Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Câncer de bexiga Epidemiologia 4˚ tipo de câncer mais comum em homens e 8˚ em mulheres. 2˚ neoplasia maligna mais freqüente do trato geniturinário. 8˚ causa de morte relacionada a câncer em 2009 e 9˚ em 2010. 4x1 – HxM (ou seja muito mais frequente em homem) 2x1 – brancos x negros Idade media global 60 a 70 anos (sexta década de vida)- com envelhecimento da população isso vem sendo um desafio para pacientes acima de 80 anos Caucasianos tem 2x maior chance de desenvolver câncer comparado a africanos Caucasianos tem sobrevivência favorável pelo estagio de apresentação, geralmente relacionada a maior proporção de carcinoma de células não transicionais comparados com africanos As mulheres costumam ter evolução mais desfavorável que o homem Histologia 90% - células transicionais (também chamado de carcinoma urotelial) 5% - células escamosas (idade media 50 a 60 anos) 1-2% - adenocarcinomas (uraco e não uraco)(geralmente em cúpula vesical) <1% - carcinoma de pequenas células ou outros. 75% - não invasivos (urotelio e lamina própria) –MAIORIA NÃO INVASIVO – CONSIDERADOS SUPERFICIAIS (câncer de bexiga superficial ou não musculo invasivo) 25% - invasivos muscular própria (musculo- ivasivo) Etiologia e Fatores de Risco Sexo masculino Exposição a agentes (aminas, asbestos, radiações ionizantes, ciclofosfamida, fenacetina) TABAGISMO (principal) 40 maços ano aumenta 4x o risco – paciente que para de fumar quando descobre o tratamento a evolução é bem melhor, o que mantem a chance de recidiva ou evolução é muito maior. Ou seja a cessação reduz recorrência Secundário a química cancerígena do 4-aminobifenilo e O-toluidina Etiologia e Fatores de Risco(suspeitos) Cloração da água Trabalhadores com tinturas, borracha e couro, petróleo, asfalto Genética - 8% de história familiar + (polimorfismo de enzimas desintoxicantes N-acetiltransferase e glutationa transferase) – bem infrequente! Sd. Lynch II (associações com CA colon) – bem incomum Etiologia e Fatores de Risco(suspeitos) Cistites crônicas, cálculos vesicais, SVD prolongada, infecções por Schistossoma são fatores de risco para carcinoma de células escamosas. 80% dos tumores de bexiga no EGITO são carcinoma de células escamosas, secundário a infecção por S. haematobium. Sinais e Sintomas Hematúria (micro ou macro) – > 85% principal Normalmente esse câncer se descobre no inicio pelo principal achado que é a hematúria. A hematúria é encontrada em exames de rotina ou na procura do medico com a queixa de “xixi com sangue” Sintomas irritativos baixos (disúria, polaciúria, dor suprapubica) Mucosuria – em adenocarcinomas (menos frequente) Existe uma latência não estabelecido entre desenvolvimento do tumor e aparecimento dos sintomas Mas geralmente permite o diagnostico precoce. Paciente chega no consultório com queixa de sangue na urina, qual é a principal hipótese diagnostica? Infecção urinaria. Na urina tipo 1 caso o resultado seja: hematúria, leucocituria, nitrito positivo e bactéria é uma INFECCAO URINARIA não um câncer de urina. Caso seja encontrado cilindros hialinicos, proteinuria (mais de 1,5g) e hematúria se trata de uma DOENÇA GLOMERULAR. Se o paciente tem apenas hematúria e o paciente é tabagista, ai sim pensar em câncer de bexiga Diagnostico Urina I – presença de hematúria USG (detecta facilmente, porem depende do tamanho, muito pequenos não pega) Tomografia computadorizada – (Serve para estadiamento e acometimento de estruturas vizinhas quando é um câncer avançado) UGE Uretrocistografia retrograda – falha enchimento Citologia urinaria (citologia oncótica urinária) PRINCIPAL Cistoscopia PRINCIPAL Ou seja para diagnostico o ideal é: urina 1, USG, citologia e cistoscopia Se perguntar na prova: o que faz diagnóstico de câncer de bexiga **padrão ouro? CISTOSCOPIA DIAGNOSTICA COM A BIOPSIA DA LESAO (PRINCIPAL) o Protocolo