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Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Tratamento conservador Hemodiálise Dialise peritoneal Tx renal Doença Renal Crônica (DRC) Atualmente, a DRC tem sido definida como um termo genérico de desordens heterogêneas que afetam a estrutura e a função dos rins presentes por mais de três meses e que tragam implicações para a saúde A definição é baseada em três componentes: 1) Anatômico ou estrutural: (marcador de dano renal) Anormalidade urinária: hematúria glomerular, microalbuminúria, proteinúria, alteração de imagem com cistos renais, anormalidades histológicas e história de transplante 2) Funcional (baseado na taxa de filtração glomerular) 3) Temporal: com base nessa definição apresenta TFG < 60mL/min/1,73m2 OU TFG > 60mL/min/1,73m2 associada a alguma incidência de lesão da estrutura renal A excreção urinária em 24 horas de 30 a 300mg de albumina caracteriza microalbuminúria e valores superiores a 300mg/24 horas caracteriza a proteinúria ou macroalbuminúria A DRC É CLASSIFICADA EM ESTÁGIOS BASEADOS NA TFG E NA EXCREÇÃO DE ALBUMINA NA URINA Estágios de albuminúria persistente (mg/g) A1 A2 A3 Normal a levemente aumentada Moderadamente aumentada Severamente aumentada < 30 30 – 300 > 300 E st á g io s d e T F G (m l/m in /1 ,7 3 m 2 ) 1 Normal ou elevada ≥ 90 - Monitorar Encaminhar 2 Redução leve 60 – 89 - Monitorar Encaminhar 3a Redução leve a moderada 45 – 59 Monitorar Monitorar Encaminhar 3b Redução moderada a grave 30 – 44 Monitorar Monitorar Encaminhar 4 Redução severa 15 – 29 Encaminhar Encaminhar Encaminhar 5 Falência renal < 15 Encaminhar Encaminhar Encaminhar Legenda: Verde: baixo risco (monitorar 1x/ano se presença de DRC); Amarelo: risco moderadamente aumentado (monitorar 1x/ano); Laranja: alto risco (monitorar 2x/ano); Vermelho: risco muito alto (monitorar 3x/ano); Vermelho escuro: risco muito alto (monitorar 4x/ano ou mais) Na ausência de evidencias de dano renal, os estágios 1 e 2 não preenchem critérios para DRC Fonte: Adaptado do KDIGO, 2013 Diagnóstico de Doença renal crônica: Avaliação da função renal - Creatinina Cockcroft-Gault (em desuso) Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Causas de DRC A hipertensão arterial e diabetes mellitos – Brasil e mundo – 60 a 70% Entre as causas com menor frequência estão as glomerulonefrites crônicas, as pielonefrites/nefropatias tubulointersticiais crônicas (infecções, drogas, etc.), as doenças autoimunes (lúpus, vasculites, etc.), as doenças obstrutivas crônicas (litíase real, bexiga neurogênica, etc.) e as doenças hereditárias (doença renal policística, síndrome de Alport, etc.) Risco elevado Risco moderado Portadores de hipertensão arterial sistêmica Portadores de glomerulopatias Portadores de DM Transplantados renais com rejeição crônica Portadores de doença cardiovascular Indivíduos expostos a drogas nefrotóxicas Idosos Portadores de litíase renal, uropatia obstrutiva Indivíduos com história familiar de DRC Indivíduos com infecção sistêmica e neoplasias Perda de néfrons – redução da função renal Aumento de filtração glomerular nos néfrons remanescentes (processo adaptativo) Evidências – lesiva aos néfrons Hiperfiltração Tensão na parede capilar glomerular (hipertensão glomerular) Hipertrofia glomerular (aumento do diâmetro) Essas modificações funcionais e morfológicas resultam em perda de seletividade da membrana dos capilares glomerulares resultando na passagem de macromoléculas, principalmente proteínas O intenso tráfego de PTN ao longo dos túbulos renais desencadeia uma série de respostas imunológicas inflamatórias e hormonais que contribuem para a fibrose renal, levando a subsequente redução do número de néfrons remanescentes Assim, o processo de adaptação que permite a manutenção das funções renais, mesmo após a redução do número de néfrons funcionantes, determina a progressão da doença Outros fatores, como a hiperlipidemia, a retenção de fósforo, a acidose e as próprias toxinas urêmicas podem contribuir para a progressão da lesão renal Nesse processo os túbulos sofrem alterações estruturais e funcionais de forma a manter a homeostase e evitando, ainda que parcialmente, a retenção de excretas e o acúmulo ou depleção de água, sódio, potássio, ácidos, fósforo e outros componentes essenciais ao meio interno No entanto, esses mecanismos adaptativos tem um limite a partir do qual os distúrbios hidroeletrolíticos, metabólicos e hormonais se tornam evidentes desencadeando uma serie de sinais, sintomas e manifestações clínicas características da DRC, particularmente nos estágios mais avançados Principais sinais, sintomas e manifestações clínicas da DRC Neurológica periférica Hematológica e Imunológica Cardiovasculares e pulmonares Redução dos reflexos Anemia Pericardite Fraqueza muscular Sangramento Hipertensão arterial Neuropatia autônoma Disfunção granulocítica Aterosclerose acelerada Cãibras Disfunção dos linfócitos Insuficiência cardíaca Soluço Suscetibilidade a infecções Arritmia Inflamação Edema Edema agudo de pulmão Disfunção endotelial Neurológica central Gastrointestinais Dermatológicos Insônia/sonolência Anorexia, náuseas e vômitos Pele seca Tremor Estomatite, gengivite Prurido Fadiga Soluço Equimoses Dificuldade de concentração Gastrite Conjuntivite Irritabilidade Sangramento digestivo Dificuldade de cicatrização Hálito urêmico Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Metabólicos e hormonais Distúrbios do metabolismo mineral e ósseo Desnutrição energético-proteica Fraqueza muscular Acidose metabólica Hiperparatireoidismo Intolerância à glicose Resistência à insulina Dislipidemia Hipoalbuminemia Hipercatabolismo proteico Redução da libido Impotência Hipotermia Estado nutricional na DRC Desnutrição A prevalência de desnutrição na população de pacientes com DRC é elevada e varia entre 27 e 48% Fatores que contribuem para redução da ingestão alimentar e aumento do catabolismo proteico na DRC Redução da ingestão alimentar Aumento do catabolismo proteico Redução da acuidade do paladar Inflamação crônica Restrição alimentar excessiva Grande número de medicamentos Aspectos emocionais e psicológicos Piora na qualidade de vida Sedentarismo Uremia Hemodiálise: diálise insuficiente ou inadequada Diálise peritoneal: sensação de plenitude gástrica e saciedade Resistência à ação da insulina Acidose metabólica Presença de comorbidades, como diabetes mellitos, hiperparatireoidismo secundário, doença cardiovascular, e de outras menos frequentes como câncer e aids Hiperparatireoidismo Inflamação crônica causada principalmente por: Depuração reduzida de citocinas pró- inflamatórias Periodontite Inflamação do acesso para diálise Incompatibilidade das membranas e da solução de diálise Peritonite Sarcopenia Redução concomitante de massa e função muscular, sendo decorrente primariamente do envelhecimento e secundariamente de outras causas, como enfermidades muscular crônicas e/ou inflamatórios como a DRC DRC varia de 5 a 10% nos estágios 3,4 e 5 não dependentes de diálise e 9,5 a 9,8% naqueles em diálise A sarcopenia bem como a redução isolada da função muscular, se associa com menor sobrevida, maior número de episódios de hospitalização e pior qualidade de vida nos pacientes em HD Logo, a avaliação de massa e função musculares do paciente com DRC tornam-se importantes para rastreamento da sarcopenia na prática clínica Sobrepeso e obesidade Pode ser fator protetor em pacientes dialíticos Tecido adiposo protege do intenso catabolismo Funções dos rins Excreção de produtos finais do metabolismo (ureia, creatinina, ácido úrico, etc.) Manutenção do volume extracelular (balanço de sódio e água) Manutenção da composição iônica do volume extracelular (sódio, cloro, potássio, magnésio, cálcio, fósforo, etc.) Regulaçãoda pressão arterial sistêmica Manutenção do equilíbrio ácido-básico (excreção de ácidos não-voláteis e recuperação de bicarbonato) Produção de hormônios e enzimas (eritropoietina, 1,25 diidroxivitamina D, renina...) Degradação e catabolismo de hormônios (insulina, glucagon, paratormônio, hormônio do crescimento...) Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Objetivos da intervenção nutricional Reduzir os sintomas urêmicos decorrentes do acúmulo de produtos nitrogenados e eletrólitos Prevenir ou minimizar distúrbios metabólicos (hiperpotassemia, hiperfosfatemia, acidose metabólica, resistência insulínica, hiperparatireoidismo secundário, dislipidemia, anemia, doenças cardiovasculares e hipertensão) Retardar o ritmo de progressão da IRC Prevenir e corrigir alterações hormonais e metabólicas Prevenir ou tratar alterações nutricionais, como a desnutrição energético-proteica e a obesidade Propostas terapêuticas para melhor controle da DRC 1. Controle adequado da hipertensão arterial 2. Albuminúria e proteinúria 3. Ingestão proteica 4. Dislipidemia 5. Hiperfosfatemia 6. Hipercalemia 7. Acidose metabólica Sistema renina-angiotensina-aldosterona Furosemida – Diurético – excreta K Excreção relacionada Ao uso de I-ECA Metas de pressão arterial para pacientes com DRC Abaixo de 130 x 80mmHg - Não diabéticos e/ou com proteinúria menor que 1,0g/dia Abaixo de 125 x 75mmHg – Diabéticos e/ou com proteinúria acima de 1,0g/dia Abordagem não medicamentosa Controle de peso Redução do consumo de sal Exercício físico Abandono do tabagismo Controle do estresse - Controle medicamentoso Albuminúria e Proteinúria - Espuma (parecendo clara de ovo) Diz que algo de errado está acontecendo nos rins e costuma ser um dos primeiros sintomas de muitas