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CONDUTA NUTRICIONAL NAS NEFROPATIAS Profa. MsC Patricia de Matos Fernandes Fisiologia e Função Renal - O Rim recebe 20% do Débito Cardíaco, o que permite a filtragem de ~ 1600L/ dia de sangue - Aproximadamente 180L de líquido/ dia (ULTRAFILTRADO) são produzidos na filtragem deste sangue - Por meio de processos ativos de REABSORÇÃO de determinados componentes e SECREÇÃO de outros, a composição deste líquido é alterada e 1,5L de URINA excretada em um dia em média A principal função renal é manter o equilíbrio homeostático com relação aos líquidos, eletrólitos e solutos orgânicos. Um rim normal pode executá-la em meio a ampla variedade de flutuações dietéticas na quantidade de sódio, água e diversos solutos Essa tarefa é possível pela FILTRAÇÃO CONTÍNUA DE SANGUE e pelas ALTERAÇÕES (SECREÇÃO e REABSORÇÃO) que ocorrem neste LÍQUIDO FILTRADO Anatomia Fisiologia e Função Renal Cada rim é constituído por ~1 milhão de NÉFRONS NÉFRONS: Consiste em um GLOMÉRULO conectado a uma série de TÚBULOS, que podem ser divididos em segmentos funcionalmente distintos: - TÚBULO CONTORNADO (CONTORCIDO) PROXIMAL - ALÇA DE HENLE ( ASCENDENTE e DESCENDENTE) - TÚBULO DISTAL - DUCTO COLETOR Cada Néfron funciona independente na produção da Urina Final, apesar de todos estarem sob controle similar (coordenados) Fisiologia e Função Renal GLOMÉRULO: - É uma massa esférica de capilares circundados por uma membrana – CÁPSULA DE BOWMAN FUNÇÃO: Produção de grande quantidade de ULTRAFILTRADO (com composição semelhante ao sangue), que pode ser, então modificado pelos segmentos seguintes do NÉFRON - Em razão de sua barreira funcional, o glomérulo bloqueia as células sanguíneas e as moléculas de peso molecular maior que 6500 daltons, como as proteínas. - A produção do ultrafiltrado é principalmente PASSIVA e conta com a pressão de perfusão gerada pelo coração e suprida pela artéria renal - Os TÚBULOS reabsorvem a maioria dos componentes que compõem o ultrafiltrado = processo ATIVO, dependente de ATP! Fisiologia e Função Renal - A urina final é afunilada nos túbulos coletores comuns e pelve renal, que estreita-se em um único URETER por rim, que leva a urina pra BEXIGA, onde se acumula antes de ser eliminada. - Em relação aos mecanismos homeostáticos, o controle do volume de sangue circulante predomina sobre todos os outros aspectos, assim, o SÓDIO (a molécula mais importante da determinação do volume circulante corporal) é regulado à custa de todas as outras substâncias. - O rim possui capacidade de regular a homeostase da água, com possibilidade de excretar urina como um diluído de 50mOsm OU um concentrado de 1200mOsm - Considerando a carga de soluto diária fixa (produtos da excreção final do metabolismo normal) em cerca de 600mOsm, o rim pode livrar-se de 500ml de urina concentrada ou até 12L Fisiologia e Função Renal - Vasopressina (ou ADH), hormônio secretado pela neurohipófise, regula a excreção de água. - Excesso de água corporal → OSMOLALIDADE (refere-se ao número de miliosmoles de soluto por quilo de água): Inibe Vasopressina ( diurese) - OSMOLALIDADE: secreção de vasopressina e RETENÇÃO DE ÁGUA - O volume urinário mínimo capaz de eliminar a quantidade relativamente fixa de 600 mOsm de soluto corresponde a 500ml Volume urinário inferior a 500ml = OLIGÚRIA Sem possibilidade de eliminação de toda carga de soluto A maior parte da carga de solutos consiste em excreções Nitrogenadas do metabolismo proteico. URÉIA predomina dependente do conteúdo proteico da dieta Menor quantidade de ácido úrico, creatinina e amônia A não eliminação destes produtos = AZOTEMIA ??????? Processo ATIVO, dependente de ATP Excreção de Urina: Como diluído de 50mOsm OU concentrado de 1200mOsm Fisiologia e Função Renal Excreção de metabólitos (ex: uréia, ácido úrico, creatinina). Regulação do volume plasmático e do equilíbrio hidrolítico (importante determinante da pressão sanguínea); Regulação da osmolalidade sanguínea; Manutenção do equilíbrio eletrolítico (Na+, K+, Cl-, Ca2+, Mg2+, SO42-, PO42-); Regulação do equilíbrio ácido-base (regula o pH sanguíneo); Produção de hormônios: - Eritropoietina (EPO): Estimula a produção de eritrócitos pela medula óssea; - Renina: enzima proteólitica liberada pelas células justaglomerulares diante de do volume sanguíneo, permitindo o controle da pressão arterial; -Manutenção da Homeostase Ca-P: Produção da forma ativa da vitamina D; Modulação PTH, além da eliminação de cálcio e fósforo (homeostase) Funções Bioquímicas Metabolismo de algumas substâncias Ex. insulina – o rim é responsável pelo clearance de 25 a 40% da insulina produzida. Na DRC: TFG < 20ml/min: há meia vida da insulina. Cuidado na administração de insulina exógena em DM !! Produção de substâncias bioativas Metabolismo lipídico: - Atividade da LPL -Síntese de CARNITINA (metab. AGCL) Síntese de glicose (gliconeogênese), angiotensinogênio e amônia; Funções Bioquímicas 1. Doenças glomerulares: 1.1- Síndrome Nefrítica; 1.2- Síndrome Nefrótica; 2. Doenças dos túbulos e interstícios: 2.1- Síndrome de Fanconi; 3. Insuficiência Renal Aguda (IRA) 4. Doença Renal em estágio terminal - DRET (doença renal crônica) 5. Nefrolitíase Doenças Renais / Nefropatias Chemin, 2013; Krause, 2010 As manifestãções das nefropatias são consequências diretas das porções mais atingidas do sistema urinário. Inflamação das alças de capilares do glomérulo, também chamada de Glomerulonefrites agudas. Início súbito, dura pouco tempo e evoluem para recuperação completa ou para Sd Nefrótica crônica ou DRET. Causas: Infecção estreptocócica; nefrite hereditária; lupus (LES); vasculite… Manifestação clínica: Primária: Hematúria, hipertensão e perda suave da função