Prévia do material em texto
1 FACULDADE ÚNICA AROYTO PEREIRA DE LIMA CARDOSO A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO PLANO TOPOGRÁFICO LOCAL SEGUNDO A NBR14166 PARA MUNICÍPIOS COM EXTENSÃO TERRITORIAL PREDOMINANTEMENTE LESTE–OESTE ´ PARAUAPEBAS – PA 2022 2 FACULDADE ÚNICA AROYTO PEREIRA DE LIMA CARDOSO A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO PLANO TOPOGRÁFICO LOCAL PARA MAPEAMENTOS TOPOGRÁFICOS EM MUNICÍPIOS COM EXTENSÃO TERRITORIAL PREDOMINANTEMENTE LESTE–OESTE Artigo Científico Apresentado à FACULDADE ÚNICA, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Geoprocessamento e Georreferenciamento. PARAUAPEBAS – PA 2022 3 A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO PLANO TOPOGRÁFICO LOCAL PARA MAPEAMENTOS TOPOGRÁFICOS EM MUNICÍPIOS COM EXTENSÃO TERRITORIAL PREDOMINANTEMENTE LESTE–OESTE Aroyto Pereira de Lima Cardoso RESUMO A utilização do Plano Topográfico Local (PTL) em substituição ao Sistema de Coordenadas Planas UTM é uma das melhores soluções para fins de implantação de obras de engenharia. O sistema UTM apresenta diversas variáveis que devem ser levados em consideração, atualmente a maior parte dos profissionais responsáveis por executar as atividades de coleta de dados topográficos que subsidiam a criação e execução dos projetos desconhecem estes elementos. É muito importante conhecer as distorções inerentes a curvatura terrestre e os efeitos da convergência meridiana, pois são elementos chave para a precisão e uma parcela significativa dos profissionais desconhecem e acabam negligenciando estes fatores. No sistema UTM está presente o fator de deformação de escala “K” que tem como principal função representar as distorções que o sistema UTM possui sobre as coordenadas que atuam na faixa Leste-Oeste, em outras palavras o fator “K” quando não avaliado a depender da região onde são executados os serviços podem colocar todo um projeto a perder em função destas distorções causando erros de ampliação ou redução das distâncias em função da curvatura terrestre, em localidades onde a extensão territorial está totalmente situada numa faixa predominantemente Leste-Oeste é aconselhável adotar a criação de um PTL orientado pela Norma NBR 14.166 visando apresentar soluções para as obras e projetos de engenharia, tendo em vista que utilizando o PTL é possível desconsiderar os erros da curvatura terrestre, os efeitos da convergência meridiana e é imutável em áreas geologicamente estáveis não se alterando com o passar dos tempos. Palavras-chave: Plano. Distorções. Coordenadas. INTRODUÇÃO As coordenadas planas derivadas do sistema Transverso de Mercator (TM) apresentam diversas considerações quanto a sua aplicação que em nenhuma hipótese deverão ser negligenciadas para aplicação prática. Tais considerações estão associadas aos efeitos provenientes da curvatura terrestre, bem como a distorção linear, que impossibilita a obtenção de exatidão 4 quando a mesma é desconsiderada, tendo ainda, o agravante de que as coordenadas obtidas para um determinado vértice em uma dada época mudam quando se altera ou reajusta o sistema geodésico de referência, denotando uma característica variável, pois, as coordenadas geradas neste sistema só servirão para ser operacionalizadas no sistema de referência em que a mesma foi obtida. Sendo impossível obter para cada sistema geodésico ou até para um mesmo sistema uma única coordenada UTM associada ao mesmo ponto. Atualmente o Sistema de projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) é o sistema de representação cartográfica adotado pelo Sistema Cartográfico Brasileiro conforme a NBR 14166, deve-se ressaltar que o mesmo é um sistema de grande abrangência, no entanto, só é eficiente quando são considerados todos os diversos fatores e parâmetros que causam distorções. Neste sentido, um dos grandes problemas recorrentes atualmente em obras de engenharia é que muitos profissionais desconhecem ou ignoram os fatores que causam distorções e os parâmetros dos sistemas de