Buscar

Caderno de memórias coloniais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Caderno de memórias coloniais
Temos 43 pequenos textos, numerados, que mantêm certa autonomia, independência entre si. Como
encadeamento, ainda que tênue porque pouco marcado, o leitor tem em seu auxílio a ordenação
cronológica: eventos se sucedem de maneira que se possa acompanhar o crescimento da menina em
Moçambique e sua mudança para Portugal. Ao escrever sobre o que viveu e testemunhou quando
criança, a autora se volta a eventos cruciais da história recente desses países: a situação colonial, que
brutalizava o africano e a africana; a guerra colonial ou de independência; o 25 de abril de 1974; o 07 de
setembro deste mesmo ano; a situação dos colonos depois da independência e seu retorno massivo a
Portugal. As esferas pessoal e coletiva surgem ligadas, tornando-se, esta autobiografia de infância,
também uma espécie de heterobiografia (como considerou Antonio Candido acerca de Boitempo e
Menino antigo, de Carlos Drummond de Andrade). Para que a articulação dessas esferas funcione no
livro, destacam-se algumas estratégias de composição: 1) a linguagem crua e por vezes elíptica; 2) a
construção de metáforas e metonímias; 3) o recurso a situações emblemáticas; 4) o destaque do corpo;
5) a metalinguagem.
O segundo post-capítulo é bom exemplo de algumas dessas estratégias. Note-se que não há introdução,
ou seja, informações prévias sobre quem fala, de quem se fala, onde se passam as ações e nem
quando. A narrativa é, nesse sentido, lacunar, oferecendo escassos elementos ao leitor. Aos poucos,
porém, uma voz narrativa se revela em primeira pessoa (repondo o “eu” esboçado no post-capítulo
anterior). O leitor é levado a considerar que a narradora escutara, em menina, conversas de mulheres
como as que agora, já adulta, relata. A estratégia escolhida reforça o trânsito entre a dimensão pessoal e
a coletiva, colocando as vozes dos outros em primeiro plano. Mas modificadas, a especificidade da voz
autoral se instala e se afirma na escolha lexical: “As pretas tinham a cona larga, mas elas diziam as
partes baixas ou as vergonhas ou a badalhoca.” (p. 13) As mulheres brancas usavam outras palavras
para falar do sexo das mulheres negras, diferentes da que escolhe a narradora. Há, assim, alguém que
fala das falas das mulheres brancas marcando sua distância, enfatizando sua não adesão ao discurso
exposto.
Chama a atenção a assertiva inicial do post-capítulo mencionado: “Os brancos iam às pretas.” (p. 13)
Uma fórmula de caráter genérico que dá os contornos de um tabuleiro social em que os indivíduos se
reduzem a peças movendo-se segundo esquemas prévios e previsíveis. Nota-se que o abuso do homem
branco com relação à mulher negra se repõe na depreciação da mesma por parte da mulher branca. Ou
seja: o corpo da mulher negra sofre ataques concretos e simbólicos que se reforçam mutuamente. “As
pretas tinham a cona larga e essa era a explicação para parirem como pariam, de borco, todas viradas
para o chão, onde quer que fosse, como animais.” (p. 13) É interessante notar que esta fala de mulheres
brancas é apresentada como lugar-comum, é fala sem boca que pode passar por toda boca de mulher
branca, sugerindo-se que na ordem colonial a pessoa se dilui no grupo. De outra maneira: ser branco é
decisivo, ser negro é decisivo, importa mais que qualquer outro traço particularizante. O singular se
borra, vale o traço que identifica cada um a seu grupo, ou antes, a sua raça.
Notemos que o assunto das mulheres brancas é o corpo das mulheres negras. Ou melhor: o corpo
reduzido a sexo da mulher negra que se contrapõe ao corpo de sexo reduzido da mulher branca. Na fala
da branca, a negra é semelhante ao animal: “Que diferença havia entre uma negra e uma coelha?” (p.
14) A repressão sexual fica indicada, resultando na super-desvalorização da mulher negra, que será
suporte para o que a branca nega em si, com efeitos de ampliação e deformação. Ou seja, a sexualidade
que a branca nega em si se projeta, desfigurada, no corpo da mulher negra, desumanizando-a. O
Caderno de memórias coloniais capta, assim, de maneira aguda, a brutalidade e perversidade desta
sociedade extremamente racializada. Ao expor a amplitude da violência presente nas relações entre
colonizadores e colonizados, o Caderno serve como antídoto à velha ideologia, que ainda sobrevive de
várias formas, do “bom colono (ou da boa colona) português (portuguesa)”.
Importa atentar para a seguinte estratégia narrativa: a narradora aborda as práticas sexuais violentas
(concretas e simbólicas) da sociedade colonial de maneira genérica, primeiramente, e só em seguida
trata da sexualidade de seu pai. O começo do terceiro post-capítulo insere esta particularidade: “Foder.
