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Dafne Freitas - Odontologia - UFAM Patologia Bucal Doenças da Polpa e do Periápice Abscesso periapical e osteomielites: Supurativa aguda, focal esclerosante, esclerosante difusa e de Garret Processos agudos A polpa dentária é um tecido conjuntivo com abundantes vasos sanguíneos, linfáticos, nervos mielínicos e amielínicos, e células indiferenciadas do tecido conjuntivo; Certas características anatômicas deste tecido conjuntivo especializado tendem a modificar a natureza e o curso da resposta inflamatória. Forames apicais minúsculos impedem o desenvolvimento de uma circulação colateral extensa na parte inflamada. Etiologia das doenças pulpares As principais alterações que acometem a polpa e os tecidos perirradiculares são de natureza inflamatória e de etiologia infecciosa; A agressão à polpa e ao ligamento periodontal pode ser de origem biológica, física ou química. FATORES ETIOLÓGICOS Bacterianos Toxinas e enzimas associadas à cárie dentária Físicos A - Mecânicos ● Traumáticos - fraturas coronárias ● Iatrogênicos - preparo de cavidades ● Patológicos - atrição, abrasão, erosão, raspagem periapical; B - Térmicos Calor decorrente de preparos cavitários, materiais restauradores; Químicos Ácidos empregados ao condicionamento dentinopulpar, materiais oriundos de restaurações de resinas compostas; FATORES BIOLÓGICOS Alterações dimensionais na cavidade pulpar (dentina) (diâmetro dos túbulos, esclerose dentinária) ENVELHECIMENTO Alterações estruturais da polpa dentária (células, fibras, vascularização e inervação, calcificação) ABSCESSO PERIAPICAL (ABSCESSO DENTOALVEOLAR/ABSCESSO ALVEOLAR) Acúmulo de células inflamatórias agudas no ápice de um dente não vital —-> processo supurativo agudo/crônico da região periapical, geralmente origina-se em consequência da cárie dentária (geralmente doenças bacterianas); Principais células presentes —-> neutrófilos; Podem surgir —-> como uma alteração periapical inicial ou de uma exacerbação aguda de uma lesão periapical inflamatória crônica (abscesso fênix). Etiopatogênese ● Contaminação por cárie dental; ● Necrose pulpar relacionada a um traumatismo; ● Gangrena pulpar; ● Manipulação endodôntica; ● Abscedação do granuloma/cisto apical; ● Sífilis, tuberculose, actinomicose; ● Associação de um dente desvitalizado; ● Pode estar presente em um dente vital, secundária a um traumatismo, a pontos de contato oclusais altos ou induzida por um corpo estranho; Estágio mais inicial de todas as formas de doença inflamatória periapical —-> fibras periapicais do Dafne Freitas - Odontologia - UFAM ligamento periodontal (LP) podem exibir uma inflamação aguda, mas nenhuma formação evidente de abscesso. ● Periodontite apical aguda pode ou não evoluir para a formação de um abscesso. Características clínicas Os abscessos periapicais devem ser classificados como sintomáticos e assintomáticos, com base nas suas apresentações clínicas. Abscessos periapicais sintomáticos ● Ocorre à medida que o material purulento se acumula no interior do alvéolo. ● Inflamação do periodonto apical; ● Dente ligeiramente extruído (para fora); ● Os estágios iniciais provocam sensibilidade no dente afetado, que é muitas vezes aliviada pela aplicação direta de pressão. ● Com a progressão, a dor se torna mais intensa, frequentemente com sensibilidade extrema à percussão, extrusão do dente e tumefação dos tecidos. ● O dente afetado não responde ao frio nem aos testes pulpares elétricos. ● Podem estar presentes cefaleia linfadenite regional, mal-estar, febre e calafrios. A secreção purulenta, através dos espaços medulares, pode se afastar da área apical, resultando em osteomielite ou pode perfurar a cortical e se difundir através dos tecidos moles sobrejacentes (como celulite). Uma vez localizado nos tecidos moles, o abscesso pode causar celulite ou canalizar-se através do tecido mole sobrejacente. A tábua cortical pode ser perfurada em um local que permita a sua penetração no interior da cavidade oral. O material purulento pode acumular-se no tecido conjuntivo sobrejacente ao osso e provocar um aumento de volume séssil ou perfurar a superfície epitelial e drenar através de uma fístula intraoral. —---> o abscesso se espalha ao longo da trajetória de menor resistência; Abscesso periapical. Tumefação de tecido mole bilateral na região anterior do palato. Os abscessos dentários também podem canalizar-se através da pele sobrejacente e drenar por uma fístula cutânea. Fístula cutânea. Expansão sensível, firme e eritematosa da pele na região inferior ao corpo mandibular do lado direito. A maioria dos abscessos relacionados a dentes perfura a cortical vestibularmente, pois o osso, nesta região, é menos espesso. As infecções associadas a esses tipicamente drenam através da tábua cortical lingual: ● Incisivos laterais superiores; ● Raízes palatinas dos molares superiores; ● Segundos e terceiros molares inferiores; Se o local da drenagem se torna bloqueado —-> os sinais e sintomas do abscesso em geral se tornam evidentes em um curto período de tempo. ● Algumas vezes, as infecções periapicais podem se disseminar pela corrente sanguínea e resultar em sintomas sistêmicos tais como febre, linfadenopatia e mal-estar. ● O risco de disseminação parece ser menor em abscessos periapicais que drenam livremente. Abscessos periapicais assintomáticos Ocorre se um caminho de drenagem crônico for estabelecido, devido à ausência do acúmulo de secreção purulenta no interior do alvéolo. Ocasionalmente, tais infecções são diagnosticadas durante um exame oral de rotina, após a detecção de uma parúlide ou da drenagem através de uma cárie extensa. Parúlide. Nódulo vermelho-amarelado assintomático na mucosa alveolar em região anterior de mandíbula. Os dentes adjacentes eram assintomáticos e apresentavam-se clinicamente normais Parúlide (furúnculo gengival) —--> situada na abertura intraoral do trato da fístula. É uma massa de tecido de granulação inflamado subagudo. A B A.Parúlide. Massa eritematosa de tecido de granulação sobrejacente ao incisivo central superior esquerdo. Observe a Dafne Freitas - Odontologia - UFAM coloração do incisivo central superior