1. PEDIATRIA_História da Pediatria no Brasil

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PEDIATRIA 
HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
PROF. GUSTAVO SUAREZ 
OBJETIVOS
•Conhecer a trajetória da história da pediatria no
Brasil.
•Citar marcos históricos determinantes para a
evolução da história da pediatria no Brasil.
INTRODUÇÃO
de atenção; não se registraram preocupações
sistemáticas com sua saúde, nem em nível
público nem em nível particular”. Mesmo
porque, como indica a citada autora (op. cit., p.
69) “na colônia o trabalho médico, assim como
qualquer atividade profissional em uma
sociedade escravocrata, não era valorizado”.
Ao analisar a trajetória da atenção e dos cuidados prestados à criança no
Brasil, nota-se que este segmento da escala social, juntamente com as
mulheres, nos primórdios da colonização brasileira e por todo período
colonial, como destaca Gomes (1988, p. 380) “não se colocaram como objeto
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
A primeira iniciativa de proteção à criança
brasileira é datada de 12 de dezembro de 1693
em Lisboa, e tratava de uma recomendação do
Rei de Portugal D. Pedro II, o Pacífico, para que
os “enjeitados” fossem alimentados, pois como
salienta Escragnolle Doria apud Madeira (1996,
p. 74) “pereciam nas ruas, nos adros das
igrejas, nas praias, sem que a fé se movesse, a
esperança se apiedasse e a caridade os
tutelasse”. Porém, nada de prático se fez.
(MADEIRA, 1996; PAIXÃO, 1979)
D. Pedro II
Rei de Portugal
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
A fundação do primeiro hospital no Brasil é datada de 1543, a
Santa Casa de Misericórdia, na Vila de Santos, por iniciativa de
Braz Cubas, e seguia o modelo português de Santas Casas de
Misericórdia.
Porém, quase 200 anos depois, em 1738, foi fundado no
Brasil, por Romão de Mattos Duarte, o primeiro asilo para
crianças, que objetivava abrigar os enjeitados. (ROCHA, 1996)
Romão de Mattos Duarte
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
No entanto esse asilo, criado por Romão de Mattos
Duarte, também denominado Casa dos Expostos ou
Casa da Roda, tinha uma eficiência questionável.
Eram tão precárias as condições em que viviam as
crianças que surpreendia até mesmo os governantes,
como destaca o Imperador do Brasil D. Pedro I apud
Paixão (1979, p.106)
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
“a primeira vez que fui à Roda dos Expostos, achei,
parece incrível, sete crianças com duas amas, nem
berço, nem vestuário. Pedi mapa e vi que em 13 anos
tinham entrado 12.000 e apenas tinham vingado 1.000,
não sabendo a misericórdia verdadeiramente onde elas
se acham (D. Pedro I)”.
Esta condição foi paulatinamente se modificando, e
com a chegada das Irmãs de Caridade no ano de 1856,
levando a diminuição considerável dessa mortalidade
infantil. (PAIXÃO, 1979)
D. Pedro I
Imperador do Brasil
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Havia, também, na Santa
Casa de Misericórdia do Rio
de Janeiro, um Recolhimento
das Órfãs, inaugurado em
1740, que era destinado a
educar as filhas de militares
mortos em combate pelo
Brasil e órfãs de legítimo
matrimônio, na faixa etária de
8 a 12 anos. (OLIVEIRA,
1999)
Porta principal da
Santa Casa da Misericórdia
(início do século XX)
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Ao longo do século XIX, várias
iniciativas de caráter tanto público
como privado e de cunho social foram
realizadas, como por exemplo: em
1844 o governo da província do Rio
de Janeiro concede à Santa Casa de
Misericórdia verba para alimentar os
enjeitados; em 1854, por iniciativa do
Imperador D. Pedro II, foi fundado o
Imperial Instituto de Meninos Cegos,
cujo fim era oferecer instrução gratuita
as crianças cegas.