Meu pai gostava de foder. Eu nunca vi, mas via-se.” (p. 17) Seu pai se torna um dos brancos que iam às
pretas. Suas ações pessoais pautam-se por uma ordem coletiva já anunciada no post-capítulo anterior,
de maneira que sua figura ganhe caráter metonímico: trata-se do pai da menina, mas também de um
representante da ordem colonial. A centralidade da figura paterna é importante para a economia do livro,
configurando-se numa espécie de protagonista e mesmo num interlocutor subentendido (lembremos que
o livro é dedicado a sua memória). O trânsito geral/particular/geral na composição dessa
personagem-central torna-se decisivo: as ações e características do pai podem ser tomadas como
próprias de todo o grupo de que faz parte (os colonos brancos). Falando do pai, fala-se da ordem
colonial. De outra maneira: suas ações (particulares) participam e são índice de uma ordem mais ampla
(geral) de brutalidade.
Formas de ataque (físico e simbólico) ao corpo ressurgem ao longo de todo o livro. Como eletricista, o
pai de Isabela tinha seus empregados negros. No dia do pagamento, aos sábados, a “única hipótese de
não haver milando, era meterem o dinheiro recebido no bolso das calças rasgadas e saírem,
cabisbaixos. Se reclamavam, havia milando, e não eram poucas as vezes em que saíam da sala com um
murro nos queixos, um encontrão dos bons.” (p. 41) Também os homens negros terão seu corpo
reificado pelo colonizador: as agressões físicas contra os trabalhadores, tidas como disciplinadoras pelo
patrão, sugerem uma ordem social em que o corpo negro é acessível ao homem branco, no corpo se
concretiza a dominação. Para o colonizador, o corpo do colonizado lhe pertence. Não reconhecendo
seus contornos humanos, o colonizador não reconhece limites, avança, invade. Esta situação
emblemática das relações coloniais repõe o poder do pai (como disse já, personagem-metonímia do
colonialismo português), denunciando sua violência sobre os corpos, todos (se antes de mulheres
negras, agora também de homens negros). Violência que chega ao corpo da menina, castigada quando
surpreendida, aos sete ou oito anos, a “brincar de foder” com o vizinho: “Senti durante muito tempo as
bofetadas do meu pai a arder no rosto e os golpes que espalhou pelo meu corpo; rosto, braços, nádegas,
costas, pernas.” (p. 30) A relação de Isabela com o pai adquire caráter ambíguo, de atração e repulsa,
afeto e raiva, aconchego e medo (nota-se que a relação pai-filha passa sempre pelo corpo, pela
descrição de como era seu pai fisicamente e de como a tocava e carregava quando menina).
Na ordem de dominação e opressão instaurada (“Lourenço Marques, na década de 60 e 70 do século
passado, era um largo campo de concentração com odor a caril” (p. 23)), Isabela-menina pôde
experimentar a posição de vítima e algoz. Isto porque, sendo mulher e filha, podia apanhar do pai como
os negros, seus empregados; sendo branca, podia bater nos negros (como faz com a colega Marília,
dando-lhe uma bofetada na cara). Seu lugar no tabuleiro social é dúbio: a menina Isabela está suscetível
à mesma espécie de violência física que pode produzir. Mesmo sendo filha de colonos, resistiu a
transmitir a mensagem unívoca de que tinha sido investida ao sair de Moçambique: “Quando paramos no
aeroporto, o recado de que era portadora já me tinha sido repetido inúmeras vezes. O recado era
importante: a pretalhada,nesses dias, matava a esmo; prendia, humilhava aleatoriamente.” (p. 87) Se o
Caderno transmite algum recado, é o de que os eventos de brutal violência contra o grupo de que fazia
parte como branca (levados a cabo por integrantes da FRELIMO) responde a violências pregressas que
a autora também testemunhou (e, de certa forma, praticou e sofreu) ao longo de toda sua infância. Havia
mais recados a transmitir. Não se trata, o Caderno, de justificar brutalidades e atrocidades, ao contrário.
Trata-se de apreender e denunciar literariamente dinâmicas coletivas, inscrevendo eventos particulares
numa cadeia mais ampla de acontecimentos: a vida do negro valia pouco, como a do branco passa a
valer depois. Talvez o livro de Isabela sugira que a violência da sociedade colonial tenderia a se
perpetuar, afetando gerações futuras, descendentes de colonizadores e colonizados (morando em
Moçambique ou Portugal). Há um legado colonial marcado por ódio, rancor e culpa, de que o Caderno se
empenha em tratar.