projeções cartográficos e geodésicos, gerando grandes problemas na confecção dos projetos e no processo de implantação das obras, o que torna o sistema de coordenadas UTM impraticável em diversas ocasiões. Conforme as suas características e classificação, o sistema UTM é uma projeção cilíndrica de eixo equatorial, transversa, que mantém a forma das figuras (conforme), sendo que a tangência do cilindro se mantém ao longo dos meridianos. Isso numa primeira aproximação, já que para minimizar os erros, adota- se um cilindro secante (CINTRA,1993). Ainda sobre este sistema, é de grande importância destacar o coeficiente de deformação linear “K”, um dos parâmetros que mais degradam os elementos lineares nos sistemas de projeções TM. Esta projeção apresenta três meridianos, nos meridianos secantes que são onde os mesmos tocam a superfície do cilindro o coeficiente de deformação linear é unitário (K=1) refletindo em não deformação das distâncias (CINTRA,1993). Porém, no meridiano central o valor se altera para (K=0,9996) onde as distâncias são deformadas em virtude da curvatura inerente a superfície da Terra (CINTRA,1993). 5 Todas estas circunstâncias observadas para o sistema de coordenadas UTM não se aplicam quando são adotadas as coordenadas provenientes do Plano Topográfico Local (PTL), porque de acordo com Dal’forno et al. (2010) empregando- se o sistema PTL é possível desconsiderar os erros sistemáticos causados pela curvatura da Terra e pelo desvio da vertical, o que é impossível para o sistema UTM. De acordo com Silveira e Rocha (2016), em obras de engenharia que exigem uma maior precisão para fins de locação deve-se eliminar as distorções inerentes a transformação de elementos sobre a superfície elipsóidica para a superfície plana, a melhor opção é a conversão das coordenadas planas UTM em coordenadas plano topográficas locais. O PTL se apresenta como o sistema de projeções cartográficas que melhor se adapta a superfície terrestre, embora o Sistema de Coordenadas Terrestres local não tenha a mesma abrangência espacial que as projeções UTM. De acordo com Torge (2001), a superfície sólida da Terra tem um formato totalmente irregular e é nela que se efetuam as diversas operações topográficas e geodésicas. Sobre este ponto a ABNT (1998) orienta que as áreas de abrangência do PTL devem ser reduzidas, no caso de a superfície terrestre abrangida ser muito acidentada em seu relevo, apresentando áreas em que haja desníveis superiores a 150 m. Desta forma, levando-se em consideração principalmente os problemas causados pela desconsideração do “K” e a imperícia de alguns profissionais quanto ao emprego do sistema UTM, o presente trabalho tem a finalidade de apresentar o PTL como o melhor sistema de coordenadas a ser usado para fins de mapeamento e aplicações em obras civis em municípios com extensão territorial predominantemente leste – oeste, com base em análises de artigos, livros e normas. DESENVOLVIMENTO Sobre o coeficiente de deformação linear “K” é possível inferir que a sua ação é estritamente Leste – Oeste, ou seja, em levantamentos convencionais onde se adotam as coordenadas provindas dos sistemas TM para os processos de transportes de coordenadas e locações de obras civis, não há necessidade de 6 analisar a ação deste fator no sentido Norte – Sul, pois as mesmas não existem, conforme pode ser observado na figura 1. Figura 1 – Cilindro Secante ao globo terrestre. Fonte: Silveira (2017). E de acordo com (CINTRA,1993), o fator escala K, pode ser definido como sendo um número (dado por uma expressão calculada num ponto) que multiplicado pela distância sobre o elipsóide fornece a distância em planta. Esta distância em planta, nadamais é do que uma distância que foi gerada por meio das coordenadas obtidas no sistema UTM após as correções (aplicação do parâmetro “K”), e deverá ser é a mesma distância obtida no PTL, quando geradas por meio de levantamentos topográficos clássicos, entre outras palavras a distância em planta mencionada é a mesma distância topográfica. De acordo com a ABNT (1998), a área de abrangência do plano topográfico local é de 10.000 Km², ou seja, 100 km x 100 km sendo que as bordas do plano se distanciam 50 km do seu centro, tendo a maior distância em sua diagonal (50√2) que é aproximadamente 70,711 km, as dimensões e abrangência do plano topográfico local é ilustrada na figura 2. Figura 2 – Representação do PTL em relação ao elipsóide. 