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Medicina Legal - UFCSPA

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ASFIXIA
Por ser qualificada como um meio cruel, a asfixia serve de agravante no processo
jurídico de definição do tempo de pena. Outros tipos de lesões corporais qualificadoras
agravantes são: veneno, fogo, explosivo, tortura, etc.
● A asfixia, no contexto da medicina legal, caracteriza a privação de oxigênio aos
tecidos por um obstáculo mecânico e que está sempre associado a um evento
violento.
● Sinais da asfixia (gerais, aplicáveis aos vários tipos):
○ Cianose da face
○ Cianose ungueal
○ Equimose da pele, das mucosas e conjuntivas
○ Projeção da língua e exoftalmia → Ocasionados ou por causa externa,
como nos casos de asfixia por compressão do pescoço, ou por advento
do edema postmortem.
○ Otorragia
○ Cogumelo de espuma → É formado por finas bolhas de espuma que
cobrem a boca e as narinas e se estendem pelas vias aéreas inferiores,
podendo ter coloração clara ou sanguinolenta.
○ Sangue não coagulado e escuro
○ Congestão polivisceral e manchas de Tardieu e Paltauf→ Órgãos que
normalmente contém sangue, como o fígado, ficam ainda mais cheios.
Em decorrência desse aumento da pressão em distintos órgãos, pode
haver ruptura de vasos e acúmulo de sangue coagulado sob a pleura
(razão pela qual é comum que a vítima apresente secreção
sanguinolenta), o pericárdio e no tubo digestivo. Esses pequenos
sangramentos geram o que chamamos de petéquias de Tardieu. Quando
o sangramento progride e a lesão se torna maior, recebe o nome de
mancha de Paltauf.
○ Distensão e edema pulmonar
○ Fenômenos cadavéricos
1. Asfixias puras: Anoxemia (ausência de oxigênio no sangue) e hipercapnia
(aumento da pressão parcial de CO2 no sangue).
a. Asfixia em ambientes por gases irrespiráveis
Confinamento → Permanência do indivíduo em ambiente restrito
ou fechado, sem condições de renovação do ar respirável.
Externamente, observa-se lesões traumáticas de várias espécies,
dada a conduta desesperada da vítima em busca de ar.
Internamente, sinais gerais de asfixia.
Lesões produzidas em ações desesperadas da vítima, como
escoriações do pescoço e desgaste das unhas
Asfixia por monóxido de carbono →
Tonalidade rósea da face, putrefação tardia, manchas de hipóstase
claras, rigidez cadavérica mais tardia e pouco intensa
Pulmões e demais órgãos em tom carmim, sangue fluido e róseo
Asfixia por outros vícios de ambiente
b. Obstáculo à penetração do ar nas vias respiratórias
Sufocação direta → Obstrução da boca e das narinas ou das vias
respiratórias mais inferiores, podendo ser acidental, ou não.
Sinais: equimose ao redor da boca, marcas ungueais do
agressor em torno do nariz e da boca e infiltração sanguínea
difusa.
● Sufocação por corpo estranho (aspiração ou
ingestão)
Presença de corpo estranho na árvore respiratória
● Sufocação com morte súbita (exemplo: crianças
dormindo com os pais)
Marcas ungueais ao redor dos orifícios nasais e da boca, lesões da
mucosa labial pelo traumatismo desta sobre os dentes
Sufocação indireta → A compressão do tórax ou do abdômen
impede a mecânica ventilatória de inspiração e expiração
(exemplos: multidões em pânico com pisoteamento, brincadeiras
como enterrar amigos com areia ou sentar em cima do tórax,
quedas de árvores).
Máscara equimótica da face ou congestão cefalocervical
Lesões no esqueleto torácico e vísceras, pulmões distendidos,
congestos e com sufusões hemorrágicas subpleurais, sangue do
coração escuro e fluido
Afogamento → Penetração de substância líquida ou semilíquida
nas vias respiratórias. Não é necessário que o corpo da vítima
esteja submerso. Os sinais externos característicos são:
temperatura baixa da pele, pele anserina (contração dos músculos
eretores dos pêlos, tornando os folículos salientes, devido à rigidez
cadavérica), enrugamento cutâneo, cogumelo de espuma, erosão
dos dedos e corpos estranhos sob as unhas (em situações nas
quais a vítima tenta se agarrar a algum objeto, na tentativa de se
salvar), mancha verde em torno do pescoço e do esterno, lesões
post mortem por animais aquáticos e embebição cadavérica pela
permanência na água. Internamente, tem-se a presença de líquido
nas vias respiratórias, digestivas e no ouvido médio (podendo este
líquido conter corpos estranhos, razão pela qual se faz pesquisa de
plâncton), lesões pulmonares (aumento por enfisema aquoso e
manchas de Tardieu e Paltauf) e diluição sanguínea.
● Afogado branco: a morte ocorre por inibição, no momento
exato em que o indivíduo toca a água, dado o agravo de
lesões cardiovasculares pela ação térmica. Nesses casos, a
vítima não apresenta sinais de asfixia.
● Afogado azul: ocorre a penetração de água nas vias
respiratórias e asfixia por não renovação do oxigênio. A
morte pode ser rápida (submersão em até 5 min) ou lenta (a
pessoa retorna várias vezes à superfície, mas não
sobrevive).
Pele anserina, maceração da epiderme, cogumelo de espuma,
equimoses da face das conjuntivas
Presença de líquido nas vias respiratórias, enfisema aquoso
subpleural, manchas de Paltauf, aumento do coração
Soterramento → Obliteração dos orifícios naturais por terra ou
substâncias pulverulentas. Externamente, observa-se lesões
traumáticas de várias espécies pelo desabamento ou
desmoronamento; já internamente, encontra-se material estranho
em vias respiratórias e digestivas que foram aspirados/deglutidos
in vivo.
Lesões traumáticas de várias espécies por desabamento ou
desmoronamento
Presença de material pulverulento no interior das vias respiratórias
2. Asfixias complexas: a constrição das vias respiratórias provoca anoxemia e
hipercapnia, acompanhadas por interrupção da circulação cerebral e inibição por
compressão dos elementos nervosos do pescoço.
Enforcamento – Constrição passiva do pescoço por laço fixo acionada
pelo peso do corpo da vítima.
● Como é a lesão: sulco oblíquo-ascendente na região do pescoço
(em geral, acima da cartilagem tireóidea), de profundidade desigual
ao longo de sua extensão (sendo mais profundo na porção anterior
do pescoço, que fica oposta ao laço), apergaminhado, geralmente
interrompido ao nível do nó, com lábio superior mais saliente, sem
infiltração sanguínea e com equimoses próximas à lesão.