O post-capítulo de número 16 interessa especialmente: coloca em cena o ato de leitura e,
metaforicamente, de escrita. A possibilidade de ler (“Sabia ler. Tinha sido difícil. Mas agora, este milagre”
(p. 61)) associa-se a liberdade (“embora a prisão física não se alterasse, e os muros e grades de ferro
continuassem altos à minha volta, em todos os lugares, tornei-me mais livre” (p. 61)) e se desdobra
noutra atividade, associada à da toupeira (“Foi quando comecei a tornar-me toupeira” (p. 61)) que cava a
terra, róe as raízes “até restar pó” (p. 62). Como toupeira, a narradora se torna inimiga do pai (“A inimiga
lá dentro, calada.” (p. 61)). Encerrando o post-capítulo, o seguinte parágrafo: “O meu pai tinha a camisa
branca e eu, o seu tesouro, a sua vida, sujei-lhe de terra para sempre.” (p. 62). A escrita seria este
cavoucar a terra, este roer raízes até restar pó? O Caderno seria, então, o resultado do trabalho de
escrever/cavar/roer, tornando-se, a camisa branca suja de terra, uma metáfora para o próprio livro.
Outras roupas marcadas figuram no Caderno, como a farda do primo, que mesmo depois de enterrada
“cheirava a sangue” (p. 67), ou a roupa da própria menina Isabela, de partida para Portugal: “(…) ia toda
vestida de sangue: era terra vermelha, mas na verdade, sangue, que se foi soltando durante a viagem
aérea, realizada na noite por pudor, não para dormir. Por vergonha, por silêncio.” (p. 109) A farda do
primo, cheirando a sangue, enterrada; a terra, manchando a roupa da menina, que era na verdade
sangue. A escritora-toupeira não revolveria essa terra-sangue? A escrita do Caderno, recuperando e
expondo uma memória (apagada, silenciada) de brutalidade, instaura um lugar não previsto na ordem
colonial, a distância crítica (não é à toa que a autora diz estar traindo o pai com a escrita). Se a faculdade
da leitura permitiu à menina cavar uma distância com relação à prisão social em que vivia, contribuindo
para que resistisse à posição de vítima e algoz que lhe era imposta, a escrita parece consolidar esse
afastamento. Trata-se de elaborar, pela narrativa, uma nova posição diante do passado, consolidando
uma perspectiva singular (para além dos discursos prontos dos grupos envolvidos na ordem colonial;
para além do silêncio e da vergonha paralisantes). Ao fazê-lo, Isabela demanda o reposicionamento dos
outros, leitores. O caráter literário de sua escrita, que sabe imbricar esfera pessoal e coletiva, responde
pela força dessa demanda.
Ponciá Vicêncio
A obra narra a trajetória de Ponciá Vicêncio, uma mulher negra, desde sua infância até a idade adulta.
Ponciá mora com a mãe, Maria Vicêncio, na Vila Vicêncio, no interior do Brasil, onde vive numa
população de descendentes de escravos. Seu pai e seu irmão trabalham no cultivo da lavoura da família
Vicêncio, que é proprietária das terras onde todos moram e trabalham, ademais são donos do
sobrenome dos habitantes da vila, como a família de Ponciá. A narrativa feita em flashbacks, descreve a
infância da menina na vila junto da mãe e do artesanato com o barro que elas fazem. Narrado em
terceira pessoa, somos levados ao íntimo dos personagens, assim, conhecemos a felicidade da menina
Ponciá, que brincava de passar por debaixo do arco-íris com medo de mudar de sexo, segundo uma
crendice popular, era diferente desde a infância, principalmente pela semelhança física com o avô
Vicêncio. Este, quando escravo, teve um momento de loucura e grande indignação com a escravidão,
mata a esposa e tenta o suicídio se mutilando, corta o próprio braço, esse braço cotó que desde
pequena Ponciá imita, apesar de quando o avô faleceu, apenas era uma criança de colo, ela modela um
boneco de barro idêntico a ele, que deixa mãe espantada e por esse motivo todos dizem que ela carrega
a herança do avô. Depois de perder o pai, Ponciá parte para a cidade grande em busca de uma vida
melhor, viaja de trem e ao chegar à cidade sem ter para onde ir, passa uma noite na porta da Igreja e
consegue um emprego de doméstica. Durante o tempo que junta dinheiro para compra um barraco e
trazer a mãe e o irmão para morar com ela na cidade, seu irmão Luandi decide migrar para a cidade
grande, deixando sua mãe triste. Ao chegar na cidade, o rapaz arruma emprego de faxineiro na
delegacia, com a ajuda do soldado Nestor, negro que conheceu ao chegar na estação de trem e serve de
inspiração para Luandi, que sonha em ser soldado. A mãe, Maria Vicêncio, sozinha na casa, decide
viajar pelas vilas sem rumo até que chegue a hora de encontrar os filhos. Nisso, Ponciá volta à vila
buscar sua mãe e o seu irmão, mas não entra ninguém, apenas o boneco de barro do avô guardado no
fundo de um baú, ao visitar Nêngua Kainda, descobre que encontrará a mãe e o irmão e cumprirá a
herança. Ao retornar à cidade, ela se junta a um homem que conhece na favela, no início apaixonada,
mas depois sofre agressões físicas, causadas pelo seu estado de apatia, que deu pelas perdas sofridas:
a ausência dos familiares e os sete abortos. Enquanto isso, Luandi aprende a ler e escrever, ficando
cada vez mais próximo de realizar o sonho de ser soldado. Conhece Bilisa, uma mulher negra, que veio
para a cidade em busca de uma vida melhor, mas ao ser roubada na casa onde trabalhava, torna-se
prostituta, os dois se apaixonam e fazem planos. No entanto, ela é assassinada brutalmente por Negro
Climério, fato que interrompe os planos do casal. Anteriormente, Luandi empresta uma farda do soldado
Nestor e retorna à vila para encontrar a mãe, mas não encontra ninguém, apenas uma pista: o sumiço do
boneco do avô. Ele deixa seu endereço com Nêngua Kainda para que esta o entregue à mãe e retorna à
cidade. Sua mãe vai ao encontro dele na cidade grande, ao chegar na estação de trem, encontra um
soldado e entrega o bilhete com o endereço do filho, o soldado era Nestor, que leva ela até a delegacia
onde está Luandi. Na favela, Ponciá, delira com saudades do barro, decide retornar à cidade natal, e na
estação de trem reencontra a família e retornam juntos para a Vila Vicêncio, onde Ponciá faz o
cumprimento de sua herança ancestral, junto do rio, do arco-íris e do barro.
