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Correlações Clínico-Diagnósticas em Doenças Infecciosas: Vírus e Fungos 4º Semestre Imunologia Aula 1 (16/08) Imunidade contra microrganismos Patogênese microbiana: O microrganismo pode causar um tipo de lesão ou reação no nosso corpo Podemos pensar na nossa microbiota, que tem microrganismos que vivem em harmonia e não nos causam doenças. Eles não contam na parte de patogênese microbiana, estamos falando dos microrganismos patogênicos que levam à lesão tecidual Tudo começa com a exposição ao microrganismo, essa exposição pode vir de várias maneiras Exposto ao patógeno, ele realiza a adesão sendo pela pele ou pelas mucosas. A partir daí, o processo infeccioso ocorre. Ele invade através do epitélio e coloniza, realizando seu crescimento com a produção de fatores de virulência A invasão e a colonização é o momento que eles escapam (evadem) da imunidade, se eles não escapassem você não teria sinais ou sintomas Ao realizar essas etapas, teremos os efeitos da toxicidade e o crescimento adicional (invasividade) no sítio original e sítios distantes, causando o dano tecidual/doença propriamente dita Imunidade contra bactérias extracelulares: Extracelulares = não estão dentro da célula Pode se replicar fora das células do hospedeiro Pode estar no sangue, no tecido conjuntivo, no trato respiratório, no trato gastrointestinal. Eventualmente, nos contaminamos com um patogênico A doença é causada por 2 principais mecanismos: 1. O microrganismo que está ali irá induzir um processo inflamatório, causando a destruição tecidual no sítio da infecção. Se o processo não cessar, ele leva à lesão (gera febre, a presença do microrganismo estimula os processos de febre e liberação de citocinas). A inflamação é boa pois recruta as células para tentar resolver o que está de errado ali, mas se ela ficar por muito tempo, teremos danificação tecidual Inflamação é um mecanismo que ajuda nas lesões para causar a doença pois na inflamação temos a presença do microrganismo, o macrófago residente realiza o reconhecimento inicial e libera citocinas (citocinas pró-inflamatórias). Libera IL-1, IL-6, tnf-α. Logo, libera mais citocinas, que podem ser seriamente prejudiciais para o nosso corpo. O tnf-α pode, por exemplo, reduzir a pressão arterial. A própria inflamação pode ajudar a lesão que temos por conta da doença estabelecida 2. O segundo mecanismo é a produção de toxinas, sejam elas exotoxinas ou endotoxinas, elas também podem levar ao processo de destruição tecidual e evolução da doença Temos as exotoxinas que são secretadas (toxina botulínica, por exemplo, que bloqueia a acetil-coA de se ligar ao receptor e impede a contração do músculo) e as endotoxinas que são componentes da bactéria (LPS – lipopolissacarídeos – causa febre) Frente a elas, temos os principais mecanismos da resposta imunológica que vão atuar para resposta. Sabemos que a resposta imunológica é dividida em duas, imunidade inata e adaptativa (ou adquirida). Inata são os fatores já prontos, com os seguintes mecanismos: ● Fagocitose e inflamação: nossos fagocitos profissionais são os macrófagos e neutrófilos, são considerados profissionais pois o que elas mais fazem é fagocitose. Neutrófilos também fazem a degranulação, mas sua função principal é a fagocitose. O fagócito reconhece o PAMP, fagocita, lisossomo se junta e destrói o microrganismo ● Ativação do sistema complemento: temos 3 vias de ativação do sistema complemento, são elas: via clássica, via alternativa e via da lectina. Falamos aqui da via alternativa e da lectina, pois são da imunidade inata. Se eu preciso começar uma via do sistema complemento com anticorpo, então ela é da via adaptativa. Por conta disso, a via clássica não é considerada imunidade inata, mas sim adaptativa Morte e degradação dos microrganismos pelos fagócitos: Temos três tipos de mecanismos microbicidas: ● Enzimas lisossomais ● Espécies reativas de oxigênio ● Óxido nítrico Temos o fagolisossomo, após ativação do fagócito. Temos a enzima oxidase fagocitária, também podemos chamar de oxidase fagocítica. Essa enzima é formada por 5 subunidades, entre elas, temos 2 na membrana do fagolisossomo (GP91 e P22) e temos mais 3 subunidades no citosol. Quando a célula começa a fagocitar, essas subunidades se juntam e formam a oxidase fagocitária, que é a enzima que vai converter o oxigênio pra ROS (espécies reativas de oxigênio) Elas são altamente tóxicas para o microrganismos, temos as enzimas lisossomais e as ROS para matar os microrganismos. O terceiro