de hematúria: Hematúria + Paciente <60 anos – pedir urina 1, urocultura, usg, citologia oncótica urinaria e dismorfismo eritrocitário (para ver se é pós renal ou glomerular) – mais de 10% de hemácias dismorficas Paciente >60 anos ou com antecedente pessoal importante como tabagista ou exposição a aminas: continuar a investigação com uma TC de abdômen (pois pode haver tumor urotelial alto) Deu tudo normal, o que fazer? Cistoscopia – para tentar achar lesões que não vimos em métodos não invasivos E se mesmo assim tudo estiver normal? Arteriografia renal - para ver fistulas arteriovenosas, má formações vasculares do rim e outras coisas mais raras Se tudo ainda der normal? Entrar em uma classificação que 20-30% dos pacientes sangram a urina e não tem diagnostico, é uma hematúria inesclarecida. NÃO EXISTE MARCADOR TUMORAL ESPECIFICO (TESE DE DOUTORADO DO DR. MARIOTTI) CISTOSCOPIA PADRAO OURO Gold Standard – maioria das lesões apresentam-se de forma papilar ou séssil, podendo ser plana. A visualização de massa vesical autoriza plenamente sua ressecção e biopsia. O anatomopatológico confirma o diagnóstico Você consegue ver diretamente a lesão na bexiga. É introduzido uma câmera na uretra do paciente. Retira a lesão para biópsia Essa é uma lesão característica CITOLOGIA URINARIA (citologia oncótica) É um adjunto especifico e de acompanhamento de câncer de bexiga. Achados - pleomorfismo nuclear, irregularidade e aumento dos núcleos celulares Especificidade alta tumores de alto grau invasivos, chegando até 98,3% Desvantagem – outras patologias inflamatórias podem cursar com atípicas celulares Ou seja esse exame mostra achados específicos e inespecíficos de cels tumorais, ve o tipo de cel lá presente. Sendo atípicas e pleomorfismos (cels deformadas) dando indicio a cels tumoreais Classificação Histológica Uma vez feita a biopsia do tumor de bexiga, classificamos em alto grau de agressividade e baixo grau, isso é importante pois implica tanto no tratamento quanto no que esperamos de sobrevida do doente. Os tumores de alto grau tem grandes chances de recidivas e recorrências GRAU I – carcinoma urotelial papilifero de baixo grau GRAU II e III – carcinoma urotelial papilifero de alto grau Além de classificar em alto e baixo grau, classificamos também de superficial ou profundo (não musculo invasivo ou musculo invasivo) e depende da invasão tumoral na parede vesical. Isso é visto pela TC e pelo tratamento Estadiamento Determinado pela profundidade de invasão tumoral da parede vesical e dependerá da RTU do tumor por via endoscópica. Fragmentos superficiais e profundos devem ser examinados separadamente. RX de tórax e TC abdome completam os exames a serem solicitados para determinar o N e M do estadiamento. O que é a diferença entre T1 e T2 (superficial do profundo? - paciente T1 não compromete a camada muscular da bexiga - paciente T2 para frente pega a camada muscular da bexiga Então os tumores superficiais não musculo invasivo de bexiga é até T1, o profundo musculo invasivo de bexiga é de T2 para frente. Isso faz com que mude completamente o tratamento - a metástase vai mais para linfonodos ilíacos e cruzamento dos ilíacos com a aorta (ao redor da bexiga), quanto mais longe da aorta maior o numero de linfonodos positivos, quanto mais ascende a aorta menos linfonodos. ] - havendo as informações de de estadiamento podemos dizer o prognostico do paciente NÃO PRECISA SABER TNM: Primary Tumor (T) Ta Non-invasive papillary carcinoma Tis Carcinoma in situ: “flat tumor” T1 Tumor invades subepithelial connective tissue T2 Tumor invades muscle pT2a Tumor invades superficial muscle (inner half) pT2b Tumor invades deep muscle (outer half) T3 Tumorinvades perivesicle tissue pT3a Microscopically pT3b Macroscopically (extravesical tissue) T4 Tumor invades any of the following: prostate, uterus, vagina, pelvic wall, abdominal wall T4a