direito. B. Parúlide. O tecido conjuntivo normal foi substituído por tecido de granulação inflamado agudo, o qual apresenta áreas focais de formação de abscesso neutrofílico. Observe o trajeto central da fístula que se estende da base do espécime em direção à superfície do epitélio. Características radiográficas Os abscessos podem apresentar um espessamento do ligamento periodontal apical, uma imagem radiolúcida maldefinida, ou ambos; entretanto, muitas vezes, podem não ser observadas alterações consideráveis, devido ao tempo insuficiente para uma destruição óssea significativa —--> não é visualizado antes de 15 dias. Abscessos fênix —--> apresentam o perfil da lesão crônica original, com ou sem perda óssea mal definida associada. ● Com a progressão, o abscesso se dissemina pela região que apresenta menos resistência. A B A. Abscesso periapical. Estão presentes múltiplas áreas radiolúcidas sobrepostas na região anterior da maxila. Todos os quatro incisivos superiores apresentam necrose pulpar. B. Abscesso periapical. Área radiolúcida periapical associada ao incisivo lateral inferior desvitalizado. Ocasionalmente, o dente não vital associado à parúlide pode ser difícil de ser determinado e a inserção de um cone de guta-percha no interior do trajeto durante o exame radiográfico pode auxiliar na detecção do dente envolvido. A B Abscesso periapical. A, Nenhum dos incisivos demonstra áreas radiolúcidas periapicais evidentes. (A grande área radiolúcida na região superior representa a porção anterior do seio maxilar.) B, O cone de guta-percha revelou que o incisivo superior direito era a fonte de infecção. Características histopatológicas Espécimes de biópsia de abscessos puros são incomuns, pois o material está em forma líquida.Os abscessos consistem em um mar de leucócitos polimorfonucleares, muitas vezes permeados por um exsudato inflamatório, restos celulares, material necrótico, colônias bacterianas ou histiócitos. Abscesso periapical. Camadas de leucócitos polimorfonucleares entremeados em histiócitos dispersos. Podemos observar: ● Área central de supuração; ● Neutrófilos em degeneração circundados por leucócitos viáveis; ● Vasos congestos; ● Exsudato seroso/purulento; ● Resíduo celular, material necrótico; ● Colônias bacterianas ou histiócitos; Abscessos fênix —-> podem manter um componente de tecido mole; ● Apresentam-se como granulomas ou cistos periapicais inflamados subagudos entremeados por áreas de formação de abscessos significativos. Tratamento e prognóstico O tratamento do paciente com abscesso periapical consiste na drenagem e na eliminação do foco de infecção. De preferência, preservar o dente; Aqueles abscessos associados à presença de um trato fistuloso evidente podem ser assintomáticos; todavia, devem ser tratados. Nos abscessos periapicais localizados, os sinais e sintomas diminuem significativamente dentro de 48 horas do início da drenagem apropriada. Quando o abscesso causa expansão clínica do osso ou do tecido mole adjacentes ao ápice do dente afetado, a drenagem incisional da tumefação deve ser considerada, pois esta técnica parece estar associada a uma resolução mais rápida do processo inflamatório quando comparada à drenagem via canal radicular. Se o dente acometido estiver extruído, o desgaste oclusal é recomendado, pois o trauma oclusal crônico tem sido relacionado ao atraso na resolução do processo inflamatório. Dafne Freitas - Odontologia - UFAM O tratamento com AINEs geralmente é apropriado no pré-operatório, no pós-operatório imediato e para o controle subsequente da dor —---> o uso de antibióticos não é necessário em um paciente saudável que apresenta um abscesso periapical bem-localizado e de fácil drenagem. Assim que a infecção tenha sido tratada por extração ou pelo tratamento endodôntico apropriado, o osso afetado normalmente cicatriza. Geralmente, o trato fistuloso cicatriza espontaneamente após a extração ou o tratamento endodôntico do dente afetado. Nas parúlides que persistem, acredita-se que haja material infeccioso suficiente ao longo do trajeto fistuloso capaz de manter o tecido de granulação superficial, sendo necessária, para a sua resolução, a remoção cirúrgica com curetagem do trato. CELULITE Disseminação aguda e edemaciada de um processo inflamatório agudo; Ocorre quando um abscesso não é capaz de drenar através da superfície cutânea ou para o interior da cavidade oral e pode se disseminar difusamente através dos planos fasciais dos tecidos moles. As condições sistêmicas que mais favorecem uma infecção amplamente disseminada incluem diabetes melito, neutropenia, doenças malignas, imunossupressão ou o uso de terapia medicamentosa com corticosteróides ou com drogas citotóxicas. Pacientes com celulite significativa devem ser tratados agressivamente e monitorados de perto. Complicações como trombose do seio cavernoso, mediastinite, fascite, cervical necrosante e abscesso cerebral podem apresentar risco à vida. Embora vários padrões de celulite possam ser observados pela disseminação de infecções dentárias, duas formas especialmente perigosas merecem uma discussão adicional: Angina de Ludwig —--> celulite da região submandibular. ● Em torno de 70% dos casos se desenvolvem através da disseminação de uma infecção aguda proveniente de um molar inferior. ● Também pode se desenvolver por abscessos periamigdalianos ou parafaringeanos, lacerações orais, fraturas de mandíbula ou sialoadenites submandibulares. ● Ainda que o processo possa ocorrer em indivíduos saudáveis, há um aumento da prevalência em pacientes imunodeprimidos secundariamente devido à presença de distúrbios, tais como a diabetes melito, o transplante de órgãos, a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e a anemia aplásica. Características clínicas É uma celulite agressiva que se dissemina rapidamente e que acomete os espaços sublingual, submandibular e submentoniano. Uma vez que a infecção penetra pelo espaço submandibular, ela pode se estender pelo espaço faringeano lateral e depois ao espaço retrofaringeano. ● Esta disseminação pode estender-se pelo mediastino, com diversas consequências graves. Origina tumefação volumosa do pescoço que muitas vezes se