Internamente, a compressão do laço gera infiltração sanguínea na
musculatura, na adventícia vascular (principalmente da Artéria
Carótida, que também pode sofrer lesão por laceração endotelial
transversa), na laringe e na porção retroesofágica. Pode haver,
também, fratura do osso hióide (onde se fixa a base da língua).
● Tipos de suspensão:
○ Completa → Sem qualquer tipo de apoio;
○ Incompleta → A vítima executa a ação apoiando-se pelos
pés, joelho ou outra parte do corpo.
● Tempo para ocorrência da morte: depende de características
pessoais (como o peso da vítima, por exemplo) e circunstanciais
(como a rigidez do laço, o tipo de suspensão, etc.).
○ Rápida (por inibição das estruturas nervosas cervicais)
○ Lenta
● Fenômenos durante o enforcamento:
(1) calor, zumbidos, sensações luminosas na visão e perda
de consciência
(2) convulsões, excitação do corpo por hipercapnia,
hipoxemia e compressão do nervo vago
(3) sinais de morte aparente
● Fenômenos de sobrevivência:
○ Locais → Sulco tumefeito e violáceo, dor, afasia e disfagia,
congestão pulmonar
○ Gerais → Coma, amnésia, confusão mental, depressão,
paralisia do reto, da uretra e da bexiga.
Sulco interrompido ao nível do nó, cianose da face, equimose das
conjuntivas, otorragia e cogumelo de espuma
Distensão e edema pulmonar, sangue líquido em cavidades cardíacas,
lesões da parte profunda da pele e da tela subcutânea do pescoço, luxação
da segunda vértebra cervical, ruptura da bainha mielínica do nervo vago,
manchas de Tardieu
Estrangulamento – Constrição ativa do pescoço por laço (posicionado de
forma horizontal) que é acionado pela força humana
● Como é a lesão: sulco horizontal/transversal, com profundidade
uniforme ao longo de sua extensão, contínuo a nível do nó, passa
por baixo da cartilagem tireóidea, excepcionalmente
apergaminhado, possui lábios iguais (já que não há ação do peso
da vítima sobre o laço. Internamente,tem-se o mesmo que no
enforcamento: a compressão do laço gera infiltração sanguínea na
musculatura, na adventícia vascular (principalmente da Artéria
Carótida, que também pode sofrer lesão por laceração endotelial
transversa), na laringe e na porção retroesofágica. Pode haver,
também, fratura do osso hióide (onde se fixa a base da língua).
Sulco contínuo ao nível do nó, com lábios iguais
Infiltração hemorrágica dos tecidos moles do pescoço (de mesma
intensidade, distribuição e altura em todo o perímetro nos planos internos
do pescoço), fratura do osso hióide, laceração endotelial transversa
3. Asfixias mistas: Os fenômenos respiratórios, circulatórios e nervosos se
confundem e superpõem em graus variados
Esganadura – Constrição do pescoço da vítima por alguma parte do
corpo do agressor (exemplo: mata-leão)
● Como é a lesão: ferimentos na região posterior da cabeça (pela
compressão dos dedos do agressor), equimose ao redor da boca,
marcas ungueais do agressor e escoriações nas mãos e
antebraços da vítima. Internamente, tem-se infiltração sanguínea
difusa do subcutâneo (diferentemente do que acontece no
estrangulamento e enforcamento, situações nas quais a infiltração
sanguínea se dá exclusivamente abaixo do sulco), lesões das
cartilagens cervicais (mais frequentes do que a fratura do osso
hióide) e dos vasos da região.
Congestão da face e das conjuntivas, estigmas ungueais, pequenas
equimoses arredondadas produzidas pela polpa dos dedos
Infiltração sanguínea difusa no subcutâneo, frequentes lesões do aparelho
laríngeo por fraturas de cartilagens, raras lesões dos vasos do pescoço
TRAUMATOLOGIA FORENSE
Lesão corporal: toda e qualquer ofensa ocasionada à normalidade funcional do corpo
ou organismo humano, seja do ponto de vista anatômico, fisiológico ou psíquico.
*A dor, enquanto uma entidade subjetiva, deve ser observada pelo médico legista
por um período mínimo de 2 anos, realizando-se em conjunto exames
complementares para a mais adequada avaliação.
1. Laudo de lesão corporal (A): dedicado ao registro de lesões em crianças,
adolescentes, adultos e idosos.
2. Laudo de lesão corporal B: exclusivo à mulher gestante
CPP - Art. Quando a infração deixar vestígio, é indispensável a realização do exame de
corpo de delito, seja ele direto (quando o médico legista vê o paciente/vítima) ou
indireto (quando a avaliação é feita por meio de exames, de laudos ou de prontuários),
não podendo supri-lo em confissão do acusado.
Lei 9099 - Art. 77: Quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico
ou prova equivalente, o laudo do médico legista fica dispensável.
● O exame pericial é feito mediante solicitação de autoridade competente, por
meio de encaminhamento do ofício e do formulário, a qualquer dia e qualquer
hora (art 161 do CPP), desde que haja condições adequadas no que se refere a
requisitos técnicos, como iluminação.
● O exame do periciado pode ser conduzido por interesse próprio, quando o
próprio paciente indica os locais de lesão, ou por requisição de autoridade,
quando se deve avaliar o paciente como um todo.
● São modificadores da prova pericial: existência ou não de vestígios,
incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
(comparecimento tardio), perigo de vida (boletins médicos), consequências
(auxílio de especialistas)
Graduação das lesões
● Leve: caracteriza-se pela presença da ofensa e ausência das consequências
mencionadas nos parágrafos do art 129 do CPP;
● Grave: incapacita o paciente para as ocupações habituais por mais de 30 dias
(em crianças, brincar; em adultos, pentear o cabelo). Põe em perigo de vida, ou
pode debilitar permanentemente qualquer de seus membros, sentidos ou
funções; ou acelera o seu parto (caso de mulheres grávidas), ou provoca tudo
acima.
● Gravíssima: incapacita o paciente permanentemente para o trabalho. Situação
que causa enfermidade incurável. Perda ou inutilização de membros, sentido
ou função (amputamento). Deformidade permanente. Provoca abortamento na
gestação.
● Seguida de morte: aquela lesão que em consequência direta da ofensa é a
morte do paciente sem que este resultado tenha sido desejado, nem assumido
o risco de produzi-lo.
● Qualificadores agravantes: veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou outro
meio insidioso ou cruel.