Imperial Instituto de Meninos Cegos
(atual Instituto Benjamin Constant)
Imperador D. Pedro II
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Em 1862 várias crianças órfãs foram asiladas em um anexo de uma casa de
saúde pertencente à Irmandade da Misericórdia; em 1875, com o propósito de
abrigar meninos abandonados e maiores de 12 anos, foi criado o Asilo de
Meninos Desviados.
Em 1882 inaugurou-se por iniciativa de Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo, a
Policlínica Geral do Rio de Janeiro, instituição em que se criaram, além de um
consultório infantil, os primeiros cursos no Brasil sobre doenças das crianças.
1ª sede da Policlínica
Geral do Rio de Janeiro
(1882 à 1909)
Casa onde foi fundada, em 10/12/1881,
a Policlínica Geral do Rio de Janeiro
(na residência do Dr. Moncorvo de Figueiredo)
Sede na Av. Central
(atual Av. Rio Branco)
(de 1909 à 1938)
Atual sede desde 1939
(na Av. Nilo Peçanha, 38)
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Em 1890 foi sancionado o Decreto nº 439 que estabeleceu as bases para a
organização da atenção à infância desvalida. (ROCHA, 1996, OLIVEIRA,
1999)
Com relação aos serviços de atendimento à criança, se por um lado ocorreu
um aumento no número de instituições voltadas para este fim no século XIX.
(GOMES, 1988) Em contrapartida ainda não existia um quantitativo de
pessoal suficiente para o atendimento à população.
Por fim, nota-se importantes realizações da assistência médica nesta área, e
pequeno avanço na área da enfermagem (OLIVEIRA, 1999). Gomes (1988,
p.69) salienta a importância dos médicos, afirmando que “a partir do século
XIX a corporação médica – já alinhada com o Estado – passou a controlar as
instituições ligadas à saúde”.
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Paixão (1979) assinala que o progresso da medicina não teve influência sobre
a enfermagem, caracterizando-se a profissão por “um plano doméstico ou
religioso, sem nenhum caráter técnico ou científico, não se cogitava, entre nós,
do preparo de profissionais”. (op. cit., p. 107-108)
O primeiro curso de formação de enfermeiros no Brasil
resultou da necessidade de suprir pessoal preparado
para cuidar aos doentes mentais, embora não seguindo
os padrões Nightingaleanos, iniciou a reforma da
enfermagem brasileira. (PAIXÃO, 1979; OLIVEIRA, 1999)
Ou seja, como afirma Paixão (1979, p. 108) “infelizmente,
porém, a concepção que tínhamos das funções de
enfermeira levou nossos médicos a estabelecer a escola
em bases muito rudimentares”.
1º curso de formação de enfermeiros,
no Brasil, ocorreu no Hospital Nacional
dos Alienados 
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
O médico Moncorvo Filho, sob forte influência do seu pai, fundou em 1899 o
Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro, tendo sido
instalado e iniciado o seu funcionamento em 1901, cujo intento era o de
atender às crianças pobres nos seus diversos problemas psicopatológicos,
obtendo grande repercussão e várias filiais no país. (MARTINS, 1996;
OLIVEIRA, 1999)
Moncorvo Filho consultando um bebê
durante surto de gripe espanhola (1918)
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
O amanhecer do século XX serve como
marco divisor da mudança de enfoque e da
importância atribuída ao grupo materno-
infantil e à criança em especial. Oliveira
(1999, p. 11) inclusive assevera que
“o início do século XX caracterizou-se por
um período de transição quanto à
assistência à criança, deixando de ser,
predominantemente, uma assistência
social e filantrópica em favor de uma
assistência à saúde com subvenção
particular e / ou pública”.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Essas transformações, de caráter
privado, traduziram-se em
iniciativas concretas na criação e
fundação de instituições que tinham
por objetivo, como salienta Oliveira
(1999, p.11) dar “assistência às
mães pobres e seus filhos,
atendendo às necessidades
relacionadas à alimentação,
vestuário e conselhos higiênicos”.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Em 1919, Moncorvo Filho cria o
Departamento da Criança do Rio de Janeiro,
depois Instituto de proteção e Assistência à
Infância do Rio de Janeiro, tendo como
intenção, como destaca Fonseca (1990, p.55)
“um programa social e filantrópico, que
preenchesse as lacunas existentes na
proteção à criança e fosse também órgão
consultivo dos poderes públicos federal,
estaduais e municipais”.