renal Terapia Nutricional: - Manter bom estado nutricional; - Restrição de sódio em caso de hipertensão; -Não restringir proteína ou potássio (a menos que desenvolva uremia ou hipercalemia) Doenças Glomerulares 1.1- Síndrome Nefrítica Krause, 2010 Compreende um grupo heterogênio de doenças cujas manifestações comuns derivam de perda de barreira glomerular à proteína As grandes perdas de proteína na urina → Proteinúria > 3,5g/1,73m2 , levam à: HIPOALBUMINEMIA com consequente EDEMA; Hipercolesterolemia com risco de aterosclerose e DCV Hipercoagulabilidade (Distúrbios de coagulação); Alteração do metabolismo ósseo 95% dos casos 3 Distúrbios sistêmicos (DM, LES, amiloidose) e 4 distúrbios de origem renal (nefropatia membranosa, glomeruloesclerose focal, glomerulonefrite) Krause, 2010 Doenças Glomerulares 1.2- Síndrome Nefrótica Terapia Nutricional: Objetivos primários são: Controlar os sintomas associados à síndrome (Edema, Hipoalbuminemia e Hiperlipidemia), ritmo de progressão IR e manter as reservas nutricionais. A dieta deve fornecer proteína e energia suficientes para manter um BN+ e produzir um albumina e desaparecimento de edema Recomendação nutricional: - Proteína: 0,8 g/kg/dia (50 - 60% AVB) - Energia: Adultos: 35 kcal/kg/dia Crianças: 100 a 150 kcal/kg/dia - Lipídeos: Dieta com agentes para redução do colesterol, LDL e Triglicerídeo - Sódio: Restrição moderada a ~ 3g de Na/dia, pelo risco de hipotensão acentuada Krause, 2010 1.2- Síndrome Nefrótica (cont) Causada pela incapacidade de reabsorver a quantidade adequada de glicose, aminoácidos, fosfato e bicarbonato no túbulo proximal, aumentado sua excreção pela urina. Adulto Criança Conseqüências Acidose Hipocalemia Poliúria Osteomalácia Retardo crescimento Raquitismo Vômitos poliúria Terapia nutricional: grandes volumes de água, Suplementos dietéticos de bicarbonato; Potássio, Fosfato, Cálcio e vitamina D 2.1- Síndrome de Fanconi Krause, 2010 Não há tratamento médico disponível, portanto, a terapia nutricional é a única opção existente Pielonefrite Krause, 2010 Uma infecçãobacteriana no rim, não necessita de tratamento dietético extenso. Em casos crônicos o uso do suco de uva-do-monte, mirtilo (presença de pró-antocianidinas) mostrou-se eficaz para inibir a aderência da bactéria E. coli às células epiteliais do trato urinário e reduzir bacteriúria Hoje definida como Lesão Renal Aguda (LRA) ou Injúria Renal Aguda (IjRA) pelos vários graus (leve a grave) de disfunção renal que pode acarretar Redução súbita na taxa de filtração glomerular (TFG) e incapacidade do rim de eliminar a carga diária de excreção metabólica (solutos, líquidos e eletrólitos). Pode haver ou não redução do débito urinário (oligúria). Sua duração varia de alguns dias a muitas semanas. 3- Insuficiência Renal Aguda (IRA) Causas de IRA PRÉ RENAL (Perfusão renal inadequada) Desidratação grave Colapso circulatório INTRÍNSECA OU RENAL (dentro do parênquima renal) Necrose tubular aguda - trauma, cirurgia, sepse, isquemia Nefrotoxicidade - antibióticos, contrastes, outras drogas Distúrbios vasculares / isquemia - infarto renal bilateral Glomerulonefrite aguda - Infecção pós estreptocócica, LES PÓS RENAL (obstrução) Hipertrofia prostática benigna Câncer de bexiga ou próstata; retroperitoneal ou pélvico Cálculos uretrais e obstrução bilateral Chemin, 2013; Krause, 2010 Incidência Hospitalar em média 5% Pacientes em UTI: em média 20% evoluem com IRA 3- Insuficiência Renal Aguda (IRA) Chemin,2013 Terapia Nutricional: O cuidado nutricional na IRA é particularmente importante porque o paciente apresenta uremia, acidose metabólica e desequilíbrio de líquidos e eletrólitos mas tb sofre de estresse psicológicos, por infecção... Que aumentam as demandas de proteínas Krause, 2010 Terapia Nutricional para IRA Nutrientes Quantidades Proteína 0,8 -1,0 g/kg PI , aumentando conforme TFG retornar ao normal, 60% de ptn AVB Energia 30-40 kcal/kg peso seco/ dia Potássio 30-50 mEq/dia na fase oligúrica e repor as perdas na fase diurética Sódio 20-40 mEq/dia na fase oligúrica (ver edema, débito urinário, diálise e nível sérico de Na) e repor as perdas na fase diurética Fósforo Limitar, se necessário Líquido Repor o débito do dia anterior (vômitos, diarréia e urina) em + 500ml 3- Insuficiência Renal Aguda (IRA) Estágios iniciais, paciente grave, incapaz de comer (vômitos, diarréia, estase gástrica): •NPT (Gli + Lip + aas para catabolismo ptn) • Diálise → a sobrevivência A DEP aumenta a mortalidade por IRA Estratégia Nutricional A terapia nutricional é influenciada pelo ESTADO NUTRICIONAL, DOENÇA ASSOCIADA e GRAU DE CATABOLISMO Um dos fatores que contribui para baixa sobrevida é o CATABOLISMO PROTEICO. Pacientes HIPERCATABÓLICOS: TN deve ser iniciada o quanto antes O GRAU DE CATABOLISMO PROTEICO: avaliado pelo CÁLCULO DA TAXA DE APARECIMENTO DE NITROGÊNIO UREICO (TAU) TAU (g /dia) = Nitrogênio ureico urinário (g/dia) + Nitrogênio uréico do dialisato (g/dia) + Variação do nitrogênio uréico corporal (g/dia) Onde: VARIAÇÃO NITROGÊNIO URÉICO CORPORAL (g/dia) = NUSf – NUSi (g/L) x PCi (Kg) x 0,6 + (PCf-PCi) x NUSi (g/L) x 1,0 (L/kg) Chemin, 2013 3- Insuficiência Renal Aguda (IRA) Onde: i e f = são os valores inicial e final do período das medidas; - NUS é o Nitrogênio uréico sérico (g/L); - PC é o peso corporal (kg); - 0,6 é a estimativa da água corporal; - 1,0 é o volume de distribuição da uréia no aumento ou na perda de peso RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAIS Grau de Catabolismo LEVE MODERADO GRAVE Excesso de TAU < 5 / dia (Não catabólicos) 5 – 10 / dia > 10 / dia Causas da IRA Nefrotoxinas Infecção, Peritonite ou agressão moderada Trauma grave, sepse grandes queimados Via de administração Oral, Enteral ou