estende até uma região próxima às clavículas. O envolvimento do espaço sublingual resulta em elevação, aumento da região posterior e protrusão da língua (língua lenhosa), o que pode comprometer as vias aéreas. A disseminação para o espaço submandibular causa o aumento e a sensibilidade do pescoço acima do nível do osso hióide (pescoço de touro) Embora no início seja unilateral, a disseminação para a porção contralateral do pescoço ocorre como característica. A dor no pescoço e no soalho de boca pode ser observada, somada à restrição dos movimentos do pescoço, disfagia, disfonia, disartria, sialorréia e garganta dolorida. O envolvimento do espaço faringeano lateral pode causar obstrução respiratória secundária ao edema da laringe. Taquipneia, dispneia, taquicardia, sibilo, inquietação e a necessidade do paciente de manter uma postura ereta sugerem a obstrução das vias aéreas. Podem ser observados febre, calafrios, leucocitose e uma velocidade de sedimentação elevada. Classicamente, não estão presentes coleções evidentes de pus. Angina de Ludwig. Tumefação de tecido mole na região submandibular direita Tratamento e prognóstico É baseado em quatro medidas: 1. Manutenção das vias aéreas; 2. Incisão e drenagem; 3. Antibioticoterapia; 4. Eliminação do foco infeccioso original. O antibiótico de escolha é a penicilina em altas doses. Os aminoglicosídeos são administrados para os micro-organismos resistentes e a clindamicina ou o cloranfenicol são utilizados nos pacientes alérgicos à penicilina. Dafne Freitas - Odontologia - UFAM Deverá ser realizada a descompressão dos espaços sublinguais, submentonianos e submandibulares quando houver flutuação. Recomenda-se a tomografia computadorizada (TC) do pescoço e do tórax para os pacientes com infecção cervical extensa para descartar a hipótese de disseminação para o mediastino. Trombose do seio cavernoso —---> pode ocorrer por uma via anterior ou posterior. ● O seio cavernoso é um seio dural maior posicionado entre as camadas meníngeas e as camadas periosteais da dura-máter. ● A infecção do seio pode produzir uma série de sintomas clínicos relacionados a diversas estruturas anatômicas que atravessam essa região. ● A infecção dos dentes superiores anteriores pode perfurar a superfície vestibular do osso maxilar e se disseminar até o espaço canino. ● Uma trombose séptica se desenvolve nas veias faciais, que não apresentam válvulas, atravessando pelo espaço, se propagando de maneira retrógrada da veia angular para a veia oftálmica inferior, passando pela fissura orbitária inferior para o interior do seio cavernoso. ● A via posterior se sucede por infecções originárias dos pré-molares ou molares superiores, os quais demonstram envolvimento vestibular ou do espaço infratemporal, que podem se disseminar através das veias emissárias do plexo venoso pterigóideo para o seio petroso inferior alcançando o seio cavernoso. ● É relativamente incomum e as infecções bucodentárias são responsáveis por quase 10% dos casos. Características clínicas Apresenta-se como um aumento edemaciado periorbitário, com envolvimento das pálpebras e da conjuntiva. Nos casos que envolvem o espaço canino, a tumefação também está característicamente presente ao longo da margem lateral do nariz e pode se estender para a região medial do olho e da região periorbitária. Celulite envolvendo o espaço canino. Aumento eritematoso e edemaciado no lado esquerdo da face com envolvimento das pálpebras e da conjuntiva. Pacientes com infecções odontogênicas envolvendo o espaço canino apresentam risco de trombose do seio cavernoso.A protrusão e a fixação do globo ocular são muitas vezes evidentes, somados à rigidez e tumefação da região frontal adjacente e do nariz. Podem ocorrer dilatação pupilar, lacrimejamento, fotofobia e perda da visão. Muitas vezes a dor está presente sobre o olho e ao longo da distribuição dos ramos oftálmico e maxilar do nervo trigêmeo. Proptoses, equimoses e ptose palpebral são encontradas em mais de 90% dos pacientes afetados. Embora muitos casos sejam no início unilaterais, sem o tratamento adequado, a infecção pode se disseminar para o lado contralateral. Podem ocorrer febre, calafrios, dores de cabeça, sudorese, taquicardia, náuseas e vômitos. Com a progressão, desenvolvem-se sinais de envolvimento do sistema nervoso. Tratamento e prognóstico A pedra angular da terapêutica para a trombose do seio cavernoso secundária à infecção odontogênica é a drenagem cirúrgica combinada a altas doses de antibióticos, semelhantes àquela administrada aos pacientes com angina de Ludwig. O dente afetado deve ser extraído e a drenagem é necessária se houver presença de flutuação. OSTEOMIELITE (Osteomielite supurativa/ Osteomielite bacteriana ou Osteomielite secundária) É um processo inflamatório agudo ou crônico nos espaços medulares ou nas superfícies corticais do osso que se estende além do sítio inicial de envolvimento —--> o tempo é insuficiente para permitir que o corpo reaja à presença do infiltrado inflamatório; ● Sequela grave de uma infecção periapical com necrose considerada de tecido ósseo; ● Mesmas características de uma infecção por fraturas dos maxilares, ferida de arma de fogo ou disseminação hematogênica; ● Cistos/granulomas apicais pode sofrer uma exacerbação aguda; ● Geralmente é uma infecção polimicrobiana; ● Mais comuns em dentes, ápices e ossos maxilares; ● Pacientes de todas as idades podem ser afetados pela osteomielite. ● Existe uma forte predominância no gênero masculino, em torno de 75% em alguns estudos. ● A maioria dos casos envolve a mandíbula. ● O acometimento maxilar torna-se primariamente importante em pacientes pediátricos; A grande maioria de osteomielites é causada por infecção bacteriana e resulta em uma destruição lítica e expansiva do osso envolvido, com supuração e formação de sequestro ósseo. ● Staphylococcus aureus, albus e Streptococcus; Doenças crônicas sistêmicas, estados de imunocomprometimento e doenças associadas à Dafne Freitas - Odontologia - UFAM diminuição da vascularização do osso parecem predispor os indivíduos à osteomielite. O uso do tabaco, o abuso do álcool e de drogas intravenosas, diabetes melito, febres