Quesitos — Exames complementares
1. Há ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente?
Sim / Não / Não há elementos suficientes para responder
2. Qual instrumento ou meio produziu a ofensa?
Instrumento contundente / cortante / perfurante / corto-contundente /
pérfuro-contundente / pérfuro-cortante.
Meio (físico, químico, biológico, misto)
3. A ofensa foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou
outro meio insidioso ou cruel? Resposta especificada.
Sim / Não / Não há elementos suficientes para responder.
4. A lesão resultou em incapacidade para as ocupações habituais por mais de
trinta dias?
Sim / Não / Não há elementos suficientes para responder por haver
transcorrido mais de trinta dias do fato e o periciado apresentar-se apto para
suas ocupações habituais.
5. A ofensa gerou risco à vida?
Sim (especificado) / Não / Não há elementos suficientes para responder por
boletim hospitalar não esclarecedor.
6. A ofensa resultou em debilidade permanente, perda ou inutilização de membro,
sentido ou função? Respostas especificadas.
Sim / Não / Não há elementos suficientes para responder
7. A ofensa resultou em incapacidade permanente para o trabalho ou
enfermidade incurável ou deformidade permanente? Resposta especificada.
Sim / Não / Não há elementos suficientes para responder
8. A ofensa resultou em aceleração de parto ou aborto?
Sim / Não / Não há elementos suficientes para responder
Lesões por instrumentos perfurantes
● Feridas puntiformes, uma vez que sua exteriorização se dá em forma de ponto;
de abertura estreita e raro sangramento; pouca nocividade à superfície e de certa
gravidade na profundidade, dependendo das estruturas atingidas; a lesão
costuma ter menor diâmetro que o objeto perfurante, dada a elasticidade e a
retratibilidade dos tecidos cutâneos.
● Lesão por acordeão de Lacassagne → O ferimento em “acordeão” ou “sanfona”
de Lacassagne é o ferimento causado com arma pequena , mas com o trajeto
longo, produzido com violência pelo homicida e que comprime a parede
abdominal.
● O trajeto da ferida é representado por um túnel estreito que, no cadáver, pode ser
identificado como uma linha escura.
● Quando há transfixação, o ferimento de saída é, em geral, mais irregular e de
menor diâmetro que o de entrada, uma vez que foi produzido pela parte mais
afilada do instrumento perfurante.
● Quando o instrumento é de médio calibre, as lesões assumem aspectos
específicos que seguem as leis de Filhos e Langer:
○ 1ª lei (da semelhança) → As soluções de continuidade dessas feridas se
assemelha às produzidas por instrumento de dois gumes, ou tomam
aparência de ‘casa de botão’;
○ 2ª lei (do paralelismo) → Quando as feridas se dispõem em uma região
em que as linhas de força tem um só sentido, seu maior eixo tem sempre
a mesma direção;
○ 3ª lei (de Langer) → Na confluência de regiões de linhas de força
diferentes, a extremidade da lesão toma o aspecto de ponta de seta de
triângulo (ou de quadrilátero).
Lesões por instrumentos cortantes
● A ação de instrumentos cortantes se baseia no movimento de deslizamento
(geralmente linear) de um gume, mais ou menos afiado, sobre os tecidos.
Exemplos: navalha, bisturi e lâmina de barbear.
● Cauda de escoriação → No limite final da ferida, ocorrerá uma superficialização
da lesão que permitirá, nesse sítio, um processo mais rápido de cicatrização.
● Características da lesão: forma linear, bordas regulares, regularidade do fundo da
lesão, ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida, hemorragia
(geralmente) abundante, predominância do comprimento sobre a profundidade,
afastamento das bordas da ferida, presença de cauda de escoriação voltada
para o lado onde terminou a ação do instrumento, vertentescortadas
obliquamente, centro da ferida mais profundo que as extremidades e paredes da
ferida lisas e regulares.
○ Instrumento posicionado perpendicularmente → Perfil de corte angular
○ Instrumento posicionado obliquamente → Perfil de corte em bisel
● Buscar lesões de defesa em mãos, braços e pés.
● Esquartejamento → Ato de dividir o corpo em partes (quartos, por amputação ou
desarticulação), quase sempre como modalidade de o autor do corpo se livrar do
corpo ou impedir a sua identificação.
● Castração → Lesão cortante realizada com finalidade/instinto de vingança.
● Decapitação → Separação da cabeça e do corpo, podendo ser realizada por
outras formas de ação além da lesão cortante (como a contusão incisiva).
● Esgorjamento → Longa ferida transversal do pescoço, de significativa
profundidade, que lesa não só planos cutâneos, vasculonervosos e musculares,
como também estruturas mais internacionais como esôfago, laringe e traqueia.
Lesões por instrumentos contundentes
● Entre os agentes mecânicos, os instrumentos contundentes são os maiores
causadores de dano. Sua ação é quase sempre produzida por um corpo de
superfície, sendo mais comum que suas lesões se disponham externamente
(embora possam repercutir na profundidade).
● Rubefação, escoriação (quando produzida post mortem, não há formação de
crosta, encontrando-se apenas um leito seco, descorado e apergaminhado; NÃO
gera cicatriz, o único vestígio de recenticidade é uma mancha rósea e descorada
que desaparece com os dias) e equimose.
○ Equimose → Infiltração hemorrágica nas malhas do tecido. Para que
aconteça, é necessário que a região traumatizada seja superficial a um
plano mais resistente e profundo, de modo que a lesão contundente gere
ruptura capilar e extravasamento sanguíneo.
○ Manchas hipostáticas → O livor mortis (ou manchas de hipóstase)
representa a mudança de coloração que surge na pele dos cadáveres,
decorrente do depósito do sangue estagnado pela ação da gravidade, nas
partes mais baixas do corpo, e que indicam sua posição original. Apesar
de sofrer a influência de múltiplos fatores, o processo se inicia quase
imediatamente à cessação da circulação sanguínea. Pode tornar-se
perceptível, em condições ideais, entre 20 a 45 minutos post-mortem. Em
média, aparecem entre 1 a 3 hs, fixando-se (fixação das hipóstases)
definitivamente em torno de 8 a 12 horas post-mortem, ocupando o plano
inferior da posição do corpo.
Instrumento Ferida
Perfurante Punctória (transfixante ou não)
Cortante Incisa (com cauda ou não)
Contudente Contusa, com eritema, escoriações,
edema traumático, equimose, hematoma,
luxações, fraturas, rupturas e
esmagamento
LAUDO MÉDICO LEGAL
● Considera-se lesão corporal toda e qualquer ofensa que comprometa a
normalidade funcional do corpo ou do organismo humano – seja em prejuízo de
sua anatomia, fisiologia ou psique.