Parenteral Enteral ou parenteral Enteral ou parenteral Energia (Kcal/Kg/dia) 25 25-30 25-35 Proteína (g/Kg/dia) 0,5-0,8 Aas Essenciais 0,8-1,2 Aas Essenciais + Não Essenciais 1,5-2,5 # Aas Essenciais + Não Essenciais Outros nutrientes Alimentos Fórmulas enterais Glicose a 50-70% Lipídeos a 20% --- Fórmulas enterais Glicose a 50-70% Lipídeos a 20% --- Fórmulas enterais Glicose a 50-70% Lipídeos a 20% Chemin, 2013 3- Insuficiência Renal Aguda (IRA) # Pacientes submetidos a terapia dialítica contínua, para manutenção de Uréia sérica < 70mg/dl Alterações metabólicas na IRA Gasto energético: depende da doença de base Metabolismo protéico: Proteólise - Causas: ingestão inadequada, catabolismo aumentado, diálise, problemas médicos associados, acidose metabólica Metabolismo de carboidratos: Cuidado com Hiperglicemia ! Metabolismo de lipídeos: hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia, HDL (alteração na lipólise, LPL periférica e hepática) Influência da diálise sobre a terapia nutricional Terapia dialítica contínua: Permitem o uso, sem restrição, de TNE ou TNP Hemodiálise: Efeitos estão relacionados a membrana e tipo de tampão do banho Diálise peritoneal: Perda de 8 a 10 g de ptn/dia e estima-se que 40% do total de glicose presente no banho de diálise é absorvida Chemin, 2013 3- Insuficiência Renal Aguda (IRA) Uma grande variedade de lesões renais caracteriza-se pelo DECLÍNIO LENTO E ESTÁVEL NA FUNÇÃO RENAL Foi reconhecida que em toda doença renal há perda de metade a 2/3 da função renal, independente da doença subjacente, resultando, posteriormente, na perda progressiva desta função Atualmente acredita-se que, em resposta à diminuição na TFG, o rim é submetido a uma série de adaptações para prevení-la. A natureza dessas adaptações envolve mudança nas características hemodinâmicas dos glomérulos remanescentes, levando especificamente ao aumento da pressão glomerular Krause, 2010 Natureza progressiva da Doença Renal Os fatores que aumentam a pressão glomerular tendem acelerar este processo e ocasionar a perda acelerada da função renal. Ex.: A proteína da dieta é definida como um fator que aumenta a pressão glomerular National Institutes of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDKD) do National Institutes of Health (NIH) realizou uma conferência para elaborar as diretrizes para o tratamento de pacientes com Doença Renal progressiva ou Doença Renal em estágio pré – terminal: Krause, 2010 Natureza progressiva da Doença Renal Recomendações para ingestão de proteína dietética na Insuficiência Renal progressiva: TFG > 55ml/min 0,8g/kg/dia; sendo 60% AVB TFG 25 a 55 ml/min 0,6g/ kg/ dia, sendo 60% AVB TFG < 25 ml/min* sem diálise * National Kidney Foundation 0,6g/ kg/ dia (ou 0,75g/kg/dia), sendo 50% AVB Energia: 35Kcal/Kg/dia 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Estágios da Doença Renal Crônica (Guideline National Kidney Foundation): Estágio 1 Dano renal com TFG normal ou aumentada (> 90 ml/min) Estágio 2 Dano renal com redução leve da TFG (60-89 ml/min) Estágio 3 Redução moderada da TFG (30-59 ml/min) Estágio 4 Redução grave da TFG (15-29 ml/min) Estágio 5 Insuficiência renal terminal (<15 ml/min) Estágio 0: Pessoas com risco para DR e/ou alterações urinárias, como proteinuria ou alteração em exames de imagem, como cistos, mas sem diminuição da filtração glomerular (> 90 ml/min) Chemin, 2007; krause, 2010; Cuppari, 2013 Principais causas da DRC Doenças renais primárias Doenças hereditárias Glomerulonefrites crônicas Pielonefrites crônicas Nefrites intersticiais Doenças obstrutivas crônicas Rins policísticos Síndrome de Alport (com perda progressiva da função renal e auditiva) Cistinose (autossômica recessiva que leva ao acúmulo de cistina em diferentes órgãos e tecidos) Doenças sistêmicas Malformação congênita Diabetes mellitus Hipertensão Arterial Doenças auto-imunes (LES) Gota Amiloidose (acúmulo de ptn amiloides em vários tecidos) Mieloma múltiplo Agenesia renal (ausência de rim) Hipoplasia renal bilateral (rins pequenos) Válvula de uretra posterior (causando obstrução nauretra) Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica DOENÇAS E FATORES RELACIONADOS À PROGRESSÃO DA DRC Doenças que evoluem mais rapidamente Fatores modificáveis (evolução mais rápida) Nefropatia diabética Doenças glomerulares Doença renal policística Doença renal do rim transplantado Maior proteinúria Hipoalbuminemia Hipertensão Arterial Controle glicêmico ineficaz Fumo Doenças que evoluem mais lentamente Fatores não modificáveis (evolução mais rápida) Nefroesclerose hipertensiva Doenças renais tubulointersticiais Gênero masculino Idade avançada Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Lesão renal inicial (de causas variadas) que desencadeia um processo de perda progressiva e irreversível da função renal Perda de glomérulos Hipertrofia dos glomérulos remanescentes (alteração na TFG e perfusão renal) Hipertensão glomerular e perda da seletividade Perda de proteínas (proteinúria) e da secreção de potássio e reabsorção de sódio Adaptação ADAPTAÇÃO Sem regulação Regulação limitada Regulação completa Fisiopatologia Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Consequências da DRC Expansão do volume celular Acidose metabólica Anemia Complicações cardiovasculares (doença cardíaca isquêmica, hipertrofia ventricular e ICC) Osteodistrofia Renal Manifestações neurológicas Distúrbios metabólicos e Endócrinos - Insulina - Metabolismo lipídico - Hiperparatireoidismo secundário Depleção nutricional Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Sintomas da uremia: Níveis de Nitrogênio ureico sanguíneo (BUN) acima de 100mg/dl e Creatinina variando de 10 a 12mg/dl Sistema Gastrointestinal: soluços, anorexia, náusea e vômitos, hemorragias digestivas, epigastralgia, salivação, hálito urêmico, diarréia Sistema Nervoso → Pela elevação das escórias nitrogenadas: alteração do nível de consciência, distúrbios do sono, fadiga, convulsões, alterações de comportamento, flapping, polineurite, demência, cefaléia, irritabilidade muscular Sistema Endócrino: intolerância a glicose, hiperparatireioidismo, infertilidade, hiperlipidemia, retardo do crescimento, hipogonadismo, amenorréia Pele: prurido, coloração amarelo-palha, palidez Sistema hematológico: anemia e sangramentos Chemin, 2007; Cuppari, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Sintomas da uremia (cont) Sistema cardiovascular: pericardite, ICC, ateromatose, edema, hipertensão, miocardite Sistema respiratório: pleurite, edema agudo de pulmão, pulmão da uremia Sistema imunológico: imunodepressão, maior incidência de neoplasias, remissão de doenças imunes Sistema músculo esqueléticos: Osteodistrofia Renal; amiloidose Sistema urológico: impotência Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Medidas para retardar a progressão da DRC Controle Glicêmico (Hiperglicemia é um fator de risco independente para nefropatia – Quanto maiores os níveis de HbA1C maior relação com perda da função renal) Controle da Pressão Arterial Controle da Obesidade e Sd Metabólica (Risco maior na obesidade central) Fármacos: Uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA) ou bloqueadores da angiotensina ( a pressão intraglomerular e proteinúria) Redução do risco de agudização (Manter a volemia normal; Evitar quadros de desidratação) Restrição protéica (Dietas hipoproteicas: geração de escórias nitrogenadas, com retardo na progressão da doença) Tabagismo (Parar de fumar retarda a progressão da Dç renal) Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica O tratamento da doença renal corresponde a 2 fases Primeira: retardar a progressão da doença renal → Tratamento Conservador Segunda: Terapia Renal Substitutiva (TRS) → Diálise peritoneal ou Hemodiálise TRATAMENTO CONSERVADOR - Objetivos: Intervenções precoces, retardar a progressão da DRC, manejo criterioso das complicações urêmicas e indicação de diálise no momento preciso Avaliação da função renal (Cockcroft e Gault): TFG (ml/min) = (140 – idade) x peso x (0,85 se mulher) 72 x creatinina sérica Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica TRATAMENTO CONSERVADOR – RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS De maneira indireta reduzir a quantidade de gordura saturada (redução dos níveis de lipídeos séricos) e sódio na dieta Prevenção da hipertensão, acidose, hipercalemia, hiperpatireoidismo secundário e intolerância a glicose Condições que podem prejudicar a adaptação metabólica à restrição proteica Anorexia Redução da ingestão calórica Acidose metabólica Estímulo a degradação de proteínas e aminoácidos Infecção/inflamação Estímulo a degradação proteica Diabetes mal controlado Estimulo a degradação e supresão a síntese proteica Cuppari, 2013, Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica RECOMENDAÇÃO DE PROTEÍNAS NO TRATAMENTO CONSERVADOR Taxa de filtração glomerular Proteína (Chemin, 2013) >70 ml/min Sem restrição (0,8 a 1,0g/Kg/dia) 30-70 ml/min 0,6 g/kg/dia (50% de AVB) Obs.: Em caso de não adesão à dieta pode dar 0,75 g/kg/dia (50% AVB) < 30 ml/min 0,6 g/kg/dia (50% de AVB) OU 0,3 g/kg/dia (ptn vegetal) + Suplem. c/ mistura de aas essenciais e *cetoácidos (mesma cadeia carbônica de AAE mas s/grupamento amino) e Energia: 30 a 35Kcal/Kg/dia Obs1.: Em caso de não adesão à dieta pode dar 0,75 g/kg/dia (50% AVB) Obs2.: Em caso de Proteinúria >3g/24h, aumentar 1g de ptn AVB/g de proteinúria 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Kg=Usar Peso desejável ou ajustado *Cetoácidos (Ketosteril®, Fresenius – 1cp/ 5Kg de Peso) no fígado recebem um grupo Amino, formando seu aa essencial correspondente - impt para o paciente renal e ainda utilizam o excesso de Nitrogênio circulante TRATAMENTO CONSERVADOR – RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Proteínas – Benefícios da restrição protéica: Amenizar os sintomas da síndrome urêmica, Reduzir níveis séricos de potássio e fósforo, Diminuir a formação de ácidos, Diminuir a pressão intraglomerular, Redução do consumo de O2 (devido a diminuição da excreção de amônia e fosfatos), Redução da proteinúria, Redução de fatores mitogênicos e de crescimento Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica TRATAMENTO CONSERVADOR – RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS - Peso a ser utilizado para o cálculo das necessidades nutricionais: Pacientes com peso atual próximo ao ideal utilizar o PESO ATUAL Pacientes com sobrepeso / obesidade ou desnutridos: usar o PESO AJUSTADO: Peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica TRATAMENTO CONSERVADOR – RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Recomendações de Energia foram baseadas no estudo de Kopple et al, que avaliaram a quantidade de energia necessária para manter balanço nitrogenado e parâmetros antropométricos na vigência de uma dieta hipoproteica (0,6g/kg/dia) Parece que com 35Kcal/kg/dia se obtinha melhor aproveitamento da proteína ingerida, além da manutenção do peso corporal RECOMENDAÇÃO DE ENERGIA NO TRATAMENTO CONSERVADOR Pacientes com < 60 anos ou sedentários 35 Kcal/kg/dia Pacientes com > 60 anos ou atividade física leve 30 Kcal/kg/dia Lipídio (% VET) 25 a 35 AGS (% VET) Até 7 AGMI (% VET) > 20 AGPI (% VET) > 10 Carboidratos (% VET) Restante das calorias Fibras (g) 20 - 25 Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica TRATAMENTO CONSERVADOR – RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Potássio – 40 a 70 mEq/dia (usar técnica do remolho – 60% a menos) Sódio – 1000 a 3000 mg/dia ou 5 gde NaCl (contra indicado uso de sal light) Cálcio – 1400 a 1600 mg/dia 9pode ser necessário a suplementação, longe do horário das refeições) Fósforo - < 10 mg/dia ( restrição protéica já diminui fósforo, mas evitar produtos à base de cola, cervejas, oleaginosas, vísceras, peixes, principalmente a sardinha) Ferro – 10 – 18 mg/dia (Avaliar a necessidade de suplementação) Líquidos (ml/dia) – sem restrição, com exceção de pacientes c/ edema Obs: Ingestão de carambola é proibida para pacientes com IRC (independente do nível de potássio, devido a presença de neurotoxina, depurada pelo rim que ao se acumular pode causar soluços, coma e até a morte Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Tratamento Conservador - Recomendações nutricionais Recomendação diária de vitaminas Vitaminas Tratamento conservador A e K NÃO SUPLEMENTAR E (UI)* 400-800 B6 (mg) 5 B12 (mcg) 2,4 C (mg) 75-90 Ácido fólico (mg)** 1 Niacina (mg) 14-16 Biotina (mcg) 30 Ácido pantotênico (mg) 5 Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica * Indicada para DCV ** Aumentar a dose (até 10mg) em casos de hiperhomocisteinemia TRATAMENTO CONSERVADOR – RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS O que fazer para melhor adesão do paciente à dieta ?? Considerar preferências e aversões, oferecer uma lista de equivalentes, explicar a razão da restrição proteica, fazer acompanhamento Métodos a serem utilizados para verificar ingestão proteica: Registros alimentares (Recordatório 24h, Questionário de Frequência Alimentar e registro alimentar de 3 a 7 dias) e métodos bioquímicos que permitem estimar a ingestão proteica = Equivalente proteico do aparecimento do nitrigênio (PNA) → Baseia-se no conceito de que a produção de Nitrogênio ureico apresenta forte correlação com a ingestão proteica PNA (g ptn/dia) = [NUU (g) + (0,031 g/N x peso (kg))] x 6,25 Onde, NUU = vol urinário 24h (L) x [ureia urinária (g/L) / 2,14] Sendo NUU = nitrogênio uréico urinário N= nitrogênio 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Chemin, 2013 PNA= Protein equivalent of nitrogen appearance Limitação !!! Em caso de catabolismo ou anabolismo proteico, quando o PNA estará ou , respectivamente Preparo para terapia renal substitutiva Escolha baseado na preferência do paciente (considerando características clínicas, psicológicas e socioeconômicas) Instrução dos pacientes e familiares Disponibilizar informações precocemente INDICAÇÃO DE DIÁLISE PERITONEAL: crianças, pacientes que não toleram hemodiálise, impossibilidade de obter acesso venoso INDICAÇÃO DE HEMODIÁLISE: paciente com grande compleição física, perda da função peritoneal, extensas aderências adbominais, DII ou isquêmicas, ostomias, diverticulite, hipertrigleridemia grave, falta de estrutura doméstica para auto cuidado Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Técnicas Dialíticas DIÁLISE é o processo físico-químico pelo qual duas soluções separadas por uma membrana semipermeável influenciam uma nas outras. Remove resíduos metabólicos, excesso de líquido corporal, e aas, peptídeos e vitaminas do paciente HEMODIÁLISE – é o processo de transferência de massa entre o sangue e o líquido de diálise, modulado por uma membrana semipermeável artificial DIÁLISE PERITONEAL – o transporte de solutos se dá pelo peritôneo Cuppari, 2013; Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Técnicas Dialíticas – Indicações: Pacientes em estágio 5, ou aqueles que o tratamento conservador é incapaz de manter a qualidade de vida, ou agravos da complicações da uremia Valores de clearance de creatinina: Entre 9 e 14 ml/ min/ 1,73m2 Valores de clearance de uréia: Entre 6 e 7 ml/ min/ 1,73m2 Pacientes diabéticos – devem ser encaminhados precocemente quando o clearance de creatinina estiver 15 ml/min/1,73m2 Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Técnicas Dialíticas – Indicações Indicações inequívocas para o início da terapia dialítica Pericardite Hipervolemia refratária a diuréticos HAS refratária a medicamentos Sinais e sintomas de encefalopatia Sangramentos atribuíveis a uremia Náusea e vômitos persistentes Hipercalemia não controlada Acidose metabólica não controlada Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Técnicas Dialíticas – Contra-indicações Contra indicações para a diálise peritoneal Absolutas - Perda de função peritoneal - Incapacidade física ou mental para execução do método - Condições cirúrgicas não corrigíveis Relativas - Presença de próteses vasculares - Episódios frequentes de diverticulite - Doença inflamatória intestinal ou isquêmica - Vazamentos peritoneais - Intolerância a infusão de volume necessário - Obesidade mórbida Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Objetivos da dietoterapia em diálise (hemodiálise e diálise peritoneal): Retardar a evolução da DRC Recuperar ou manter estado nutricional Minimizar consequências metabólicas da uremia Repor perdas decorrentes da diálise Controlar as alterações metabólicas Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Hemodiálise Hemodiálise O sangue é obtido por um acesso vascular, impulsionado, por uma bomba, para um sistema de circulação extracorpórea onde se encontra um filtro (dialisador). Através de uma membrana semipermeável ocorrem as trocas entre o sangue e o banho de diálise (dialisato) Frequência: 3 vezes por semana por 4 horas Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Hemodiálise - Componentes Acesso vascular; Dialisador; Dialisato Cuidados: - Anticoagulação - Adequação da diálise: Kt / V (clearance fracional) OU URR (taxa de redução da uréia) Kt/V = - In (R – 0.008 x t) + 4 – 3.5 x R) x UF/P Sendo: ln = logaritmo natural; R = uréia pós diálise – uréia pré diálise; t = tempo; UF = volume do ultrafiltrado (l), P = peso pós diálise URR = Uréia pré – Uréia pós x 100 Uréia pré Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica EFICÁCIA DA DIÁLISE: Kt/V da uréia > 1,2 na HD (sessão) e > 2,0 na CAPD (semanal) Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Diálise Peritoneal Diálise Peritoneal (DP) Utiliza a membrana semipermeável do peritônio. Um cateter é implantado cirurgicamente no abdome e no interior da cavidade peritoneal O Dialisado, com alta concentração de dextrose, é inserido dentro do peritônio, onde a DIFUSÃO leva os produtos de excreção do sangue através através da membrana peritoneal e do interior do dialisado. A água movimenta-se por OSMOSE. Este líquido é então retirado e descartado, e uma nova solução é adicionada. Particularidades: Anatomia e Fisiologia Tipos: - Diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC), - Diálise peritoneal cíclica contínua (DPCC) - Diálise peritoneal intermitente noturna (DPIN) Chemin, 2007; Krause, 2010 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Métodos subjetivos AGS Exame físico História médica (sintomas GI gerais) Peso / Variação do peso Antropometria (peso, estatura, CB, circunferência do punho, PCT, PCSE e PCSI Bioimpedância elétrica / Infravermelho próximo Análise bioquímica (albumina – valor desejável >4,0 g/dl; pré-albumina – 15,7 a 29,6 mg/dl; transferrina – 180 a 400 mg/dl; CTL – 1500 a 5000 cel/mm3, PCR - <0,8 mg/dl) Consumo alimentar (recordatório de 24 horas; registro alimentar de 3 a 7 dias) Métodos subjetivos Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica TécnicasDialíticas – Causas de desnutrição Anorexia e consequente baixa ingestão, dietas impalatáveis Perdas de aas e peptídeos: HD (10 a 12 g/sessão) e CADP (3 g/dia) Perda proteíca : HD (1 a 3 g/sessão) e CADP (5 a 15 g/dia) Perda de vitaminas (principalmente hidrossolúveis) Catabolismo intradialítico Acidose metabólica (manter bicarbonato > 22 mmol/L) Aumento dos níveis de citocinas (ptn de fase aguda) Medicamentos Hiperparatireoidismo secundário Cuppari, 2005; Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Técnicas Dialíticas – Causas de desnutrição Distúrbios na absorção de nutrientes Distúrbios hormonais e gastrointestinais Diálise insuficiente Peritonites (principalmente na CAPD, aumenta perda – 50 a 100%/dia) Fatores sociais e psicológicos Biocompatibilidade de membrana em HD e do dialisato em CAPD Doenças associadas (subnutrição, inflamação e aterosclerose) Diminuição da albumina sérica (<3,5 g/dl) e colesterol sérico (<100 mg/dl) Cuppari, 2005; Chemin, 2007 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Tratamento dialítico– Recomendações nutricionais O paciente em procedimento dialítico requer recomendação proteica maior que a de indivíduos normais, em função das perdas de aminoácidos e peptídeos, catabolismo proteico causado pela uremia e bioincompatibilidade da diálise. Baixa ingestão proteica (0,63g/Kg/dia) está associada a aumento da taxa de mortalidade, frequência e número de dias de hospitalização RECOMENDAÇÃO DE PROTEÍNAS (Chemin, 2013; Krause, 2010) Proteína* Hemodiálise Diálise peritoneal Manutenção (g/kg/dia) 1,2 (1,2) 1,3 (1,2-1,5) Baixo peso (g/kg/dia) ou Infecção 1,2-1,4 1,3-1,5 * 50 a 60% de AVB Recomendação para manter balanço nitrogenado positivo Ingestão de proteína pode ser marcada por registro alimentar ou PNA (necessário está com balanço nitrogenado neutro) Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Tratamento dialítico– Recomendações nutricionais Recomendação (Chemin, 2013; Krause, 2010) Energia Hemodiálise Diálise peritoneal Manutenção (kcal/kg/dia) 30-35 (35) 25-35 (30-35) Baixo peso (kcal/kg/dia) >35 (35-50) >35 (35-50) Sobrepeso ou obesidade (kcal/kg/dia) 20-30 20-25 Lipídeos (%VET) AGS (% VET) AGP (% VET) AGM (% VET) 30-35 Até 7 >10 >20 30-35 Até 7 >10 >20 Colesterol (mg/dia) <200 <200 Carboidrato (%VET) 50-60 35 (oral) Fibras (g) 20-25 20-25 Ganho de peso em pacientes na CAPD é resultado da absorção de 600 a 800 kcal/dia provenientes da glicose do dialisato (Krause , 2010) 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Tratamento dialítico– Recomendações nutricionais - Alteração no metabolismo de lipídeos: Aumento do colesterol total e frações Aumento de triglicerídeos (redução da captação periférica devido a diminuição da atividade da LPL e aumento da produção hepática de TG mediada pela hiperinsulinemia) Dietas ricas em carboidrato e lipídeo Diminuição de L-carnitina (alguns autores recomendam suplementação) Diminuição de HDL Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Recomendação de Minerais (Chemin, 2013) Minerais Hemodiálise Diálise peritoneal Potássio (mEq/dia) 40-70 70-140 Sódio (mg/dia) 2000 2000 - 3000 Fósforo (mg/dia)* 800 - 1000 800 - 1000 Cálcio (mg/dia)** <1000 <1000 Ferro (mg/dia)** 10-18 10-18 Líquidos (ml/dia)*** 600 + diurese 24h + Perdas extrarrenais de água Normalmente sem restrição 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica * Peso ideal, desejável ou ajustado ** Avaliar necessidade de suplementação *** 600ml/dia são a diferença entre as perdas de água insensíveis diárias (900ml) e a produção diária de água a partir do metabolismo de carbo e gordura (300ml); perdas extrarrenais (diarréia, aspiração nasogástrica etc) Diálise peritoneal – Recomendações nutricionais Cuidado !!!!!! Alimentos ricos em sódio: sopa industrializada, caldo de carne, queijo parmesão, embutidos, maionese, mostarda, ketchup, margarina, queijos Alimentos ricos em potássio: banana, laranja, melão, abacate, tangerina, água de coco, mamão, acelga, couve, beterraba, batata, massa de