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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA ELABORAÇÃO DE REVISÃO SISTEMÁTICA NA FISIOTERAPIA 1 Noções preliminares A revisão sistemática, assim como outros tipos de estudo de revisão, é uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre determinado tema, e disponibiliza um resumo das evidências relacionadas a uma estratégia de intervenção específica, mediante a aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da informação selecionada (SAMPAIO, 2007). As revisões sistemáticas são, particularmente, úteis para integrar as informações de um conjunto de estudos realizados separadamente sobre determinada terapêutica ou intervenção, que podem apresentar resultados conflitantes ou coincidentes, bem como identificar temas que necessitam de evidência, auxiliando na orientação para investigações futuras (SAMPAIO, 2007). Permitem também incorporar um espectro maior de resultados relevantes, ao invés de limitar as nossas conclusões à leitura de somente alguns artigos. Outras vantagens incluem a possibilidade de avaliação da consistência e generalização dos resultados entre populações ou grupos clínicos, bem como especificidades e variações de protocolos de tratamento (SAMPAIO, 2007). 1.1 Etapas da revisão sistemática Antes de se iniciar uma revisão sistemática, três etapas precisam ser consideradas, conforme Sampaio (2007): definir o objetivo da revisão; identificar a literatura; e selecionar os estudos possíveis de serem incluídos. Cabe destacar que uma revisão sistemática segue a estrutura de um artigo original, incluindo seções de introdução, métodos, resultados e discussão (SAMPAIO, 2007). A revisão sistemática é um estudo retrospectivo e secundário, ou seja, a revisão é, usualmente, desenhada e conduzida após a publicação de muitos estudos experimentais sobre um tema. Dessa forma, depende da qualidade da fonte primária. 1.2 Metanálise Metanálise é a análise da análise, ou seja, é um estudo de revisão da literatura em que os resultados de várias pesquisas independentes são combinados e sintetizados por meio de procedimentos estatísticos, de modo a produzir uma única estimativa ou índice que caracterize o efeito de uma determinada intervenção (SAMPAIO, 2007). Em estudos de metanálise, ao se combinar amostras de vários estudos, aumenta-se a amostra total, melhorando o poder estatístico da análise, assim como a precisão da estimativa do efeito do tratamento. 2 Descrição e elaboração de uma revisão sistemática A realização de uma revisão sistemática envolve o trabalho de, pelo menos, dois pesquisadores, que avaliarão, de forma independente, a qualidade metodológica de cada artigo selecionado. 2.1 Protocolo de pesquisa É importante que os pesquisadores elaborem um protocolo de pesquisa que inclua os seguintes itens, conforme Sampaio (2007): como os estudos serão encontrados; critérios de inclusão e exclusão dos artigos; definição dos desfechos de interesse; verificação da acurácia dos resultados, determinação da qualidade dos estudos; e análise da estatística utilizada. 1ª passo: Definindo a pergunta: assim como qualquer outra investigação científica, uma boa revisão sistemática requer uma pergunta ou questão bem formulada e clara. Ela deve conter a descrição da doença ou condição de interesse, a população, o contexto, a intervenção e o desfecho. 2º passo: Buscando a evidência: os pesquisadores devem se certificar de que todos os artigos importantes ou que possam ter algum impacto na conclusão da revisão sejam incluídos. A busca da evidência tem início com a definição de termos ou palavras-chave, seguida das estratégias de busca, definição das bases de dados e de outras fontes de informação a serem pesquisadas. 