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Crises Convulsivas / Epilépticas Conceitos -Crise Epiléptica: ➔ É um sinal de anormalidade na função cerebral → descargas elétricas anormais e excessivas de um grupo de neurônios. ➔ Geram manifestações clínicas súbitas (alteração ou perda da consciência, uma atividade motora anormal, distúrbios de comportamento, disfunção autonômica e sintomas sensoriais/sensitivos). -Convulsão: ➔ Crises epilépticas com manifestações motoras. -Estado de Mal Epiléptico (EME): ➔ Compreende uma crise prolongada ou crises recorrentes sem recuperação da consciência por 30 minutos → tem alta mortalidade e morbidade, gerando sequelas importantes. -Crise Febril: ➔ Crise epiléptica que ocorre em crianças entre 6 meses e 5 anos de idade, em vigência de hipertermia, que não pode ser explicada por infecção do SNC, ou outras desordens neurológicas, metabólicas, traumáticas e que não tenha antecedente crises epilépticas afebris → não há mielinização completa até os 5 anos de idade, as quais atuam como “ fita isolante”. ➔ Se preocupar quando a temperatura sobe abruptamente, pois há risco de convulsionar. -Crises de Ausência: ➔ São denominadas crises não convulsivas. ➔ Com sintomas exclusivamente sensitivos, visuais ou auditivos. ➔ Tem baixo potencial para evoluir para crise convulsiva. Etiologia -Crises Epilépticas Provocadas: ➔ Algo não pertencente ao SNC (externa) altera o cérebro no momento (hemorragia, trauma, isquemia, infecção, etc). ➔ A conduta é tratar a crise epiléptica e a causa de base. -Crises Epilépticas Não Provocadas: ➔ A pessoa tem epilepsia: ◆ ter no mínimo duas crises não provocadas (ou reflexas) ocorrendo em intervalo superior a 24 h, ou ◆ ter uma crise não provocada (ou reflexa) com probabilidade de recorrência, ou ainda ◆ diante do diagnóstico de uma síndrome epiléptica. Epilepsia: doença associada a crises recorrentes espontâneas X Convulsão: evento clínico que pode ser único ou recorrente, provocado por diferentes fatores, como: hipertermia, abstinência, alterações metabólicas, toxicidade, traumas, infecção e AVC -Distúrbios Paroxísticos Não-Epilépticos: Epidemiologia -Frequência: ➔ Crises epilépticas são emergências neuropediátricas. ➔ 1% das crianças e dos adolescentes até 14 anos terão, pelo menos, uma crise epiléptica afebril em suas vidas. ➔ 2 a 4% das crianças apresentarão crises febris. -Gravidade: ➔ Associação a situações de alta morbimortalidade (infecções do sistema nervoso e traumatismo craniano, por exemplo). ➔ Potencial de sequelas. ➔ Importante impacto psicossocial e familiar. -Importância Epidemiológica: ➔ A prevalência da epilepsia é alta e muitas vezes negligenciada nas agendas de saúde pública. ➔ É uma das doenças neurológicas mais comuns, afetando cerca de 50 milhões de pessoas de todas as idades em todo o mundo. ➔ O risco de morte prematura é até 3x maior do que na população em geral. ➔ Tem implicações econômicas significativas em termos de necessidades de saúde e perda de produtividade no trabalho. ➔ ¾ das pessoas que vivem com epilepsia em países de baixa renda não recebem o tratamento de que precisam. ➔ O acompanhamento de indivíduos epilépticos ou com risco convulsivo deve ser feito na atenção primária à saúde, treinando profissionais não especializados. ➔ Distribuição bimodal: com picos de convulsão até 5 a 10 anos e depois dos 80. Fisiopatologia ➔ Disfunção fisiológica transitória do cérebro, causada por uma descarga elétrica hipersíncrona, autolimitada e anormal dos neurônios corticais. ➔ Descarga excessiva e síncrona de um grupamento neuronal. ➔ Atualmente há melhor conhecimento sobre os mecanismos fisiopatológicos envolvidos nas crises: a epilepsia é uma doença de redes neurais e não somente um sintoma de anormalidades cerebrais localizadas. ➔ Dentro de uma perspectiva de redes, as crises epilépticas podem originar-se de redes neocorticais, tálamo-corticais, límbicas ou do tronco encefálico. Classificação das Crises ➔ A manifestação mais precoce é a que define o tipo de crise, que pode na sequência progredir para outros tipos de crises. Crises generalizadas recrutam redes neuronais bilaterais desde o início. -IMPORTANTE PARA AS CRISES FOCAIS: Estado de Mal Epiléptico (EME) ➔ É a emergência neurológica mais frequente em crianças. ➔ O tratamento precoce pode reduzir significativamente a morbidade e a mortalidade, relacionadas a três fatores: dano ao SNC causado pelo insulto inicial levou ao EME, estresse sistêmico pelas crises repetidas e descargas elétricas repetitivas no SNC. -Definição: ➔ É baseada no tempo, em que já se constata lesão neuronal secundária ao estado de mal epiléptico após os 30 min → insuficiência respiratória e cardiovascular. ➔ “PRECONIZA-SE O TRATAMENTO COMO ESTADO DE MAL EPILÉPTICO EM TODA CRISE COM DURAÇÃO MAIOR QUE 5 MINUTOS”, prevenindo crises prolongadas e consequente lesão → T1 e T2. -Duração maior que 30 minutos quando: 1. há atividade convulsiva contínua ou 2. 