7 Fonte: Silveira (2017). A mesma norma acrescenta que, a fim de elevar o plano topográfico de projeção ao nível médio da área objeto do sistema topográfico, as coordenadas plano-retangulares são afetadas por um fator de elevação, sendo assim, elevado à altitude ortométrica (Ht) média da área de abrangência do sistema, passando a chamar-se Plano Topográfico Local, conforme indicado na figura 3. Figura 3 – Relação entre superfícies. Fonte: Adaptado de ABNT (1998). Todas as transformações de coordenadas são guiadas pelas baterias de cálculos apresentados na norma NBR 14.166 (Equações para transformação de coordenadas para o Plano Topográfico Local), e ao consultar a mesma é possível entender como todo o processo de distorções inerentes ao fato “K” seja analisado e associado as distorções que se apresentam invariavelmente para o PTL. Onde é 8 possível desconsiderar os fatores derivados da convergência meridiana e curvatura terrestre. Neste sentido, para a realização de transporte de coordenadas e cálculo de poligonais no sistema de coordenadas UTM é necessário que se tenha um azimute de partida, este azimute pode ser calculado em função de uma equação matemática que utiliza dois pares de coordenadas e possuem relação direta com a convergência meridiana pois este azimute está no plano de projeção UTM. Já para as distâncias é necessário que se calcule o valor para o coeficiente de deformação de escala “K” para que a curvatura terrestre não seja desconsiderada e as áreas calculadas por meio das poligonais não sejam afetadas ou tenham distorções. Estas distorções inerentes ao fator “K” somente podem ser verificadas no sentido Leste-Oeste, conforme pode ser observado na figura 1, e de acordo com (CINTRA,1993), o fator escala pode ser definido como sendo um número (dado por uma expressão calculada num ponto) que multiplicado pela distância sobre o elipsóide fornece a distância em planta. Em outras palavras temos que as distorções geradas pela negligência deste fator é diretamente proporcional ao valor das distâncias encontradas entre os pontos mapeados. Neste sentido, quando se analisa a complexidade e a demanda de conhecimento teórico para se realizar mapeamentos com eficiência utilizando o sistema UTM, chegamos à conclusão de que se faz necessário a adoção de uma metodologia que facilite o processo de mapeamento, pois geralmente quem executa os levantamentos topográficos são os profissionais conhecidos como topógrafos, que em sua grande maioria conhecem todos os processos práticos do mapeamento e desconhecem a teoria por trás da cartografia. Quando se realiza um levantamento topográfico clássico por meio da utilização de equipamentos de medição de ângulos e distâncias (teodolitos e estações totais), somente é possível coletar informações associadas ao plano topográfico desconsiderando os erros causadas pela curvatura terrestre e desvio da vertical Dal’forno et al. (2010). Por falta de conhecimento teórico o que se pratica diariamente por muitos profissionais é o transporte de coordenadas Pseudo-UTM, que são coordenadas 9 transportadas a partir de dois vértices UTM conhecidos incrementados de distâncias e ângulos no planto topográfico local, isto é, coordenadas topográficas com grandezas UTM e é no emprego desta metodologia que surgem as distorções no mapeamento. Neste sentido, está evidenciado a importância do emprego do PTL quando da execução dos mapeamentos terrestres por topografia convencional que é realizado por meio da utilização de equipamentos clássicos, como teodolitos e estações totais. Já que no transporte de coordenadas mais