3º passo: Revisando e selecionando os estudos: durante a seleção dos estudos, a avaliação dos títulos e dos resumos (abstracts) identificados na busca inicial deve ser feita por, pelo menos, dois pesquisadores, de forma independente e cegada, obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão definidos no protocolo de pesquisa. Quando o título e o resumo não são esclarecedores, deve-se buscar o artigo na íntegra, para não correr o risco de deixar estudos importantes fora da revisão sistemática. Os critérios de inclusão e exclusão são definidos com base na pergunta que norteia a revisão: tempo de busca apropriado, população- alvo, intervenções, mensuração dos desfechos de interesse, critério metodológico, idioma, tipo de estudo, entre outros. 4º Passo: Analisando a qualidade metodológica dos estudos: a qualidade de uma revisão sistemática depende da validade dos estudos incluídos nela. Nesta fase, é importante que os pesquisadores considerem todas as possíveis fontes de erro (bias), que podem comprometer a relevância do estudo em análise. Um conhecimento aprofundado de métodos de investigação e de análise estatística, bem como das medidas ou dos instrumentos de mensuração empregados, é requisito indispensável para que os pesquisadores possam desempenhar a sua tarefa. Existem diferentes escalas que auxiliam na avaliação dos estudos, tais como lista de Delphi, PEDro (mais utilizada na fisioterapia), OTSeeker, critérios de Maastricht e escala de Jadad. 5º passo: Apresentando os resultados: os artigos incluídos na revisão sistemática podem ser apresentados em um quadro que destaca suas características principais, como: autores, ano de publicação, desenho metodológico, número de sujeitos, grupos de comparação, caracterização do protocolo de intervenção (tempo, intensidade, frequência de sessões, etc.), variáveis dependentes e principais resultados. 2.2 Métodos A seção de métodos é, especialmente, importante e necessita ser bem detalhada e passível de reprodução. Informações sobre a confiabilidade entre examinadores na avaliação da qualidade da evidência precisam ser apresentadas, assim como os critérios usados para resolver as discordâncias entre eles. Muitos autores de revisões sistemáticas tendem a comunicar somente os resultados positivos de ensaios clínicos, ou seja, os resultados de intervenções que produziram efeito. É importante apresentar também os resultados negativos dos estudos, já que os profissionais que estão na clínica necessitam dessa informação para mudar a sua prática. 3 Fonte de buscas A disponibilidade de fontes de buscas atualizadas são ferramentas de suma importância para revisão sistemática na fisioterapia. 3.1 Bases de dados regionais Lilacs - América Latina e Caribe (Ciências da Saúde); Global Index Medicus - Ásia, África etc. (Ciências da Saúde); IndexPsi - Brasil (psicologia e psiquiatria); SciELO - América Latina, Caribe, (multidisciplinar). 3.2 Ensaios clínicos Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL); ClinicalTrials.gov; International Clinical Trials Registry Platform (ICTRP). 3.3 Papers de conferências Scopus (selecionar Document type = Conference paper); Embase (selecionar Document type = Conference paper); Sites de congressos ligados ao tema da revisão. 3.4 Teses e dissertações PQTD Open; Networked Digital Library of Theses and Dissertations; Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. 3.5 Relatórios governamentais Global Health Observatory (GHO) data; Portal IBGE e OECD Library Portal CAPES. 4 Etapas para uma revisão sistemática O título precisa ser identificado por um ensaio randomizado no título, segundo Consort (2010). Exemplo: redução do tabagismo com indicadores de nicotina oral: ensaio clínico duplo cego e randomizado de eficácia e segurança. O resumo precisa ser bem estruturado, com o projeto, métodos, resultados e conclusões. Precisa ser transparente e, suficientemente, detalhado, porque alguns leitores baseiam sua pesquisa através do resumo. A introdução pode ser benéfica e incluir os objetivos do estudo; os autores precisam relatar qualquer evidência de benéficos e danos das intervenções ativas. O método deveapresentar a descrição do projeto de ensaio, incluindo a razão de alocação. Exemplo: estudo multicêntrico, estratificado, randomização, estudo duplo-cego, controlado por placebo e grupo paralelo. Critérios para a elegibilidade de participantes: deve possuir uma descrição abrangente dos critérios para a seleção dos participantes, ou seja, devido a sua generalidade do julgamento e a relevância para a prática clínica. Os critérios de elegibilidade não afetam a validade interna, mas são centrais para a validade externa. Configurações e locais onde o estudo foi coletado são importantes para julgar a aplicabilidade e generalidade de um julgamento. Outros aspectos, como: ambiente social, econômico, cultural e clima também podem afetar a validade externa do estudo. 