Deixe o quarto como está - resumo não encontrado
Bagagem
Bagagem, livro de estreia da mineira Adélia Prado, está composto por cinco partes: O modo poético, Um
jeito de amor, A sarça ardente I, A sarça ardente II e Alfândega. Em todas elas há temas que se
repetem, sua condição feminina, por exemplo, é reafirmada em vários pontos. Nota-se que é um livro
para ser lido e percebido como composto por uma mulher.
O Amor é outra temática central, ele aparece, no entanto, de forma muito simples, acompanhado por um
sutil erotismo que se faz presente em vários poemas. Há também uma presença constante do cotidiano,
cenas da vida corriqueira que ganham um tom lírico ao serem convertidas em poesia. As relações
familiares, como o amor entre mãe e filho, a relação entre pai e filha, ou entre cônjuges, ganham
destaque na obra.
Como um desdobramento desses temas surge a questão da memória, há na poesia da autorauma série
de poemas que se dedicam a relembrar acontecimentos vividos por gerações anteriores e também
elementos que podem ser considerados autobiográficos.
Há também em Bagagem um emprego muito recorrente da metapoesia. De fato, o ato de escrever
poemas assim como a própria concepção de literatura da autora são temas muito importantes no livro.
Por último, a religiosidade também merece atenção na obra, porém, trata-se de uma relação com o
sobrenatural que também é muito natural e incorporada ao cotidiano, lírica e suave como os outros
temas centrais do livro.
São Bernardo
O fazendeiro Paulo Honório resolve escrever a história de sua vida. Da infância, pouco se recorda,
desconhece as próprias origens, tendo sido criado pela doceira Margarida. Na juventude, esfaqueou um
sujeito e ficou preso por quase quatro anos. Na cadeia, aprendeu a ler e escrever. Tendo trabalhado na
fazenda de São Bernardo, alimentava o sonho de um dia comprá-la.
Em busca da concretização desse desejo, submeteu-se a todo tipo de trabalho e remuneração. Passou a
emprestar dinheiro a juros, que recuperava por vezes de forma violenta. O capanga Casimiro Lopes era
o seu ajudante na função e acabou se tornando um companheiro da vida inteira. Fingindo amizade, deu
péssimos conselhos a Luís Padilha, jovem herdeiro de São Bernardo e, depois de envolvê-lo em dívidas
insolúveis, conseguiu adquirir a propriedade.
Resolveu com violência alguns problemas de divisas com vizinhos e se fortaleceu como agricultor e
homem influente, corrompendo aqueles de cujo apoio necessitava. Para agradar ao governo, instalou
uma escola em São Bernardo, contratando para o cargo de professor o próprio Luís Padilha, agora
falido.
Resolvido a se casar e produzir um herdeiro para suas posses, aproximou-se da jovem professora
Madalena. Inicialmente, propôs que a moça substituísse Luís Padilha, mas, diante de sua recusa,
declarou as verdadeiras intenções. Depois de alguma hesitação, Madalena aceitou, mudando-se para
São Bernardo com a tia, D. Glória.
A independência de pensamento de Madalena e tendência a interferir nos negócios da fazenda, sempre
em favor dos empregados, irritavam Paulo Honório. Com isso, as brigas entre o casal passaram a ser
constantes. Madalena engravidou e deu a Paulo Honório o filho homem que ele desejava. Mas o
nascimento da criança não acabou com as discussões. Paulo Honório passou a imaginar que a mulher
que lhe fugia ao controle deveria se submeter aos caprichos de alguém. Tomado de ciúmes, passou a
atormentar a esposa com desconfianças e ofensas. Quando a situação chegou a um ponto insuportável,
Madalena se suicidou.
Aos poucos, os empregados se retiraram de São Bernardo e os amigos se afastaram de Paulo Honório.
Os negócios do fazendeiro caminhavam mal e ele não conseguia reunir forças para se reerguer.