● O exame pericial é feito mediante solicitação de autoridade responsável, a
qualquer dia ou hora (observados os requisitos técnicos para a adequada
avaliação), desde que apresentado o necessário encaminhamento (ofício,
formulário, etc.).
● O exame do periciado pode ocorrer:
○ Por interesse próprio – O próprio indivíduo indica o que deve ser
inspecionado pelo médico legista;
○ Conduzido por autoridade – O indivíduo é avaliado como um todo;
● A perícia abrange:
○ Descrição das lesões;
○ Reencaminhamento à autoridade com cópia da requisição carimbada
(informação de retorno ou não);
○ Elaboração de: laudo sumário, atestado de lesões, laudo de
lesões/complementar;
○ Revisão e assinatura pelo relator e pelo revisor.
● Modificadores da prova pericial no exame de lesões corporais e
complementares:
○ Existência ou não de vestígios;
○ Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias;
○ Perigo de vida;
○ Consequências.
Classificação das lesões de acordo com a resposta aos quesitos:
● Leve, grave, gravíssima, seguida de morte, lesão com elemento qualificador
agravante (veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel).
1. Lesão leve (1º e 2º quesitos): houve ofensa, sem que essa causasse quaisquer
das consequências mencionadas nos parágrafos do artigo 129 do código penal.
2. Lesão grave (1º, 2º, 4º, 5º, 6º e 8º quesitos): lesão que, em consequência da
ofensa…
○ Incapacita o paciente para as ocupações habituais por mais de 30 dias;
○ Põe em perigo de vida;
○ Debilita permanentemente qualquer de seus membros, sentidos ou
funções;
○ Acelera o parto (em caso de gestante);
○ Provoca tudo isso.
3. Lesão gravíssima (1º, 2º, 6º, 7º e 8º quesitos): lesão que, em consequência da
ofensa…
○ Incapacita o paciente permanentemente para o trabalho;
○ Causa-lhe enfermidade incurável;
○ Perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
○ Deformidade permanente;
○ Provoca aborto (em caso de paciente gestante).
4. Lesão seguida de morte: lesão que, em consequência da ofensa…
○ Leva à morte do paciente sem que esse resultado tenha sido desejado,
nem assumido o risco de produzi-lo.
5. Lesão qualificadora agravante (1º, 2º e 3º quesitos): lesão corporal produzida
por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou outros meios insidiosos
ou cruéis.
1º quesito Há ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente?
Não
Sim
Não há elementos suficientes para responder
2º quesito Qual o instrumento ou o meio utilizado para produzir a ofensa?
Instrumentos:
Contundente
Cortante
Perfurante
Corto-contundente
Pérfuro-cortante
Pérfuro-contundente
Meio:
Físico
Químico
Biológico
Misto
3º quesito A lesão foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso/cruel? (Resposta especificada)
Sim (especifique)
Não
Não há elementos suficientes para responder
4º quesito A lesão resultou em incapacidade para as funções habituais por mais
de 30 dias?
Sim
Não
Não há elementos suficientes para responder, pois a avaliação
pericial se deu mais de 30 dias depois do fato e o periciado
encontra-se apto a realizar suas funções habituais
5º quesito A lesão resultou em perigo de vida?
Sim
Não
Não há elementos suficientes para responder, pois o boletim
hospitalar não é esclarecedor
6º quesito A lesão resultou em debilidade permanente ou inutilidade de membro,
sentido ou função? (Especifique)
Sim
Não
Não há elementos suficientes para responder
7º quesito A lesão resultou em incapacidade permanente para o trabalho,
enfermidade incurável ou deformidade permanente? (Especifique)
Sim
Não
Não há elementos suficientes para responder
8º quesito A lesão resultou em aceleração do parto ou aborto?
Sim
Não
Não há elementos suficientes para responder
ANTROPOLOGIA FORENSE
Função: Identificação da pessoa a partir de elementos ósseos/restos mortais, ou em
situações nas quais as feições naturais são gravemente comprometidas.
● Antropologia → Estudo do indivíduo humano enquanto ser animal, social e
moral;
● Antropometria → Conjunto de medidas do corpo humano e de suas partes;
● Identidade → Características que individualizam um sujeito enquanto pessoa;
Identificação → Técnica para determinar a identidade (física ou psíquica) de uma
pessoa, partindo do geral (aquilo que a caracteriza em sua espécie) para o específico
(aquilo que a caracteriza enquanto indivíduo).
1. Identificação da espécie
a. Ossos (dimensões macro e microscópicas);
b. Pelos (formato, cor e espessura);
c. Sangue (pesquisa de cristais e realização de reações químicas);
2. Identificação da raça → Caucasiano, mongólico, negróide, indiano e
australiano (no caso do Brasil, a miscigenação origina também os tipos
mameluco, cafuzo e mulato).
a. Formato do crânio e da face;
b. Estatura;
c. Envergadura;
d. Ângulo facial;
e. Características dos ossos, cabelo e pelos.
3. Identificação do sexo
a. Estudo cromossômico → Sexo genético (46XY ou 46XX);
b. Identificação gonadal (testículos e ovários);
c. Genitália externa (pênis e escroto, vulva e vagina);
d. Identificação cromatínica (achado de corpúsculo de Barr →
mulher);
e. Identificação jurídica (fornecida pelo registro de nascimento);f. Identificação comportamental ou psíquica;
g. Estudo dos ossos (crânio, pelve e tórax).
i. Forames orbitários (Imagem 1) → A mensuração deve ser
feita da borda lateral externa do conduto, e o comprimento
deve ser assinalado em milímetros. Em média, têm-se
encontrado 57,79 mm para a mulher e 61,28 mm para o
homem, adultos, com um desvio padrão de 4.3447 e 4.3185,
respectivamente.
ii. Mandíbula (Imagem 2) → Observa-se que a mandíbula
masculina é cerca de 0.5cm maior (em comprimento e
largura) do que a das mulheres, além de ramos mais largos
e ângulo mandibular mais aberto.
iii. Índice de Baudoin → Largura máxima do côndilo occipital X
100/ Comprimento máximo desse côndilo
Homem <50
Mulher >55
iv. Craniômetro (Luis Carlos Cavalcante Galvão) → Mede-se a
distância entre o meato acústico externo e onze pontos
craniométricos assinalados.
Somatório inferior a 1.000 mm → Sexo feminino
v. Corpo da 5ª vértebra lombar →Parâmetros definidos para
três mensuras: (1) comprimento anteroposterior, (2) largura
e (3) altura do corpo vertebral.