4.1 Detalhamento As intervenções devem ser bem detalhadas para permitir replicação; devem descrever inclusive o grupo controle. Para uma intervenção medicamentosa, as informações precisam considerar o nome do medicamento, dose, método de administração, tempo e duração da administração, condições e o regime de titulação. Caso o grupo controle ou intervenção receba uma combinação de intervenções, os pesquisadores precisam fornecer uma descrição completa de cada intervenção, uma explicação da ordem. Tipo de randomização Em ensaios de várias centenas de participantes ou mais simples randomização, pode ser confiável para gerar números semelhantes nos dois grupos de ensaio e, consequentemente, gerar grupos que são aproximadamente comparáveis, em termos de variáveis prognósticas. Similaridade das intervenções Assim como é buscado as evidências de ocultação para assegurar que a tarefa foi realmente aleatória, os autores precisam confirmar a semelhança das características das intervenções, como: aparência, paladar, olfato e método de administração. Método estatístico São utilizados para comparar grupos em desfechos primários e secundários. É essencial especificar qual procedimento estatístico foi utilizado para cada análise, assim como descrever detalhes da análise de intenção de tratar. A maioria dos métodos de análise produzem uma estimativa do efeito do tratamento, que é um contraste entre os desfechos nos grupos em comparação e os autores precisam acompanha-lo por um intervalo de confiança para o efeito estimado, pois indica uma faixa central de incerteza para o verdadeiro efeito do tratamento. É comum apresentar um intervalo de confiança de 95%, o que dá a faixa esperada para incluir o valor real em 95 dos 100 estudos semelhantes. A interpretação de dados deve ser consistente com os resultados, equilibrando os benefícios e danos, além de considerar outras evidências relevantes. 4.2 Exemplo de resumo de um ensaio controlado randomizado Casarotto (2020) apresenta a eficácia do ultrassom terapêutico contínuo e pulsado combinado com exercícios para osteoartrite do joelho: um ensaio controlado randomizado. Objetivos: comparar os efeitos do ultrassom terapêutico contínuo e pulsado combinado com exercícios de fortalecimento. Método: teste duplo-cego randomizado controlado. Participaram cem participantes com osteoartrite de joelho grau 2-4 e ambos os sexos. Intervenção: Os participantes foram randomizados em cinco grupos: Grupo I (n = 20; no primeiro mês, foi aplicada ultrassom contínua), Grupo II (n = 20; no primeiro mês, ultrassom pulsado), Grupo III (n = 20; no primeiro e segundo meses, ultrassom contínuo foi aplicado), Grupo IV (n = 20; no primeiro e segundo meses, ultrassom pulsado foi aplicado) e Grupo V (n = 20; pacientes receberam apenas sessões de exercício por oito semanas). Todos os pacientes dos grupos que receberam aplicação de ultrassom realizaram exercícios no segundo mês de tratamento. As sessões ocorriam três vezes por semana. Principais medidas: a dor foi avaliada, utilizando-se a escala analógica visual, a funcionalidade foi avaliada por meio do questionário lequesne, a amplitude de movimento foi avaliada por meio de goniômetro universal, a força muscular foi avaliada por meio de dinamômetro, a mobilidade foi avaliada por meio do teste Timed Up and Go e do teste de caminhada de 8 metros e o nível de atividade foi analisado por meio do questionário Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC). Resultados: diferenças estatisticamente significativas (P < 0,05) foram apresentadas pelo Grupo III nas variáveis dor durante as atividades de vida diária (ADLs) 5,89 (2,18), mobilidade avaliada pelo teste de 8 metros 2,68 (2,5) 6), na dor 10.65 (4.40), função 25.50 (10.87) e total 38.65 (15.29) do WOMAC e funcionalidade 9.10 (5.15). Conclusão: Aplicações prolongadas de ultrassom contínuo combinadas com exercícios são eficazes no fornecimento de dor, mobilidade, funcionalidade e atividade em indivíduos com osteoartrite do joelho. 