Passados dois anos da morte de Madalena, ninguém mais aparecia ali. Restava a Paulo Honório a
obediência de alguns empregados, do filho e do fiel Casimiro Lopes.
As Meninas
Como já informado, inicialmente, o livro narra a vida de três garotas universitárias em
transformação. Elas se conhecem e se tornam muito amigas ao ficarem instaladas em um pensionato
de freiras, na cidade de São Paulo, em plena ditadura militar brasileira.
Além de personalidades diferentes, identificadas na narrativa pela linguagem e vocabulário que cada
uma utiliza, as condições sociais das personagens também não são as mesmas – indicando a
intenção da autora de ampliar a discussão de temas e realidades diversas na obra.
Em convivência, durante o recesso da faculdade, as jovens se conhecem melhor e fortalecem a
amizade ao dividir seus dramas e anseios. O enredo se passa, principalmente, no quarto de Lorena,
o maior e mais aconchegante ponto de encontro das amigas. Contudo, outros ambientes são
apresentados por meio das memórias e pensamentos das personagens.
Para que seja possível a aproximação e compreensão do leitor de como cada uma sente o mundo, a
narrativa é construída pelas três personagens e um narrador onisciente, usando como recurso, muitas
vezes, o fluxo de consciência. Por essa razão, a história não é desenvolvida de maneira linear
(início, meio e fim), ainda que haja um desfecho para cada protagonista. O que lemos e aprendemos
sobre elas segue o ritmo do desvendar de consciência que elas vão tendo sobre si mesmas.
Assim, as histórias internas ganham mais relevância que a história geral da obra.
Com valores morais distintos, as personagens representam três tipos de figuras femininas:
Ana Clara, uma estudante de psicologia que teve uma infância pobre, com histórico de abuso
sexual e dificuldades familiares. Viciada em drogas e desadaptada socialmente, é tida como a figura
da jovem desencaminhada e predestinada à vulgaridade e ao trágico. Uma mulher linda, que não
apenas desenvolve dependência às drogas, mas também às relações amorosas.
Lia tem o perfil da jovem militante de esquerda da classe média (não é pobre, mas tem dificuldades
financeiras). A estudante de Ciências Sociais se mostra uma figura sonhadora, crítica, honesta e
bondosa. Consciente dos novos modos de pensar o papel da mulher na sociedade, lendo intelectuais
como Simone de Beauvoir, a jovem procura meios de libertar o namorado (líder estudantil).
Lorena, por sua vez, é a que melhor representa a elite brasileira. Abastada financeiramente, a
estudante de Direito possui muitos valores tradicionais. É virgem, deseja se casar e vê um futuro
marido como a salvação para seus problemas. Embora tenha tido uma boa educação, cultura invejável
e possua traços de delicadeza e graciosidade, a jovem sofre com a lembrança da morte de um dos
irmãos, os complexos da mãe com a idade e os próprios complexos com a aparência física.
O fim do livro coincide com o final do recesso escolar. Lorena é a única que encerra sua história de
maneira menos conflituosa ou trágica, tendo em vista que Ana Clara morre de overdose e Lia
acaba tendo que fugir do país.
Feliz Ano Velho
Marcelo e alguns amigos foram aproveitar o calor, o sol, em uma cachoeira. Grita alegre que
iria procurar um tesouro e pula estilo Tio Patinhas quando pula na sua piscina de
moedas.Local raso e ele bate a cabeça no fundo ficando por algum tempo ouvindo um
zumbido, sem nada entender.
Não consegue mexer braços e pernas, tem consciência que pode morrer afogado e procurar
evitar respirar para boiar.Sua mente trabalha rápido e pensa em vários coisas até filmes que
assistiu, em total pressa de encontrar uma solução, brinca inclusive com a possibilidade da
morte.
Quase desistindo sente o ar, alguém o tirou da água, colocam em pé mas ele não fica, muito
sangue sai de sua cabeça e vendo o quanto era sério os amigos o levam para um hospital.
Momentos de intenso desespero, para ele e todos que estavam ao seu lado inclusive o corpo
médico.Daí em diante Marcelo passa por momentos intensos de reflexão, revive como em
uma tela de cinema o filme de sua vida. Detalhes antes irrelevantes tomam uma grande
dimensão.
Dia após dia aguardando uma melhora e o entendimento de sua situação real, as horas que
não passam, o conversar com uma rachadura na parede pois era só o que via por muito
tempo pois não podia ser virado.Uma completa dependência , uma infeliz coceira que
precisa contar com o carinho da enfermagem.
Um dia uma feliz notícia, ele já pode sair do CTI e no quarto recebe visitas de amigos,
irmãos e sua mãe, mulher forte que está ao seu lado desde o dia do acidente.Uma ponta de
felicidade em tanta amargura.Continua a reflexão de sua vida, o repensar dos sonhos, a
mudança das certezas para o ano que em breve se inicia.