doenças renais, facilmente detectado com exame de urina Também pode ser um sinal de infecção. Presença de albumina Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Proteinúria Excreção urinária de proteínas (toda semana) > 300 mg por dia Microalbuminúria Excreção urinária de albumina entre 30 e 300mg em 24h Proteína e pressão intraglomerular Restrição na ingestão proteica – reduz a filtração glomerular ESTUDOS Reduz a filtração glomerular de néfrons remanescentes Retardam o aparecimento de proteinúria e glomeruloesclerose Reduz a progressão de doença glomerular estabelecida RESTRIÇÃO PROTEICA O EFEITO PROTETOR É MULTIFATORIAL Diminuição da pressão intraglomerular (diminui a carga sobre os néfrons remanescentes) Redução do consumo de oxigênio em consequência de menor excreção de amônia e fosfatos Diminuição dos lipídeos séricos Redução de fatores mitogênicos e de crescimento, redução da produção de citocinas inflamatórias (reduz o estresse oxidativo renal) Redução na geração de produtos nitrogenados tóxicos e íons inorgânicos responsáveis pelos distúrbios clínicos e metabólicos característicos da uremia Prevenção e tratamento do hiperparatireoidismo secundário (reduz os níveis de paratormônio) Melhora a proteinúria Potencializa os efeitos dos inibidores da enzima de conversão da angiotensina Diminui a probabilidade de morte e início da terapia renal substitutiva Melhora a sensibilidade à insulina Há adaptação metabólica diante da ingestão proteica Não causa desnutrição quando bem implementada Melhora o perfil lipídico e a acidose metabólica e hipercalemia Não existem razões objetivas para não se recomendar a redução na ingestão proteica para a maioria dos pacientes com DRC Proteínas da Soja Soja (fitoestrógenos) – isoflavonas efeito protetor renal, diminuição da proliferação celular e de matriz extracelular, inflamação e estresse oxidativo Fonte proteica que parece melhor retardar a progressão da doença renal Quando iniciar a dieta HIPERPROTÉICA A recomendação de quando iniciar a dieta e do quanto prescrever de proteínas para os pacientes com DRC se baseia nos seguintes critérios: Grau de DRC Presença de progressão da DRC Grau de proteinúria Uso ou não de glicocorticoides Doença renal crônica discreta ou leve – Estágios 1 e 2 (TFG 60 a 89 ml/min) Esses pacientes geralmente apresentam creatinina sérica em torno de 2mg/dl Não é recomendado reduzir a ingestão proteica abaixo da DRI (dietary reference intakes) a não ser que haja sinais de progressão da DRC (0,8 a 1,0g/Kg/dia) O objetivo nessa fase é controlar a pressão arterial e outros fatores como hiperlipidemia Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais In: Riella, MC, Martins, C. Nutrição e o rim. 2013) Doença renal crônica moderada – Estágio 3 (TFG 30 a 59 ml/min) É geralmente recomendada iniciar uma dieta com 0,6 a 0,8g/Kg/dia de proteínas sendo 2/3 de alto valor biológico (carne, peixes, ovos), juntamente com um controle rigoroso da pressão arterial Para os diabéticos com DRC, recomenda-se uma ingestão proteica de 0,8 a 1,0g/Kg/dia de proteína de alto valor biológico No caso de progressão da DRC na vigência dessa dieta Hipoproteica convencional em torno de 0,6g/Kg/dia, pode ser recomendada uma dieta vegetariana (0,3g/Kg/dia) (PTN VEGETAL), suplementada com aminoácidos essenciais ou cetoácidos A restrição de fósforo é essencial, mas felizmente, isso se consegue, facilmente com a restrição proteica In: Riella, MC, Martins, C. Nutrição e o rim. 2013) Doença renal crônica avançada grave e terminal – Estágios 4 e 5 (TFG < 29 ml/min) Ambas as dietas recomendadas para a DRC moderada podem ser indicadas nessa fase. Elas reduzem os sintomas urêmicos e as complicações metabólicas da uremia, e pode haver um retardo no declínio das funções renais residuais É importante lembrar que os pacientes com < 10 ml/min de TFG estão mais sujeitos à desnutrição In: Riella, MC, Martins, C. Nutrição e o rim. 2013) Recomendações Proteína Estágio 1 e 2 (TFG > 60 ml/min) Normal (0,8 a 1g/Kg/dia) Estágio 3 (TFG entre 59 a 30 ml/min) 0,6 a 0,75 (b) g/Kg/dia Estágio 4 (TFG entre 29 e 15 ml/min) 0,6 a 0,75 (b) g/Kg/dia ou 0,3g/Kg/dia suplementada com AAE e cetoácidos Estágio 5 (TFG < 15 ml/min) 0,6 a 0,75 (b) g/Kg/dia ou 0,3g/Kg/dia suplementada com AAE e cetoácidos In: Cuppari L, Nutrição na Doença Adulto 2019 Diabetes compensado 0,6g/Kg/dia Diabetes descompensado 0,8g/Kg Proteinúria > 3g/24horas 0,6 a 0,8g/Kg/dia 0,8 + 1g de proteína para cada grama de proteinúria In: Cuppari L, Nutrição na Doença Adulto 2019 Cetoácidos Análogos de AAE sem o N (não formam uréia) ↓ Disponibilidade de N → ↓ formação de compostos nitrogenados tóxicos provenientes de seu metabolismo Benefícios da terapia com cetoácidos ↓ + acentuada de sintomas urêmicos ↓ acidose metabólica ↓ hiperfosfatemia ↓ resistência à insulina Limitações Difícil adesão à dieta Hipoproteica (vegetal) Custo elevado Um comprimido para cada 5Kg de peso IMPORTANTE: Ingestão calórica ↑ Aporte energético – Poupador de PTN ↓ Ingestão – Balanço nitrogenado (-) Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Recomendações de energia na fase não dialítica > 60 anos 30 a 35Kcal/Kg/dia < 60 anos 35 Kcal/Kg/dia Carboidratos 50 a 60% do VET Lipídios 25 a 35% do VET Dislipidemia 20 a 70% - Estágio 3 O perfil lipídico clássico do paciente com DRC nos estágios 4 e 5: Anormalidades apolipoproteínas do que no perfil lipídico A principal alteração metabólica: retardo no catabolismo das lipoproteínas ricas em TG (↑ TG) Hiperlipoproteinemia IV (SM, DM) ↑ VLDL e da IDL LDL normal ou levemente ↓ ↓ HDL Apolipoproteína↓ relação ApoA-I/ApoC-III Piora na função renal, predisposição genética, gênero masculino, terapia com esteroides e proteinúria são fatores que agravam a hiperlipidemia na DRC Consequência → Doença renal Influências genéticas e alimentares Uso de medicamentos Outras condições médicas Ou outros fatores de risco vasculares associados Fator atuante na progressão da doença renal Glomeruloesclerose e lesões tubulointersticiais associados à ateroesclerose acelerada Os níveis alvo para os pacientes com DRC Colesterol total < 200mg/dL LDL-colesterol < 100mg/dL HDL-colesterol > 40mg/dL Triglicerídeos < 150mg/dL As recomendações para o alcance dessa meta incluem: Uso de estatina (se o LDL estiver acima de 100mg/dL e os triglicerídeos abaixo de 500mg/dL) Mudança de estilo de vida Uso de fibrato, se os triglicerídeos estiverem acima de 500mg/dL Não está indicado, o uso concomitante de estatinas e fibratos, por causa do aumento do risco de lesão muscular Atenção Além dos níveis de CT e frações e TG, devem-se monitorar as concentrações de cretinofosfoquinase (CPK) e transaminase glutâmico-pirúvica (TGP) ATENÇÃO para os efeitos colaterais principais das medicações antilipemiantes, como intolerância gastrointestinal, rabdomiólise e hepatotoxicidade Projeto diretrizes 2011 A avaliação global subjetiva (AGS), que inclui dados da história e do exame físico, tem sido amplamente empregada para a identificação da desnutrição de pacientes com DRC A AGS original parece ser acurada para a avaliação do estado nutricional de pacientes na fase não dialítica É importante ressaltar que, tanto as medidas antropométricas quanto as bioquímicas, empregadas devem ser obtidas e acompanhadas com cuidado Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Vários distúrbios da doença per se podem alterar os resultados laboratoriais sem que isso signifique, necessariamente, distúrbio nutricional Nesse aspecto, destacam-se as alterações do peso corporal em decorrência dos distúrbios do balanço hídrico Esse fator pode, também, influenciar na concentração sérica de vários marcadores proteicos, entre eles, da albumina. Além disso, a concentração sérica da albumina pode estar baixa devido a diminuição da síntese hepática, em consequência da ativação da resposta inflamatória A ingestão proteica pode ser estimada a partir de testes bioquímicos, como pelo equivalente proteico do aparecimento de nitrogênio Avaliação nutricional Recomendação: A combinação de métodos História global e alimentar (recordatório alimentar 24 horas ou registro alimentar de três dias) Exame físico detalhado Medidas antropométricas e os testes bioquímicos, deve ser empregada para avaliação do estado nutricional de pacientes com DRC na fase não-dialítica Terapia de nutrição oral Risco nutricional ou desnutrição estabelecida quando não é possível atender às necessidades por meio de alimentação adequada Déficit calórico – Módulos de CHO Suplementação oral representa até 20% a 25% das necessidades de energia por tempo inferior a 30 dias – Fórmulas padrão Suplementação oral representa mais que 25% das necessidades de energia por tempo inferior a 30 dias – Fórmulas especializadas Terapia de nutrição enteral A terapia nutricional via sonda pode ser considerada para pacientes hipercatabólicos ou com algum impedimento para a alimentação oral Fórmulas especializadas podem ser empregadas para pacientes com indicação de terapia nutricional via sonda e função renal residual baixa Terapia de nutrição parenteral Deve ser reservada para indivíduos sem possibilidade de utilização segura do trato gastrointestinal Hemodiálise e Diálise Peritoneal Indicação: pacientes com IRC terminal, que apresentam sintomas de uremia e aqueles em que o tratamento conservador não é capaz de manter a qualidade de vida sem prejuízo do seu estado nutricional ou agravamento de complicações crônicas da uremia Modalidades de diálise: Hemodiálise (HD) Diálise peritoneal intermitente (DPI