5 Etapas para a fisioterapia baseada em evidências A dificuldade em buscar, interpretar e transpor as evidências tem sido considerada o maior obstáculo e, está, diretamente, relacionada às competências e às habilidades de cada profissional. Conforme MANCINI et al (2014), é necessário: compreender os aspectos sociais e da morbidade do paciente; identificar as lacunas do conhecimento, bem como as questões para preenchê-las; conduzir as buscas nas bases de dados com eficácia; avaliar criticamente a qualidade metodológica dos resultados encontrados e sua aplicação de acordo com as condições de cada paciente; e transpor as evidências para as decisões clínica. 5.1 Saúde baseada em evidêncas O portal Saúde Baseada em Evidências do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014) disponibiliza livros online, ferramenta de referência clínica com respostas rápidas, cálculo de medicamento e interação medicamentosa, ferramenta para profissionais de enfermagem, acesso a periódicos nacionais e internacionais e revisões sistemáticas. A área 21 compreende às especialidades das áreas profissionais da educação física, fisioterapia e terapia ocupacional. Os periódicos dessas áreas são estratificados de acordo com suas bases de indexação, e são divididos em estratos de qualidade: A1 (estrato 7) - 100 pontos; A2 (estrato 6) - 80 pontos; B1 (estrato 5) - 60 pontos; B2 (estrato 4) - 40 pontos; B3 (estrato 3) - 20 pontos; B4 (estrato 2) - 10 pontos; B5 (estrato 1) - 5 pontos; e C (estrato 0) - sem pontuação. 5.2 Exemplo de metodologia de uma revisão sistemática Intervenções fisioterapêuticas utilizadas em pacientes amputados de membros inferiores pré e pós-protetização: uma revisão sistemática (VIEIRA et al, 2017). Realizou-se uma revisão sistemática, seguindo-se as recomendações do método Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA), a fim de aumentar a qualidade do trabalho por meio de uma metodologia criteriosa de elaboração. As buscas dos estudos foram realizadas nos meses de agosto a dezembro do ano de 2014, coletados nas seguintes bases de dados: LILACS, MEDLINE, PEDro, PubMed, SciELO e Cochrane, selecionadas por apresentarem produções. Selecionaram-se os artigos publicados entre os anos de 2000 ao primeiro semestre de 2014. Abaixo estão os descritores (em português, inglês e espanhol) utilizados. Fisioterapia/ Physiotherapy/ Fisioterapia; Amputados/ Amputation / Amputados; Membros Inferiores/ Lower Limb/ Miembros Inferiores; Reabilitação/ Rehabilitation/ Rehabilitación; e os operadores booleanos AND e OR. A avaliação qualitativa dos artigos se deu por meio da PEDro. Incluiu-se nesta revisão, artigos científicos que realizaram ensaios clínicos randomizados controlados, envolvendo pessoas com idade superior a 18 anos, com qualquer nível de amputação de membro inferior; estudos que abordassem técnicas de fisioterapia pré e pós-protetização em amputados de membros inferiores. O método PRISMA consiste em um checklist com 27 itens, cujo objetivo é ajudar os autores a melhorarem o relato de revisõessistemáticas e meta-análises. O foco é em ensaios clínicos randomizados, mas ele pode ser usado como base para outros tipos de relatos, particularmente estudos de avaliações de intervenções. O checklist não é um instrumento de avaliação de qualidade para ponderar a qualidade de uma revisão sistemática (GALVÃO, 2015). Conforme Galvão (2015), no título, é preciso identificar o artigo como uma revisão sistemática, metanálise ou ambas; o resumo precisa ser bem estruturado, incluindo referencial teórico, objetivos, fontes de dados, critérios de elegibilidade, participantes e