O Natal está perto, seus amigos não faltam , o ano novo chega, e para ele é difícil encarar a
grande verdade, a possibilidade de nunca mais andar.
Tão novo, tanta esperança, tanta vontade de viver e agora....por uma brincadeira uma
tragédia.Conhecia os turnos, a disposição, o modo de estar de cada enfermeiro (a), seus
grandes amigos.Tem pela frente dias de intensos exercícios e tratamentos, mesmo em uma
cadeira de rodasé preciso os exercícios.
E sua mente, essa não está paralisada, e chorando o passado é preciso definir seu
futuro.Tanto tempo no ambiente hospitalar, tantas histórias, tanta dor e tanta alegria
passaram pela sua frente.
Nada resta fazer , apenas desejar a si mesmo um FELIZ ANO VELHO pois não terá um novo.
Após um ano, muitas mudanças, as pernas agora são redondas, muitos e maravilhosos
amigos, antigos amigos, família, mais magro, com barba, não sabe se estaria melhor morto,
não quer pensar, e tem muita insônia. Nestas insônias, sempre uma lembrança : O grito da
busca do tesouro, o salto Patinhas, o Zumbidooooooooooooooo.
Papeis Avulsos
Papéis avulsos é o terceiro livro do escritor Machado de Assis, em sua fase realista. Foi lançado em
1882. Os textos são decisivos na constituição do cânone de Machado de Assis. Com esse livro, a
narrativa curta é legitimada como gênero de primeira importância no Brasil. A partir de Papéis
Avulsos, onde há uma reunião de excelentes histórias, percebemos o grande aperfeiçoamento da
linguagem do autor. Este livro pode ser considerado um momento de ruptura na escrita do autor. A
começar pelo título, sugerindo casualidade no arranjo dos escritos, tem-se a postura sutilmente
corrosiva e implacável na representação dos desvios à norma ou da incapacidade de se
estabelecer uma norma para uma sociedade estruturada em bases contraditórias e violentas, sob
uma camada muito tênue de civilidade. Escritos no mesmo período da renovação de Memórias
póstumas de Brás Cubas, os contos reunidos no volume sistematizam traços estilísticos da forma
livre, com que Machado de Assis inscreve sua obra no grande diálogo internacional da sátira
menipéia, fundada no humor paródico e no relativismo cético. Em Papéis Avulsos as histórias se
armam principalmente em cima do aparecer, do mostrar aquilo que se quer ser, exposto na trilogia
da aparência dominante formada pelos contos A Sereníssima República, O Segredo do Bonzo e
Teoria do Medalhão. Em Papéis avulsos, o autor começa a cunhar a fórmula mais permanente de
seus contos: a contradição entre parecer e ser, entre a máscara e o desejo, entre a vida pública e
os impulsos escuros da vida interior, desembocando sempre na fatal capitulação do sujeito à
aparência dominante. Machado procura roer a substância do eu e do fato moral considerados em si
mesmos; mas deixa nua a relação de dependência do mundo interior em face da conveniência do
mais forte. É a móvel combinação de desejo, interesse e valor social que fundamenta as estranhas
teorias do comportamento expressa nos contos que compõem os "Papéis avulsos" machadianos.
Vamos aos contos:
Advertência: Machado avisa que apesar de serem contos separados há pontos comuns.
O Alienista: sátira a uma fase arrogante da medicina e uma fascinante análise do poder e de seus
mecanismos psicológicos e sociais. Em O alienista o escritor nos propõe o problema da fixação de
fronteiras entre o normal e o anormal da mente humana.
Verba testamentária: centra-se no comportamento patológico de seu protagonista, Nicolau. Nele, a
aparente espontaneidade decorre de procedimentos formais que, igualmente, promovem a adesão
do leitor ao universo ficcional. Ainda que alicerçado na ficção, o conto revela, a partir de uma
perspectiva satírica, comportamentos reais, constituindo uma alegoria da natureza egotista do ser
humano.
Teoria do Medalhão: narrado como um diálogo entre pai e filho.
A Chinela turca: um homem preso em um diálogo tedioso começa a se imaginar em uma narrativa
fantástica. É por intermédio da visão que a “realidade” se confunde com o sonho. As transições são
calcadas na visão.
Na Arca: narrado como uma escritura, com versículos. Os filhos de Noé, Sem, Jafé e Cam discutem
sobre como dividir a terra após o Dilúvio. Neste conto temos uma recriação da linguagem bíblica.
D. Benedita: conto narrado em 3ª pessoa, versa sobre a psicologia feminina. A personagem é
elaborada a partir do sentido do termo veleidade, que, no entanto, só será revelado ao leitor nas
últimas linhas do conto. A personalidade fugaz da protagonista é contaminada pelo vírus da
indecisão. Com breves pinceladas, à maneira de um pintor, surgem a hesitação, a volubilidade, a
inconstância no eterno vai, não vai; casa, não casa; viaja, não viaja. D. Benedita é lapidada com
tamanha perfeição que quase pode ser tocada, pressentida pelo leitor em suas pequenas ações.