Essa proposta seria para que o Estadoassumisse a sua responsabilidade, mas, no
entanto, isso não ocorreu. (MARTINS, 1996)
Prédio do Instituto de proteção e Assistência à 
Infância do Rio de Janeiro,
no dia da inauguração em 29/03/1925
Fonte da ilustração:
https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/2
5381_14202.pdf
https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/25381_14202.pdf
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Durante o mandato do Presidente Rodrigues
Alves (1902 a 1906) adota-se o saneamento
dos portos e dos núcleos urbanos, devido às
diversas epidemias que assolavam o Brasil,
prejudicando a entrada de divisas
estrangeiras. Coube ao sanitarista Oswaldo
Cruz, designado pelo governo federal,
empreender e liderar o combate à febre
amarela. Foi nomeado prefeito do Distrito
Federal o Engenheiro Pereira Passos, para
responder pela reurbanização da cidade.
(GERMANO, 1983; PAIXÃO, 1979; SILVA,
1989)
Oswaldo Cruz
Pereira PassosRodrigues Alves
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Enquanto a classe social mais abastada ainda era
atendida pelos médicos que atendiam
domiciliarmente as família, ao restante da
população as alternativas eram de um atendimento
nas Santas Casas de Misericórdias, ou através de
atendimentos com práticas indígenas, jesuíticas e
afro-asiáticas. (ROSSI, 1980)
Nesse momento, início do século XX, se por um lado iniciou-se ações
governamentais no campo da saúde pública, por outro constata-se uma
ausência no tocante às ações individuais de saúde.
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A década de 20 foi caracterizada por uma grave crise do sistema capitalista
mundial. Este fato estabeleceu a base que veio fundamentar as
transformações na economia brasileira, visando uma adaptação à expansão do
capitalismo mundial. A instabilidade econômica originou um abalo no sistema
político vigente. Diversos grupos sociais surgiram, resultantes da urbanização e
da industrialização. Esta evolução na sociedade levou a reivindicações para
uma melhor definição dos papéis do Estado. O discurso político passou a
apontar para a centralização e para o desenvolvimento das questões de saúde
em nível nacional. Enfim, o governo central passou a ser responsável por
empreender medidas que levassem à melhoria das condições urbanas, sociais,
de assistência à saúde, ou seja, de melhorias efetivas das condições de vida
da população. (SILVA, 1989; PIRES, 1989; ROSSI, 1980)
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É diante deste quadro, no qual as péssimas
condições de vida eram alarmantes, com
epidemias devastando cidades, pressões internas
por parte da imprensa e externas por força do
capital internacional, foi criado por iniciativa do
Presidente Epitácio Pessoa o Departamento
Nacional de Saúde Pública (DNSP). (GEOVANINI,
1995; PAIXÃO, 1979; BAPTISTA e BARREIRA,
1997; PIRES, 1989; OLIVEIRA, 1996b) Epitácio Pessoa 
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Seu primeiro diretor foi o médico sanitarista Carlos
Chagas, já conhecido internacionalmente devido aos
estudos e trabalhos nesta área. No entanto, a
criação do DNSP, não atendeu às necessidades em
alcançar os seus objetivos, que seriam o de acabar
com as epidemias e grandes endemias, ao
saneamento urbano e rural, aos serviços de higiene
infantil, à higiene profissional e industrial, à
supervisão dos hospitais públicos federais e à
fiscalização dos demais; pois contava-se com parcos
equipamentos e diminuto número de profissionais.