2 ou mais crises convulsivas ocorrem sem recuperação completa da consciência. -T1: ➔ 5 minutos para a janela de tempo na qual devemos iniciar o tratamento (tempo no qual se considera uma crise como anormalmente prolongada). -T2: ➔ 30 minutos, a partir daí o tratamento deve ser mais agressivo para prevenir as consequências a longo prazo → entubar e induzir coma. ➔ Quanto maior o tempo de duração das crises, maior a chance delas se perpetuarem. OBS: quanto mais cedo atuar maior a chance do paciente parar de convulsionar. ➔ O risco de Eventos Adversos pelo medicamento é curto e de fácil tratamento. O risco de sequelas neurológicas é alto e de difícil reabilitação. Tratamento de Urgência/ Emergência -Manutenção da Vida: ➔ Utilizar sempre leito ou maca com proteção lateral a fim de evitar quedas e acidentes. ➔ Se necessário, introduzir cânula orofaríngea (Cânula de Guedel) entre os dentes para prevenir laceração da língua. ➔ Aspirar a boca frequentemente para reduzir o risco de pneumonia aspirativa. ➔ Monitorização dos principais sinais vitais: FC, FR, PA e temperatura. ➔ Manter vias aéreas desobstruídas e, se necessário, administrar oxigênio sob máscara com fluxo de 2 a 3 litros/ minuto. ➔ Obter acesso venoso rapidamente, ou, em caso de falha em mais de três tentativas, acesso venoso intra-ósseo. -Medidas Farmacológicas: -Estágio 1 - EME PRECOCE OU IMINENTE: ➔ O tratamento inicial do EME deve ser realizado nos primeiros 5 minutos. ➔ Sempre com benzodiazepínicos (levam ao aumento da neurotransmissão inibitória através dos receptores GABA). ➔ Com a persistência do EME, a eficácia dos benzodiazepínicos é reduzida, pela redução dos receptores GABA pós-sinápticos, que são realocados para o interior da célula. ➔ Nessa fase, ocorre a redução da inibição gabaérgica. O mais utilizado é o Diazepam OBS: tentar até 3 vezes, repetindo a cada 5 min, mas na prática a cada 3. -Estágio 2 - EME ESTABELECIDO: ➔ Aproximadamente 40% dos pacientes com EME são refratários ao tratamento com benzodiazepínicos. ➔ A literatura recente recomenda o escalonamento rápido do tratamento, a partir de 10 minutos após a falha dos benzodiazepínicos. ➔ Os FAC recomendados para o tratamento de EME estabelecido são fenitoína, fenobarbital, valproato de sódio e levetiracetam. ➔ No Brasil, em 2022, para uso endovenoso (EV) temos a fenitoína e o fenobarbital. ➔ Levetiracetam somente em uso via oral. Neonatos com 3 doses de diazepam ou passou de 5 min ⇒ fenobarbital e se não melhorar ⇒ fenitoína. Não neonatos com 3 doses de diazepam ou passou de 5 min ⇒ fenitoína e se não melhorar ⇒ fenobarbital. -Estágio 3 - EME REFRATÁRIO: ➔ Independentemente do tempo decorrido, se as crises epilépticas continuarem após os benzodiazepínicos e um segundo FAC, a criança está em EME refratário. ➔ A criança deve ser transferida para a UTI e providenciada a monitorização contínua com o eletroencefalograma para analisar a persistência de crises eletroencefalográficas.➔ No EME refratário são utilizados os anestésicos, sendo mais frequente a infusão com midazolam contínuo, propofol e barbitúricos. ➔ Nesse momento, se ainda não foi necessário, as crianças evoluem com necessidade de ventilação mecânica. ➔ Nessa fase a monitorização contínua com EEG vai orientar a eficácia do tratamento e o ajuste de FAC até o padrão de surto-supressão no EEG. -Estágio 4 - EME SUPER-REFRATÁRIO: -Determinação Clínica Etiológica: Anamnese e Exame Físico: ➔ Exame neurológico sucinto, preferencialmente antes do início do tratamento medicamentoso → não atrapalhar a administração de benzodiazepínico. ➔ Histórico prévio de epilepsia, interrupção ou uso irregular de FAE, histórico recente de traumatismo cranioencefálico, suspeita ou quadro clínico sugestivo de distúrbio metabólico, infecção do SNC ou intoxicação medicamentosa. ➔ Objetivo: rápida determinação se a crise é provocada ou não-provocada (ou seja, de causa primária ou secundária). -Exames Primários de Investigação: ➔ Séricos gerais ➔ LCR ➔ Imagem, etc -Para Crises Febris:
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