O Segredo do Bonzo: narrado como um relato de um desbravador, Fernão Mendes Pinto, que visita
o reino de Bungo e descobre o milagroso Bonzo Pomada, capaz de convencer outras pessoas.
O Anel de Polícrates: narrado como um diálogo entre transeuntes. Este conto, além de relatar um
evento particular, constitui um caso exemplar do que seriam as limitações da felicidade humana ou
a lógica caprichosa do destino. Os relatos de Cícero são exemplos de situações diversas: desapego
em relação aos bens materiais e ironia diante das pequenas mentiras da vida cotidiana.
O Empréstimo: narrado como anedota. Conto onde o autor retrata dois personagens com visões
diferentes sobre o dinheiro. Em O empréstimo, o autor apresenta o tabelião Vaz Nunes, em um final
de expediente, recebendo a visita de Custódio, que veio lhe pedir dinheiro. O primeiro tem a
capacidade de desvendar o interesse que se esconde atrás da aparência, o segundo tem “a
vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho”. Nessa hora em que se confrontam, revela-se a
natureza de cada um deles. Machado mergulha com precisão detalhista no gesto de olhar por cima
dos óculos, no movimento dos braços, no modo de pegar a carteira, na maneira de caminhar de
cabeça erguida. São detalhes do cotidiano. Essa ação narrativa e o tempo que passa não trazem,
contudo, transformação. A melancolia que perpassa essa anedota humorística deixa um travo
amargo, posto que de fel irônico, no riso do leitor. A passagem do tempo não implica
transformações; são personagens alegorizados e congelados, incapazes da mudança. É como se o
destino estivesse consumado em vida. O leitor acompanha o confronto de disfarces entre os dois
cavalheiros. A cada lance desse jogo, cada um dos contendores aparenta estar jogando a sua
última cartada, ao mesmo tempo que cada uma das partes disfarça os trunfos de que ainda dispõe:
a elasticidade da ambição, de um lado, e a capacidade de concessão, do outro. Encerrada a
contenda, ambos parecem sair satisfeitos com o próprio desempenho cujo ganho é mínimo para um
e a perda, insignificante para o outro.
A Sereníssima República: narrado como um texto científico, descrevendo a "política das aranhas"
(as aranhas eram o elemento utilizado por Machado para formular a personificação no conto). A
temática central do texto envolve a corrupção política e as diferentes formas de distorção de uma
teoria que, quando submetida à prática, se revela como falha. Por meio de uma metáfora reflexiva,
o escritor denuncia irregularidades políticas como resultado da apropriação das leis do estado.
O espelho: Machado de Assis esboça em O Espelho uma nova teoria da alma humana, subtítulo
que dá para o conto; aliás, um estudo sobre o espírito contraditório do homem, simbolizado pelo
espelho. Tem como tema a alma humana, metaforizada no espelho. Neste conto, o autor ironiza a
sociedade da época em uma das mais arraigadas crenças do povo cristão, que é a existência de
uma única alma portadora de expressão única e inabalável até então.
Uma Visita de Alcibíades: narrado como uma carta, em que um chefe de polícia descreve como o
general grego Alcibíades apareceu em sua casa. É um conto em forma de carta. Um
desembargador, que gosta de temas gregos e é espírita, invoca o grego Alcibíades. Não apenas
seu espírito aparece, mas o homem de carne e osso. Ao ficar sabendo sobre a vestimenta nos dias
atuais, o homem morre novamente. Em uma única carta ao chefe de polícia, o desembargador
narra sua aventura. Não aparecem personagens femininas. O foco narrativo está em duas figuras
masculinas, tanto Alcibíades quanto o desembargador estão conversando sobre a moda –que não
seria um tema tradicionalmente considerado feminino? Além de tudo, este conto machadiano nos
revela o contraste existente entre a vestimenta típica do homem na Grécia Antiga e a indumentária
característica do homem no século XIX. Ao contrapor a toalete do herói grego Alcibíades àquela
apresentada por um distinto desembargador, Machado de Assis acaba demonstrando como o
próprio conceito de elegância e beleza sofre importantes modificações ao longo do tempo. Estas
reflexões aproximam-se de algumas das principais idéias defendidas pelo poeta e crítico francês
Charles Baudelaire, que esclarece: “cada século e cada povo tem a sua própria expressão de
beleza e moral”. “Uma visita de Alcibíades” desmonta a máscara mais ostensiva da representação
social identificada com os requintes da arte de se vestir. Ridicularizando a instabilidade da moda
vista a partir da perspectiva de um olho estranho, o repertório metafórico mobilizado pela fala
anacrônica do visitante antigo identifica, no vestuário de uma noite de gala, o estigma permanente
do homem seduzido pela ostentação da elegância efêmera. O conto, ainda que seja uma sátira
mordaz, é a primeira obra em prosa de ficção da literatura brasileira em que surge um personagem
espírita. Nessa narrativa, o desembargador Álvarez afirma que sua conversão ao espiritismo é
decorrente da descrença em todas as religiões. Contador de histórias, Álvarez relata a estranha
visita que recebera de Alcibíades e assume, convictamente, a personalidade do personagem que
interpreta: “Posso dizer que vivo, como, durmo, passeio, converso, bebo café e espero morrer na fé
de Allan Kardec.