(GEOVANINI, 1995; PAIXÃO, 1979; BAPTISTA e
BARREIRA, 1997; PIRES, 1989; OLIVEIRA, 1996b)
Carlos Chagas
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Nesse contexto, no que se refere à
assistência a saúde da criança, foi criado
em 1923, a Inspetoria de Higiene Infantil
do DNSP, que sob a direção inicial do
médico Olinto de Oliveira, propunha
implantar programas de proteção materno-
infantil em todos os estados brasileiros.
(OLIVEIRA, 1996b)
Olinto de Oliveira
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Um ponto de destaque da administração de Carlos
Chagas à frente do DNSP, foi a implantação da
enfermagem moderna no Brasil, que se baseou na
prática de enfermagem norte-americana em saúde
pública, a equipe que chegou ao Brasil era
chefiada por Ethel O. Parsons. Para
operacionalizar suas ações foi criado o Serviço de
Enfermeiras do DNSP, nos mesmos níveis dos já
existentes na estrutura do referido Departamento,
ao qual eram subordinadas todas as ações de
enfermagem. A segunda providência foi a criação
de uma Escola de Enfermeiras, seguindo modelo
nightingaleano de ensino, vinculada ao DNSP.
(OLIVEIRA, 1996b; PAIXÃO, 1979; PIRES, 1989)
Ethel O. Parsons
1ª Diretora da 
Escola de
Enfermeiras
Clara Louise 
Kienninger
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Baptista e Barreira (1997, p. 10) destacam que “o currículo representava uma
tentativa de padronização dos currículos das escolas de enfermagem
americanas”. Além da formação de enfermeiras, a citada escola preparou também
Visitadoras de Higiene a fim de atuarem na Inspetoria da Tuberculose e nos
Serviços de Assistência Hospitalar e Higiene Infantil. (OLIVEIRA, 1996b, p.28)
Formatura - Enfermeiras Visitadoras
de Saúde Pública - s/d
Fonte: CEDOC/EEAN Banco de Fotos,
Álbuns e Coleções p.7a
Formatura da 1ª Turma de Enfermeiras
da Escola de Enfermeiras do Departamento
Nacional de Saúde Pública na Escola
Nacional de Música, 1925.
Fonte: CEDOC/EEAN Banco de Fotos,
Álbuns e Coleções p.5a
Visitadoras sanitárias da inspetoria de
profilaxia da tuberculose – 1920
Fonte: 
http://arch.coc.fiocruz.br/index.php/vis
itadoras-sanitarias-3
http://arch.coc.fiocruz.br/index.php/visitadoras-sanitarias-3
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Sua atuação ocorria na orientação às mães
para os cuidados pertinentes ao período
pré-natal, durante o parto e pós-parto, ou
seja, as enfermeiras de saúde pública
tiveram um importante papel no combate à
mortalidade infantil naquele período.
(OLIVEIRA, 1996b, p.28)
Enfermeiras visitadoras sanitárias
em inspeção a pacientes rj 1920
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Para a mesma autora (op. cit., p. 57) “no início
da década de 30 os serviços de assistência à
infância eram executados, na sua grande
maioria, por instituições particulares, não tendo
ocorrido até aquele momento uma atuação
sistemática e intensiva do governo neste setor”.
O quadro resultante da atenção dada ao grupo materno-infantil não se alterou
substancialmente até a terceira década do século XX, pois como afirma
Fonseca (1990, p. 55) “nos anos anteriores a 1930, os serviços destinados a
área materno-infantil foram na sua grande maioria marcados por uma prática
assistencialista, de caráter filantrópico”.