tomate, leguminosas, couve-flor, espinafre, berinjela, vagem, mandioquinha, brócolis, abóbora, quiabo, frutas secas, tomate seco, caldo de cana, oleaginosas, calda de compota de frutas, suco de frutas concentrados Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Outras considerações Fatores não dietéticos e condições clínicas que podem promover hipercalemia: Acidose metabólica, obstipação intestinal, uso de inibidores de ECAs, uso de - bloqueadores, estados hipercatabólicos, deficiência de insulina, uso de diuréticos poupadores de potássio, concentração de potássio no dialisato Técnica do remolho reduz em 60% o teor de potássio Hortaliças com baixo teor de potássio: alface, agrião, pepino, repolho, rabanete, pimentão, tomate, cenoura, escarola Frutas com baixo teor de potássio: maçã, laranja-lima, banana- maçã, caqui, jabuticaba, abacaxi, morango, melancia, pêra, ameixa fresca, suco de limão e uva 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Outras considerações Níveis de sódio se mantêm até estágios finais da doença, entretanto este deve ser controlado devido a HAS e em pacientes em HD para reduzir a sede e assim, o ganho de peso interdialítico (que não deve ultrapassar 3 a 5 % do peso seco = 2 a 3 kg) No caso de sede: chupar gelo, frutas em fatias geladas, usar saliva artificial, mastigar gomas esportivas que contém ácido cítrico Limitar o consumo de frutas e sucos a seis porções por dia e produtos lácteos a 1 porção Uso de suplementos de cálcio são utilizados principalmente em dietas hipoproteicas. Usar em horários distantes das refeições Alimentos com elevado teor de fósforo: carnes (bovina, frango e peixe), leite e derivados, pão francês, amendoin, castanha de caju, refrigerantes a base de cola e cerveja Krause, 2010 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Diálise peritoneal – Recomendações nutricionais Recomendação diária de vitaminas (Chemin, 2013) Vitaminas Hemodiálise Diálise peritoneal A e K NÃO SUPLEMENTAR NÃO SUPLEMENTAR E (UI)* 400-800 400-800 B6 (mg) 10 10 B12 (mcg) 2,4 2,4 C (mg) 75-90 75-90 Ácido fólico (mg)** 1 1 Niacina (mg) 14-16 14-16 Biotina (mcg) 30 30 Ácido pantotênico (mg) 5 5 Chemin, 2013 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica * Indicada para DCV ** Aumentar a dose (até 10mg) em casos de hiperhomocisteinemia Outras considerações Uma das várias causas da deficiência de vitaminas é diminuição da ingestão alimentar causada pela restrição de fósforo e potássio Vitaminas hidrossolúveis são geralmente abundantes em alimentos ricos em potássio, como frutas, vegetais e alimentos ricos em fósforo como o leite. As dietas são pobres em B2, B3, B6, C e folacina. Ácido fólico 1 mg/dia Vitaminas lipossolúveis geralmente não estão diminuídas, inclusive os níveis de ptn ligante de retinol (RBP) estão elevados em pacientes renais. Suplementação de vit A não é recomendada Vitamina D pode ser dada na forma ativa de 1,25(OH)2D3 Vitamina K não é recomendada pois muitos pacientes fazem uso de anticoagulante Krause, 2010 4- Doença Renal em Estágio Terminal (DRET) - Doença Renal Crônica Fisiopatologia A formação de cálculos é multifatorial que resulta da supersaturação urinária, nucleação, agregação, retenção e crescimento dos cristais Fatores epidemiológicos: sexo, idade, hábitos alimentares Fatores que contribuem para a supersaturação: Distúrbios metabólicos (hipercalciúria, hiperoxalúria, hiperuricosúria, cistinúria), Alteração do pH urinário, Deficiência dos inibidores da cristalização (citrato, glicosaminoglicanos e nefrocalcina),Redução do volume urinário Cálculo mais comum é de oxalato de cálcio Chemin, 2013 5- Nefrolitíase Fisiopatologia – Tipos de Cálculos Krause, 2010 Causas Composição do cálculo Hiperoxalúria Oxalato de cálcio Hipercalciúria Hiperuricosúria Hipocitratúria Hiperparatireoidismo primário Cistinúria Cistina Cálculos de infecção Estruvita # Alterações do pH urinário Ácido úrico Hiperuricosúria Acidose tubular renal Fosfato de cálcio 5- Nefrolitíase # Estruvita: são formados de magnésio e amônia, e estão relacionados a infecções do trato urinário causadas por bactérias. Representam de 10% a 15% de todos os cálculos renais, Cálcio (Recomendação: 1000 g/dia) Metabolismo do cálcio e do oxalato Oxalato Relação entre cálcio e oxalato na urina 5:1 Ingestão dietética varia de 44 a 930 mg/dia (média de 150 mg/dia) Fonte alimentar - alimentos de origem vegetal, sendo mais biodisponível em: Espinafre, ruibarbo, morangos, farelo de trigo, gérmem de trigo, nozes, amendoim, amêndoas, beterraba, chá (verde, preto), quiabo e chocolate (diferença entre amargo e ao leite) O cozimento em água fervente pode reduzir em até 87% o conteúdo de oxalato solúvel dos vegetais (espinafre e cenoura) enquanto a cocção a vapor pode reduzir em até 53% Avaliar tipo de colonização intestinal: Grande parte do oxalato ingerido é degrado por bactéria intestinais → Oxalobacter formigenes (descarboxilação do oxalato) = excreção urinária de oxalato Não existe comprovação científica para restrição de oxalato Apenas 10 a 15% do oxalato urinário se origina da dieta (em condições de integridade intestinal), sendo o restante proveniente do metabolismo endógeno de vit C Chemin, 2013 5- Nefrolitíase Sódio ↑ ingestão de sódio →↑ calciúria e osteopenia Ingestão não deve ser superior a 9 g/dia (apesar da recomendação ser 6 g/dia) Potássio ↓ ingestão de potássio (< 74 mEq/dia) → ↑ calciúria e ↓ citratúria Ingestão de alimentos ricos em potássio pode exercer efeito benéfico (leguminosas, frutas, vegetais) Vitamina C Fator de risco Metabolização da vitamina C leva a formação de oxalato Consumo de doses superiores a 1 g/dia não deve ser recomendado Carboidrato ↑ calciúria (↓ reabsorção de fosfato) Chemin, 2013 5- Nefrolitíase Citrato Inibidor