intervenções, avaliação do estudo e síntese dos métodos; nos resultados, é preciso ter as limitações, conclusões e implicações dos achados principais, assim como o número de registro da revisão sistemática; na introdução é necessário descrever a justificativa da revisão no contexto já conhecido; nos objetivos, apresentar uma afirmação explicita sobre as questões abordadas com referência as participantes, utilizando o PICO. Na metodologia, deve-se identificar se existe um protocolo de revisão, especificar as características do estudo, características dos relatos, descrever todas as informações de buscas, data da última busca, apresentar a estratégia de busca (incluindo os limites apresentados), o processo de seleção dos artigos, descrever o método de extração de dados dos artigos, listar e definir todas as variáveis obtidas dos dados, os métodos utilizados para evitar o viés no estudo; descrever os métodos de análise dos dados de combinação de resultados dos estudos, especificar qualquer avaliação do risco de viés. Nos resultados, são apresentados o número de estudos rastreados, avaliados para a elegibilidade e incluídos na revisão, preferencialmente, por meio de fluxos ou gráficos. Para cada estudo, apresente características para a extração dos dados, indique os desfechos considerados de cada pesquisa e mostre os resultados de avaliação de risco de viés entre os estudos. A discussão deve sumarizar os resultados principais, incluindo a força de evidência para cada resultado. Discutir limitações no nível dos estudos e desfechos, ocorre no nível de revisão. E, por sua vez, a conclusão deve apresentar a interpretação geral dos resultados no contexto de outras evidências e implicações para pesquisas futuras. 6 Estratégias para fisioterapia baseada em evidências Em um estudo entre fisioterapeutas, foram identificados que 85% dos entrevistados utilizam a prática baseada em evidências para a prática clínica (SCHREIBER, 2005). Todavia, ainda é perceptível que alguns fisioterapeutas utilizam poucas leituras científicas, e acreditam na sua experiência prática. Estratégia 1 - Desenvolvimento, implementação e disseminação de tecnologias baseadas em evidências através de formulação de pesquisas clínicas, estímulo para revisões sistemáticas; existem poucas evidências de tecnologias para o ensino de prática baseada em evidências. Estrategia 2 - Inovação nos cursos de fisioterapia através de estímulos de discussões de casos, elaboração de hipóteses e busca ativa através de bases de dados. Os cursos da fisioterapia precisam estimular o contato com estudos clínicos, através de estágios de pesquisa. 6.1 Exemplo Leia a seguir um exemplo de uma metodologia de revisão sistemática da fisioterapia. Efetividade do tratamento fisioterapêutico na disfunção temporomandibular Metodologia: para essa revisão sistemática, realizou-se consulta a base de dados PubMed, entre janeiro de 2005 a dezembro de 2017, no idioma inglês. As palavras-chaves incorporadas à busca foram: “patellofemoral pain syndrome”, “physiotherapy”, “treatment” e “exercise”. Os critérios de inclusão adotados para o estudo foram: apenas estudos clínicos randomizados (ECR); caracterizar tratamento fisioterapêutico; intervenção baseada em exercícios; e classificação maior ou igual a 7/10 na escala PEDro. Dois autores foram responsáveis pela seleção dos estudos, de acordo com os critérios de inclusão. Primeiramente, selecionou-se no filtro de busca das bases de dados ECR’s no período selecionado para esta revisão. Assim, foram considerados todos os artigos que se relacionavam ao tratamento fisioterapêutico na DFP. Logo, os títulos e resumos dos artigos foram lidos para confirmar se associavam com o tema em questão e intervenções baseadas em exercícios. Os textos completos foram adquiridos para que houvesse a análise e reprodução dos dados. Para a classificação na escala PEDro, foi realizada a busca da pontuação na base de dados, e caso não estivessem pontuados, dois autores realizaram a pontuação e, caso não houvesse concordância, um terceiro autor pontuou o artigo. Os artigos foram categorizados e selecionados para esse estudo. O procedimento de busca e avaliação seguiu o método recomendado pelo PRISMA (preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols), entretanto não possui registro no PROSPERO, o registro internacional prospectivo de revisões sistemáticas, uma vez que a revisão se encontra completa. Nenhum financiamento foi recebido para esse estudo. 