Aula de Dietética
Fonte:
http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n1/25.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n1/25.pdf
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
O início da década de 30, foi
caracterizado por transformações
políticas no cenário nacional que se
traduziram em consequências
econômicas e sociais que marcaram
de maneira definitiva a sociedade
brasileira. (Fausto, 1995)
Observa-se que até os anos 30 inexistiu uma política nacional de saúde no
Brasil, fato este que será modificado em função de transformações políticas
estruturais ocorridas no país a partir desse período.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Além da centralização do novo governo,
chefiado por Getúlio Vargas, destaca-se que
alguns pontos também caracterizavam este
novo governo: a economia voltou-se aos
objetivos de promover a industrialização;
procurou-se assegurar garantias e proteção à
classe trabalhadora; além do papel do Exército
no sentido de assegurar a ordem interna.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Foi criado o Ministério dos Negócios da Educação e
Saúde Pública, ainda no primeiro ano da revolução. A
criação deste ministério não só preocupou-se com a
educação, mas sim, serviria para ampliar as bases
sociais do governo, politizando as ações na área da
saúde. (Fausto, 1995; Silva, 1989)
Ou seja, se até os anos 30, praticamente inexistiuuma
política nacional de saúde no Brasil, a partir deste
momento observa-se várias medidas tomadas a fim de
contemplar esta atividade.
Francisco Campos
1º Ministro do Ministério
dos Negócios da Educação
e Saúde Pública
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
A política do governo para a área da saúde estava centrada em dois
pontos: o de medicina previdenciária e o de saúde pública. Enquanto a
primeira voltava-se para uma medicina curativa, destinada especialmente
aos trabalhadores assalariados urbanos; a segunda dirigia-se à
população em geral, através de medidas de saneamento básico,
vacinações e campanhas de erradicação de diversas doenças. Os
impactos dessas transformações na política nacional se fizeram sentir na
política de atenção à infância, particularmente na saúde, através da
transferência da responsabilidade das ações para o Estado.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Para tanto, a prática médica era
executada em duas frentes básicas:
enquanto nos Centros de Saúde e outras
instituições públicas desenvolvia-se a
puericultura, a assistência médica privada
era dirigida a um reduzido número de
pessoas de certo poder aquisitivo.
(OLIVEIRA, 1996b; SILVA, 1989)
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
O aumento da interferência governamental nesta área acentuou-se quando da
transformação da Inspetoria de Higiene Infantil em Diretoria de Proteção à
Maternidade e à Infância, representando um crescimento no status do referido
órgão na estrutura do, então, Ministério da Educação e Saúde em 1937.
(OLIVEIRA, 1996b)
A Diretoria de Proteção à Maternidade e à Infância
tinha como proposta básica assistir mães e crianças,
em todo o país e a todas as classes sociais. A
precariedade de verbas para atingir este fim, fez com
que as suas atribuições fossem divididas com
entidades privadas, sendo mantida, entretanto, a sua
fiscalização e orientação científica.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
A orientação da política social da época consistia, como destaca Oliveira
(1996b, p. 32) “num assistencialismo de caráter populista, (...) base para a
difusão de princípios político-ideológicos, entre eles, as concepções de
cidadania, de direitos sociais e de nacionalidade, que contribuíram para
consolidar o projeto de governo”
Foi nesta época que, seguindo as diretrizes do governo
Vargas, o Interventor Federal no Distrito Federal, o
médico Pedro Ernesto Batista, empreendeu a construção
e o reequipamento de diversos hospitais e centros de
saúde, além de realizar diversas obras de saneamento.
Para tal, contou com a colaboração de Gastão Guimarães
como Diretor do Departamento de Saúde do Distrito
Federal. (OLIVEIRA, 1996b; FGV, 1984) Pedro Ernesto Batista
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
A sua construção foi considerada de
utilidade pública e tomada em
caráter de urgência, mediante
Decreto próprio. (OLIVEIRA, 1996b;
MEIRA, 1971; GUANABARA, 1972).
