ao-mundo-pos- digital.html>. Acesso em 15 de agosto de 2018. MASON, Paul. Pós-capitalismo: Um guia para o nosso futuro. Ed: Unipessoal, Lisboa, 2016. SANTAELLA, Lucia. Pós-humano – Por quê? REVISTA USP, São Paulo, n.74, p. 126-137, junho/agosto 2007. NAÍSA, Letícia. Os desajustados podem reinventar a economia. Motherboard / Vice, 2015. Disponível em: <https://motherboard.vice.com/pt_br/article/8q5wmx/os-desajustados-podem- reinventar-a-economia>. Acesso em 16 de agosto de 2018. Youtube (21 de setembro de 2017) Pornocracy [Trailer + 18 anos] (2017) Documentário da indústria dos filmes pornô – Trailer Legendado. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=bxQl7EnESR0>. Acesso em 18 de agosto de 2018.
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