6.2 Resolução de problemas A resolução de problemas possui cinco etapas de funcionamento, que começam e terminam na realidade, gerando um arco. Inicia-se com a observação da realidade e definição de um problema; pontos-chave; teorização, hipóteses de resolução e aplicação à realidade. A observação da realidade começa com uma reflexão, analisar o contexto e compreender todos os elementos da situação: localização geográfica, aspectos culturais, economia, demografia, instituição. Partindo do entendimento prévio do aluno e profissional de saúde. Definição de pontos-chave é o momento de síntese que precisam ser melhor estudados, onde procurar, que limites deverão ser respeitados. Teorização é o ponto principal para análise, pois contribui com princípios teóricos, científico, técnico e o caminho metodológico do processo de busca. Hipóteses de solução consiste na elaboração de alternativas viáveis para a solução de problemas identificados nos questionamentos e práticas, através do confronto entre teoria e prática e consequentemente refletem sobre a aplicabilidade na prática clínica. 7 Tutorial para escrever resenhas sistemáticas para o Brazilian Journal of Physical Therapy De acordo com o manual da Cochrane, uma revisão sistemática é um estudo secundário que visa reunir estudos semelhantes publicados ou inéditos, e busca avaliar sua validade interna, através de uma análise estatística sempre que possível (MANCINI et al, 2014) A agregação de dados em uma metanálise não significa que os estudos individuais tenham sido cuidadosamente analisados. Revisões sistemáticas podem ser realizadas com ou sem metanálise. A síntese resultante de uma revisão sistemática fornece melhores evidências sobre o sujeito em questão, como os efeitos de uma intervenção sobre um desfecho específico, a incidência de uma doença ou a precisão de um teste diagnóstico, entre outros temas. Revisões sistemáticas são consideradas estudos secundários porque resumem as informações de múltiplas publicações, como estudos de tratamento e prevenção (ensaios randomizados controlados - RCTs), estudos prognósticos (coorte), estudos de precisão diagnóstica, estudos etiológicos, entre muitos outros. As mais comuns são as revisões sistemáticas dos efeitos de uma intervenção. Podem ser muito úteis para resumir outras questões de revisão como: prevalência, incidência, fatores prognósticos, precisão diagnóstica, custo-efetividade, fatores de risco, definição de termos de pesquisa, adaptações transculturais de questionários, propriedades de medição de instrumentos e revisões sistemáticas de estudos qualitativos. Uma revisão sistemática de precisão diagnóstica permite a inclusão de estudos de controle de caso, estudos transversais e, em alguns casos, até mesmo ensaios clínicos. No entanto, a combinação de designs diferentes é mais uma exceçãodo que uma regra. 7.1 Revisão Uma revisão precisa ter uma definição clara da questão a ser trabalhada. Uma boa revisão não é aquela que responde a muitas perguntas, mas aquela que responde a perguntas específicas de forma clara e com o menor viés possível. O processo PICO (Paciente, Intervenção, Comparação e Desfechos) é uma boa abordagem para enquadrar uma questão para revisões sistemáticas de intervenção. Por exemplo: "são técnicas de terapia manual associadas a um programa de exercícios (Intervenção) melhor do que o exercício sozinho (Comparação) para reduzir a dor e a incapacidade (Desfechos) em pacientes adultos com dor lombar (Pacientes)?" É fundamental que a pesquisa defina claramente a intervenção (ou foco do estudo), os desfechos e a população de interesse. Esses três itens são de fundamental importância na