Feminino Masculino
(1) Comprimento
anteroposterior
31,73 a 33,02 mm 34,89 a 36,43 mm
(2) Largura 51,21 a 53,43 mm 54,59 a 56,97 mm
(3) Altura 25,82 a 26,76 mm 26,95 a 27,83 mm
4. Determinação da idade → Aspecto da pele, dos pelos, dos dentes, do
globo ocular e radiologia dos ossos.
5. Determinação da estatura → Estabelecida a partir da mensura
comparativa de segmentos ou de partes ósseas com valores
parametrizados*.
*Não há estudo antropométrico específico para a população
brasileira.
a. No indivíduo vivo, mede-se a distância crânio-caudal — que é 2,0
cm menor quando se assume posição de decúbito.
6. Identificação de particularidades → Estuda malformações, cicatrizes,
tatuagens, as arcadas dentárias, a superposição de fotografias,
radiografias, filmagens com transformação computadorizada, fonética,
estigmas e sinais profissionais, bem como lesões adquiridas
(deformidades e amputações).
Quando tratando-se de um desconhecido, é primordial que o perito identifique o maior
número possível de características — realizando, inclusive, ficha dactiloscópica em
duas cópias, registro fotográfico/videográfico e estudo de DNA.
● Reconhecimento → Ato subjetivo e empírico de apontar que um sujeito é o
mesmo de antes, já visto, admitindo isto como verdadeiro; nem sempre é
possível de ser reproduzido.
Identificação Jurídica
Deve ser única, imutável, de fácil classificação e prática. Na maior parte das vezes,
consiste da coleta e do estudo das impressões digitais, mas há uma série de outros
métodos possíveis cujo grau de confiabilidade varia: fotografia, assinalamento sucinto1,
retrato falado, impressão datiloscópica digitalizada, avaliação espectrográfica da voz,
comparação ótica por mapeamento de retina, superposição de imagem, reconstrução
facial, Sistema Antropométrico de Bertillon*, Sistema Odontológico de Amoendo* e
Sistema Datiloscópico de Vucetich*.
*Válidos somente se houver registro prévio, destes parâmetros, para o indivíduo
em específico.
1Anotação da estatura, raça, da compleição física, da cor dos olhos e dos cabelos e de
alterações mais apelativas da atenção → Não existe unicidade.
Sistema Datiloscópico de Vucetich
Arco (A/1): é o datilograma (geralmente adéltico) formado por linhas que
atravessam o campo digital, apresentando em sua trajetória formas mais ou
menos paralelas e abauladas ou alterações características. É representado
pela letra A para os polegares e número 1 para os demais dedos.
Presilha interna (I/2): é o datilograma com um delta à direita do observador,
apresentando linhas que, partindo da esquerda, curvam-se e voltam ou tendem
a voltar ao lado de origem, formando laçadas. É representado pela letra I para
os polegares e o número 2 para os demais dedos.
Presilha externa (E/3): é o datilograma com um delta à esquerda do
observador, apresentando linhas que, partido da direita, curvam-se e voltam ou
tendem a voltar ao lado de origem, formando laçadas. É representado pela
letra E para os polegares e o número 3 para os demais dedos.
Verticilo (V/4): é o datilograma com um delta à direita e outro à esquerda do
observador (dois vértices), tendo pelo menos uma linha livre e curva à frente
de cada delta. É representado pela letra V para os polegares e o número 4 para
os demais dedos.
No sistema de Vucetich, o arquivamento é do tipo decadactilar, ou seja, são
utilizadas as impressões dos dez dedos das mãos do indivíduo para a
classificação e arquivamento. Essas impressões são coletadas e dispostas
em uma ficha específica (fig. 26) que contém em um dos lados dez campos na
seqüência polegar, indicador, médio, anular e mínimo, sendo os cinco da mão
direita em cima e os cinco da mão esquerda em baixo tendo para cada um dos
dedos três campos na parte superior onde é registrado o tipo fundamental, o
sub-tipo e a contagem das linhas de cada dedo respectivamente. A disposição
das impressões digitais na ficha forma a ID, (individual dactiloscópica) que
baseada nos tipos forma uma fração alfanumérica sendo letras para os
polegares e números para os demais dedos. Exemplo: V1343 / V2122.
Identificação em acidentes de grandes massas
A identificação de massas, seja por grandes acidentes (aéreos, marítimos, terremotos,
deslizamentos, explosões) ou execuções, é um problema complexo, requerendo
metodologia específica onde algumas questões devem ser respondidas:
● Quem são as vítimas? Identificação de certeza ou probabilidade?
● Quais lesões são observadas?
● Qual o intervalo entre o evento e a morte?
● Qual a causa da morte?
● Quando, como e onde as lesões ocorreram?
● Que lesões pré-existentes são observadas? Quais suas causas? Como
aconteceram?
Os caracteres mais utilizados para realizar a distinção, por serem mais dimórficos são
o tamanho e capacidade craniana, que são maiores nos homens que nas mulheres; a
fronte, sendo a masculina inclinada para trás e a feminina mais vertical; as margens
supra orbitais, formadas pelo osso frontal localizam-se acima das órbitas sendo
arredondada no masculino e com bordas cortantes no feminino; os processos
mastoideos, localizados na porção mastoidea do osso temporal, e são mais
desenvolvidas nos homens que nas mulheres; os processos estilóides localizados na
parte póstero-inferior da porção petrosa no osso temporal, são longos e grossos nos
homens e curtos e finos nas mulheres; as arcadas supraciliares, duas eminências
dispostas transversalmente localizadas na face anterior no osso frontal, são mais
marcadas nos homens que nas mulheres; as bossas frontais, localizada no osso
frontal, são bem marcadas nas mulheres e pouco marcadas nos homens; a glabela,
ponto médio entre os arcos superciliares, acima da sutura frontonasal, mais saliente no
sexo masculino; os côndilos do occipital, duas saliências de forma elíptica localizados
no osso occipital, no homem são longos e estreitos enquanto na mulher são curtos e
largos, o forame magno masculino também é maior que o feminino (AZEVEDO, 2008;
ALVES, 2012; GONÇALVES, 2014; SILVA, 2015). Na mandíbula temos a região do mento
que nos homens frequentemente é maior, com corpo mais alto, podendo ser quadrada
ou retangular, já nas mulheres é menor e arredondada, localizado no mento ainda
temos a eminência mentoniana que é proeminente no sexo masculino e discreta no
sexo feminino. A mandíbula masculina ainda possui uma altura de corpo maior, o
ângulo ascendente mais amplo, ângulo goníaco menos obtuso e côndilos maiores
(NUNES; GONÇALVES, 2014; ALMEIDA JÚNIOR et al., 2016; PINTO et al., 2017). Após
realizarem um teste de confiabilidade de determinação do sexo através da análise das
características cranianas, realizada por dois pesquisadores que avaliaram 10 pontos
anatômicos utilizados na diagnose sexual em 42 crânios, Walrath et al., (2004),
concluíram que pode ocorrer classificações diferentes para um mesmo ponto entre os
observadores, apesar do resultado final não diferir muito eles aconselham cautela
quando apenas a avaliação visual for utilizada na avaliação sexual (DELWING,2013).2
É possível estimar a idade por meio do estudo comparativo da mineralização dos
ossos do carpo com o auxílio de radiografias padronizadas. Sobre esse processo,
assinale a alternativa correta. Escolha uma opção:
a. O trapezóide apresenta melhor índice de segurança.