ou IPD) Diálise peritoneal ambulatorial continua (CAPD) Diálise peritoneal automática (DPA) Hemodiálise Na HD o sangue obtido de um acesso vascular é impulsionado por uma bomba para um sistema de circulação extracorpórea onde se encontra um filtro (capilar) Removem substâncias indesejáveis, mas não é capaz de restaurar a função renal HD – Sistema fechado 1. O sangue sai do paciente através da linha arterial 2. O sangue passa pelo dialisador 3. O sangue retorna para o paciente através da linha venosa Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Acessos hemodiálise: Fístula arteriovenosa Cateter duplo lúmen em veia central (subclávia, jugular ou femoral) Acesso diálise peritoneal: Cateter tenckhoff Diálise peritoneal Remoção de metabólitos, eletrólitos e água por meio de um cateter utilizando a cavidade peritoneal, onde a membrana peritoneal é usada como filtro Uma solução hiperosmolar de glicose, sódio, potássio, cálcio, magnésio, lactato e cloro é infundida na cavidade peritoneal. Devido a ↑ osmolaridade ocorre remoção de líquidos e metabólitos por transporte passivo DPI (Diálise peritoneal intermitente) Não é muito utilizada Realizada normalmente 2x por semana (18 a 24 horas) Utilizada quando o paciente não possui acesso venoso e/ou não tem condições para realizar a CAPD CAPD (Diálise peritoneal ambulatorial continua) 4 trocas manuais diárias APD (Diálise peritoneal automatizada) Método + moderno Clicadora Realizado à noite Maior flexibilidade durante o dia Menor manipulação do cateter Indicação: idosos, crianças, pacientes com doença cardiovascular avançada, acesso a circulação difícil ou não confiável, diabéticos OBS: O potencial para episódios de hipotensão é menor na DP por não existir comprometimento direto do volume vascular durante a diálise Principais problemas nutricionais Perda proteica (hipoalbuminemia) Absorção de glicose (hiperglicemia, hipertrigliceridemia) APD – menos absorção – tempo de permanência do dialisato é menor Quantidade de glicose absorvida através do dialisato estimada em 20 a 30% da ingestão calórica usual do paciente TABELA HD – DP Hemodiálise Diálise Peritoneal Acesso Fístula AV Cateter tenckhoff Membrana Artificial Solução de diálise Na, K, Ca, Mg, Cl, HCO3 Gli. 1,5, 2,5 e 4,5% Na, K, Ca, Mg, Cl, lactato Frequência 3x/semana – dias alternados Diariamente Perda de proteínas < 3g/sessão 5 – 15g/dia Perda de aa 10 a 12g/sessão 3g/dia Terapia nutricional para pacientes em hemodiálise e diálise peritoneal Objetivos do manejo nutricional: Alcançar e manter um bom estado nutricional Prevenir ou melhorar a toxicidade urêmica e de outros distúrbios metabólicos influenciados pela nutrição Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Principais alterações relacionadas a nutrição 1. Desnutrição energético-proteica 2. Hipertensão 3. Dislipidemia 4. Hipercalemia 5. Hipervolemia 6. Hiperfosfatemia Desnutrição energético proteica Processo de desnutrição – multifatorial Anorexia Distúrbios hormonais Catabolismo relacionado a diálise Anemia Acidose metabólica Inflamação Anorexia – causas Dialise inadequada (toxicidade urêmica) Efeitos debilitantes da doença renal crônica Dentição deficiente Restrição alimentar (limitação da escolha e palatabilidade) Inflamação Fatores psicológicos (depressão, frustração) Gastroparesia (diabéticos) Medicações Efeitos da hemodiálise: instabilidade cardiovascular, náuseas e vômitos, fadiga pós-diálise Efeitos da diálise peritoneal: desconforto abdominal, absorção de glicose e aminoácidos, peritonites Distúrbios Hormonais Menor taxa de anabolismo resultante da atividade diminuída de hormônios como a insulina e os IGFs (insulin- like Growth factors) ↑ Hormônio catabólico – glucagon ↑ Hormônio da paratireoide – PTHCatabolismo relacionado a diálise Pacientes em HD e DP ↑ necessidades proteicas ↓utilização da PTN ingerida HD e DP – Per se – procedimento catabólico Degradação proteica aumentada – uso de membranas bioincompatíveis IMPORTANTE: Ingestão calórica ↑ Aporte energético – Poupador de PTN ↓ Ingestão – Balanço nitrogenado (-) Anemia –síntese renal Produção diminuída do hormônio eritropoietina (função – estimular a hematopoese) Deficiência de ferro: Perda de sangue através do dialisador Sangue oculto nas fezes Necessidade de coleta para testes laboratoriais (suplementação – oral e/ou venosa) Obs.: Ferritina ↑ – Sinal de inflamação Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Acidose metabólica Induz o catabolismo proteico corporal e induz o balanço nitrogenado (–) em pacientes IRC Induz a resistência à insulina, desmineraliza os ossos, diminui a sensibilidade ao PTH e a concentração do cálcio sérico Bicarbonato sérico em diálise próximo a 24mmol/l, através de ajustes do banho de diálise ou suplementação de bicarbonato por via oral Restrição de sódio/sal Melhor controle da pressão arterial Melhor eficiência dos anti-hipertensivos Diminui a sede – menor retenção hídrica e controle de edema periférico Melhor controle do ganho de peso interdialítico Condimentos permitidos Alho Canela Cebola Cebolinha Colorau Cravo da índia Gengibre Hortelã Louro Manjericão Mostarda (folha seca) Noz moscada Orégano Páprica Pimenta Salsinha Sávia Curry Tomilho Cúrcuma Recomendação de sódio para pacientes com DRC Fase não dialítica e HD 2.000 a 2.300 mg/dia Diálise peritoneal 2.000 a 3.000mg/dia CAPD – perde mais +ptn Dislipidemia Os pacientes em HD crônica apresentam risco elevado e a dislipidemia pare ser um dos principais fatores Níveis elevados de TG e VLDL-c, acúmulo de IDL e níveis reduzidos de HDL e LDL-c Fatores que contribuem para hipercalemia Taxa de filtração glomerular inferior a 30ml/min/1,73m2 Acidose metabólica Utilização de inibidores de ECA e betabloqueadores Uso de diuréticos poupadores de potássio Condições de hipercatabolismo Constipação crônica e grave Elevada concentração de potássio na solução de diálise Deficiência de insulina ou hiperglicemia Medicamentos que ↑ K CAPD Anormalidades e mecanismos são similares a HD, Níveis plasmáticos + elevados CT, TG, LDL e ApoB do que os em hemodiálise ↑ TG pode estar ainda mais acentuada - Consequência da hipoalbuminemia - Aumento na absorção da glicose ↑ TG - Defeito no catabolismo de lipoproteínas ricas em TG, como do VLDL-c e do IDL- c Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Droga Nome comercial Classe Ação Espirolactona Aldactone Aldazida* Diurético Antagonista de aldosterona Amiloride Modurect* Amilorid Diurético Bloqueador dos canais de sódio no ducto coletor& Captopril Enalapril Lisinopril E outros Captopen Renitec Zestril E outros Hipotensor Inibidor da enzima de conversão da Angiotensina I em Angiotensina II resultando em Hipoaldosteronismo Losartan Valsartan E outros Cozaar Diovan E outros Hipotensor Bloqueador do receptor AT1 da Angiotensina II resultando em Hipoaldosteronismo Timetropim Bactrim* Antibiótico Bloqueador dos canais de sódio no ducto coletor& Heparina Heparina Liquemine Anticoagulante Inibidor da secreção da aldosterona * quando o medicamento é composto por associação de drogas & o ducto coletor corresponde às porções distais do néfron Hipercalemia – Sinais e Sintomas Neurológicos Insuficiência respiratória Cardiovascular Hipocalemia IRC: Rara mas pode ocorrer: Com distúrbios no sistema digestório (vômitos, diarreias) Em uso excessivo de diuréticos espoliadores de potássio (”Lasix”) Em uso de broncodilatadores β estimulantes (Salbutamol, Berotec e outros). Nestes casos, estas drogas induzem a entrada do potássio para o meio intracelular Em restrição dietética excessiva E em situações de Doenças Tubulares como no caso da Doença de Fanconi Restrição de potássio A hiperpotassemia ou hipercalemia é geralmente definida quando a concentração de potássio está superior a 5,5mEq/L e sua principal consequência é a ocorrência de arritmias cardíacas Tratamento conservador TFG abaixo de 30ml/min Potássio sérico maior que 5mEq/L Hemodiálise e diálise peritoneal Potássio sérico maior que 5,5mEq/L Recomendação de potássio para pacientes com DRC Fase não dialítica e HD 50 a 70 mEq/L 1.950 a 2.730 mg/dia (em torno de 3g) Diálise peritoneal 70 a 100 mEq/L Método para redução de potássio nos alimentos Cocção dos vegetais e tubérculos em água ↓ 59% a concentração do K no primeiro cozimento 20% após o desprezo da segunda água Reduz o teor de potássio em média de 79% preservando a aparência e a consistência dos alimentos Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Alimentos - ↑ Potássio Frutas: laranja pera, abacate, banana, banana prata, melão, uva, goiaba vermelha, coco, água de coco, cana, caldo de cana Hortaliças e tubérculos: tomate, beterraba, batata inglesa, macaxeira, batata doce Leguminosas e oleaginosas: feijão preto, feijão mulatinho, amendoim, castanha Outros: café solúvel, chá, sopas, leite de coco, frutas secas, tomate seco, extrato de tomate, chocolate, caldas de compotas de fruta, sucos de fruta concentrado Proibido – Sal dietético (cloreto de potássio) Hortaliças São grupos de vegetais cultivados em horta, onde partes como raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes, são consumidas pelos humanos como alimento Quanto a sua forma de consumo, as hortaliças classificam-se: Hortaliças tuberosas Partes consumidas crescem dentro do solo Bulbos – cebola e o alho Tubérculos – cará e batata-doce Raízes tuberosas – cenouras e beterrabas Rizomas - inhames Hortaliças herbáceas Parte consumidas estão acima do solo Folhas: alface, almeirão, taioba, repolho Talos e hastes: aipo, aspargos e funcho Flores: couve-flor, alcachofra