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Estação da luz História A Estação da Luz localizasse na cidade de São Paulo e chama a atenção pela sua arquitetura que lembra grandes obras inglesas. A semelhança não é coincidência, já que o arquiteto responsável pelo projeto foi um britânico. Além disso, todos os materiais usados na obra da Estação da Luz foram trazidos da Inglaterra. O que muita gente não sabe é que o famoso prédio que conhecemos hoje não foi a primeira Estação da Luz. A Estação da Luz foi aberta ao público no dia 1º de março de 1901 pela São Paulo Railway Company (SPR). Financiada com capital inglês, a ferrovia com 159 km ligava o município de Santos ao de Jundiaí, tendo como ponto de passagem a cidade de São Paulo. Sua primeira edificação era muito simples, constituída de um pequeno bloco com um pavimento que ficava localizado na lateral da linha do trem. Diante desse contexto, a cidade de São Paulo precisava de uma estação que fizesse uma conexão entre às fazendas de café paulistas e o Porto de Santos. É aí que surge o projeto da Estação da Luz. Alguns anos depois, mais precisamente em 1888, o prédio da Estação da Luz foi derrubado e outro maior foi feito em outro local com o objetivo de atender à demanda cada vez maior de passageiros e mercadorias que embarcavam e desembarcavam na Estação da Luz. Segunda Estação da Luz, por volta de 1890 Fonte: estacoesferroviarias.com.br Já em 1900, foi feita a terceira Estação da Luz, localizada no mesmo endereço até hoje. Não houve inauguração da nova unidade, pois o tráfego de pessoas foi sendo transferido aos poucos. Estação da Luz: construção da atual Estação da Luz em 1899 Fonte: estacoesferroviarias.com.br Fonte: Guilherme Gaensly Nesse período, todas as personalidades ilustres que iam à São Paulo eram obrigadas a desembarcar na Estação da Luz. Empresários, intelectuais, políticos e até mesmo reis eram recepcionados em seu saguão e se despediam lá. A Estação da Luz também foi a porta de entrada para os imigrantes, que trouxeram o crescimento para a cidade. Mas a partir dos anos 40, o transporte ferroviário começou a perder força para outros meios de transporte que despontavam, como avião, ônibus e carro. Diante desse contexto, o bairro da Luz e a estação começaram a se degradar, perdendo seu status. Em 1947, a Estação da Luz foi nacionalizada com o nome de Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (EFSJ) Mesmo com a degradação, em 1982 a Estação da Luz foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Condephaat), comprovando sua importância para a arquitetura da cidade. Nas décadas de 1990 e 2000, a Estação da Luz passou por uma série de reformas. Uma delas foi projetada por Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro Mendes da Rocha. O objetivo principal foi adaptá-la para receber o Museu da Língua Portuguesa. http://condephaat.sp.gov.br/ http://condephaat.sp.gov.br/ https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetos/paulo-mendes-da-rocha/ Situação atual Com mais de 150 anos de história, a Estação da Luz é a segunda mais movimentada da rede metroviária de São Paulo, perdendo apenas para o Brás. Trata-se de umas das principais estações de transferência da cidade, recebendo cerca de 147 mil passageiros por dia. Arquitetura A obra ocupa 7,5 mil m² do Jardim da Luz e encanta a todos que passam pela região. Estação da Luz: fachada O projeto da Estação da Luz, de estilo neoclássico é atribuído ao arquiteto britânico Charles Henry Driver. Ele era considerado especialista em estações ferroviárias. Todo o material utilizado na construção foi exportado exclusivamente da Inglaterra, desde os pregos até a estrutura de aço usada na cobertura. A Estação da Luz é composta por dois blocos distintos. O primeiro é uma ampla edificação com o famoso relógio que lembra o Big Ben de Londres. Com dois pavimentos, esse bloco da Estação da Luz também abrigava os escritórios da superintendência, engenharia e contadoria. https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/arquitetura-neoclassica/ Ele é construído essencialmente com alvenaria de tijolos, mansardas (janelas dispostas sobre o telhado) e torreões. Estação da Luz: relógio O segundo bloco da Estação da Luz é formado por uma ampla gare envidraçada com 40 metros de vão, 150 metros de comprimento e 25 metros de altura que cobria seis linhas da estrada de ferro, rebaixadas em relação ao nível das ruas laterais à estação. Estação da Luz: visão dos trilhos no lado de fora Estação da Luz: passageiros pegando o trem Estação da Luz: detalhe da estrutura de aço que forma a cobertura Estação da Luz: guarda-corpo As duas torres paralelas e quadradas no estilo gótico foram inspiradas na Abadia de Westminster, localizada em Londres. Os incêndios na Estação da Luz Em 1946, quando chegava ao fim a concessão da linha aos ingleses, a Estação da Luz sofreu seu primeiro incêndio. Durante o processo de reforma, foi incluído mais um pavimento em uma das alas do edifício principal. Estação da Luz: incêndio destruiu Museu da Língua Portuguesa Em 2015, a Estação da Luz sofreu um incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa. Mas essa não foi o único. Saguão restaurado Como parte da reforma do Museu da Língua Portuguesa, o saguão da Estação da Luz também foi restaurado em novembro de 2019. Entre as mudanças estão: a recuperação completa das argamassas pigmentadas que recobrem as paredes, colunas e ornamentos e a limpeza do lustre central https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/ornamento/ Estação da Luz: saguão com lustre e pilastras Estação da Luz: detalhes do saguão (foto: Blog Refeitório Cultural) Museu da Língua portuguesa O museu abriu ao público pela primeira vez