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Malária DIP Profº Walter Tavares · É uma das grandes endemias brasileiras, junto com Doença de chagas, Esquistossomose e Leishmaniose visceral. · Era a doença infecciosa mais importante numericamente no Brasil. · Foi substituída por dengue e, agora, por COVID-19. · Atualmente, acomete, basicamente, a Amazônia legal, graças ao serviço de combate à malária instituído nos anos 30. · 80% dos casos de malária, no mundo, ocorrem em 5 países: Nigéria, Moçambique, República Democrática do Congo; Uganda; Índia. · Quando o paciente se queixar de sintomas típicos da malária e de outras doenças parecidas, devemos sempre nos lembrar de perguntar a ele se ele viajou recentemente, a fim de concluir melhor o diagnóstico. · Como não se pensa em malária fora de sua região endêmica, sua letalidade no restante do país chega a ser 128x maior. · Causada por protozoários do gênero Plasmodium. · São 5 espécies causadoras: falciparum, vivax, malariae, ovale e knowlesi. · No Brasil temos 3 (falciparum, vivax, malariae; com o último sendo quase extinto e com o vivax sendo o principal causador). · As causadas pelo falciparum são as mais graves. · Transmitida por mosquitos do gênero Anopheles, sendo o Anopheles darlingi o mais importante no Brasil, uma vez que é o mais disseminado. · Coloquialmente, são chamados de mosquito prego, devido a sua posição ao pousar. · A fêmea que transmite a doença, uma vez que ela necessita do sangue para maturação dos ovos. Ciclo de transmissão · O hospedeiro é infectado por esporozoítos (ficam nas glândulas salivares do mosquito, é a forma infectante), que, ao chegarem no sangue, tornam-se trofozoítos. · Esses protozoários vão para o fígado, causando uma infecção hepática, e se transformam em merozoítos. · Ao sair do fígado, invadem hemácias, virando trofozoítos. · Os trofozoítos se multiplicam e tornam-se merozoítos (causam a reinfecção) ou gametócitos (ficam no sangue). · Ao picar um hospedeiro, o mosquito fêmea acaba por se infectar, absorvendo gametócitos junto ao sangue. · O plasmodium sofre duas esquizogonias, sendo uma hepática e outra sanguínea. · Divisão celular na qual o núcleo se reproduz primeiro, para então haver a divisão do citoplasma. · Se trata de um processo de reprodução assexuada. · Caso uma pessoa se infecte por transfusão sanguínea, ela não sofrerá o ciclo hepático da doença. · Acontece, pois, como ela receberá merozoítos, eles não penetram hepatócitos. · No decorrer da aula, ele falou muito sobre a forma esquizonte. · Ao meu entendimento, é uma forma pós-trofozoítos, quando o núcleo já se dividiu totalmente e ocorrerá a liberação de gametócitos/merozoítos no sangue. · É um trofozoíto “gordinho”, pois seu núcleo já foi todo fragmentado. · · Períodos evolutivos · Período de incubação: Consiste no momento da penetração ao aparecimento dos sintomas. · P. vivax, em média, 14 dias; · P. falciparum, em média, 10 dias; · P. malariae, em média, 30 dias. · Tempo de surgimento de gametócitos: Duração até a chegada nessa parte do ciclo. · P. vivax, em média, 3 a 5 dias; · P. falciparum, em média, 7 a 12 dias; · P. malariae, em média, 7 a 14 dias. · Intervalo entre as crises. · P. vivax = 48h (terçã benigna); · P. falciparum = 48h (terçã maligna); · P. malariae = 72h (quartã). Sintomatologia · A clínica da malária está intrinsicamente ligada à esquizogonia sanguínea. · Mesmo um pequeno número de rompimento de células hepáticas, não determina os sintomas. · Se trata apenas de uma etapa do ciclo para chegar ao sangue. · Durante o rompimento das hemácias, a liberação de merozoítos estimula a produção de citocinas inflamatórias, que, causam a febre (estimula o centro termorregulador hipotalâmico, que produz suor, a fim de abaixá-la). · Assim, ocorrem os picos de febre (alta e súbita, precedida pelo rompimento das hemácias) típicos da doença. · A anemia (pela baixa falta de hemácias) e a esplenomegalia (causada pela degeneração excessiva de restos de hemácias estouradas) ocorrem devido à liberação de merozoítos das