e brócolis Hortaliças – fruto Partes aproveitáveis para o consumo são os frutos Melancias, quiabos, ervilhas, pimentões, tomates, jilós, entre outros Outra classificação Hortaliças divide-se em dois grupos: Verduras – partes comestíveis de vegetais como folhas, flores e hastes Legumes – vegetais que as partes consumidas e apreciadas são os frutos, as sementes e partes que crescem no solo como mandioca Relação de alimentos quanto à concentração de potássio Quantidade baixa (0 a 100mg em 100g de alimento) Hortaliças: brócolis, broto de feijão, pimentão, repolho cru Frutas: caju, cereja, limão, jabuticaba, lima, maracujá Quantidade média (101 a 200mg em 100g de alimento) Hortaliças: agrião, alface, aspargo, berinjela, cebola, couve, milho, palmito, pepino, quiabo, repolho Frutas: abacaxi, abacate, ameixa seca, amora, figo, goiaba, melão, laranja, maçã Quantidade alta (201 a 350mg em 100g de alimento) Hortaliças: abóbora, abobrinha, acelga, beterraba, chuchu, tomate Frutas: banana, damasco, mamão, pera cristalizada, pêssego Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Carambola Ingestão pode levar a sintomas neurológicos, podendo ser fatal Sintomas: 2,5 a 14h após ingestão – dormência nos membros, soluço persistente, distúrbio de consciência, diminuição da força muscular, dispneia e parestesia Alimentos durante a hemodiálise Porque não aproveitar o tempo do procedimento dialítico para melhorar o estado nutricional e a qualidade de vida dos pacientes? 1. Controle de infecção 2. Risco de hipotensão ↑ Líquidos - Ganho excessivo de peso interdialítico – DH e DP complicada: Hipotensão Câimbras musculares Náuseas Cefaléia Edema agudo de pulmão Peso seco (PS) Menor peso (pós-HD) com o qual o paciente apresenta-se clinicamente bem Usado como referência para retirada de líquido duranteuma sessão de HD Clinicamente é avaliado ao final de uma sessão de diálise quando o paciente não apresenta: 1. Hipotensão 2. Sinais clínicos de sobrecarga hídrica Deve ser avaliado regularmente Recomendação de líquidos e GPID na Hemodiálise Ganho de peso interdialítico (GPID) = diferença entre o peso pré diálise e o peso pós diálise da diálise anterior GPID desejável – 3 a 5% ou 4 a 4,5% ou 2 a 4,5% do peso seco Ingestão hídrica 500mL + volume urinário de 24 horas Clima quente, febre, diarreia, superfície corpórea – 750mL + volume urinário de 24 horas O excesso de GPID tem relação com a não aderência à restrição de sódio e líquidos Água nos alimentos A água dos alimentos contribui com aproximadamente 500 a 800mL de líquido por dia e não está incluída na recomendação hídrica diária Frutas e hortaliças: 90% de água Carnes tem em torno: 50% Controle de infecção • O procedimento hemodiálitico envolve sangue, e os alimentos podem se tornar grande veículo de transporte de microorganismos. • Ressalta-se o risco de contaminação cruzada, como de hepatite Hipotensão • Durante a digestão, o sangue é direcionado para o estômago e intestinos • O procedimento dialítico o envia para fora do corpo, para ser dialisado. Essa discrepância pode, rapidamente, promover episódios de hipotensão Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Alimentos líquidos congelados ou à temperatura ambiente (gelo, gelatina, sopas, sorvete), água ou outro veículo utilizado para tomar medicamentos Evitar consumo excessivo de líquidos e sucos e refrigerantes adoçados, tomar água bem gelada ou chupar pequenas pedras de gelo ou diminuir o tamanho dos copos e das xícaras PS Em caso de intervenção nutricional o PS deve ser avaliado mais frequentemente Em geral a avaliação é mais acurada após 60 dias do início do programa Dialise peritoneal – PS É medido após drenagem do dialisado Sem o paciente apresentar edema Método de determinação impreciso e não leva em consideração as alterações no estado nutricional do paciente - Grau de imprecisão (PS superestimado): Sobrecarga crônica de volume com pobre controle da pressão arterial Pacientes em diálise 80% dos casos de hipertensão são devido a Hipervolemia crônica Hipertensão – grande preditor de morte em diálise Distúrbio mineral e ósseo – É o termo usado para definir uma variedade de alterações clínicas, bioquímicas e ósseas, além das calcificações extra ósseas, geralmente observadas na DRC Osteodistrofia renal (OR) – É o termo usado para descrever as alterações ósseas decorrentes dos distúrbios do metabolismo mineral nos pacientes com DRC Regulação normal dos níveis séricos de Cálcio e Fósforo PTH (paratormônio) = manutenção da calcemia Rins = regulação através da TFG Intestino = absorção através da ingestão alimentar Osso = grande reservatório Vitamina D (calcitriol) (ativa) = ↑ absorção intestinal de Ca e P e inibe a secreção de PTH Níveis de fósforo normais – 2,5 e 4,5 mg/dL Ingestão diária média na alimentação ocidental – 800 e 1500mg Excreção renal – 70% TGI – 30% ↑TFG ↓ CREATININA Níveis de cálcio normal – 8,8 e 10,5mg/dL Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Ingestão diária na alimentação – 400 a 1600mg Apenas cerca de 25 a 45% são absorvidos RIM – principal via de excreção Variação de acordo com a idade Intestino excreta – 1300mg/dia Regulação normal dos níveis séricos de cálcio e fósforo Em indivíduos com rins saudáveis, os níveis séricos normais de fósforo e cálcio se mantêm pela interação do hormônio paratireoide (PTH) com o 1,25(OH)2D3(calcitriol), que é o metabólito ativo da vitamina D3. A função básica do PTH é manter a homeostase do cálcio. Esse hormônio age diretamente nos ossos e nos rins e indiretamente no intestino, devido aos efeitos que exerce na síntese do calcitriol, para aumentar o cálcio sérico (Figura 1). As elevações dos níveis séricos de PTH aumentam a taxa de dissolução óssea e com isso mobilizam o cálcio e fósforo provenientes dos ossos, enviando-os ao plasma. O PTH também aumenta a reabsorção renal do cálcio e diminui a reabsorção tubular do fósforo. Nos indivíduos saudáveis esse aumento dos níveis de PTH em resposta à hipocalcemia restaura efetivamente os níveis séricos de cálcio e mantém os níveis séricos de fósforo. Figura 1. Inter-relação no metabolismo do cálcio e do fósforo: resposta homeostática normal à diminuição do cálcio sérico. Observação: Os itens assinalados em verde-claro são afetados diretamente pela diminuição da função renal. Fonte: Dra. Sharon M. Moe Embora a vitamina D seja em si inativa, é metabolizada no organismo na sua forma ativa, o calcitriol, que tem inúmeros efeitos importantes. A função mais importante deste composto é exercida no intestino delgado, onde regula a absorção intestinal do cálcio e, em menor grau, do fósforo. Além de exercer um efeito nos níveis de cálcio, o calcitriol suprime diretamente a síntese do PTH e pode ser importante para o turnover ósseo normal. A enzima 1 -hidroxilase transforma a 25(OH)-vitamina D3 em calcitriol no rim. O aumento da secreção de PTH em resposta aos níveis Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Na DRC – TFG - < 20 – 25 ml/min PTH – ↑ Reabsorção de cálcio renal ↓ Reabsorção tubular de fósforo PTH – não consegue aumentar a excreção de fósforo, estabelecendo HIPERFOSFATEMIA Consequências da Hiperfosfatemia Aumento do risco de mortalidade Fibrose cardíaca Elevação do produto cálcio e fósforo Anormalidades hemodinâmicas Calcificação visceral Calcificação vascular (pode impedir Tx) Hipertensão, doença vascular aterosclerótica Prurido Disfunção sexual Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Sobrecarga de cálcio Calcificação metastática Combinação de Ca com o ↑ do nível sanguíneo de P – saturação e precipitação de Fosfato de Ca – acúmulo nos tecidos moles (pele, olhos, joelhos, cotovelo, pulmões...) Produto Ca X P ≤ 55 Sinais e sintomas da hiperfosfatemia Prurido Olhos vermelhos Dores ósseas Calcificações em tecidos moles Distúrbio mineral e ósseo Formas: Turnover alto (alta remodelação) (Formação e reabsorção óssea acelerada) ↑ PTH Osteíte fibrosa – Hiperparatireoidismo secundário Turnover baixo (baixa remodelação) ↓ PTH e de células formadores e depositoras do osso Osteomalácia e doença adinâmica - O rim exerce papel fundamental na homeostase do fósforo Controle dos níveis séricos de fósforo Dieta Terapia com vitamina D Quelantes de fósforo que contêm cálcio Cálcio do dialisado ABORDAGEM INTEGRADA QUELANTES (adequados) Dieta DIÁLISE (duração da terapia) Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Biodisponibilidade/absorção Alimentos de origem animal Derivados do leite – 60 a 90% Carnes e ovos > 70% Alimentos de origem vegetal Leguminosas, cereais, oleaginosas <? (Grande fração em forma de Fitato?) Aditivos alimentares a base de fósforo – 100% Subestimação no cálculo do fósforo ingerido de 20 a 30% Restringir Alimentos Ricos em Fósforo Leite e derivados Gema de ovo Peixe Fígado Refrigerantes a base de cola Embutidos Integrais Chocolate Cerveja Amendoim, castanha, nozes Aditivos alimentares a base de fósforo Salsicha, hambúrguer, nuggets Produtos instantâneos (pudins, purês) Queijos processados Bebidas Tortas e bolos prontos RECOMENDAÇÕES DE CÁLCIO E FÓSFORO PARA PACIENTES COM DRC Fase não dialítica HD CPAD Fósforo mg ≈ 700 800 a 1000 800 a 1000 Cálcio mg 1400 a 1600 Máximo 2000* Máximo 2000* *dieta + quelantes de P à base de cálcio * apenas quelantes não deve exceder 1500 ou > 1000mg (s/quelantes) OBS: Cada comprimido contém 200mg de cálcio elementar Fonte: inLilian Cuppari – Nutrição no Adulto 2019 DIMINUIR Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais RECOMENDAÇÕES DE CÁLCIO E FÓSFORO PARA PACIENTES COM DRC Fase