da formação de cálculo, uso de suco de fruta cítrica Fitato O Fitato dietético influencia fortemente o fitato urinário e evidencia um efeito inibitório na cristalização de oxalato e fosfato de cálcio Um estudo observacional prospectivo (NHSII) mostrou que em mulheres jovens, o fitato dietético relaciona-se inversamente com a incidência de formação de cálculos renais Alguns indivíduos com formação de cálculo de oxalato de cálcio apresentaram baixos níveis de fitato urinário Fontes alimentares: Alimentos ricos em fibras como frutas, vegetais e cereais – Recomendação: 25g fibras/ dia Chemin, 2013 5- Nefrolitíase Fitato é capaz de interagir com o cálcio reduzindo a hipercalciúria, além de prevenir a absorção de oxalato pelo intestino Proteína ↑ ingestão de proteína animal → hiperuricosúria (sobrecarga de purinas), hiperoxalúria (aumento da síntese de oxalato), hipocitratúria (maior reabsorção tubular) e hipercalciúria (sobrecarga ácida- metabolismo de aas sulfurados-, maior reabsorção óssea e aumento da TFG), baixo pH Recomendação: 0,8 a 1,2 g/kg/dia, sendo 50% AVB Purinas Metabolismo final = Ácido úrico Recomendação: 175 mg/dia Evitar: miúdos e vísceras, frutos do mar, e produtos de origem animal Metionina e cisitina Chemin, 2013 5- Nefrolitíase Líquidos Elevada ingestão é recomendada para ↑ volume urinário e ↓ concentração de promotores da cristalização Recomendação: 30 ml/kg/dia, preferencialmente: água, chás, (usar com moderação chá preto e mate – alto teor de oxalato) Sucos, principalmente: cítricos devido a presença de citrato – recomendação 30 mEq/dia = 3 limões ou 30 ml de suco de limão ou 1500 ml de suco de laranja Evitar: Café e álcool Refrigerantes Bebidas isotônicas Chemin, 2013 5- Nefrolitíase - Dietas de cinza ácida: cloreto, enxofre e fósforo contribuem para a formação de ácidos. - Alimentos: Proteína (carne, peixe, aves, frutos do mar), oleaginosas (castanha-do-pará, avelã e nozes), cereais e pães (especialmente de trigo integral), frutas (ameixa, ameixa seca, uva-do-monte), vegetais (milho), leguminosas (lentilha) - Dietas de cinza alcalina: potássio, sódio, cálcio e magnésio contribuem para alcalizar a urina. - Alimentos: frutas (todas exceto ameixas, ameixa seca e uva-do- monte), oleaginosas (nozes, amendoas, castanhas, coco) vegetais (todos, exceto milho e lentilha, especialmente beterraba, acelga, dente-de-leão, couve, folhas de mostarda, espinafre e folhas de nabo), doces (melaço) Krause, 2010 5- Nefrolitíase Leite contribui para as duas categorias Alimentos neutros: gorduras (manteiga, margarina, gorduras para cozinha, óleos), doces (doces simples, açucar, xarope de milho), cereais (araruta, milho e tapioca), bebidas (café, chá) Outros Vitamina B6: redução da formação de cálculos. Recomendação 40 mg/dia Produtos herbais: uva-do-monte aumenta o risco Fibras: o consumo normal (25g) não aumenta o risco Solubilidade do ácido úrico depende o pH da urina: pH < 5,5 é risco de formação de cálculos de ácido úrico Krause, 2010 5- Nefrolitíase Recomendações gerais Dieta individualizada de acordo com o distúrbio metabólico e hábito alimentar Evitar restrição de cálcio Ingestão de cálcio e oxalato devem estar em equilíbrio Adequar a ingestão de proteína animal Evitar alimentos ricos em purinas Evitar a ingestão excessiva de sal Ingestão de potássio deve ser estimulada Suplementos de vitamina C devem ser usados com cautela Ingestão de líquido para produzir pelo menos 2 litros de diurese/dia Chemin, 2013 5- Nefrolitíase Chemin, 2013 Alimentos Oxalato em 100g Porção Oxalato/porção Ruibarbo cozido 860 1 xícara 2081 Espinafre cozido 750 1 xícara 420 Beterraba cozida 675 1 xícara 1147 Nozes pecan 202 1 xícara 222 Amendoim torrado 187 1 xícara 273 Quiabo cozido 146 1 xícara 234 Chocolate amargo 139 1 barra pequena (30g) 42 Chocolate ao leite 47 1 barra pequena (30g) 14 Cenoura cozida 62 ½ xícara (73g) 45 Batata doce cozida 56 1 xícara 184 Café solúvel 33 1 colher de sopa 11 Escarola cozida 31 1 xícara 9 Couve cozida 13 1 xícara 17 Tomate cru 2 1 xícara 5 Berinjela 18 1 xícara 17,28 5- Nefrolitíase Chemin, 2013 Alimentos Cálcio em 100g Porção Cálcio/porção Queijo parmesão 1253 1 colher de sopa 100 Leite em pó integral 912 1 colher de sopa 64 Queijo provolone 755 1 fatia média 227 Queijo prato 721 1 fatia fina 72 Queijo minas fresco 685 1 fatia média 205 Queijo mussarela 517 1 fatia fina 52 Queijo polenguinho 300 1 unidade 60 Neston 550 1 colher de sopa 33 Sardinha em lata 437 1 unidade média 149 Sustagen 308 1 colher de sopa 31 Leite condensado 283 1 colher de sopa 54 Pizza de mussarela 221 1 fatia média 265 Ricota 207 1 fatia média 83 Iogurte desnatado 183 1 pote 457 Iogurte de frutas 169 1 pote 203 5- Nefrolitíase Chemin, 2013 Alimentos Cálcio em 100g Porção Cálcio/porção Nescau 152 1 colher de sopa 15 Espinafre cozido 136 1 colher de sopa 41 Sorvete cremoso 132 1 bola média 79 Leite desnatado 123 1 copo médio 185 Iogurte integral 121 1 pote 302 Agrião cru 120 1 porção de sobremesa 72 Leite integral 119 1 copo médio 179 Brócolis cozido 114 1 ramo médio 34 Requeijão cremoso 80 2 colheres de sopa 30 Couve cozida 72 1 colher de sopa 25 Laranja 40 1 unidade média 60 5- Nefrolitíase Chemin, 2013 Alimentos com excessiva quantidade de purinas (150-1000 mg em 100 g de alimentos) Timo 825 Anchova 363 Sardinha 295 Fígado 232 Rim 200 Miolo 195 Alimentos com grande quantidade de purinas (75-150 mg em 100 g de alimentos) Marisco Coleho Bacon Pato Ganso Truta Peur Bacalhau Carne bovina Língua Porco LentilhaVitela Alimentos com moderada quantidade de purinas (menos que 75 mg em 100 g de alimentos) Feijão Carne de frango Caranguejo Ervilha Ostra Couve-flor Salmão Aspargo Lagosta Espinafre Atum Cogumelo Presunto Aveia 5- Nefrolitíase