Tumor invades prostate stroma, uterus or vagina T4b Tumor invades pelvic wall or abdominal wall ainage region as regional nodes and not as metastatic disease Regional Lymph Nodes (N) NX Regional lymph nodes cannot be assessed N0 No regional lymph node metastasis N1 Single positive node in primary drainage region N2 Multiple positive nodes in primary drainage region N3 Common iliac node involvement Distant Metastasis (M) MX Distant metastasis cannot be assessed M0 No distant metastasis M1 Distant metastasis Fatores Prognósticos O que faz evoluir mal? Grau histológico (alto grau é pior) Estadiamento Carcinoma “in situ” (CIS) - presença de carcinoma in situ é de pior prognostico Multifocalidade (> 3 lesões) Tamanho (>3 cm) Aspecto (séssil ou solido são piores) Tempo recidiva (se ele volta em 3-6 meses é recidiva precoce) Outros – idade, sexo, invasão linfonodal, complicações RTU, invasão prostática. Tratamento Temos um paciente com hematúria, fez USG e citoscopia, se viu a lesão, fez TC, viu se tinha linfonodos, se tinha invasão muscular ou não e assim deveremos seguir com o tramento. O primeiro passo para tratar qualquer tumor de bexiga (exceto quando ele for metastático ou pelve congelada) é a RTU de bexiga; RTU de BEXIGA A ressecção endoscópica de bexiga é o primeiro passo no manejo da doença Proporciona diagnóstico, estadiamento, prognóstico e tratamento de lesões vesicais Informa – tipo, localização, tamanho, numero, Tumores devem ser ressecados por completo, assim como a camada muscular própria. Tumores de colo vesical merecem ressecção da uretra prostática. Ressecções e biopsia aleatórias de outras partes da bexiga é tema controverso, aparentemente não oferecendo grande valor prognóstico e mudança ao tratamento Ou seja: Ressecção transuretral da bexiga – sendo uma ressecção endoscópica que tira todo tumor. Se retira todo tumor junto a camada muscular para biopsia e essa irá dizer se invadiu o musculo ou não É uma técnica minimamente invasiva na qual se insere uma alça que raspa/ retira todos os tumores da bexiga + camada muscular. Caso seja Ta de baixo grau só essa técnica já é suficiente, caso seja T1 ou alto grau ou in situ, terá que fazer outro tratamento que é a terapia intravesical TERAPIA INTRAVESICAL Fez a RTU de bexiga, espera de 4-6 semanas para cicatrizar a bexiga e se aplica medicações dentro da bexiga, chamada quimioterapia ou imunoterapia intravesical. Faz essa medicação por 6 semanas Uma série de razões suportam a idéia da realização imediata da quimioterapia intravesical pós RTU, dentre elas... 1. Metade das recidivas tumorais podem ser secundaria a disposição mecânica das células provocadas pela RTU com reimplante em outros pontos 2. Não realização da quimioterapia intravesical promove recidivas mais precoces. AGENTES QUIMIOTERÁPICOS VESICAIS 1. MITOMICINA (antibiótico) – inibe a síntese de DNA 2. THIOTEPA – agente anquilante das ligações de acidosnucleicos. 3. DOXORUBICIN – inibidores topoisomerase, inibe síntese de DNA. AGENTES IMUNOTERÁPICOS VESICAIS BCG (Bacilo de Calmette-Guerin) – aumenta interleucina 2 e gama-interferon, tumor não consegue crescer. É O QUE MAIS FUNCIONA! Se indica BCG para tumores de alto grau (T1),carcinoma in situ quando são multifocais grandes ou recorrentes; servindo para carcinomas NÃO invasivos, ou seja superficiais. GENCITABINA. TAMBÉM É BOA MAS É PIOR QUE BCG RTU + BCG= serve para carcinomas NÃO musculo invasivos, superficiais. TERAPIA INTRAVESICAL CRITÉRIOS - CONSENSUAIS Tumores de alto grau T1 CIS Multifocais - >ou igual a 3 Grandes Recorrentes Instilação semanal por pelo menos 6 semanas consecutivas Iniciada 2-4 semanas após RTU BCG é a droga de escolha recomendada (induz citocinas antiangiogenicas que auxiliam no crescimento do tumor) Acompanhamento Citologia Urinaria + Cistoscopia 3/3 meses por 2 anos 6/6 meses por 2 anos Anualmente Avaliação por