exantematosas, malária, anemia falciforme, desnutrição, doenças malignas, doenças vasculares do colágeno e a AIDS têm sido associados a um aumento na frequência da osteomielite. Osteomielite supurativa aguda —--> ocorre quando um processo inflamatório agudo se dissemina através dos espaços medulares do osso e o tempo é insuficiente para permitir a reação do corpo na presença do infiltrado inflamatório. Características clínicas Apresentam sinais e sintomas de um processo inflamatório agudo que caracteristicamente tem menos de um mês de duração; ● Maxila ou mandíbula —--> maxila (bem localizada); mandíbula (difusa); ● Osteomielites para lactantes/hematogênica —-> maxilite; ● Elevação da temperatura; ● Linfadenopatia regional; ● Leucocitose; ● Dor aguda; ● Mal-estar; ● Parestesia do lábio; ● Dentes abalados (sensíveis); ● Sensibilidade significativa e tumefação dos tecidos moles da área afetada podem estar presentes. Características radiográficas As radiografias podem não revelar alterações ou podem demonstrar imagens radiolúcidas mal definidas. ● 2 semanas; ● Sequestro ósseo; ● Alterações líticas difusas no osso; Osteomielite aguda. Área radiolúcida mal definida em corpo mandibular direito A neoformação óssea periosteal também pode ser encontrada em resposta à disseminação subperiosteal da infecção. ● Mais comum em pacientes jovens e se apresenta como uma linha radiopaca linear composta por apenas uma camada separada da cortical normal por uma faixa radiolúcida entre elas. Um fragmento de osso necrótico que se separa do osso vitalizado é denominado sequestro ósseo. ● Geralmente apresentam esfoliação espontânea; ● Em alguns casos podem ser circundados por osso vital neoformado, conhecido como invólucro. Osteomielite aguda com sequestro. Área radiolúcida em corpo mandibular direito com massa radiopaca central de osso. Características histopatológicas A obtenção de material biopsiado de pacientes com osteomielite aguda é incomum devido ao predomínio de conteúdo líquido e à ausência de um componente de tecido mole. ● Exsudato piogênico; ● Neutrófilos mortos/ viáveis; ● Destruição dos osteoblastos; ● Ativação dos osteoclastos; ● Área de necrose —-> sequestro ósseo; O material consiste, predominantemente, em osso necrótico. ● O osso mostra a perda de osteócitos de suas lacunas, reabsorção periférica e colonização bacteriana. ● A periferia do osso e os canais de Havers contêm restos necróticos e um infiltrado inflamatório agudo que consiste em leucócitos polimorfonucleares. Osteomielite aguda. Osso desvitalizado mostrando perda de osteócitos da lacuna. Também podem ser observadas reabsorção periférica, colonização bacteriana e resposta inflamatória circundante. Tratamento e prognóstico ● Remoção da causa; ● Antibiótico (penicilina, clindamicina, cefalexina, cefotaxima, tobramicina e gentamicina) e anti-inflamatório; ● Remoção do segmento ósseo; ● Drenagem do abscesso; Osteomielite supurativa crônica —--> existe quando a resposta de defesa leva à produção de tecido de granulação, o qual subsequentemente forma um tecido de cicatrização denso, na tentativa de isolar a área infectada —--> se a aguda não for tratada, pode evoluir para crônica —--> o processo pode surgir primariamente sem um episódio agudo prévio; O espaço morto circundado atua como um reservatório para as bactérias, e os antibióticos têm grande dificuldade em alcançar essa região. Dafne Freitas - Odontologia - UFAM Este padrão começa a evoluir cerca de 1 mês após a disseminação da infecção aguda inicial e resulta em um processo latente que é difícil de ser resolvido, a não ser que o problema seja tratado de modo agressivo. Características clínicas ● Semelhante evolução da fase aguda; ● Pode ter origem crônica; ● Característica clínica semelhante a aguda —-> menos atenuados; ● Tumefação; ● Dor —-> menos atenuados; ● Febre —--> menos atenuados; ● Formação de fístula; ● Drenagem purulenta; ● Formação de sequestro ósseo; ● Perda de dentes ou fratura patológica. Os pacientes podem apresentar exacerbações agudas ou períodos de diminuição da dor associados à progressão lenta e crônica. Características radiográficas Revelam imagens radiolúcidas mal definidas, disformes e irregulares, que em geral contêm sequestros ósseos radiopacos centrais. Em imagens de TC, as alterações osteolíticas são contínuas e podem exibir a disseminação para o periósteo por uma extensão direta. ● O osso circundante pode apresentar radiopacidade aumentada e a superfície cortical pode demonstrar significativa hiperplasia osteogênica do periósteo. A B Osteomielite crônica. A, Área radiolúcida mal definida em corpo mandibular direito adjacente a um sítio de extração recente. B, Após a intervenção inicial, o paciente não retornou para acompanhamento devido à ausência de dor significativa. Uma área radiolúcida aumentada e mal definida em corpo mandibular direito foi descoberta 2 anos após a cirurgia inicial. Apesar do potencial para esclerose periférica, a principal característica radiográfica da osteomielite supurativa é a da alteração osteolítica radiolúcida expansiva. Características histopatológicas Demonstra um componente de tecido mole significativo, que consiste em tecido conjuntivo fibroso inflamado de maneira subaguda ou crônica preenchendo os espaços intertrabeculares do osso. ● São comuns a formação de bolsas de abscessos e a presençade sequestros esparsos; ● O pus foi sendo substituído por tecido conjuntivo; ● Presença de vasos congestos; ● Presença de linfócitos; Osso necrótico: perda dos osteócitos e suas lacunas; Osteomielite crônica. Tecido conjuntivo fibroso reacional e cronicamente inflamado preenchendo os espaços intertrabeculares. Tratamento e prognóstico É de difícil tratamento medicamentoso —-> devido ao fato das cavidades de osso necrótico e dos organismos estarem protegidos da ação dos antibióticos pela cápsula de tecido conjuntivo fibroso circundante. A intervenção cirúrgica é obrigatória —--> a extensão da intervenção cirúrgica depende da disseminação do processo; a remoção de todo o material infectado para a obtenção de osso sadio sangrante é obrigatório em todos os casos. Os antibióticos são semelhantes àqueles utilizados na