não dialítica HD CPAD Fósforo mg 800 ou < 10mg/Kg/dia 800 a 1000 ou ≤ 17mg/Kg < 1000 a 1200 ou <17mg/dia Cálcio mg 1000 a 1500 <1000* ≤ 2000 Ca elementar (dieta + quelantes) * avaliar a necessidade de suplementação OBS: Cada comprimido contém 200mg de cálcio elementar Fonte: in Riella e Martins. Nutrição e o rim 2013 Pacientes em HD ou CAPD – aporte de PTN ↑ 1,2g/Kg/dia – aporte fósforo ↑ 800mg/dia Relação entre ingestão dietética de proteína e fósforo Ingestão de proteína (g/Kg/dia) Conteúdo de fósforo (mg/dia) > 1,2 1353 ± 272 1,0 – 1,2 1052 ± 219 0,8 – 1,0 936 ± 217 0,6 – 0,8 831 ± 142 < 0,6 599 ± 105 Aporte proteico e calórico adequado Proteínas Alimentos proteicos pobres em fósforo (hiperfosfatemia) Clara de ovo, albumina em pó, caseinato, proteina do soro do leite Calorias Maltodextrina Mel de abelha, mel de glucose de milho Azeite de oliva, óleos vegetais Dietas e suplementos padrão ou especifica para pacientes renais dependendo do estadiamento Quelantes de fósforo Hidróxido de alumínio (proscrito) Carbonato de cálcio (40% Ca) Acetato de cálcio (25% Ca) Sevelamer (s/cálcio) Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais O acetato e cálcio contem 25% de cálcio elementar e 200mg do acetato quela aproximadamente 17mg de fósforo O carbonato de cálcio possui 40% e 200mg de carbonato quela apenas 9mg de fósforo Ambos acarretando absorção intestinal de cálcio (principalmente o carbonato de cálcio) e, consequentemente aumento no nível sérico de cálcio que é um dos principais efeitos colaterais desses medicamentos, além dos distúrbios gastrointestinais Os quelantes devem ser ingeridos junto as refeições ou imediatamente após, em quantidades proporcionais à quantidade de fósforo na dieta, a qual deve ser analisada por um NUTRICIONISTA O uso irrestrito de saís de cálcio deve ser limitada devido ao risco de hipercalcemia, aumento do produto Ca x P, supressão do PTH e progressão da calcificação vascular A introdução no mercado de um quelante de fósforo livre de cálcio e alumínio (Sevelamer) tem se mostrado eficaz no controle da hiperfosfatemia e da progressão da calcificação de tecidos moles Tem a vantagem de não ser absorvível e pode ser usado na dose de 800 a 1200mg às refeições com alimentos que são fontes de fósforo Vitamina D e análogos de vitamina D A deficiência absoluta da forma ativa da vitamina D [1,25(OH)2D3] ou calcitriol assume papel central na gênese do HPS Calcitriol - hipercalcemia e/ou hiperfosfatemia, com consequentes calcificações extra ósseas HD – PTH não devem estar 2 vezes abaixo ou 9 vezes acima do limite superior da normalidade para o método A monitorização dos níveis de PTH deve ser constante (no mínimo, a cada 3 meses) Calcitriol Contraindicado na vigência de hiperfosfatemia (fósforo sérico acima de 5,5 mg/dL), hipercalcemia Níveis de PTH reduzido abaixo de 150pg/mL A redução excessiva do PTH, associada a ação óssea do calcitriol, pode favorecer o desenvolvimento da doença óssea adinâmica Vitamina D e análogos de vitamina D (Ativadores seletivos da VDR) Novos análogos da vit D, como o alfacalcidiol, o paricalcitol e o oxacalcitriol, foram desenvolvidos visando a redução dos níveis de PTH, com menor ocorrência de efeitos colaterais como a hipercalcemia e a hiperfosfatemia Efeitos da vitamina D fora do eixo cálcio-PTH Controle do sistema renina-angiotensina A secreção da insulina Modulação do sistema imune TRATAMENTO DIÁLITICO NÃO possui boa eficácia no clareamento do fósforo Maior depuração 30 a 90 minutos Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Fibras HD – CAPD e Tratamento Conservador 20 a 30g Farelo de aveia Farelo de trigo Frutas laxantes com baixo teor de K (Laranja cravo, laranja mimo, abacaxi, manga espada) Suplementação vitamínica para HD e CAPD Vitaminas hidrossolúveis – diminuídas (dialisáveis) – Deficiência de C, B12, B6 e ácido fólico Deficiência de vitamina C Deficiência de C, B12, B6 e ácido fólico Associada a níveis séricos elevados de homocisteina Homocisteina Potente agente aterosclerótico doença vascular precoce Derivada do metabolismo da metionina ou transformada novamente em metionina Paciente IRC Aterosclerose Concentrações de homocisteina geralmente estão elevadas O acúmulo da homocisteina – deficiência de qualquer uma das várias enzimas ou cofatores do metabolismo da metionina (B12, B6 e ácidos fólico – cofatores) – Suplementação (Reduz, porém não normaliza as concentrações séricas de homocisteina) Suplementação é individualizada As vitaminas lipossolúveis (A, E, K) usualmente não requerem suplementação Vitamina D – indicação individualizada – de acordo com as condições osteometabólicas do paciente Os suplementos de vitamina D ativa: Aumentar a absorção intestinal de cálcio Prevenir e tratar o hiperparatireoidismo Melhorar o metabolismo ósseo OBS: Pacientes devem ser avaliados rotineiramente para hipercalcemia e hiperfosfatemia Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Hemodiálise Terapia de nutrição oral Desnutrição e ingestão de energia e nutrientes abaixo das necessidades, após tentativas de aumentar o consumo alimentar apenas com a dieta Módulos de CHO e/ou PTN Fórmulas Especializadas – suplementação Terapia de nutrição enteral Não obtenção de resultados satisfatórios com suplementação oral e o trato gastrointestinal esteja íntegro Pacientes hipercatabólicos e inconscientes Fórmulas desenvolvidas para pacientes em tratamento não dialítico não devem ser usadas Fórmulas especializadas – oferece energia e nutrientes sem promover efeitos adversos no controle hídrico e de eletrólitos Hiperproteicas e baixas quantidades de potássio e fósforo Densidade calórica varia de 1,5 Kcal/mL a 2,0 Kcal/mL, favorecendo o balanço hídrico Exercício físico tem demonstrado bons resultados – Potencialização dos efeitos anabólicos da suplementação nutricional Terapia de nutrição parenteral Pacientes com disfunção ou impedimento do trato gastrointestinal Nutrição parenteral intradialítica (NPID) Via de acesso da HD (fístula arteriovenosa) é recomendado que a infusão seja realizada na linha de retorno venoso e não diretamente na fístula Energia e nutrientes nos dias de tratamento dialítico. NPID – apresenta custo superior a TNO e TNE Dialise peritoneal Terapia de nutrição oral Desnutrição e incapacidade de atingir por tempo prolongado, suas necessidades energéticas e proteicas apenas com ingestão alimentar Fórmulas especializadas – suplementação OBS: Não existem para DP (as existentes são restritas em potássio e normais em CHO) Formulas preferidas para suplementação oral são aquelas hiperproteicas e com baixo teor de carboidrato Terapia de nutrição enteral Pacientes cronicamente anoréxicos e incapazes de ingerir quantidades adequadas de alimentos e suplementos Pacientes hipercatabólicos e inconscientes quando a via oral é insuficiente Fórmulas especializadas – não existem para DP Fórmulas hiperproteicas e pobres em CHO Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Terapia de nutrição parenteral Pacientes hipermetabólicos e com manifestações gastrointestinais importantes QUESTÃO: Sobre a fisiopatologia e dietoterapia em condições de Hiperfosfatemia na Doença Renal Crônica – DRC, analise as afirmativas abaixo: I. A concentração plasmática de fosfato, que geralmente permanece normal nos estágios iniciais da DRC, aumenta progressivamente nos estágios mais avançados da doença. II. Na fase inicial da DRC, há adaptação renal caracterizada por diminuição da reabsorção renal tubular de fósforo, causando,assim, aumento da fosfatúria nos néfrons remanescentes, processo mantido basicamente pelo hormônio da paratireoide (PTH). III. Hiperparatireoidismo secundário, calcificações metastáticas, osteíte fibrosa cística, hipertensão, doença vascular aterosclerótica, prurido e disfunção sexual são consequências da hiperfosfatemia. IV. Pacientes com DRC avançada, em fase não dialítica, deverão ser submetidos a programas de dieta com restrição proteica, principalmente com restrição de leite e derivados. V. Pacientes que estão na fase dialítica, a restrição proteica deve ser evitada em função do desenvolvimento de desnutrição, devendo ser controlada a ingestão de leite e derivados, para reduzir a hiperfosfatemia. Está (ão) CORRETA (S) A) apenas quatro. B) apenas três. C) apenas duas. D) apenas uma. E) todas. Nefropatia diabética - Saber se está compensado ou não - Microalbuminúria Categoria Urina de 24 horas Normal (albuminúria) < 20 μg/min (< 30mg) Nefropatia incipiente (microalbuminúria) 20 a 200 μg/min (30 a 300mg) Nefropatia estabelecida ou clínica (macroalbuminúria) > 200 /min (> 300mg) Microalbuminúria é o sinal mais precoce de Nefropatia diabética em DM tipo 1 e um marcador do desenvolvimento em DM tipo 2 É também um marcador bem estabelecido do elevado risco cardiovascular As complicações do diabetes são devastadoras e incluem retinopatia, a neuropatia e a nefropatia A nefropatia é caracterizada pela perda da função renal e por distúrbios adicionais, como a hipertensão arterial, a síndrome nefrótica e várias outras sequelas da insuficiência renal (IRC) Reduzir o desenvolvimento e retardo da progressão da IRC Controle glicêmico Controle da hipertensão Controle da dislipidemia Restrição proteica alimentar Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais A percentagem de pacientes com DM1 que desenvolvem uremia é maior, que aqueles portadores de DM2, mas como a prevalência de DM 2 é muito maior a prevalência de insuficiência renal é maior neste tipo diabetes Microalbuminúria – Nefropatia incipiente (3 a 300mg/dia