formulação de uma questão de revisão. Recomenda-se que, ao formular a questão em um estudo de intervenção, o autor identifique, especificamente, a intervenção, ou seja, exercício de resistência, instruções aos cuidadores, em vez de nomear a intervenção testada no estudo como profissão ou área (por exemplo, fisioterapia, reabilitação). Outros tipos de revisão sistemática, que não sejam estudos de intervenção, devem seguir os mesmos passos para enquadrar uma questão de revisão: questões claras, diretas e bem formuladas. Uma pergunta bem formulada também guiará vários aspectos da redação de uma revisão sistemática, incluindo estratégias de pesquisa, elegibilidade do estudo, extração de dados e conclusões. A ferramenta de risco cochrane de viés considera a geração de sequências aleatórias; ocultação de alocação; cegueira de participantes e pessoal; dados de desfecho incompletos; relatórios seletivos; similaridade do grupo na linha de base; co-intervenções; similaridade das intervenções; análise de intenção de tratar; tempo de avaliação de desfechos, e outras fontes de viés. O objetivo da metanálise é obter o efeito combinado de um tratamento. Ao realizar uma metanálise, é importante observar a homogeneidade dos procedimentos adotados pelos autores, ou seja, as características dos estudos, tais como: características das intervenções a serem avaliadas, por exemplo: semelhanças entre intensidade, frequência e duração e como as variáveis ou desfechos clínicos foram medidos ou classificados. Se a revisão for conduzida corretamente, com uma estratégia de pesquisa coerente com a questão da revisão e que gere um grupo razoavelmente completo de estudos válidos sobre o tema e sem viés, a metanálise também tratará da questão pretendida. Em contrapartida, se a estratégia de pesquisa for conduzida incorretamente, ou se os estudos apresentarem resultados tendenciosos, os problemas da revisão não serão corrigidos com uma metanálise. Enredo da floresta é a representação gráfica das medidas do efeito de cada estudo individual, bem como os efeitos combinados, é chamada de trama florestal. O termo "floresta" foi criado porque o gráfico parece uma floresta de linhas. A linha vertical central da trama florestal indica quando não há diferença estatisticamente significante entre os grupos. Os pontos representam as diferenças médias de cada estudo e as linhas horizontais, os intervalos de confiança em torno das diferenças médias. O diamante representa o efeito combinado (agrupado) de todos os efeitos do estudo de uma comparação específica analisada pela metanálise. A interpretação de um enredo florestal é muito simples: se o diamante ou os intervalos de confiança tocarem a linha central, não há diferença significativa entre grupos. No entanto, se o diamante não tocar na linha central, há uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos analisados. Cada parcela florestal também contém as estimativas, o que permite aos leitores determinar se as diferenças observadas são clinicamente significativas. 7.2. É válido combinar os estudos? Não é sempre possível combinar os resultados relatados pelos estudos, conforme Galvão (2015). A revisão deve apenas combinar estudos homogêneos do ponto de vista clínico (ou seja, intervenções semelhantes com doses semelhantes), que utilizaram medidas de desfecho semelhantes, que utilizaram grupos de controle semelhantes e tiveram dados homogêneos. Se alguma dessas premissas for violada, uma metanálise não deve ser realizada. Revisão de escopo investiga conceitos-chave subjacentes a uma área de pesquisa, fornece um mapa das evidências disponíveis e identifica lacunas na base de conhecimento quando outras questões mais específicas sobre o tópico não estão claras. A seleção de uma revisão de escopo assenta no seu principal objetivo: mapear as evidências existentes a um determinado foco de investigação, identificando lacunas, constituindo um esforço preliminar que justifique a realização de uma revisão sistemática da literatura (CRUZ et al, 2019). Além disto, poderá constituir uma ferramenta informativa