avançados como os derivados da utilização do sistema Global Positioning System (GPS) as coordenadas transportadas já consideram todos os parâmetros informados. Para criar um Plano Topográfico Local é necessário consultar a NBR 14166, pois nela estão apresentados todos os cálculos e os cuidados que devem ser tomados, abaixo temos uma imagem que representa a disposição do Centro do Planto Topográfico Local (CPTL). Figura 6 – Dimensões do PTL com origem no CPTL. Fonte: Autor. Ao materializar o CPTL todos os trabalhos de mapeamentos clássicos podem ser executados normalmente já que neste sistema de coordenadas é possível desconsiderar a curvatura terrestre e os efeitos da convergência meridiana, e para evitar erros basta que os cuidados com os erros inerentes aos trabalhos de campo 10 sejam mitigados, a Norma ABNT 14.166 apresenta o formulário que deve ser seguido para a criação do PTL. Nesta norma, inicialmente é apresentado um valor alto para as coordenadas como sendo 150.000 + xp para as coordenadas X e 250.000 + yp para Y, os valores 150.000 e 250.000 são valores representativos e podem ser trocados pelas coordenadas originais UTM dos pontos a fim de que seja mais fácil qualquer processo de conversão posterior de PTL para UTM e ainda avaliar qual seria a distorção cometida realizando o processo de forma equivocada conforme já mencionado anteriormente. CONCLUSÃO Quando a área de um determinado projeto tem uma extensão predominantemente Leste – Oeste e este território couber perfeitamente dentro de um PTL, assume-se que os resultados obtidos serão extremamente satisfatórios pois não haverá a necessidade da criação de um PTL paralelo, pois a abrangência do plano não foi extrapolada. Desta forma, é possível perceber que em um projeto esteja situado predominantemente no sentido Leste – Oeste, com toda certeza, haverá grandes problemas para a implementação da obra utilizando as coordenadas derivadas dos sistemas TM sem considerar os fatores “K” e a convergência meridiana. Isso ocorreria, porque conforme mencionado no corpo deste trabalho, além de ser extremamente necessário a consideração dos parâmetros causadores de distorções deste sistema, atualmente muitos profissionais desconhecem ou ignoram estes fatores e os parâmetros dos sistemas de projeções cartográficos e geodésicos. Portanto, para evitar os transtornos causados mediante a aplicação do sistema UTM para a confecção de projetos e locação de obras em locais com extensão territorial predominantemente leste–oeste, a solução é a criação de um plano topográfico local. Neste sistema, os dados provenientes dos levantamentos de campo possuem verdadeira grandeza, ou seja, a medida confere com o valor real da parcela mensurada. 11 No PTL, os levantamentos podem ser realizados de forma direta por meio de métodos topográficos clássicos sem a preocupação dos parâmetros, o que não se aplica ao sistema UTM, e ainda neste sistema é possível garantir que se esteja trabalhando com um sistema que não se altera com o tempo (é imutável em áreas geologicamente estáveis) e nem com a alteração do sistema geodésico por ser um sistema de coordenadas estritamente local. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14166: Rede de Referência Cadastral Municipal – Procedimento. Rio de Janeiro, 1998. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. Disponível em: < http://www. censo2010. ibge.gov. br/>. Acesso em: 10 out. 2017., v. 23, 2010. CINTRA, Jorge P. Sistema UTM. EPUSP, Apostila, 1993. SILVEIRA, Leonard Niero da. ROCHA, Jonatan dos Santos. Influência da altitude na deformação de áreas projetadas nos sistemas planos UTM, LTM e RTM. Tecnologia e Ambiente, v. 22, 2016. SILVEIRA, Prof. Leonard Niero da. TRANSFORMAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS DE COORDENADAS UTM, RTM, LTM, GAUSS KRÜGER E PLANO TOPOGRAFICO LOCAL: CARTOGRAFIA II, 2017. 12 p. Notas de Aula (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA). Torge, W., 2001. Geodesy, Walter de Gruyter, New York, USA, 526 páginas.