ou 20 a 200 μg/min) Ocorre em 30 a 45% dos pacientes DM1, especialmente com + de 10 anos de doença TFG – usualmente se mantém estável Apresentam alterações histopatológicas renais Dislipidemia Macroalbuminúria – Nefropatia estabelecida ou clínica (> 300mg/dia ou > 20μg/min) Proteinúria ≥ 500mg/dia (IRC terminal) Controle da dislipidemia Na nefropatia diabética insulinodependente, o nível de CT é considerado fator de risco independente para a progressão da lesão renal, após controle do nível glicêmico e da hipertensão arterial Redução do colesterol e o tratamento com Enalapril foram fatores preditivos fortes para o prognóstico renal favorável em um grupo de pacientes DM1 com nefropatia O declínio da TFG foi > em pacientes com CT ↑ e naqueles que utilizaram o metoprolol (seloken) para controle da hipertensão Restrição proteica alimentar Não só a quantidade mais a qualidade da proteína também é importante Microalbuminúria e macroalbuminúria Dieta normoproteica, evitar excesso de carne vegetal vermelha Substituição de proteína animal por vegetal 0,8 a 1,0 g/Kg/dia Diabetes descompensado – 0,8g/Kg/dia – CATABÓLICO Diabetes compensado – 0,6g/Kg/dia – NÃO CATABÓLICO Proteinúria 0,6 a 0,8g/Kg/dia Proteinúria > 3g/24horas 0,8 + 1g de proteína para cada g de proteinúria Lesão Renal Aguda Afeta a estrutura e a função dos rins Pode ser definida por uma queda abrupta da função renal, marcada por diminuição do ritmo de filtração glomerular e/ou volume urinário, e distúrbios no controle do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico Aumento nos níveis séricos de creatinina e ureia, bem como na redução do volume de diurese Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Valor da creatinina plasmática ≥ 50% dos valores basais desenvolvendo-se em um período menor que 7 dias ou diurese < 0,5ml/Kg/h por mais de 6 horas Apesar de estar significativamente associada com maior morbimortalidade, é uma condição potencialmente reversível Incidência: pacientes hospitalizados – 8 a 20% Pacientes em UTI - 5 a 7% de acordo com o critério diagnóstico utilizado desses pacientes, 5 a 6% evoluem com necessidade de diálise com taxas de mortalidade extremamente altas, em torno de 60% Fatores mais frequentes A doença renal prévia é um fator de risco importante para o desenvolvimento de IRA intra-hospitalar, relacionada à maior predisposição ao desenvolvimento de IRA por: Radiocontrastes Aminoglicosídeos Ateroembolismo Cirurgia cardiovascular Pré renal Renal Pós renal Pré renal Resposta fisiológica à hipoperfusão renal, sem defeito estrutural A manutenção da perfusão renal adequada possibilita o retorno ao funcionamento normal dos rins em um curto período (em até 48 horas), sem grandes consequências ao estado nutricional Hemorragia Depleção de volume (vômito, diarreia) Insuficiência cardíaca congestiva Cirrose hepática descompensada Renal Afeta diretamente o parênquima renal, desencadeada, na maioria dos casos por isquemia ou nefrotoxinas que induzem à necrose tubular aguda Costuma apresentar duração maior (pelo menos 1 semana) e necessidade de diálise mais frequente e implicações nutricionais mais importantes, decorrentes do maior tempo de instalação e dos prejuízos nutricionais associados ao procedimento dialítico Sepse Antibióticos nefrotóxicos Agentes radiocontrastres Quimioterápicos Hemoglobinúria Mioglobinúria Mieloma Doenças vasculares (vasculites, glomerulonefrites agudas e nefrite intersticial aguda) Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Pós renal A passagem da urina está impedida por alguma obstrução na pelve renal, ureter, bexiga e uretra. A função renal geralmente volta ao normal após a desobstrução da via urinária Hipertrofia prostática benigna com retenção urinária Carcinoma de bexiga ou de próstata Câncer retroperitoneal ou pélvico Cálculos uretrais e obstrução Diferente da DRC os sintomas da IRA são mais intenso e aparecem mais rapidamente. Podem se manifestar em diversos sistemas Cardiorrespiratório – Dispneia, edema, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão, arritmias, pericardite e pleurite Cutâneo – Prurido Digestivo – Inapetência, náuseas, vômitos incoercíveis e sangramento digestivo Hematológico – Sangramentos, anemia e distúrbios plaquetórios Imunológico – Depressão imunológica e tendências a infecções Neurológico – Sonolência, tremores, agitação, torpor, convulsão e coma Nutricional – Hipercatabolismo e perda de massa muscular Alterações metabólicas na IRA Metabolismo proteico ↓ síntese ↑ degradação → balanço nitrogenado negativo Resistência à insulina tem como consequência a utilização de aminoácidos como fonte e substrato energético, contribuindo para a perda de massa muscular corporal ↑ catecolaminas, glucagon ↑ corticosteroides ↑ mediadores inflamatórios, acidose metabólica, perdas de aa no dialisato, membranas pouco biocompatíveis Metabolismo dos carboidratos Hiperglicemia → resistência à insulina Citocinas pró-inflamatórias e acidose metabólica Metabolismo de lipídeos ↑ VLDL e LDL, ↓ CT e HDL A hipertrigliceridemia é condição muito comum, consequente à lipólise prejudicada Deve ser dada atenção especial a níveis de triglicerídeos séricos acima de 400mg/dL, os quais são suficientes para contraindicar ou suspender a emulsão lipídica no suporte nutricional Objetivos da terapia nutricional Melhorar o EN Reduzir a alta taxa de mortalidade Pacientes portadores de uremia, acidose metabólica, desequilíbrio de líquidos e eletrólitos, estresse fisiológico ↑ necessidades proteicas → a terapia nutricional deve ser dirigida para minimizar a perda proteicaGrau de catabolismo Leve Moderado Grave Pacientes não catabólicos Catabolismo moderado Catabolismo severo Causas: nefrotoxinas Pós-operatório de grandes cirurgias Ocorre em associação com trauma severo, extensas áreas de queimadura ou sepse Prognóstico: excelente Complicados por infecção, peritonite ou moderado grau de agressão Mortalidade de 80% (devido a doença hipercatabólica subjacente) Diálise geralmente não necessária Frequente necessidade de diálise Diálise continua + suporte hemodinâmico e ventilatório Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais A decisão para iniciar a terapia nutricional é influenciada: Severidade da doença de base Tipo e intensidade da terapia de substituição renal Estado nutricional Complicações associadas CDN Energia: 25 a 30 Kcal/Kg de peso atual para estimar as necessidades energéticas totais Ofertas superiores a 30Kcal/Kg/dia de calorias não proteicas, não apresentam benefícios na redução do catabolismo, podem desencadear complicações na redução do catabolismo, podem desencadear complicações como hiperglicemia, hipervolemia e hipertrigliceridemia É importante considerar que no paciente em diálise peritoneal de alto volume, a contribuição da glicose proveniente do dialisato pode ser muito alta, portanto é indicado quantificar e descontar essa quantidade no valor calórico total desejado Fonte: in Lilian Cuppari – Nutrição no Adulto 2019 Referência Condição clínica Recomendação de ptn (g/Kg/dia) Fiaccadori et al Sem catabolismo e sem diálise Catabolismo moderado, em diálise Catabolismo grave, em diálise continua ou estendida 0,8 a 1,0 1,2 a 1,5 1,7 a 2,0 ASPEN, 2016 1,2 a 2,5 Fonte: in Lilian Cuppari – Nutrição no Adulto 2019 Necessidades nutricionais em pacientes com IRA Energia (adapte ás necessidades individuais em caso de baixo peso ou obesidade) Energia 20 a 30 Kcal/Kg/dia CHO 3 a 5 (máx. 7) g/Kg/dia LIP 0,8 a 1,2 (máx. 1,5) g/Kg/dia Proteínas (aminoácidos essenciais e não-essenciais Terapia conservadora 0,6 – 0,8 (máx. 1,0) g/kg/dia Diálise intermitente – catabolismo moderado 1,0 – 1,5g/kg/dia Diálise continua – catabolismo grave Máx. 1,7g/kg/dia Rota de nutrição Terapia conservadora – presença de catabolismo Dieta VO, TNO Diálise intermitente – presença de catabolismo moderado NE e/ou NP Diálise continua – hipercatabolismo grave NE e/ou NP Fonte: in Riella e Martins. Nutrição e o rim 2013 Projeto diretrizes 2011 O exame físico, os métodos antropométricos, de composição corporal, e os níveis séricos isolados de proteínas viscerais não são clinicamente úteis para avaliar o estado nutricional de pacientes com IRA, devido ao edema e inflamação Já a história pode ser o método disponível mais importante para a determinação do risco e da necessidade de intervenção nutricional dos pacientes com IRA Terapia de nutrição oral Pacientes com IRA não complicada e baixo nível de catabolismo e a dieta via oral não for suficiente para alcançar as necessidades nutricionais (LEVES) Módulos CHO e/ou PTN Fórmulas padrão ou especializadas - suplementação Terapia de nutrição enteral Hipercatabolismo, dificuldade de alcance das necessidades nutricionais por meio de dieta convencional via oral ou depleção nutricional pré-existente Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Pacientes hipercatabólicos moderados a graves Iniciar o mais breve possível – assim que ocorra a estabilidade hemodinâmica Preservar o trofismo intestinal e funções imunológicas Fórmulas padrão adaptadas para as necessidades individuais Restrição de eletrólitos – Fórmulas especializadas para pacientes em HD podem ser utilizadas na IRA hipercatabólica Devido ao alto grau de catabolismo na IRA grave, não se deve usar formulações contendo somente AA essenciais Existe indicação de fórmulas hipoproteicas e contendo exclusivamente AA essenciais somente em baixo grau de catabolismo, quando o paciente não se encontra previamente desnutrido e não é aplicada a terapia de reposição renal Não