Dos vários hospitais construídos destacou-se o Hospital Jesus, que possuía por
característica ser uma instituição especializada em clínicas médica e cirúrgica
infantis, visando atender crianças de 3 a 13 anos em unidades de internação,
entretanto podiam ser atendidos lactentes nos ambulatórios.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Os serviços federais de saúde
passaram por processo de reformulação
e um novo organograma foi criado,
estabelecendo várias Divisões, sendo
uma delas a Divisão de Amparo à
Maternidade e à Infância. Esta
mudança, como salienta Oliveira (1999,
p.16) “formalizou o aumento da sua
importância na hierarquia burocrática,
contudo, efetivamente, a referida
Divisão não tinha acesso a recursos
financeiros privilegiados”.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Apenas no ano de 1940, criou-se o Departamento Nacional da Criança (DNCr),
ligado diretamente ao Ministério da Educação e Saúde, e resultante da
transformação da antiga Divisão de Amparo à Maternidade e à Infância.
Oliveira (op. cit., p.16) a respeito do DNCr diz que o mesmo atuava “com
autonomia e verbas próprias, o que representou o início efetivo de uma política
estatal de proteção materno-infantil sustentada pelo discurso dos puericultores,
que era orientado para salvar a família, e proteger a criança”.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
A criação do DNCr, se por um lado
atendeu às reivindicações antigas dos
médicos que militavam na área da saúde
da criança, por outro lado representou a
materialização do discurso populista do
governo Vargas. Ressalta-se que com a
criação do DNCr institucionalizou-se de
vez a assistência à criança no Brasil. No
entanto, este departamento enfatizava as
ações de natureza preventiva em
detrimento das ações curativas, limitando-
se a questão organizacional, de
orientação e de fiscalização das
instituições hospitalares. (Oliveira, 1999)
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
E como destaca Oliveira (op. cit., p. 95) “a política de saúde estava dividida em
saúde pública e medicina previdenciária. Assim é que o cuidado à criança era
marcado por dois tipos de prática médica: assistência governamental
(puericultura) e a privada”.
O DNCr permaneceu no cenário nacional até o ano de
1969, e durante este período presenciou a mudança de
enfoque e valorização atribuída no setor às questões
preventivas e curativas. Após o término da segunda
grande guerra mundial, devido aos avanços
tecnológicos na área da saúde proporcionado por este
acontecimento, ocorre não só no Brasil, mas também
em todo o mundo uma supervalorização do aspecto
curativo sobre o preventivo.
Hospital Pequeno 
Príncipe
Curitiba / PR
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
A fim de atender as metas governamentais deste
período, observa-se que na área de pediatria
como destaca Oliveira (1999, p. 95). “a
assistência à criança concentrou-se nos
hospitais, surgindo os berçários, clínicas
pediátricas e unidades neonatais”.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Apesar deste fato, Oliveira (1999, p. 95) afirma que
“existia um déficit quantitativo e qualitativo de
enfermeiras para atender ao novo mercado de trabalho”.
Entretanto, mesmo sabedoras das mudanças que as
ações curativas proporcionavam em suas atuações
profissionais, as enfermeiras, como salienta a
mencionada autora (op. cit., p. 95) “acreditavam que era
importante a aquisição de conhecimentos acerca do
desenvolvimento físico e mental da criança para uma
melhor atuação nas unidades hospitalares. Contudo,
apenas na década de 70, foram realizados cursos
regulares voltados para a especialização em
enfermagem pediátrica”.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Nos anos 70 ocorreu uma crescente
importação de equipamentos
médico-hospitalares, modificando a
prática do cuidado oferecido à
criança hospitalizada, pois como
realça Oliveira (2000, p. 16) “as
enfermeiras passaram a sistematizar
a assistência prestada pela equipe
de enfermagem, ou seja, a aquisição
dos conhecimentos teórico-práticos
acerca dos equipamentos ocorreu a
partir da prática adquirida durante a
assistência à criança dependente
dos equipamentos”.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Em 1984, durante o período de
redemocratização política do país, o
Ministério da Saúde traçou diretrizes
baseadas na Declaração de Alma-Ata
(1978), e instituiu o Programa de
Assistência Integral à Saúde da
Criança (PAISC), tendo a enfermagem
uma participação, como ressalta
Oliveira (2000, p.16) “efetiva (...) junto
à população infantil (...)