O trapezóide é o osso cuja fórmula apresenta maior R2 (80,87%), o
que significa que o modelo linear estabelecido por essa relação
matemática é o que melhor se ajusta à amostra.3
b. O sexo do examinado não é relevante para a avaliação da maturidade de
ossificação.
A análise de variância comprova haver diferença significativa entre
as dimensões ósseas respectivas ao sexo masculino e as
correspondem ao sexo feminino.²
c. A soldadura da ulna da mulher ocorre entre os 19 e 20 anos, e, no homem,
entre os 17 e 18 anos.
d. A soldadura das epífises ocorre 2 anos mais cedo nos homens.
3 Estimativa da idade pela mineralização dos ossos do corpo através de radiografias padronizadas.
Saúde, Ética & Justiça, 2(2):130-7, 1997. Nelson MASSINI, Eduardo DARUGE, Chen Ya TEN, Luiz
FRANCESQUINI Jr, Eduardo DARUGE Jr., Gesiamy Francisco de OLIVEIRA.
2 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA ATRAVÉS DA ANTROPOLOGIA FORENSE: REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
A soldadura das epífises ocorre de maneira diferente nas mulheres
e nos homens; a ulna, nas mulheres, por exemplo, solda-se entre 17
e 18 anos de idade, já nos homens, entre 19 e 20 anos de idade.
e. Aconselha-se a utilização de radiografias da mão e do punho esquerdos.
Aconselha-se a utilização de radiografias da mão e do punho direitos. O sexo do
examinado é relevante para a avaliação da maturidade de ossificação, pois existem
diferenças em questões como a soldadura das epífises (que ocorre 2 anos mais cedo
nas mulheres). A soldadura da ulna da mulher ocorre entre os 17 e 18 anos, e, do
homem, entre os 19 e 20. O osso trapezoide é aquele que apresenta melhor índice de
segurança para a avaliação.
Sobre a identificação do sexo pelas características cranianas, assinale a alternativa
correta.
Escolha uma opção:
a. Os côndilos occipitais, na mulher, são curtos e largos.
b. Os arcos superciliares, no homem, são suaves e não salientes.
c. As apófises mastóides, na mulher, são rugosas e proeminentes.
Giles e Elliot (1962) a fim de verificarem a identificação do sexo, analisaram
várias estruturas ósseas de 300 crânios de indivíduos brancos e negros de
ambos os sexos. Ao realizarem a mensuração da altura do processo 16
mastoide, mediram desde a porção mais superior do poro acústico externo até a
porção mais inferior do processo mastoide, e constataram que os processos
mastoides são maiores nos homens do que nas mulheres, assim como, maiores
nos indivíduos negros do que nos brancos.
d. As apófises mastóides, no homem, são pouco proeminentes.
e. A capacidade volumétrica do crânio feminino é, em média, de cerca de 1400
cm3, sendo maior do que a do crânio masculino.
A capacidade volumétrica do crânio feminino é menor, em média, que a do crânio
masculino. As apófises mastoideas são pouco proeminentes na mulher e rugosas e
proeminentes no homem. Os arcos superciliares, no homem, são salientes, e, na
mulher, suaves. Os côndilos occipitais são curtos e largos na mulher e longos e
delgados no homem.
Sobre o processo de identificação em acidentes de massas, assinale a alternativa
incorreta. Escolha uma opção:
a. A perícia sistematizada inclui a perinecroscopia com a preservação do local.
b. A putrefação e a mutilação tendem a dificultar os aspectos da identificação.
c. Os restos mortais passam por triagem, exame inicial e documentação.
d. A teoria mais apropriada é a datiloscópica, quando previamente registrada,
associada a outras, quando necessário.
e. Aspectos como tatuagens e cicatrizes não são relevantes para a
identificação.
A idade também pode ser avaliada por meio da determinação do ângulo mandibular.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
A idade também pode ser avaliada determinando-se o ângulo mandibular. Em graus, a
média é a seguinte: 150° no feto, 135° no recém-nascido, 130° de 0 a 10 anos, 125° de
10 a 20 anos, 125° de 30 a 50 anos e 130° acima dos 70 anos.
As rugosidades das inserções musculares, na mandíbula, são ásperas ou marcadas
nas mulheres e planas ou discretas nos homens, enquanto o ângulo mandibular é
mais fechado (em média) nos homens do que nas mulheres. Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Uma série de características deve ser levada em consideração para diferenciar a
mandíbula masculina da mandíbula feminina. A mandíbula masculina,
morfologicamente, é mais robusta, com côndilos mandibulares robustos, forma do
arco dental retangular ou triangular, com ângulo mandibular mais fechado e
rugosidades das inserções musculares ásperas ou marcadas. Já a mandíbula
feminina é menos robusta, com côndilos mandibulares discretos, forma do arco
dental arredondado ou triangular, com ângulo mandibular mais aberto e rugosidades
das inserções musculares planas ou discretas.
SEXOLOGIA CRIMINAL
● Na avaliação pericial, conclui-se a ocorrência de conjunção carnal pelo advento
de:
○ Possíveis rupturas do hímen, gravidez, presença de espermatozóides na
cavidade vaginal, contaminação venérea.
● Estupro:
○ Art. 213: constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro
ato libidinoso
○ Estupro de vulnerável: ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 anos
Pena:
Reclusão de 6-10 anos;
*Se resulta em lesão corporal de natureza grave, sendo a
vítima menor de 18 anos e maior de 14 anos: reclusão de
8-12 anos;
Se conduta resulta morte: pena de reclusão de 12-30 anos.