deve ultrapassar duas semanas Terapia nutricional parenteral Pacientes hipermetabólicos e com manifestações gastrointestinais importantes Transplante renal (Tx Renal) Deixou de ser um procedimento experimental O presente sucesso se deve as melhorias das técnicas cirúrgicas e de preservação de órgãos A melhor compreensão imunológica do transplante À descoberta de novos agentes imunossupressores O trabalho coordenado da equipe de transplante Tipos de transplante renal Doador vivo relacionado Doador vivo não relacionado Doador cadáver Transplante preempitivo (não entra em diálise) Indicações X Contraindicações Câncer Infecções HIV positivo / SIDA Cirrose hepática Doença pulmonar avançada Doença cardíaca grave Doença renal aguda ou em atividade Compatibilidade: Sistema sanguíneo ABO Histocompatibilidade o Tipagem HLA (Antígeno Leucocitário Humano) o Cross match (prova cruzada) o Reatividade Contra Painel (PRA) Período pré-transplante Desnutrição: 23 a 76% dos pacientes em diálise apresentem o problema Em HD – o déficit calórico é mais comum Diálise peritoneal, a deficiência proteica é mais prevalente Cicatrização deficiente da ferida operatória Risco aumentado de infecção Obesidade: Aumento do risco cirúrgico Aumento do tempo de hospitalização e cicatrização mais lenda da ferida Predisposição ao diabetes e eventos cardiovasculares Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Hiperlipidemia Encontram-se geralmente hipertrigliceridêmicos e com concentrações sanguíneas de LDL e de VLDL elevadas e de HDL baixas Fator de risco para aterosclerose Doença ósseas: Pacientes com história de hiperparatireoidismo – persistir no TR Período pós-transplante imediato (Período: 4 a 6 semanas após a cirurgia) X Período pós-transplante tardio (Período: após 6 semanas de cirurgia) Período pós-transplante imediato Catabolismo proteico: Estresse metabólico da cirurgia Altas doses de imunossupressores Proteína – 1,3 – 1,5g/Kg/dia (50 a 70% AVB) Energia – 30 a 35Kcal/Kg/dia Intolerância à glicose: Resistência insulínica induzida pela corticoterapia Hiperglicemia e efeitos cushingnóides Carboidratos – 50 a 60% do VET Rejeição aguda: Dieta Hiperproteica e Hipercalórica Altas doses de corticoides – aumento da taxa de catabolismo proteico (aumento da ureia e creatinina) Balanço Hidroeletrolítico: Dependente da função renal, pressão arterial e da presença de necrose tubular aguda Na+ – 2.400 mg/dia ou < 2000mg/dia K+ – Avaliar os níveis séricos. Restrição (25 a 75mEq/dia) Líquidos – restrição se disfunção do enxerto Período pós-transplante tardio INTERVENÇÃO DIETOTERÁPICA Obesidade Hipertensão Desnutrição Dislipidemia Diabetes Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais IMUNOSSUPRESSÃO – EFEITOS COLATERAIS Prednisona Hiperglicemia Diabetes pós-Tx Hiperfagia Dislipidemia Sobrepeso e obesidade Síndrome de perda muscular Retenção de sódio e líquido Excreção acelerada de potássio ↑ perda de cálcio pela urina Prednisona (Pred): Glicocorticoide Ações metabólicas adversas Carboidratos: hiperglicemia Proteínas: ↑ catabolismo, ↓ do anabolismo Lipídios: efeito permissivo sobre os hormônios lipolíticos e redistribuição da gordura (Síndrome de Cushing) Ciclosporina Nefrotoxicidade Neurotoxicidade Hipertensão arterial Dislipidemia Hiperglicemia Hipercalemia Hipomagnesemia Hiperuricemia Período pós-transplante tardio Obesidade: Causas – sedentarismo, liberação das restrições alimentares melhora da qualidade de vida física e psicológica, hiperfagia e aumento dos depósitos de gordura estimulados pelo uso de altas doses de corticosteroides (imunossupressão) Estima-se prevalência de ↑ de peso pós TR > 40% Em média 1 ano pós TR 1% nopeso corpóreo Sobrepeso e obesidade Diabetes tipo 2 Hipertensão Hiperlipidemia Hiperuricemia INTERVENÇÃO DIETOTERÁPICA Alteração do metabolismo do cálcio, fósforo e vitamina D Hipercalemia Anemia Rejeição crônica Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais DESNUTRIÇÃO Efeito dos glicocorticoides ↑ gliconeogênese hepática Aumento do catabolismo de proteínas e aminoácidos Redução do anabolismo proteico Facilitam ação das catecolaminas no tecido adiposo – lipólise, liberação de AG livre Hipertensão arterial Prevalência em receptores adultos e pediátricos é alta (50 a 80%) Fatores de risco significativo para doença cardiovascular Doador com história de Hipertensão arterial Idade do doador TR com doador cadáver Presença de rins nativos Obesidade Tempo prolongado de isquemia fria ou quente Recorrência da doença que levou a DRC Rejeição aguda ou crônica Estenose da artéria renal do enxerto Imunossupressores Dieta com excesso de sódio Alteração do metabolismo do cálcio, fósforo e da vitamina D Suplementação do cálcio e da vitamina D necessária se existirem deficiências alimentares e/ou diminuição do cálcio e/ou fósforos séricos Hiper-homocisteinemia Na população geral, níveis sanguíneos elevados de homocisteina estão associados a doença cardiovascular Os receptores de transplante renal têm risco aumentado para desenvolver doença cardiovascular e apresentam níveis elevados de homocisteina Hipercalemia Uso de ciclosporina Tratamento de HAS – agentes betabloqueadores ou inibidores da enzima de conversão de angiotensina Anemia Deficiência de ferro Rejeição crônica Tratamento conservador de acordo com a função renal e bioquímica do paciente Recomendações Nutricionais Período pós transplante tardio Energia 25 - 30Kcal/Kg de peso atual 20 – 25Kcal/Kg/dia (sobrepeso) 35 a 45Kcal/Kg/dia (estresse metabólico, infecção ou febre) Proteína 0,8g/Kg de peso atual 1,0g/Kg/dia (50 a 75% AVB) Lipídeos ≤ 30% do total energético < 10% de saturada 10 a 15% de monoinsaturada > 10% de poli-insaturada ou 10% de poli-insaturada Colesterol < 300mg 30 a 35% Em qualquer fase Carboidrato Cerca de 50% do total energético Fibras 25 – 30g Sódio 1 a 3g 2400mg, < 2000mg/dia – Hipertensão, retenção ou oligúria Potássio Restrição (1 - 3g) ou 25 a 75 mEq/dia se hipercalemia e/ou oligúria Avaliar níveis séricos. Restrição (1000 a 3000mg/dia), se houver hiperpotassemia e/ou oligúria Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais KDOQI Clinical practice Guideline for Nutrition in CKD: 2020 UPDATE Proteínas Estágios 3 a 5 – restrição proteica com ou sem cetoácidos, análogos dos aminoácidos e assim reduz o risco de progressão da doença renal, mortalidade e melhora da qualidade de vida Baixa proteína: 0,55 – 0,6g/Kg de peso/dia Muito baixa proteína: 0,28 – 0,43 adicionando os cetoácidos para atingir o valor de 0,55 – 0,6 g/Kg peso/dia Estágio 3 a 5 com diabetes: 0,6 – 0,8 para manter o estado nutricional adequado e otimizar o controle da glicemia HD ou DP com ou sem DM: 1,0 – 1,2g/Kg/dia. Para manter o EN nos pacientes que apresentem risco de hipoglicemias deve-se elevar oferta proteica para manter o controle da glicemia Calorias Estágios de 1 a 5 com estabilidade: 25 a 35Kcal/dia – Levando em consideração idade, sexo, nível de atividade física, composição corporal, estado nutricional global e presença de inflamação Muitos pacientes com DRC necessitam de uma ingestão calórica de 30 a 35Kcal/Kg/dia para favorecer o balanço nitrogenado positivo Importante lembrar que outros fatores podem influenciar nesta oferta calórica, idade, sexo, massa livre de gordura. Outros fatores como: hiperparatireoidismo, hiperglicemia e inflamação crônica, devem ser considerados na prescrição da dieta Bicarbonato DRC estágio 3 a 5 – é recomendado que os níveis séricos de bicarbonato estejam entre 24 – 26nmol/L Fósforo A recomendação de fósforo não está bem estabelecida, em adultos com DRC estágio 3 – 5 é recomendada para manter os níveis de fósforo normais, as recomendações especificas são 800 – 1000g/dia. Já em consideração as fontes de fósforo, além de sua biodisponibilidade, restringir as fontes de fósforo se necessário Potássio DRC estágio 3 – 5 ou pós-transplante deve-se ajustar a ingestão dietética para manter o potássio na faixa de normalidade. Em casos de hipocalemia, suplementar potássio e em casos de hipercalemia reduzir o potássio Sódio DRC estágio 3 – 5 ou pós-transplante, é recomendado limitar a ingestão de sódio para <2,3g/dia, para reduzir a pressão arterial e melhorar o controle do volume. A redução da ingestão dietética de sódio como uma estratégia de modificação do estilo de vida adjuvante para alcançar melhor controle do volume e um peso corporal mais desejável Avaliação nutricional Em adultos com DRC, é indicado fazer a bioimpedância com multifrequência (BIA-MF), para a avaliação da composição corporal em pacientes em estágio 5 em HD Apresenta uma melhor precisão quando realizada 30 minutos após a sessão de HD, devido a distribuição de fluidos Já em pacientes em tratamento conservador não há evidencias quanto a realização da BIA-MF DEXA para avaliação de composição corporal de pacientes com DRC estádio 1 ao 5 ou transplante. É o método padrão ouro para avaliação da composição corporal desses pacientes O peso e IMC em pacientes com DRC, estádio 1 a 5 e pós-transplante é recomendada para primeira visita e para o acompanhamento do estado nutricional Frequência de avaliação Para pacientes em hemodiálise ou diálise peritoneal pelo menos uma vez por mês. Pacientes nos estádios de 4, 5 e pós-transplante a cada três meses e estágios 1 ao 3 em até seis meses Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Avaliação de peso Pacientes em estágio 1 a 5 ou hemodiálise é ideal avaliar o peso ATUAL, e saber a história de perda ou ganho de peso, para avaliar edema, ascite IMC – preditor de mortalidade