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
Comício pelas Diretas Já!
Rio de Janeiro / 1984 
(...) através da atuação em serviços de
diferentes regiões do país, desenvolvendo
como atividade prioritária a consulta de
enfermagem, principalmente até os cinco
anos de idade, entre outras” (OLIVEIRA,
2000, p. 16). A partir desse momento
observou-se a hierarquização da atenção à
saúde, e em particular da atenção à saúde
da criança. O grupo infantil passa a ser
definido como prioritário para a atenção à
saúde juntamente com adolescentes,
mulherese idosos.
1. HISTÓRIA DA PEDIATRIA NO BRASIL
•A Lei 8080/90, que dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção
e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes;
•A Lei 8069/90, que dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente;
•Em 1994 com a criação do Programa
Saúde da Família (PSF).
Os anos 1990 foram assinalados por marcos importantes para a saúde, e
em especial para a saúde de crianças e adolescentes, a saber:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Souza e Oliveira (2004) afirmam que “no início do século XX, o setor saúde
deixa o caráter social e filantrópico para ser subsidiado pelo governo. Em
relação a assistência à criança, inúmeros hospitais são inaugurados nos anos
30 e 40, apesar da política nacional de saúde caracterizar-se por ações
preventivas, e persistir o movimento eugênico. As enfermeiras reproduziam o
discurso ideológico governamental em relação a taxa de mortalidade infantil,
analfabetismo, condições socioeconômicas, entre outros. As transformações
da política de saúde infantil e o fortalecimento das ações curativas, com o
advento de novas tecnologias, propiciaram cada vez mais as ações de
enfermagem no contexto hospitalar, resultando na necessidade de uma
assistência diferenciada à criança”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Souza e Oliveira (2004) destacam ainda que
“nos anos 50, o hospital é o centro de
atendimento à saúde, e na área de pediatria, a
assistência à criança concentrasse em hospitais
especializados ou enfermarias específicas nos
hospitais gerais. As enfermeiras destacavam a
necessidade da aquisição de conhecimentos
técnico-científicos para cuidar das crianças
hospitalizadas em diferentes situações.
na primeira metade do século XX caracteriza-se por transformações técnico
científicas no cenário hospitalar, favorecendo a construção do saber da
enfermagem na área de pediatria”.
A assistência de enfermagem à criança, 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale destacar que a puericultura tem hoje uma expansão de sua abrangência
que hoje se estende do período neonatal (e pré-natal) até a adolescência.
Ao final do século XX constatou-se que diversos organismos internacionais
desenvolviam ações de vigilância sobre a criança, como a Organização das
Nações Unidas (ONU), Centro Internacional de Proteção a Infância,
Organização da Mundial de Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO) dentre muitos outros.
MATERIAL DE APOIO
Origem da enfermagem pediatra moderna
(ROCHA, S. M. M.; ALMEIDA, M. C. P. Origem da enfermagem pediatra moderna. Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, v.
27, n. 1, p.25-41, 1993. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v27n1/0080-6234-reeusp-27-1-025.pdf>.
Acesso em: 17/04/2020.)
Link para acesso: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v27n1/0080-6234-reeusp-27-1-025.pdf
História da Sociedade Brasileira de Pediatria
(YOUTUBE. História da Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=guISzihUboI >. Acesso em: 17/04/2020)
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=guISzihUboI
Exercícios de fixação: https://forms.gle/gUjXWt94g6eoHrhC8
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v27n1/0080-6234-reeusp-27-1-025.pdf
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https://www.youtube.com/watch?v=guISzihUboI
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