● Presume-se violência se a vítima:
○ Tem idade inferior a 14 anos;
○ É alienada ou débil mental e o agente conhecia esta circunstância;
○ Não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
● Posse sexual mediante fraude: ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com alguém mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a
livre manifestação de vontade da vítima.
● Assédio sexual: constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior
hierárquico no exercício de emprego, cargo ou função.
Sexologia forense
● Conjunção carnal
○ Ruptura do hímen
○ Espermatozóides na vagina
○ Gravidez
○ Virgindade
● Verificar na perícia
○ Nexo causal
○ Vestígios concludentes de conjunção carnal
■ Rotura himenal
■ Hímen complacente com gravidez
■ Contaminação venérea
■ Esperma na cavidade vaginal
● Espermatozóide
● Fosfatase ácida
● Glicoproteína P30
○ Alienação ou debilidade mental
● Ruptura himenais
○ Antigas: completas, incompletas
○ Recentes: completas, incompletas
○ Hímen dubitativo: complacente
○ Exame do hímen: forma, equimose, escoriação, roturas completas,
roturas incompletas, esgarçamentos, lacerações, carúnculas
mirtiformes
○ Exame do ânus: forma, equimoses, escoriações, lacerações
● Tempo de cicatrização da ruptura himenal varia com o estado geral da mulher
○ Condições de assepsia vaginal
○ Espessura da membrana
○ Extensão/número de ruptura
○ Devido a critérios subjetivos do examinador
Obstetrícia forense
● Fecundação
o Conjunção carnal
o Ato libidinoso diverso de conjunção carnal
o Fecundação artificial
o Inseminação artificial
● Anticoncepção
o Cirúrgico
o Mecânico
o Químico
o Fisiológico
● Gravidez
o Classificação:
▪ Normal
▪ Gemelar unibitelina
▪ Gemelar multivitelina
▪ Ectópica
▪ Superfecundação
▪ Pseudociese
o Diagnóstico
▪ Sinais de presunção (amenorreia, sinais mamários,
gastrointestinais, cárdio-vasculares, cutâneos)
▪ Sinais de probabilidade (forma, consistência e volume)
▪ Sinais de certeza (BCF, MF, RX, eco)
▪ Provas laboratoriais ( planotest, HCG)
● Parto e puerpério
o Parto recente: sinais externos e internos
o Parto antigo: sinais externos e internos
● Aborto
o Definição: interrupção da gravidez com a destruição do
produto da concepção, não implicando necessariamente
na sua expulsão, independe da idade.o Não há crime na interrupção de gravidez extra-uterina e gravidez molar
o Tipos de aborto:
▪ Eugênico: defeitos genéticos e malformações
▪ Social: justificativas econômicas, morais ou estéticas
o Processos abortivos
▪ Mecânicos diretos
▪ Mecânicos indiretos
▪ Químicos
▪ Psíquicos
o Diagnóstico
▪ Sinais recentes: sinais de gravidez pré-existente, sinais de
parto recente, sinais de puerpério imediato ou mediato
▪ Sinais antigos: sinais duradouros da gravidez prévia
o Manobras abortivas:
▪ No colo do útero
▪ Na superfície corporal
▪ No sangue
o Natureza do aborto
▪ Espontâneo
▪ Provocado
● Infanticídio: morte da criança que é causada pela própria mãe, durante ou logo
após o parto, sob influência do estado puerperal. É necessário que o
recém-nascido tenha apresentado vida extra-uterina.
● Docimásias
o A Docimásia hidrostática pulmonar de Galeno permite diferenciar
uma criança que nasceu com vida de uma criança que nasceu
morta, por meio de diferenças na densidade de um pulmão que
respirou e de um pulmão que não respirou.
o Esta docimásia é dividida em quatro fases, e, se todas forem
negativas, pode-se inferir que não houve respiração.
EMBRIAGUEZ
Fases da embriaguez
● Período de excitação: euforia, vivacidade, loquacidade, animação,
gracejamento, desinibição.
● Período de confusão: turbulência, agressividade, irritabilidade, ataxia,
perturbações sensitivas, disartria, andar cambaleante.
● Período de sonolência: desequilíbrio, queda, sono profundo, sudorese
profusa, vômito, relaxamento dos esfíncteres.
Tipos de embriaguez
● Voluntária (preordenada): existe uma ação proposital para beber.
Ocorre, por exemplo, quando um indivíduo precisa beber para cometer
um crime, e o faz.
● Culposa: por negligência ou imprudência de beber exageradamente e
de não conhecer os efeitos reais do álcool.
● Preterdolosa: o agente não quer cometer a ação criminosa, mas sabe
que em estado de embriaguez poderá vir a fazê-lo; mesmo assim,
assume o risco.
● Fortuita: embriaguez ocasional, rara, em momentos especiais, tendo
origem num erro compreensível e não numa ação predeterminada ou
imprudente.
● Acidental: ocorre quando um indivíduo ingere, por acidente, uma bebida
de alto teor alcóolico que pensava, justamente, ser exatamente o
contrário. Também pode ocorrer em consequência do uso de
medicações potencializadoras do efeito do álcool, que ampliam as
consequências de pequenas doses de bebida consideradas inócuas.
● Por força maior: o agente é levado ao estado por se encontrar num
meio em que todos se dão ao ato de ingerir bebidas alcoólicas. Ocorre,
então, quando o indivíduo bebe para não se indispor com o meio,
quando a sua resistência ao ato é vencida ou quando, em razão do
trabalho, este é obrigado a permanecer em local saturado por vapores
etílicos
● Habitual: ocorre em indivíduos já dependentes do álcool, que
necessitam dele para se desinibir e tomar iniciativas.
● Patológica: resulta da ingestão de pequenas doses, com manifestações
intempestivas, surpreendendo pela desproporção entre quantidade
ingerida e intensidade dos efeitos.
Classificação da embriaguez:
● Embriaguez agressiva e violenta: o alcoolista, abusando sobretudo de
bebidas destiladas, torna-se agressivo e capaz de cometer homicídios,
que parecem premeditados, dada a segurança com que se consumam.
● Embriaguez excito-motora: neste tipo, o alcoolista, depois de breve
período de inquietação, é acometido de acessos de raiva terrível e
destrutiva, durante os quais age com extrema violência, sobrevindo
amnésia lacunar.
● Embriaguez convulsiva: o bêbado, depois de manifestar impulsos
destruidores, apresenta crises convulsivas idênticas às epiléticas.
● Embriaguez delirante: neste tipo surgem delírios sistematizados ou não,
de colorido triste, com acentuada tendência para as ideias de auto
acusação.