em pacientes com DRC Paciente em estágio 5 ou diálise peritoneal apresentam maior morbimortalidade quando apresentam um IMC de desnutrição Os pacientes em estágio 5 em hemodiálise quando apresentam um IMC classificado como obesidade ou sobrepeso apresentam baixo risco de mortalidade, já aqueles pacientes com um baixo IMC apresentam alto risco de mortalidade Os pacientes no estádio de 1 a 5, apresentam alto risco de mortalidade quando baixo IMC, porém para os pacientes que apresentam sobrepeso e obesidade o risco de morbimortalidade ainda não está claro Já em pacientes com DRC pós-transplante apresentam alto risco de mortalidade quando apresentam baixo IMC, como também sobrepeso e obesidade Nos pacientes com DRC estádios de 1 a 5 ou pós-transplante e que não apresentem edema pode-se fazer a avaliação de composição corporal através das dobras cutâneas para quantificação do percentual de gordura corporal A circunferência da cintura pode ser usada, mas a confiabilidade de sua avaliação pode mudar de acordo com o tempo, devido ao acúmulo hídrico não perceptível Índice de conicidade pode ser usado para a avaliação nutricional, e é um bom preditor de mortalidade A creatinina é um parâmetro importante para avaliação dos pacientes com DRC no estádio 5, pode estimar a massa muscular. A baixa ou alta ingestão de proteína da dieta como o uso de suplementos ricos em creatinina pode levar a alterações em sua concentração sérica Síndrome Nefrótica Mais de 95% dos casos são devido a três doenças sistêmicas: DM Lúpus eritematoso sistêmico Amiloidose (acúmulo anormal de ptn em órgãos onde não deveriam ser armazenados) Quatro doenças primárias Alterações mínimas Nefropatia membranosa Glomeruloesclerose segmentar e focal Glomerulonefrite membranosa proliferativa Proteinúria maciça e hipoalbuminemia Aumento da permeabilidade da membrana basal glomerular A doença se inicia com aumentode permeabilidade da membrana basal glomerular, com a consequente proteinúria maciça e hipoalbuminemia A membrana basal glomerular = gel com carga elétrica negativa e possui grande quantidade de pequenos poros e pequena quantidade de grandes poros Na síndrome nefrótica – perda de cargas aniônicas e aumento da densidade de poros – ↑ da permeabilidade e proteinúria Resultante de anomalias na membrana basal glomerular – o glomérulo perde a capacidade de retenção proteica seletiva no sangue Proteinúria - Quebra de barreiras - Aumento de grandes poros Edema generalizado Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Síndrome Nefrótica Classicamente definida por uma proteinúria superior a 3,5g/1,73m ou 3,0/1,73m ou > 0,10g/Kg de superfície corporal Edema Teoria do hipofluxo (underflow) Teoria do hiperfluxo (overflow) Teoria do hipofluxo (underflow) Teoria do hiperfluxo (overflow) Defeito primário renal na absorção do sódio Admite-se que a retenção de sódio seria secundária a mecanismo renal intrínseco, não dependendo da volemia ou da ativação do SRAA Dislipidemia As alterações lipídicas relacionam-se diretamente com os níveis plasmáticos de albumina A hipoalbuminemia síntese proteica pelo fígado – ↑ síntese de LDL e VLDL – hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia ↓ da albumina plasmática – fígado - ↑ síntese proteica com aumento da síntese de colesterol e frações e TG Quadro clínico da Síndrome Nefrótica Proteinúria o Urina espumosa, amarela e densa o Hematúria geralmente não é significativa Edema o Generalizado (anarsaca) Hipoalbuminemia o Albumina < 2,5g/100ml Hiperlipidemia o Colesterol e triglicérides séricos frequentemente estão elevados Objetivos do manejo nutricional na síndrome nefrótica o Compensar a desnutrição proteica o Prevenir o catabolismo proteico o ↓ o ritmo de progressão da nefropatia o ↓ a perda de proteína na urina o Melhorar a anorexia o Fornecer uma quantidade adequada de quilocalorias o Controlar a hipertensão arterial e a ingestão de sódio PROTEINÚRIA E HIPOALBUMINEMIA Diminuição da pressão oncótica do plasma Diminuição do volume intravascular Estímulos para o sistema renina-angiotensina-aldosterona Sistema nervoso simpático Aumento da secreção de ADH RETENÇÃO DE SÓDIO E ÁGUA EDEMA Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Manejo nutricional na síndrome nefrótica Utilizar o peso seco para cálculo das necessidades (presença de edema)) Recomendação proteica (controverso) - Passado: 1,5g/Kg/dia – ↑ albumina sérica e prevenir a desnutrição proteica – ↑ proteinúria – acelera a progressão da nefropatia Recomendações nutricionais Proteínas – 0,8 a 1,0g/Kg/dia TFG < 60ml/min + síndrome nefrótica 0,8 + 1,0g de ptn para cada g de proteinúria 0,3 + suplementação com mistura e AA essenciais e cetoácidos + 1,0g de ptn para cada g de proteinúria 1 a 2,0g/Kg/dia (crianças) - ↓ proteinúria sem afetar adversamente a albumina sérica (3/4 de AVB) Alguns estudos → efeitos positivos da terapia nutricional com a soja em alguns tipos da doença renal, tanto na diminuição do colesterol sérico, como na redução da pressão sanguínea e da proteinúria Calorias → 30 a 35 Kcal/Kg Crianças → 100 a 150 Kcal/Kg Lipídeos → em torno de 30% do total de quilocalorias A hiperlipidemia nefrótica não é relacionada com fontes exógenas de gorduras Dá-se preferência aos inibidores de hidroximetilglutaril coenzima A redutase (estatinas) Dieta Step 1 ou Step 2 da American Heart Association: Nutrientes Ingestão recomendada Gordura total 25 a 30% das calorias totais Ácidos graxos saturados < 10% / < 7% das calorias totais Ácidos graxos poliinsaturados Até 10% das calorias totais Ácidos graxos monoinsaturados Até 20% das calorias totais Colesterol < 300mg/dia / < 200mg/dia Carboidratos Normo ou levemente Hiperglicídica ↓HC simples e priorizar complexos Sódio 3g (restrição devido ao edema) Restrição severa – hipotensão, coagulação e às vezes insuficiência renal aguda Paciente com HAS – controle total – preferência: drogas inibidoras de enzima conversora de angiotensina (IEAC) ou bloqueadoras do receptor de angiotensina II Além do controle da pressão arterial, almeja-se com essas drogas obter um efeito renoprotetor e antiproteinúrico Potássio Pode ocorrer grandes perdas A hipocalemia ou hipercalemia pode ocorrer dependendo do diurético prescrito Tratamento medicamentoso Diuréticos, hipotensores, inibidores da angiotensina Corticosteroides e imunossupressores (lúpus) Estatinas – na dislipidemia prolongada Síndrome Nefrítica Estrutura do glomérulo - Oligúria, hematúria, uremia Resultado de distúrbios estruturais do glomérulo, envolvendo proliferação celular reativa, resultando em: ↓ do fluxo sanguíneo glomerular - ↓ eliminação de urina (oligúria) Extravasamento de hemácias dos glomérulos danificados (hematúria) Retenção dos produtos do metabolismo (uremia) Eliminação de pequenas quantidades de PTN na urina Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais GNDA Glomerulonefrite difusa aguda Se caracteriza por uma doença aguda, de base imunológica, que acomete todos os glomérulos de ambos os rins Causada pela deposição de complexos imunes, estimulada por uma infecção precedente (estreptocócica ou outras infecções bacterianas, virais e por protozoários) Causa + comum: infecção por Streptococcus β-hemolíticos do grupo A → pele (impetigo) e vias aéreas superiores (faringoamigdalite) → manifestação ocorre 1 a 2 semanas após infecção primária Doença mais comum em crianças Incidência Mais comum das glomerulopatias Acomete mais crianças a partir dos 3 com ápice aos 7 anos Predominância no sexo masculino = 2:1 A maioria se sucede às estreptococias cutâneas GNDA Complexos imunes que se desenvolvem circulam no sangue e são filtrados no glomérulo → neutrófilos sofrem degranulação e danificam as células endoteliais → entram em proliferação Proliferação celular → características da síndrome nefrítica Duração → 3 a 6 semanas → pequena % dos casos não é solucionado completamente → insuficiência renal rapidamente progressiva Fisiopatologia da GNDA ↓ fluxo sanguíneo renal SRAA Retenção de líquidos e hipertensão branda Edema moderado Hipertensão Hematúria Ativação do Sistema complemento Reação inflamatória no glomérulo (perda da integridade da membrana basal) ACENTUADA - HEMATÚRIA, Leucocitúria, MODERADA - PROTEINÚRIA, cilindrúria Diminuição do ritmo de filtração glomerular Retenção de K, H, creatinina e outros metabólitos Fisiopatologia e Dietoterapia Nas Doenças Renais Diminuição do volume filtrado Redução da oferta de NA e água ao nível do túbulo renal Oligúria Expansão do volume extracelular (hipervolemia) EDEMA + HIPERTENSÃO ALTERAÇÃO DE TFG Recidiva – reversível Recomendações nutricionais Proteínas Casos leves – não precisa de restrição o Edema discreto o Débito urinário adequado o Hipertensão leve (PDA < 100mmHg) o Uréia sérica < 75mg% Casos severos – Restrição de 0,6 a 1,0 g/Kg/dia (a redução de proteínas na dieta somente estará indicada se houver quadro urêmico) Calorias, carboidratos e lipídios Adequadas às necessidades da criança Sódio Restrição apenas na fase oligúrica, edema e hipertensão 23 a 69mg/Kg/dia (sem sal adicional) Potássio Restrição apenas na fase oligúrica 29 a 87mg/Kg/dia Líquidos Restringir na fase inicial (hipervolemia e oligúria) Administração de líquidos = às necessidades mínimas basais (20ml/Kg/dia ou 400ml/m/dia) + diurese Na fase poliúrica – repor as perdas Nefrolitíase É uma das afecções mais comuns do trato urinário, inclusive com aumento da incidência nos últimos anos, em ambos os sexos e em todas as raças Acomete 7% das mulheres
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