forma aguda, porém devem ser administrados por via intravenosa, em altas doses. Lesões pequenas —--> a curetagem, a remoção do osso necrótico e a saucerização são suficientes. Lesões mais extensas —--> a decorticação ou a saucerização é muitas vezes combinada ao transplante de lâminas de osso medular. Osteomielite persistente —--> é o resultado da remoção incompleta do osso acometido. Deve-se fazer a ressecção do osso acometido, seguida da reconstrução imediata com enxerto autólogo —-> ossos maxilares enfraquecidos devem ser imobilizados. OSTEOMIELITE ESCLEROSANTE DIFUSA Este diagnóstico engloba um grupo de apresentações clínicas que se caracterizam por dor, inflamação e vários graus de hiperplasia periosteal dos ossos gnáticos, esclerose e radiolucidez. ● Reação proliferativa do osso; ● Baixa virulência; ● Infecção bacteriana intraóssea crônica cria uma massa latente, de tecido de granulação inflamado crônico que estimula a esclerose do osso circundante; ● Geralmente associada à doença periodontal; Dafne Freitas - Odontologia - UFAM As lesões subsistentes podem ser agrupadas em três grandes categorias: Osteomielite esclerosante difusa Difere da osteomielite crônica primária e de todas as suas variantes. ● Este termo deve ser usado apenas quando o processo infeccioso evidente for diretamente responsável pela esclerose do osso. ● A infecção bacteriana crônica intraóssea cria uma massa latente de tecido de granulação cronicamente inflamada que estimula a esclerose do osso circundante. Características clínicas É semelhante à variante localizada (osteíte condensante); Acomete quase exclusivamente os adultos (mais comum acima de 40 anos), não apresenta uma predominância por gênero (porém afeta mais mulheres) e apresenta-se primariamente na mandíbula. ● Geralmente negros; ● Pacientes edentados parcialmente; ● Edentados totalmente; ● Geralmente assintomáticos; ● Fases de agudização; ● Gosto ruim na boca; A dor e a tumefação não são típicas. Características radiográficas Uma radiopacidade aumentada se desenvolve ao redor dos sítios de infecção crônica (p. ex., periodontite, pericoronarite, doença inflamatória apical), de um modo muito semelhante ao aumento da radiopacidade que pode ser observado ao redor das áreas de osteomielite supurativa crônica. ● As radiopacidades não se desenvolvem de lesões fibro-ósseas anteriormente radiolúcidas; ● Descoberta acidental; ● Esclerose difusa; ● Unilateral/bilateral —--> a área alterada é restrita a um único sítio, mas pode ser multifocal ou estender-se por todo um quadrante. ● Semelhante à doença de Paget; ● Algodão em rama —-> aspecto irregular;; A esclerose está localizada nas porções da crista do processo alveolar relacionado ao dente e não parece originar nas áreas de inserção dos músculos masseter ou digástrico. Osteomielite esclerosante difusa. Área difusa de radiopacidade aumentada em corpo mandibular direito nas regiões adjacentes aos dentes. Nenhum outro quadrante apresentava envolvimento. Características histopatológicas ● Apresenta esclerose e remodelação do osso. ● Os canais de Havers são amplamente dispersos e poucas porções de tecido medular podem ser encontradas. ● Trabéculas irregulares de osso denso; ● Osteoblastos ativos; ● Aspecto de mosaico; ● Linfócitos/plasmócitos; Embora a esclerose ocorra adjacente às áreas de inflamação, o osso não está entremeado a um significativo componente inflamatório de tecido mole. ● Se o processo inflamatório adjacente estender-se para o osso esclerótico, então a necrose geralmente ocorre —-> o osso necrótico se separa do tecido vital adjacente e se torna circundado por um tecido de granulação inflamado subagudo. Frequentemente é observada a presença de colonização bacteriana secundária. Tratamento e prognóstico O melhor tratamento é por meio da resolução dos focos de infecção crônica adjacentes. Após a resolução da infecção, a esclerose remodela-se em alguns pacientes, mas permanece em outros. A esclerose óssea persistente é hipovascular, não apresenta remodelação típica e é muito sensível à inflamação. Com a reabsorção alveolar de longa duração após a colocação de próteses, o osso alterado não apresenta reabsorção típica e pode ser exposto com o desenvolvimento de osteomielite secundária —-> podem ser tratadas da mesma maneira que a osteomielite crônica ou que a osteomielite primária aguda. Dafne Freitas - Odontologia - UFAM Osteomielite crônica primária ● Tendoperiostite crônica representa um subtipo da osteomielite crônica primária; ● SAPHO e a CRMO constituem a osteomielite crônica primária com manifestações extraorais adicionais. É muitas vezes confundida com a osteomielite supurativa crônica (osteomielite crônica secundária) —--> não há uma evidente infecção bacteriana associada e a supuração e o sequestro ósseo estão tipicamente ausentes. Características clínicas É mais diagnosticada com um processo isolado, em geral localizado na mandíbula. O início dos sintomas tende a aparecer em dois picos, um na adolescência e o outro em adultos após a quinta década de vida —-> apresentam episódios recorrentes de dor, tumefação, endurecimento local e limitação de abertura de boca, os quais não estão associados a nenhuma infecção dentária evidente. Durante os períodos de atividade da doença, podem estar presentes a linfadenopatia regional e uma diminuição na sensibilidade ao longo da distribuição do nervo alveolar inferior. ● A ausência de febre, supuração, sequestro ósseo e formação de fístulas são características. Com a progressão da doença, os sintomas clínicos são abrandados e o osso afetado apresenta uma esclerose progressiva e uma redução no volume. A assimetria facial não é incomum e, muitas vezes, leva anos para se resolver devido à remodelação óssea lenta. Características radiográficas Nos estágios iniciais as radiografias tendem a demonstrar um padrão misto, com áreas radiolúcidas de osteólise entremeadas a zonas de esclerose —--> estão presentes áreas osteolíticas multifocais e separadas presentes no interior das zonas de esclerose. A alteração radiográfica predominante é a esclerose medular, um padrão que é invariavelmente observado nos pacientes afetados. As áreas osteolíticas