imagem do trato urinário superior anulamente EUA considera livre de tumor após 5 anos Caso o tumor volte ou mude para um tumor musculo invasivo muda a linha de tratamento. Em 40% dos casos o tumor volta, pois isso é necessário observar de perto. Se o tumor veio musculo invasivo (T2), já comprometeu a camada muscular (musculo invasivo), é necessário verificar se há metástase se sim fazer quimioterapia e imunoterapia, caso não haja metástase, seja musculo invasivo e em situ se faz outra linha de tratamento sendo diferente para homem e mulher Tratamento Músculo Invasivo Cistectomia Radical + Linfadenectomia Pélvica bilateral Homens Cistoprostatavesiculectomia em bloco + linfadenectomia pélvica bilateral + reconstrução de bexiga Nos homens se retira a bexiga, a próstata, as vesículas seminais, os gânglios e se reconstrói a bexiga com a alça de intestino Obs – a tentativa de manter a inervação autônoma dos plexos nervosos, NÃO altera o prognóstico e nem aumenta as recidivas Mulheres Exenteração pelvica anterior com histerosalpingoooforectomia bilateral + cistectomia + “uretrectomia” + exerese de parede vaginal anterior Retira ovário, útero, anexos , bexiga e cúpula da vagina. E também reconstrói a bexiga com a alça do intestino Derivações Urinárias Derivações urinarias após cistectomia podem ser: Continentes ou incontinentes Externas ou internas Ortotopicas ou heterotopicas A escolha final termina na confecção de um reservatório intestinal continente anastomosado a uretra (neobexiga ortotopica) ou a uma derivação urinaria externa incontinente com estoma cutaneo (conduto ileal – Cirurgia de Bicker) Estima-se que 80% dos homens e 65% das mulheres são candidatos a reconstrução continente Suécia = 64% bricker X 21% ortotopica EUA(1999) = 91% bricker X 7% ortotopica Brasil não contem essas informações Cirurgia de Bricker Técnica cirúrgica que consiste em pegar uma alça do intestino, retira do transito intestinal e conecto com os dois ureteres e a outra ponta se coloca na parede abdominal, paciente ira urinar em uma bolsinha. Cirurgia de neobexiga ortotopica Pega a alça do intestino, reconstrói o reservatório e faz uma bolinha e conecta essa bolinha na uretra do paciente. Não fica uma bolsinha para fora, mas o paciente não urina espontaneamente sendo necessário sondar para urinar Complicações Mortalidade 3 a 5 % Embolia pulmonar 2% Sangramentos intraoperatorios – pouco frequentes Lesão reto 1% Obstrução intestinal 4 a 10%, dessas 10% necessitam reabordagem cirurgica Fistulas derivação urinarias Estenoses anastomoticas 3% Transtornos metabolicos – alcalose e acidose metabolica ITU recorrentes Hipovitaminoses Litiase renal Depressão – 45 % Caso metástase: Quimioterapia Neoadjuvante Opção para pacientes com cancer de bexiga localmente avançado, com ganho de sobrevida de 5% em 5 anos. Estudo mostram que melhorar o status cirurgico. Esquemas Cisplastina no D1 e D2 Gemcitabina D1 ao D8 Metotrexate D1, D15, D22 Doxorrubicina D2 OBS – Apenas em pacientes com função renal adequeda (Cl Cr > 60) + indice Kasnofsky > 70 IMUNOTERAPIA PEMBROLIZUMAB– agem nos receptores PD-1 ou PD- L1 e desarmam a agressividade do tumor nas células de defesa. É uma imunoterapia pois estimula o sistema imunológico a combater esse tumor Em casos de câncer de bexiga se for metastático pode fazer uma quimioterapiaou imunoterapia neoadjuvante. Ou seja se faz a imunoterapia antes da cirurgia ou se ele vier com linfonodos positivos se faz a terapia adjuvante (opera, tira a bexiga e complementa com a imunoterapia) Sobre o tratamento, tem duas vertentes, ou ele é musculoinvasivo ou nao musculoinvasivo. Se ele é profundo = quimioterapia/imunoterapia (endovenoso) com essas drogas mais modernas + programar retirada completa; se for não músculoinvasivo: raspagem da bexiga do tumor + aplicação intravesical de imunoterapia com oncoBGC Stefanye Catezani
Compartilhar