hemácias. · Pela esplenomegalia, conseguimos diferenciar da dengue, que não ocorre nela. · Também estimula o sistema imune, devido a quantidade de protozoários (corpos estranhos) no sangue. · Inicia-se a produção de células imunes, como anticorpos, que atacam os merozoítos, envolvendo-os para que as células fagocíticas os fagocitarem. · Pode se tornar uma doença autocontrolável pela nossa imunidade. · A febre começa a ficar mais espaçada e acaba parando com o tempo. · Isso acontece muito com o P. vivax, mas, em geral, não ocorre com o falciparum. · Dentro da hemácia, o plasmódio consome hemoglobina e a transforma em hemozoína (que possui uma coloração mais amarronzada, por isso, o baço fica mais escuro). · Na crise malárica, há a liberação desse pigmento e de diversos outros elementos celulares, como o potássio, que resulta nos calafrios. · A crise malárica consiste em febre, anemia, esplenomegalia, com a febre sendo crises e ocorrendo apenas no rompimento. · Variam de acordo com a espécie de protozoário. · As que temos no Brasil, ocorrem de 48 em 48 horas. · Possui início súbito com febre elevada, calafrios, vasoconstrição e cefaleia (dura 2/3 horas). · Temos então a atividade homeostática que induz a vasodilatação, sudorese e cefaleia (dura 2/3 horas). · Ocorre a perda de água, que aumenta a produção de aldosterona + hormônio antidiurético (ADH). · Pode-se ter hiponatremia e desidratação. · Ao final da crise, há lassidão e sonolência. · Termina com a infecção de novas hemácias. · O P. falciparum se destaca entre os demais por conta da sua gravidade. · Ele é mais grave por conta de 2 fatores primordiais: A cada 1 esporozoíto, ele gera 40000 merozoítos; A cada esquizonte (trofozoíto), ele gera de 24 a 36 novos merozoítos (que vão causar a reinfecção). · Isso significa que ele acaba gerando mais protozoários a cada ciclo, o que piora o quadro clínico do hospedeiro. · Sua parasitemia (concentração de parasitas no sangue) é a maior de todas. · Ele ainda realiza a sua esquizogonia sanguínea em sangue visceral, no pulmão, intestino, rins (ainda não sabemos o motivo disso). · OBS: Dessa forma, não o encontramos no sangue periférico em sua forma esquizonte, diferente do vivax, que realiza sua esquizogonia nele. · Em esfregaço sanguíneo não encontramos. · Contudo, ainda achamos gametócitos e merozoítos nessa parte do sangue. · A hemácia, ao se infectar por esse protozoário, muda de forma, adquirindo protuberâncias e se aderem (aglutinam) umas nas outras, pois elas perdem as cargas elétricas que as repelem. · Elas também se aderem na parede dos vasos, desenvolvendo microtrombos na circulação da víscera atingida. · Ocorre a anoxia tissular, o tecido fica sem suprimento sanguíneo, necrosando. · O que realmente eleva sua gravidade vem daqui, uma vez que esses “pequenos infartos” podem ocorrer nos mais variados tecidos, como no cérebro. · Como pode ocorrer em qualquer tecido, cada um responderá de um jeito. · Exemplo: Cérebro = Coma malárico; Coração = Insuficiência cardíaca; Rins = Insuficiência renal; Pulmão = Edema agudo; Intestino = Forma colérica (diarreias). · Podem ocorrer ao mesmo tempo!!!! · Alguns pacientes apresentam icterícia justamente pela formação desses microtrombos no fígado. · Essas características são exclusivas dessa espécie. · Principais sintomas: Alteração da consciência (inicia com prostração e evolui para coma); Dispneia; Convulsões; Hipotensão arterial; Choque; Hemoglobinúria; Icterícia; Hemorragia; Oligúria; Edema agudo de pulmão. · Grupos de risco para desenvolvimento da forma grave: Crianças menores de 1 ano; Idosos com mais de 70 anos; Gestantes; Imunodeprimidos. · Sinais de perigo: Febre maior que 41 °C; Oligúria; Dispneia; Anemia intensa; Icterícia; Convulsão; Hiperparasitemia. · No caso do P. vivax, nem todo esporozoíto que penetrou em hepatócitos dão continuidade ao ciclo em si. · Eles ficam em um estado dormente/latente, sendo chamadas de hipnozoítos. · Se tratarmos com medicamentos que atacam trofozoítos (esquizontecidas sanguíneos), acabamos coma