não são continuadas e alternadas com as zonas de esclerose. A região afetada do osso está aumentada e apresenta uma proliferação periosteal que é mais sólida do que a típica periostite proliferativa laminada de origem inflamatória. Com o passar do tempo, a região afetada se torna predominantemente esclerótica, porém durante períodos subsequentes de atividade da doença, aparecem novos focos de osteólise e de destruição óssea cortical. Áreas radiolúcidas osteolíticas podem remanescer, porém tendem a ser relativamente pequenas e amplamente esparsas. Características histopatológicas Nas áreas de esclerose, diversas trabéculas irregulares de osso pagetoide estão presentes e demonstram uma extensa evidência de remodelação com linhas proeminentes reversas, margens osteoblásticas e áreas focais de atividade osteoclástica. Osteomielite crônica primária. Trabéculas de osso esclerótico, pagetoide mostrando diversas linhas remanescentes reversas. A fibrose intertrabecular estápresente, com linfócitos e plasmócitos dispersos. ● A formação de focos de microabscessos, a hialinização ao redor de pequenos vasos sanguíneos e a formação de osso subperiosteal estão presentes em muitos casos, porém nem em todos —--> os microabscessos foram correlacionados aos focos osteolíticos observados durante fases ativas da doença. A colonização bacteriana e a presença de purulência estão ausentes. Tratamento e prognóstico Mesmo com intervenção médica e cirúrgica significativa, o curso da doença é caracterizado por processos agudos com remissões parciais. A maioria dos tratamentos voltados para a eliminação da infecção foi considerada ineficaz. ● O tratamento a longo prazo com antibióticos com ou sem a terapia com oxigênio hiperbárico não produziram sucesso consistente a longo prazo. ● Devido à inconsistência dos resultados provenientes da intervenção cirúrgica, a cirurgia extensa é contraindicada, principalmente em pacientes jovens em fase de crescimento. ● Foi relatado que corticosteroides, AINEs e calcitonina aliviam os sintomas, porém geralmente estão associados a uma resolução incompleta. Tendoperiostite crônica A apresentação clínica é semelhante à da osteomielite crônica primária; Representa uma alteração da reação do osso que é iniciada e exacerbada pelo uso excessivo crônico dos músculos da mastigação, predominantemente o masseter e o digástrico —--> em um grande número de pacientes, hábitos musculares parafuncionais (p. ex., bruxismo, apertamento, roer as unhas, cocontração, não relaxamento da musculatura mastigatória) foram identificados ou se tornaram evidentes durante o acompanhamento do tratamento. Dafne Freitas - Odontologia - UFAM A causa é controversa e alguns pesquisadores acreditam que esta desordem possa representar uma variante da osteomielite crônica primária, na qual os hábitos musculares parafuncionais exacerbam o processo, mas não são a causa inicial. Características clínicas ● Embora a faixa etária média de ocorrência seja aos 40 anos,pode acometer indivíduos de qualquer idade. ● Não há predileção por gênero. ● Sintomas clássicos incluem a dor recorrente, tumefação da face e trismo. ● Não são encontradas supurações e infecções associadas. Tem sido observada a resolução espontânea incomum com desenvolvimento de normalidade radiográfica. Na maioria das vezes, a esclerose está limitada a apenas um quadrante e localizada na região anterior do ângulo de mandíbula e na porção posterior do corpo mandibular (p. ex., inserção do músculo masseter) —--> podem estar envolvidas as regiões de caninos, pré-molares e anterior de mandíbula (inserção do músculo digástrico). Características radiográficas Zonas relativamente radiolúcidas são visíveis no interior das áreas radiopacas; Características histopatológicas Revelam apenas osso denso, formação de osso reacional e relativamente poucos sinais de inflamação —--> se estiverem presentes células inflamatórias crônicas, então elas estarão localizadas nos defeitos da reabsorção cortical e na subcortical óssea adjacente aos sítios de inserção muscular. Apresenta esclerose e remodelação da cortical e subcortical óssea, resultando no aumento do volume ósseo. A margem inferior do corpo mandibular é tipicamente afetada e ocorre erosão significativa da margem inferior em uma região imediatamente anterior ao ângulo da mandíbula. Tratamento e prognóstico Um grande número de pacientes foi tratado com antibióticos, exploração cirúrgica, decorticação intraoral, implantação de beads de gentamicina, oxigênio hiperbárico e corticoides sem resultados significativos. O tratamento direcionado para a resolução da fadiga muscular resultou em um decréscimo significativo dos sintomas na maioria dos pacientes e na resolução total em uma minoria. Os procedimentos terapêuticos incluem o seguinte: ● Instruções para relaxamento muscular (dieta leve, evitar hábitos parafuncionais); ● Exercícios de rotação; ● Tratamento com esplintagem oclusal; ● Estímulo muscular; ● Drogas miorelaxantes (p. ex., diazepan, mefenoxalon); CRMO —--> inclui o envolvimento de múltiplos ossos, que é considerada por muitos como representante de uma variante generalizada da osteomielite crônica primária —--> o envolvimento mandibular ocorre em menos de 10% dos casos relatados. Síndrome SAPHO —--> é um acrônimo para uma apresentação clínica complexa que inclui sinovite, acne, pustulose, hiperostose e osteíte, na qual as lesões ósseas se assemelham às da osteomielite crônica primária e da CRMO. ● A causa é desconhecida, mas acredita-se que se desenvolva em indivíduos com uma predisposição genética, os quais desenvolvem um distúrbio autoimune secundário à exposição bacteriana dermatológica. Pacientes afetados estão em geral abaixo dos 60 anos de idade e sofrem de osteomielite multifocal crônica, que é associada à cultura microbiológica negativa e não responde ao tratamento com antibióticos. As áreas osteolíticas são disseminadas aleatoriamente em regiões de osso esclerosado. A neoformação óssea periosteal é comum, mas não está relacionada à perfuração da cortical óssea. ● Em lesões de ossos gnáticos em estágios iniciais, zonas osteolíticas difusas estão mais proeminentes que a esclerose; o