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Copia de texto adicional sobre o racismo estrutural diante a pandemia

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Racismo estrutural presente nos dias atuais
O tempo do racismo não é cronológico. O tempo do racismo é lógico e psicológico, ou seja, transfunde a cronologia histórica. É dessa maneira que o racismo se mantém na estrutura da sociedade. Entra ano e sai ano, os negros precisam provar que são humanos, gente com sangue, dor, sentimentos, inteligência, beleza. Eles precisam provar que não são menos e que as mesmas mazelas da finitude humana não lhes são diferentes das de ninguém.
Nestes tempos de pandemia, a preocupação com a propagação da Covid-19 tem feito com que vários especialistas, governantes e jornalistas discutam, diariamente, na imprensa, medidas para não colapsar o sistema de saúde brasileiro, visando à diminuição da propagação do vírus, e políticas para amparar as famílias atingidas com o isolamento social.
No caso desta demanda, não me lembro de ter presenciado tamanha preocupação com a pobreza como está sendo agora. Isto é ótimo, contudo, tenho ressalvas com a maneira que estão conduzindo a discussão. Não há abordagem das questões raciais como elemento fundamental na pobreza da população, sendo que a premissa do debate deveria ser o reconhecimento de que os mais desfavorecidos, economicamente, têm a pele negra.
O racismo estrutural atinge frontalmente a maioria da população pobre, destinatárias das consequências nefastas durante a pandemia, portanto, o debate que cruza as condições econômicas com a raça não deveria ser silenciado.
O momento é dramático, nesse sentido, é primordial desenvolver uma nova consciência social, carregada com olhares humanos que reconheçam as mazelas onde os negros se encontram. Estamos numa situação em que esses corpos irão ocupar a maioria das valas nos cemitérios do país. Assim sendo, é dever da imprensa amplificar a negligência do Estado no combate ao racismo estrutural, pois a omissão tem permitido a manutenção do privilégio da sociedade branca, resultando na eliminação dos direitos dos negros.
Eles são 78% da população mais pobre, moram nas periferias das cidades, ausentes de condições estruturais para cumprir as orientações de higiene como pede as autoridades de saúde nesse período de isolamento social. O álcool em gel na periferia é luxo. O racismo estrutural responde pela quantidade monumental de negros ocupando o mercado de trabalho informal, no qual somente tem renda se estivermos trabalhando.
No mercado de trabalho formal, estão na lista de potenciais demitidos com a crise instalada, isto porque são a classe dos trabalhadores mais explorados. E cabe lembrar que antes da pandemia, dados do IBGE apontavam que 64% dos desempregados eram negros. Imagine como serão os números depois da pandemia.
Concordam com as orientações da Organização Mundial da Saúde – OMS, e as ações promovidas pelos governos no combate a Covid-19. Alertamos apenas à imprensa o quão é importante no debate público a demonstração de que o racismo criou estruturas discriminatórias, sendo responsável por esses milhares de famintos que pedem socorro.
Não basta lançar luz sobre os mais pobres e não reconhecer as raízes da opressão. A sociedade precisa tomar um choque de realidade, e fazer uma autoavaliação das próprias práticas racistas. Decerto que em algum momento a pandemia será superada e os negros seguirão sobrevivendo com as permanentes dificuldades. Ou plantamos a semente que colocará um fim a seletividade humana, em função da cor da pele, ou continuaremos sendo uma sociedade que não aprende com a história.

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