Grau de embriaguez:
● Completa
○ Fase de depressão ou sono
○ O indivíduo é inteiramente incapaz de entender o caráter
criminoso de suas atitudes ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
● Incompleta
○ Fase de excitação
○ O indivíduo é parcialmente incapaz de entender o caráter
criminoso de suas atitudes.
TOXICOFILIAS
Definições
● Traficante: indivíduo viciado ou não que planta, importa, exporta, e
distribui a droga aos viciados e experimentadores.
● Experimentador: indivíduo que, dolosa ou culposamente, procura a
experiência mesmo sabendo da antijuridicidade do fato.
● Viciado: padrão de comportamento caracterizado pelo uso compulsivo
e pela necessidade opressiva de drogas e de assegurar o seu
suprimento.
● Toxicômano: apresenta um invencível desejo ou necessidade de
continuar a consumir a droga ou de procurá-la por todos os meios.
● Dependência psíquica: desejo incontido de obter e administrar a droga
para obter prazer ou alívio do desconforto.
● Dependência física: estado caracterizado pelo aparecimento de
sintomas físicos de ou síndrome de abstinência quando a
administração da droga é suspensa.
● Síndrome da abstinência: conjunto de sinais e de sintomas
desagradáveis, opostos aos produzidos pela droga, que surgem com o
baixo ou nulo teor da droga.
● Hábito: necessidade de progressivo aumento da dose para conseguir o
mesmo efeito.
● Tolerância: capacidade desenvolvida com o hábito de aceitar doses
consideradas nocivas ou fatais com efeitos desproporcionais.
Classificação das drogas
● Entorpecentes
○ Causam torpor, obnubilação mental, alívio da dor
○ Suprimem a atividade física e mental
○ Ex: morfina, cocaína, heroína, codeína, maconha
● Psicotrópicos
○ Agem sobre SNC
○ Produz excitação, depressão, aberração das funções mentais
● Psicoléticos
○ Inibem a atividade mental
○ Ex: barbitúricos, tranquilizantes
● Psicoanaléticos
○ Estimulam a atividade mental
○ Ex: anfetaminas: pervitim, benzedrina, êxtase
● Psicodisléticos
○ Despersonalizantes, alucinogênicos
○ Euforizantes: álcool, ópio, cocaína, crack, solventes
○ Alucinógenos: maconha, LSD
Perícia
● História clínica
○ Constante no encaminhamento
○ Complementada pelo perito
● Exame subjetivo
● Exame objetivo
● Exame laboratorial
○ Dosagem de teor alcóolico
○ Pesquisa de drogas
○ Coleta: sangue e urina
○ Conclusão:
■ Álcool (sangue - quantitativo / urina – qualitativo)
■ Psicotrópico (urina – qualitativo)
○ Teor alcóolico urina x 1,35 = teor alcoólico sangue
MORTE SÚBITA DO RECÉM-NASCIDO
Definição: ocorre de forma inesperada em pessoa considerada saudável ou
tida como tal, e pela forma como ocorre levanta suspeita de poder se tratar de
uma morte violenta.
Síndrome da morte súbita infantil
Definição: morte inexplicada de uma criança aparentemente sadia, com
menos de 1 ano de idade, onde o exame do local do óbito, revisão da história
clínica e um completo exame post-mortem não revelam a causa da morte
Aspectos gerais
● É composta de um grupo heterogêneo de processos patológicos
● É um diagnóstico de exclusão
● Não é uma única entidade
● Não é hereditária
● É uma morte indeterminada, mas não de causa natural
Macroscopia
● Ausência de lesões externas
● Edema da boca e narinas
● Fezes nas fraldas
● Congestão e edema pulmonares (não específicos)
● Petéquias no timo, epicárdio, superfície pleural, pulmão
Microscopia
● Hipertrofia e hiperplasia da camada muscular média de pequenas
artérias pulmonares
● Hipertrofia do VD
● Gliose no tronco cerebral
● Pequenos acúmulos de células inflamatórias crônicas na laringe e
traqueia e dispersos ao redor de brônquios ou nos alvéolos
● Bronquiolite
MORTE DE CAUSA SUSPEITA EM ADULTO
Morte súbita
Definição
● Ocorre sem qualquer justificativa
● De forma duvidosa
● Sem assistência médica
● Em circunstâncias não muito claras
● Para a qual não se tem evidência de ter sido por causa violenta ou por
antecedente patológico
Considerações
● Achados mínimos que explicam o desenlace súbito:
● Ruptura de aneurisma dissecante de aorta: resolvido
● Achados que podem explicar a morte porém permitem cogitar outras
possibilidades
● Envenenamento → laboratório
● Achados mínimos ou inexistentes ou que não explicam amorte:
● Morte súbita do recém-nascido: investigação ampla → laboratório
Causas de morte súbita
● Cardiovascular: aterosclerose coronariana, IAM com ou sem ruptura,
cardiopatia hipertensiva, cardiopatia chagásica, aneurisma dissecante
de aorta, valvulopatias cardíacas
● Respiratório: embolia da artéria pulmonar, pneumonia lobar e
broncopneumonia, hemorragia por TB ou carcinoma, estado de mal
asmático, pneumotórax por ruptura de bolha de enfisema, edema de
laringe por infecção
● SNC: hemorragia no curso de HAS, hemorragia por ruptura de
aneurisma, neoplasia ou abscesso cerebral, meningite, trombose
cerebral ou de carótidas, epilepsia
● Digestório: hemorragia por úlcera gastroduodenal, hemorragia por
varizes esofágicas rotas, úlcera perfurada e peritonite, hérnia
estrangulada e peritonite, trombose mesentérica, obstrução intestinal e
peritonite, pancreatite aguda
● Genito-urinário: ruptura de gravidez ectópica, complicações de
abortamento, eclâmpsia, descolamento. Prematura de placenta, rotura
uterina durante gestação
● Miscelânias: hiperglicemia em DM, senilidade, feocromocitoma,
síndrome de Sheehan, meningococcemia fulminante, hipoglicemia no
adenoma de pâncreas, intoxicação por drogas, indeterminada
Morte de causa suspeita
● Definição: ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de forma
inesperada, sem causa evidente e com sinais de violência definidos ou
indefinidos, deixando dúvida quanto à natureza jurídica, daí a
necessidade da perícia e investigação
● Causa de morte
○ Morte natural ou violenta
■ Violenta: suicídio, homicídio, acidente?
○ Corpo deve ser acompanhado de relatório médico completo ou
prontuário do paciente
○ Havendo suspeita não deve haver emissão da declaração de
óbito

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