osso afetado é aumentado devido à produção significativa de neoformação óssea periosteal. A investigação de todo o esqueleto por meio de cintilografia óssea revela classicamente o envolvimento em múltiplos sítios —--> localização mais envolvida é a da parede anterior do tórax, com o esterno, clavículas e costelas sendo afetadas individualmente ou em conjunto. ● Outros ossos às vezes envolvidos incluem a espinha dorsal, a pélvis e ossos longos. São características das lesões em estágios tardios a reabsorção óssea externa e a deformidade da mandíbula —---> em alguns casos, múltiplas lesões ósseas estão presentes sem envolvimento da pele associada. O envolvimento dermatológico pode não ocorrer, aparecer após algum tempo ou ser tão sutil que não seja diagnosticado —---> as lesões de pele associadas incluem pústulas palmo-plantares, psoríase pustular ou plana, acne conglobata ou ulcerativa e hidrosadenite supurativa. OSTEÍTE CONDENSANTE (OSTEOMIELITE ESCLEROSANTE FOCAL) São áreas localizadas de esclerose óssea associadas a ápices de dentes com pulpite (provenientes de Dafne Freitas - Odontologia - UFAM grandes lesões cariosas ou restaurações coronárias profundas) ou necrose pulpar. A associação de uma área de inflamação é de grande importância, pois estas lesões podem assemelhar-se a vários outros processos intraósseos que produzem um padrão um tanto quanto semelhante. Características clínicas ● Esta esclerose óssea secundária é vista muito frequentemente em crianças e adultos jovens (20 anos), mas também ocorre em pessoas mais idosas. ● A expansão clínica não deve estar presente. ● A maioria dos casos ocorre nas regiões de pré-molares e molares inferiores —-> principalmente o 1º molar inferior; ● Dente cariado/pulpite ou necrose —--> ocorre somente nesses casos. ● Infecção de baixa virulência; ● Alta resistência do organismo; ● Geralmente assintomáticas; ● Dor moderada; Características radiográficas A alteração clássica consiste em uma zona localizada e geralmente uniforme de radiopacidade aumentada adjacente ao ápice de um dente que exibe um aumento do espaço do ligamento periodontal ou uma lesão inflamatória apical. ● Imagem patognomônica de osso esclerótico reacional, bem circunscrita logo abaixo do ápice de uma das raízes; ● Contorno radicular visível; ● Espaço periodontal preservado; ● Diagnóstico diferencial com cementoblastoma e displasia cemento-óssea focal; Osteíte condensante. Áreas de radiopacidade aumentadas circundando os ápices do primeiro molar inferior desvitalizado. A lesão não exibe uma margem radiolúcida, apesar de uma lesão inflamatória radiolúcida adjacente poder estar presente. A radiopacidade não está separada do ápice; Características histopatológicas ● Deposição de massas compactas de osso; ● Trabéculas com pouco espaço medular;● Infiltrado de leucócitos no tecido conjuntivo fibroso; ● Atividade osteoclástica aumentada; Tratamento e prognóstico Consiste em resolução do foco da infecção odontogênica. Após a extração ou tratamento endodôntico apropriado do dente envolvido, cerca de 85% dos casos de osteíte condensante regredirão, quer parcial, quer totalmente. A resolução da lesão está associada à normalização da membrana periodontal associada. Se a lesão persistir e a membrana periodontal permanecer aumentada, deve ser considerada a necessidade de reavaliação do tratamento endodôntico. Uma área residual de osteíte condensante que permanecer após a resolução do foco inflamatório é denominada cicatriz óssea. Cicatriz óssea. Área residual de radiopacidade aumentada na região da extração do primeiro molar inferior. OSTEOMIELITE CRÔNICA COM PERIOSTITE PROLIFERATIVA (PERIOSTITE PROLIFERATIVA) Osteomielite de Garrè A formação óssea em uma reação periosteal é um achado comum que ocorre em uma ampla variedade de patologias intraósseas e que acomete todas as faixas etárias —--> osteomielites e as neoplasias malignas; Causas de neoformação óssea periosteal incluem osteomielite, trauma, cistos, hiperostose cortical infantil, fluorose, avitaminose C, osteoartropatia hipertrófica, sífilis congênita e neoplasias, tais como o sarcoma de Ewing, histiocitose de células de Langerhans e sarcoma osteogênico. Destes, a osteomielite e as neoplasias malignas estão mais associadas à formação óssea em uma reação periosteal. Forma de hiperplasia periosteal inflamatória que apresentava uma reduplicação da tábua cortical, semelhante à casca de cebola. ● Osteíte esclerosante proliferativa; ● Periostite esclerosante; Dafne Freitas - Odontologia - UFAM Características clínicas Representa uma reação periosteal à presença de inflamação. O periósteo afetado forma diversas fileiras de osso vital reacional, paralelamente umas às outras, expandindo a superfície do osso afetado. ● Os pacientes acometidos tendem a ser primariamente crianças e adultos jovens (25 anos), com uma faixa etária média de 13 anos de idade. ● Não é observada predominância por gênero. ● A causa mais frequente é a cárie dentária com doença inflamatória periapical associada, embora lesões tenham sido relatadas secundariamente a infecções periodontais, fraturas, cistos de bifurcação vestibular e infecções não odontogênicas. ● A maioria dos casos origina-se na região dos pré-molares e molares inferiores. ● A hiperplasia é mais localizada ao longo da margem inferior da mandíbula, mas o envolvimento da cortical vestibular também é comum —--> Mandíbula > maxila; ● O aumento isolado da cortical lingual não é frequente. ● Bem localizada; ● Face anterior da tíbia; ● Aumento de volume; ● Assimetria facial; ● Dente 1º molar cariado/necrose pulpar; ● Dor no dente; ● Pode surgir como uma sequela da celulite; Características radiográficas A maioria dos casos é unifocal, ainda que múltiplos quadrantes possam estar afetados. ● Duplicação da camada cortical em forma de casca de cebola; Presença de laminações ósseas radiopacas que se posicionam paralelamente umas às outras e à superfície cortical subjacente. ● As laminações variam de 1 a 12 em quantidade, e separações radiolúcidas muitas vezes estão presentes entre o osso neoformado e a cortical original. No interior do osso neoformado, podem ser encontradas áreas de pequenos