Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE RIO DE JANEIRO - RJ JOÃO HENRIQUE, nacionalidade, estado civil (ou a existência de união estável), profissão, portador da carteira de identidade n°…, expedida pelo …, inscrita no CPF/MF sob n°…, endereço eletrônico, residente e domiciliado na (endereço completo), por seu advogado abaixo subscrito, com endereço profissional (completo), vem a este juízo, propor a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS pelo rito comum, em face de BANCO ABC, , inscrita no CPF/CNPJ sob n° …. , endereço eletrônico, pelas razões de fato e de direito que passa a expor: DOS FATOS: No começo do mês de .... do ano de ...., o Reclamante ao tentar efetuar uma compra no estabelecimento ...., o mesmo foi informado que não seria possível realizar o financiamento do produto, no qual gostaria de adquirir, devido a negativação de seu nome junto ao referido banco. Cumpre registrar que, o Reclamante ao investigar do que se tratava a negativação, encontrou seu nome vinculado ao banco, sendo uma cobrança indevida relativa a um contrato de empréstimo no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), o qual jamais executou algum tipo de relação, sendo este contrato uma fraude, pois o Sr. João Henrique jamais o celebrou. Consoante a isso, o mesmo informou que tentou resolver diretamente junto ao banco, pedindo que fosse efetuada a imediata exclusão de seu nome do cadastro restritivo de crédito, o que foi negado pelo banco, o qual impossibilitou a resolução pacífica do conflito. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS: Em verdade, o Requerido quer apenas o enriquecimento sem causa, pois está atribuindo cobrança indevida em face do requerente, razão pela qual ofende o princípio da equivalência contratual, princípio esse instituído como base das relações jurídicas de consumo (art. 4º, inciso III e art. 6º, inciso II do CDC). Urge invocar no presente feito, a prerrogativa contida no art. 4º, inciso I, do Código de Processo Civil, verbis: “art. 4º. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I – da existência ou inexistência de relação jurídica;” Cabe no presente caso a intervenção do poder judiciário para que declare expressamente não haver nenhuma relação jurídica, no que diz respeito a quaisquer débitos, no contrato de empréstimo entre as partes, no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), ou qualquer outra dívida oriunda do Requerido, visto que cobrados indevidamente. Em decorrência deste incidente, a requerente experimentou situação constrangedora, angustiante, tendo sua moral abalada. A empresa requerida está agindo com evidente descaso e desrespeito com o requerente, pois jamais poderia cobrar valor desse quinhão do Requerente, houve falha na prestação serviço e descaso da parte Ré e principalmente visto que o autor está com seu nome inserido nos cadastros de inadimplentes de forma indevida pela Ré. Quanto ao dano moral, este subsiste pela simples ofensa dirigida ao Requerente, pela mera cobrança exorbitante e indevida pelo Requerido, bem como diante da falha na prestação do serviço e das inúmeras tentativas em solucionar o problema, conforme é demonstrado por intermédio dos números de protocolos já mencionados, no qual o Autor dirigiu-se até o banco e teve seu pedido recusado pelo requerente, o que causou inúmeros transtornos ao Autor, bem maior do que um mero aborrecimento no caso em apreço. A respeito do tema, assevera com precisão Humberto Theodoro Júnior, ao explicitar a natureza não-econômica do prejuízo causado: “Os danos morais se traduzem em turbações de ânimo, em reações desagradáveis, desconfortáveis ou constrangedoras, ou outras desse nível, produzidas na esfera do lesado. (...) Assim, há dano moral quando a vítima suporta, por exemplo, a desonra e a dor provocadas por atitudes injuriosas de terceiro, configurando lesões na esfera interna e valorativa do ser com entidade individualizada.” (Humberto Theodoro Júnior, Dano Moral, 4ª ed., 2001, Ed. Juarez de Oliveira, p. 2). Pelo exposto, se vê a necessidade de o Requerente buscar o auxílio deste juízo. Fazem-se desnecessários grandes esforços argumentativos para demonstrar o patente constrangimento e até escarnecimento que se abateu sobre a pessoa do REQUERENTE, nessa lamentável situação. Afinal a simples perda de valores e constatação de insegurança já é fatal para uma pessoa de bem se sentir altamente violentada. Caio Mário da Silva PEREIRA ensina que" o indivíduo é titular de direitos integrantes de sua personalidade, o bom conceito que desfruta na sociedade, os sentimentos que estornam a sua consciência, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteção da ordem jurídica "(PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 1998. p. 59). A Constituição Federal de 1988 preceitua em seu artigo 5º, inciso X, que: “Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;" Dessa forma, claro é que a empresa requerida, ao cometer o imprudente ato de cobrar por serviço não oferecido, afrontou confessada e conscientemente o texto constitucional acima transcrito, devendo, por isso, ser condenada à respectiva indenização pelo dano moral sofrido pela requerente. Por tais razões, temos que o ato praticado vai de total encontro com os aludidos dispositivos do Código Civil vigente: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral comete ato ilícito;” No mesmo sentido o artigo 927 do CC diz que: “Art. 927. Aquele que por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado a repará‑lo.” Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja: a) ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; b) ocorrência de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral; c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente, sendo indiscutível o liame jurídico existente entre eles. Sobre a consequência do ato ilícito, o STJ determina: “A obrigação de indenizar é a consequência jurídica do ato ilícito, sendo que a atualização monetária incidirá sobre esta dívida a partir da data do ilícito (Súmula 43 do S TJ).” O entendimento da renomada doutrinadora Maria Helena Diniz está consubstanciado no Código Civil, segundo o qual: “Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera- se o devedor em mora, desde que o praticou”. Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados, visto que, em razão de tal fato, decorrente da culpa única e exclusiva da empresa requerida, esta teve a sua moral afligida, foi exposta ao ridículo e sofreu constrangimentos de ordem moral, o que inegavelmente consiste em meio vexatório. DO PEDIDO: Diante do exposto, requer a Vossa Excelência: a) Seja declarada a inexistência de débitos em nome do Sr. José Henrique, inscrito no CPF sob o nº ......; b) A total procedência da ação para que seja o Réu condenado ao pagamento de indenização por danos morais de, no mínimo, R$30.000,00 (trinta mil reais); c) Manifestação sobre audiência de conciliação. Protesto por provas. Dá-se à causa o valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais). Nestes termos, solicita se o recebimento de R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para o requerente, referentes à: R$ 10.000,00 (dezmil reais) do débito que foi feito de sua conta, R$30.000,00 (trinta mil reais) referente aos danos morais causados e R$10.000,00 (dez mil reais) aos respectivos honorários advocatícios. Pede deferimento. Araguaína – TO, 26 de agosto de 2022 Giovanna Lagares OAB 17254 TO
Compartilhar