sintomatologia, mas deixamos esses parasitas vivos. · As crises maláricas somem. · Com isso, pode ocorrer casos de reincidência da doença, ela pode voltar até meses depois da “cura”. · Ao tratarmos esse tipo de protozoário, devemos usar fármacos esquizontecidas sanguíneos e hepáticos. · Identificamo-nos através do diagnóstico etiológico, que se faz extremamente necessário para essa doença. · É encontrado no sangue periférico em sua forma esquizonte, diferente do falciparum. · Isso é exclusivo desse plasmódio em específico. · ELE DISSE QUE ERA UMA PERGUNTINHA BOA PARA PROVA. · “Qual o papel dos hipnozoítos no ciclo evolutivo da malária? Pode ser responsável por recaídas, quando a malária é causada por Plasmodium vivax.” Diagnóstico · O método mais confiável é a microscopia, seja através do esfregaço ou pela gota espessa (usam o sangue do paciente para preparar uma lâmina). · · As hemácias rompem durante o processo de fabricação dessas lâminas, deixando os parasitas a mostra. · Contudo, é difícil saber a origem etiológica, ou seja, a espécie causadora. · Uma forma de descobrir isso é se houver forma de multiplicação (núcleo fragmentando, trofozoíto mais gordo) no sangue periférico, é o P. vivax. · Existem outros métodos diagnósticos, como o PCR, mas eles nem sempre estão disponíveis em áreas de transmissão. · Eles também possuem custo elevado, além da necessidade de laboratórios especializados. Tratamento · Classificação · Esquizontecida sanguíneo: Também chamado de agente supressor. · Atua sobre as formas assexuadas sanguíneas do parasita, interrompendo a esquizogonia eritrocitária e eliminando os parasitas circulantes. · Acabam com os sintomas da doença e, assim, realizam o tratamento das crises. · Radicais para P. falciparum (pois ele não possui hipnozoítos). · Esquizontecida tecidular: Também chamado de agente profilático causal. · Atua sobre as formas assexuadas quiescentes (hipnozoítos) do parasita no fígado. · Radicais para P. vivax e P. ovale. · Gametocitocida: Atua sobre gametócitos, evitando a transmissão para outras pessoas. · Seus medicamentos não são vendidos comercialmente, apenas são fornecidos pela secretaria de saúde. · Para tratar a crise malárica, devemos usar drogas que evitem/matem o esquizonte sanguíneo, portanto, elas são esquizontecidas sanguíneos. · A mais importante é a cloroquina, que é o principal medicamento antimalárico. · Apesar disso, o P. falciparum adquiriu resistência a ela. · Mas ainda é o medicamento principal para P. vivax. · Além dela, ainda temos Amodiaquina; Quinino; Mefloquina. · Para o tratamento de malária grave, ainda em esquizontecidas sanguíneos, utilizaremos derivados da artemisinina. · Como, Halofantrina; Lumefantrina; Tetraciclinas; Doxiciclina; Clindamicina. · São derivados de uma planta chinesa. · No Brasil, temos Artesunato ou Artemeter. · Para ação esquizontecida tissular e gametocitocida (o gametócito não possui ação clínica, mas é importante para dar continuidade da espécie), temos a Primaquina. · Um exemplo de tratamento para P. vivax, é a associação de Cloroquina com Primaquina, para que assim, ocorra o ataque aos dois tipos de esquizogonia. · Pergunta de prova: “Por que em vivax, temos que usar cloroquina + primaquina?” Prevenção · Podemos usar repelentes, mosquiteiros. · Telar as janelas, também é uma forma de evitar a picada. · Tratar o doente é sempre uma maneira a ser levada em consideração. · O combate ao vetor é uma bom método de se prevenir a doença. · Devemos fazer isso nos insetos que estão presentes no ambiente domiciliar, já que, na Amazônia, essa é uma tarefa quase que impossível. · Para isso, aplicaremos inseticidas nas paredes das casas. · A quimioprofilaxia não é indicada para viajantes em território nacional. · É mais importante realizar o diagnóstico e tratar o doente. · Quando não há medidas preventivas e há distancia até unidades de saúde, pode-se fazer o uso de Mefloquina, mas, isso não é muito recomendável. · Ainda não existe vacina eficaz disponível.
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