sequestros ósseos ou osteolíticas radiolúcidas. O exame por tomografia computadorizada tem provado ser consistentemente superior às radiografias convencionais na demonstração da periostite proliferativa —--> nas radiografias convencionais, as alterações são mais bem-visualizadas em uma radiografia panorâmica ou lateral oblíqua. Periostite proliferativa. A, Tumefação firme em margem de mandíbula direita na região lateral e inferior que surgiu após uma lesão traumática. B, Imagem de tomografia computadorizada (TC) demonstrando crescimento periosteal de osso neoformado com laminações em casca de cebola. Radiografia panorâmica exibindo a neoformação óssea periosteal ao longo da margem inferior da mandíbula do lado direito. Características histopatológicas Geralmente, não há necessidade de biópsia, a não ser que o diagnóstico clínico esteja sendo questionado. Os espécimes revelam fileiras paralelas de osso trabecular reacional e altamente celular, nos quais o trabeculado individual está muitas vezes orientado perpendicularmente à superfície. ● Osso reativo; ● Tecido osteóide; ● Osteoblastos ativos; ● Tecido conjuntivo fibroso; ● Presença de linfócitos e plasmócitos; ● Estimulação periórtica; Periostite proliferativa. Trabeculado interconectado de neoformação óssea (canto superior esquerdo) estendendo-se da superfície cortical original (delimitado por setas). O trabeculado, algumas vezes, forma uma malha interconectada de osso ou está mais amplamente Dafne Freitas - Odontologia - UFAM disperso, lembrando o padrão observado na displasia fibrosa imatura. ● Entre o trabeculado celular, o tecido conjuntivo fibroso relativamente sem inflamação é evidenciado. ● O sequestro, se presente, mostra as características típicas de necrose óssea. Tratamento e prognóstico Extração do dente acometido ou tratamento endodôntico apropriado, direciona-se para a eliminação da fonte de infecção. Após a eliminação do foco de infecção e a resolução da inflamação, as camadas de osso consolidam-se em 6 a 12 meses, enquanto a ação da musculatura suprajacente auxilia a remodelar o osso para o seu estado original. Se uma reação periosteal unifocal semelhante à periostite proliferativa aparecer na ausência de uma fonte de inflamação evidente, a biópsia é recomendada, pois diversas condições neoplásicas podem resultar em um padrão semelhante. OSTEÍTE ALVEOLAR (ALVÉOLO SECO; ALVEOLITE FIBRINOLÍTICA) Após a extração de um dente, um coágulo sanguíneo é formado no sítio da extração, com a eventual estruturação do coágulo por tecido de granulação, substituição gradual por um osso fibrilar grosseiro e, finalmente, a substituição por osso maduro. A destruição do coágulo inicial impede a cicatrização apropriada e causa uma condição clínica conhecida como osteíte alveolar —--> o coágulo é perdido secundariamente à transformação do plasminogênio em plasmina, com subsequente lise da fibrina e formação de quininas (alveolite fibrinolítica) que são potentes mediadores da dor. O traumatismo local, o estrogênio e os pirogênios bacterianos estimulam a fibrinólise —--> é bem-correlacionado ao aumento da frequência de osteíte alveolar associada a terceiros molares inferiores profundamente impactados, higiene bucal inadequada, cirurgiões inexperientes, extrações traumáticas, uso de contraceptivos orais e infecções pré-operatórias. A prevalência da osteíte alveolar é de 20% nos pacientes que fumam mais de um maço de cigarros por dia e aumenta para 40% naqueles que fumam no dia da cirurgia ou em um intervalo de 24 horas após a cirurgia. ● A sucção excessiva ou o ato de ficar cuspindo do paciente após a cirurgia também foram relacionados ao deslocamento e perda do coágulo alveolar. Características clínicas A frequência é maior na mandíbula e nas regiões posteriores —---> a frequência ocorre em 1% a 3% de todas as extrações, mas aumenta para 25% a 30% nos terceiros molares inferiores impactados. Desenvolvem-se dores acentuadas, odor fétido, e (menos frequentemente) tumefação e linfadenopatia 3 a 4 dias após a extração do dente. ● Em alguns casos, a dor irradia ipsilateralmente do alvéolo para o ouvido, região temporal ou olho. ● Raramente o trismo pode também ser observado. ● Os sinais e sintomas podem durar de 10 a 40 dias. Após o uso de contraceptivos orais ter sido levado em conta, não parece existir uma predileção por gênero significativo. A prevalência total é maior entre os 20 e 40 anos de idade (quando a maioria dos dentes é extraída), embora a probabilidade do desenvolvimento da osteíte alveolar pareça intensificar-se em extrações no grupo de pessoas entre os 40 e 45 anos de idade.O local da extração afetado é inicialmente preenchido por um coágulo contaminado acinzentado, que se perde e deixa um alvéolo ósseo vazio (alvéolo seco). ● O diagnóstico é confirmado pela sondagem do alvéolo, que revela um osso exposto e muito sensível. Tratamento e prognóstico Durante a avaliação do paciente que se queixa de dor pósexodontia, deve ser realizada uma radiografia da região afetada, para que se exclua a possibilidade de um fragmento radicular retido ou de um corpo estranho. ● Todas as suturas devem ser removidas. ● A curetagem do alvéolo não é recomendada, porque isto aumenta a dor associada. ● Analgésicos orais potentes devem ser prescritos e deve ser oferecida ao paciente uma seringa plástica com instruções de como manter o alvéolo limpo com a irrigação doméstica com clorexidina ou solução salina. O alvéolo é irrigado com solução salina morna, seguido por um exame clínico completo do alvéolo, para detecção de uma patologia inesperada —--> esta irrigação deve ser realizada até que não haja mais qualquer detrito no alvéolo em cicatrização (geralmente de 3 a 4 semanas). Dentre os medicamentos intraalveolares, a tetraciclina é o antibiótico de escolha mais frequente, porém a lincomicina, a clindamicina e o metronidazol também apresentam resultados satisfatórios —--> o antibiótico não deverá estar na apresentação de pomada, porque tal utilização tem resultado em reações crônicas a corpo estranho. Referências: NEVILLE, Brad W. et al. Patologia oral e maxilofacial, 2016.
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