de suporte na tomada de decisão e prática clínica dos profissionais de saúde. Uma das particularidades desta metodologia é que a mesma não visa analisar a qualidade metodológica dos estudos incluídos, dado que o seu objetivo, no seguimento do mencionado, não é encontrar a melhor evidência científica, mas sim, mapear a evidência científica existente. Fisioterapia aquática em indivíduos com distrofia muscular: uma revisão sistemática do tipo escopo (LIMA; CORDEIRO, 2020) Metodologia: Inicialmente foi realizada uma busca nas bases de dados JBI Database of Systematic Reviews and Implementation Reports, Cochrane Database of Systematic Reviews, CINAHL, PubMed e PROSPERO de algum tipo de revisão sobre fisioterapia aquática com indivíduos portadores de DM. Nenhum estudo foi identificado. Esta revisão de escopo foi baseada no Joanna Briggs Institute Reviewer’s Manual, que preconiza a formulação da pergunta de pesquisa, definida por “Como a fisioterapia aquática vem sendo utilizada em indivíduos com distrofia muscular?”. Os critérios de inclusão foram estabelecidos de acordo com o acrônimo PCC para revisão de escopo: os participantes (indivíduos com DM, de todas as idades e ambos os gêneros, submetidos a fisioterapia aquática), os conceitos (distrofia muscular; fisioterapia aquática) e o contexto (todas as terapias realizadas em meio aquático). Foram incluídos estudos experimentais, observacionais e descritivos, sem limitação de data, nos idiomas inglês, espanhol e português, por serem idiomas de domínio das pesquisadoras. Foram excluídos estudos com populações mistas e outros diagnósticos, uma vez que as DM apresentam características específicas de progressão, impactando na prática clínica. Em sequência buscou-se nas bases de dados Medline (PubMed) e CINAHL com os descritores (MeSH terms) e palavras-chaves definidos, interpostos pelos boleadores “AND” e “OR”. Prosseguindo para a revisão das palavras contidas no título, no resumo e nos descritores nos registros encontrados na etapa anterior, verificou-se a necessidade de adequação dos termos. Então, realizou-se a busca nas demais bases de dados e sites de busca selecionados. A seleção dos registros foi feita entre novembro e dezembro de 2017 e a revisão em setembro de 2019. REFERÊNCIAS CRUZ, G. E. C. P. et al. Diagnóstico tardio do Vírus da Imunodeficiência Humana e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida em Idosos. Enfermería Actual En Costa Rica, [s.l.], v. 38, n. 1, p. 330-336, 23 set. 2019. GALVÃO, T. F. Principais itens para relatar Revisões sistemáticas e Meta-análises: a recomendação prisma: A recomendação PRISMA. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 24, n. 2, p. 335-342, jun. 2015. LIMA, A. A. R.; CORDEIRO, L. Fisioterapia aquática em indivíduos com distrofia muscular: uma revisão sistemática do tipo escopo: uma revisão sistemática do tipo escopo. Fisioterapia e Pesquisa, [s.l.], v. 27, n. 1, p. 100-111, jan. 2020. MANCINI, M. C. et al. Tutorial for writing systematic reviews for the Brazilian Journalof Physical Therapy (BJPT). Brazilian Journal Of Physical Therapy, v. 18, n. 6, p. 471-480, dez. 2014. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CDU 614: Diretrizes metodológicas - elaboração de revisão sistemática e metanálise de estudos de acurácia diagnóstica. Brasilia: Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, 2014. SAMPAIO, R. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência cientifica. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 11, n. 1, p. 83-89, jan. 2007. SCHREIBER, J.; STERN, P. A review of the literature on Evidence-Based Practice in Physical Therapy. The Internet Journal of Allied Health Sciences and Practice. v. 3, n. 4, out. 2005. VIEIRA, R. I. et al. Physiotherapy intervention during pre and post-prosthetic fitting of lower limb amputees: a systematic review: a systematic review. Acta Fisiátrica, v. 24, n. 2, p. 98- 104, maio 2017. Universidade de São Paulo, Agencia USP de Gestão da Informação Academica (AGUIA).
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