em 2006, tendo escolhido como casa a cidade de São Paulo, que abriga a maior população de falantes da língua portuguesa em todo o mundo. A Estação da Luz foi um dos principais pontos de passagem dos imigrantes que chegavam ao país e, até hoje, é um espaço dinâmico de contato e convivência entre várias culturas e classes sociais, abrigando sotaques vindos de todas as partes do Brasil. O arquiteto responsável pelo projeto do museu é Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro Mendes da Rocha. Em seus primeiros 10 anos de funcionamento, o Museu da Língua Portuguesa recebeu 3.931.040 visitantes, que puderam se conectar de forma lúdica e emocionante às suas origens do idioma, sua história, suas influências e as formas que ele assume no cotidiano da população. Números do Museu 2006 - 2015 3,9 milhões de visitantes 30 exposições temporárias 12 prêmios recebidos Por ter como tema um patrimônio imaterial, o Museu faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma manifestação cultural viva, rica, diversa e em constante construção! Tanto para sua criação quanto na sua reconstrução, o Museu contou com uma equipe multidisciplinar de profissionais, entre sociólogos, museólogos, especialistas em língua portuguesa e artistas. De 2006 a 2015, foram mais de 30 exposições temporárias, além de cursos, palestras, debates e apresentações artísticas. Entre os homenageados com exposições, escritores como Clarice Lispector, Machado de Assis, Cora Coralina, Fernando Pessoa, Oswald de Andrade, Jorge Amado, Rubem Braga, Guimarães Rosa, Agustina Bessa-Luís e Gilberto Freyre, além do cantor e compositor Cazuza. O Museu está sendo reaberto em 2021 após cinco anos de intensos trabalhos de reconstrução e reimplantação, com tecnologia e exposições renovadas. O fechamento, no final de 2015, foi causado por um triste incêndio que destruiu o Museu. Uma aliança entre o poder público e a iniciativa privada, no entanto, possibilitou o rápido início da obra, que em julho de 2021 foi entregue à população.O Museu da Língua Portuguesa é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, concebido e realizado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetos/paulo-mendes-da-rocha/ https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetos/paulo-mendes-da-rocha/ Estação da Luz: entrada do Museu da Língua Portuguesa 2º Pavimento - Viagens da Língua – Exposições Fonte: Ana Mello, 2021 2º Pavimento - Viagens da Língua - Exposições Fonte: Ana Mello, 2021 1º Pavimento - Exposição Temporária – Exposições Fonte: Ana Mello, 2021 ❖ No pavimento térreo tiveram três principais mudanças: • Elevadores: Com as novas tecnologias foi possível levar o poço dos elevadores para o subsolo possibilitando a integração de todos os pátios em um mesmo nível, o tornando inaparente, removendo os degraus e o tornando o nível do pátio mais contínuo. • Sistema de ar-condicionado: O sistema de ar-condicionado foi retirado do térreo e levado para as fachadas posteriores, liberando mais espaço para o pátio. • Arcos decorativos: Os arcos decorativos da fachada foram abertos aumentando a permeabilidade tornando a estação mais conectada com as ruas do entorno, possibilitando uma integração física e visual que gera uma área pública de convivência. ❖ No primeiro pavimento a principal mudança foi a abertura do mezanino ao público, com o intuito das pessoas circularem e conhecerem o ambiente enquanto vê as público passando pela estação de trem abaixo ❖ Já no segundo pavimento que é o único que ocupa as duas alas, possibilitando ver a extensão completa do edifício, foi aprimorada a ideia do Paulo Mendes da Rocha de fazer uma analogia entre o corredor https://www.archdaily.com.br/br/923350/museu-da-lingua-portuguesa-conheca-o-projeto-por-tras-da-reforma/5d5ebe4a284dd17d80000001-museu-da-lingua-portuguesa-conheca-o-projeto-por-tras-da-reforma-planta-terreo-via-fundacao-roberto-marinho https://www.archdaily.com.br/br/923350/museu-da-lingua-portuguesa-conheca-o-projeto-por-tras-da-reforma/5d5ebe39284dd15d3000000a-museu-da-lingua-portuguesa-conheca-o-projeto-por-tras-da-reforma-planta-primeiro-pavimento-via-fundacao-roberto-marinho extenso e a proporção alongada de um trem, para esse aprimoramento foi trocado os projetores antigos por projetores novos de curta distância, aumentando o espaço de circulação, também transformaram as alas de serviço por novos espaços expositivos como um mini- auditório, o Beco das Palavras e a Linha do tempo. ❖ O terceiro pavimento teve uma reforma muito importante, foi restaurada a praça da língua na ala leste mantendo a volumetria e composição antiga, porém com uma nova estrutura contemporânea mista de madeira com tirantes metálicos, sendo mais segura contra incêndios. A mudança da estrutura foi uma parte muito importante tendo escolhido os fornecedores de forma minuciosa para conseguir a certificação LEED tornando o edifício mais sustentável. Além de tudo isso foram feitas outras reformas como reciclagem das madeiras antigas para montagem das esquadrias do segundo pavimento, assim como um novo café na ala leste e na ala oeste haverá uma nova bilheteria com a pintura original de 1901 para entrada agendada de grandes grupos. Tornando-o novamente um marco da cultura e da língua brasileira Bibliografia https://saopaulosecreto.com/estacao-da-luz-sao-paulo/ https://www.museudalinguaportuguesa.org.br/reconstrucao/linha-do-tempo/ https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/estacao-da-luz/ https://saopaulosecreto.com/estacao-da-luz-sao-paulo/ https://www.museudalinguaportuguesa.org.br/reconstrucao/linha-do-tempo/ https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/estacao-da-luz/
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