Úrsula - Nao encontrado
Hamlet
O personagem principal dessa tragédia é o Príncipe da Dinamarca, Hamlet, filho do Rei Hamlet, que havia
sido morto recentemente pelo próprio irmão, Rei Cláudio, sucessor do rei. Logo após matar o irmão por
envenenamento, Cláudio se casa com a rainha viúva, Gertrudes e assume o poder e o trono.
Nesse contexto, a Dinamarca encontrava-se em disputa com a vizinha Noruega, e existia uma expectativa
de que haveria uma invasão, liderada pelo príncipe da Noruega.
Tempos depois, um fantasma começa a assombrar os arredores do castelo de Elsionore, e a aparência
deste, relembrava muito ao falecido rei. O primeiro sentinela a avistar esse fantasma, que atendia pelo
nome de Horácio, era muito amigo do Príncipe Hamlet, e logo o chamou para que também visse aquela
assombração.
Ao conversar com o Príncipe, o fantasma conta que havia sido assassinado pelo próprio irmão e tio dele,
o rei Cláudio, e pede para que o filho se vingue de sua morte. Assim, Hamlet se encontra cada vez mais
determinado a vingar a morte do pai, mas acaba se deparando em diversas dúvidas, morais e filosóficas,
dando a impressão de ter enlouquecido. Preocupada, Gertrudes, sua mãe e atual rainha da Dinamarca, e
o padrasto, enviam dois amigos do príncipe para averiguarem o que poderia estar acontecendo com o
jovem.
Nessa altura da história, Hamlet já estava apaixonado por Ophelia, filha do braço direito do Rei Cláudio,
Polônio. Este, acaba suspeitando de que Hamlet estava ficando louco por conta de um amor
mal-resolvido por sua filha. Assim, o Polônio e o rei resolvem espiar uma conversa entre os jovens, e
acabam tendo uma surpresa: é Hamlet quem maltrata Ophelia.
Quando uma companhia de teatro chega no castelo do príncipe, ele resolve usar alguns atores para
verificar se o Rei Cláudio é realmente o grande culpado pela morte de seu pai. Ele então manda que as
atores recriam uma peça em que o assassinato em questão, acaba por contar para a plateia, o que o
fantasma do rei havia lhe contado.
Como ele já imaginava, Cláudio se levanta e deixa a sala. Não satisfeito, o príncipe Hamlet vai atrás do
rei, com a intenção de mata-lo, mas quando o vê rezando, acaba recuando, decidindo por assassiná-lo
mais tarde.
Por sua vez, o rei decide que o enteado e sobrinho se tornou um problema, e planeja manda-lo para a
Inglaterra. Algum tempo depois, Gertrudes e Hamlet conversam no quarto dela, e o jovem então condena
a própria mãe pela deslealdade que fez com seu pai. Enquanto isso, o fiel escudeiro do rei, Polônio,
escutava tudo escondido atrás de uma cortina. Ao escutar um barulho, Hamlet pensa ser o rei, e então
aniquila Polônio.
A morte de Polônio, chegou ao ouvido do Rei Cláudio e totalmente indignado, decide mandar logo menos
o príncipe para a Inglaterra. Depois que o barco partiu, ele foi atacado por piratas. O príncipe então
oferece dez mil coroas para que os piratas o levem de volta para o castelo, e assim, ele finalmente
consegue voltar.
Por causa da morte de seu pai, e também pela rejeição de Hamlet, Ophelia, filha de Polônio, acaba
enlouquecendo. Laertes, seu irmão, volta nesse momento para a Dinamarca, com a intenção de vingar a
morte de seu pai e de sua irmã, que recentemente havia se suicidado.
O rei Cláudio então organiza uma batalha de esgrima entre os dois. Mas, tratava-se de uma armadilha. Na
ponta da espada de Laertes, havia veneno. Caso o príncipe vencesse o duelo, Cláudio brindaria,
colocando veneno no copo do jovem.
Enquanto Ophelia era velada, Hamlet demonstra profunda tristeza e também arrependimento. Durante o
duelo, Hamlet começa vencendo. Como comemoração, a rainha bebe um copo de vinho, justo aquele que
estava envenenado. Ao mesmo tempo, Laerte consegue ferir o príncipe com a espada envenenada.
Algum tempo depois, os combatentes acabam trocando de maneira acidental as armas, e Hamlet acerta
Laertes com o veneno. Quando finalmente percebe a armadilha, Hamlet obriga o Rei Cláudio a tomar a
taça com o vinho envenenado. No final, Laerte isenta Hamlet da culpa pela morte de seu pai, e os três
homens morrem, um depois do outro.

Continue navegando