mecanismo é o óxido nítrico (NO) A iNOS (óxido nítrico sintase indutível) catalisa a conversão de arginina em citrulina, como subproduto temos a produção de óxido nítrico. Ele, por sua vez, pode se combinar com peróxido de hidrogênio ou superóxido, que produzem radicais de peroxinítrico altamente reativos para matar microrganismos Existe uma doença chamada doença granulomatosa crônica, que é genética. Essa doença é causada pela mutação em uma das subunidades da oxidase fagocitária. A oxidase fagocitária é um multicomponente enzimático complexo que consiste em: ● Três subunidades citolíticas (p40phox, p47phox e p67phox) ● Duas subunidades associadas a membrana (p22phox e p91phox) Na doença granulomatosa crônica (DGC) temos uma mutação na phox-91. Teremos uma produção defeituosa do ânion superóxido, uma das EROS, isso faz com que os indivíduos não consigam resolver de forma eficiente a morte e degradação de microrganismos patogênicos DGC é uma imunodeficiência primária Imunidade adaptativa: Quando falamos de bactéria extracelular, temos a resposta inata e a adaptativa, dividida em humoral e imunidade celular (TCD4+) A resposta imune humoral consiste em reconhecer o microrganismo, ligando a região variável do anticorpo ao organismo, temos os plasmócitos e produtores de anticorpos, eles podem neutralizar o organismo, ajudar na fagocitose. Ativa o sistema complemento pela presença do anticorpo, sendo eles: IgM e IgG apenas Quando falamos de humoral, falamos basicamente de anticorpo Quando falamos de resposta imune celular, falamos da célula TCD4+ Temos a presença de IL-6 e IL-1 fornecida pela célula dendrítica para célula naive, temos os 3 sinais (MHC de classe 2, B7 liga no CD28 e as citocinas). A célula se completa e vira a célula Th17 A dendrítica apresenta o antígeno, a célula T virgem é apresentada à ela. As citocinas recrutam os fatores de transcrição que vão para o núcleo da célula realizar a transcrição, para fazer mRNA Temos a doença síndrome de Jó (ou síndrome de hiper IgE), o indivíduo tem uma mutação no STAT3, que é o gene que codifica o fator de transcrição. O indivíduo não consegue polarizar para Th17 e a consequência é o aumento de infecções de bactérias e fungos extracelulares, já que o sistema imunológico está comprometido Jó foi um personagem bíblico, que fala que ele sofreu com pústulas no corpo, o paciente (assim como Jó) desenvolve abscessos cutâneos que se assemelham à peste que acometeu o personagem biblíco Os pacientes apresentam níveis aumentados de IgE, o motivo é desconhecido Efeitos lesivos da resposta imunológica: ● Febre: presença de microrganismos, as citocinas atuam no hipotálamo, aumentam a síntese de prostaglandinas, que irão aumentar a temperatura, ocasionando a febre. A febre é um mecanismo de defesa do nosso corpo, mas se ela perdurar é importante ir para o hospital e evitar os danos. A febre é importante pois algumas enzimas das bactérias não funcionam, se ela não passar pode afetar as nossas próprias enzimas ● Efeitos patológicos sistêmicos (coração, endotélio e tecido): produção excessiva de TNF (fator de necrose tumoral), é um grupo de citocinas capaz de provocar a apoptose tumoral e que possui ações pró-inflamatórias. O excesso de TNF pode agir no coração inibindo a contrabilidade do miocárdio, além da redução arterial; TNF pode também agir nas células endoteliais do vaso sanguíneo, causando trombos (coágulos) e desenvolvendo trombose intravascular,podendo se soltar e indo para outros lugares, aumenta o fator tecidual (ativador da coagulação) e diminui a trombomodulina (inibidor da coagulação); Por fim, a TNF pode atuar em diversos tecidos, causando a fadiga (leva à caquexia - síndrome complexa e multifatorial que se caracteriza pela perda de peso, atrofia muscular, fadiga, fraqueza e perda de apetite) ● Superantígenos: qualquer célula T será ativada ao entrar em contato, ocasionando a tempestade de citocinas (muita citocina), isso leva a uma síndrome inflamatória sistêmica, que pode levar a um prejuízo dos tecidos. Isso se dá a uma resposta imunológica frente à uma bactéria com superantígeno Temos a apresentadora de antígeno qualquer à célula T, que não é superantígeno. Isso é uma resposta imune normal Quando temos a presença do superantígeno, temos uma ativação diferente de células T Exemplo - SEB (SEB = enterotoxina B de estafilococos): a presença do superantígeno faz com que as apresentadoras de antígeno apresentem qualquer antígeno para qualquer célula T, mesmo que não seja específica. Isso equivale a 2% de todas as células T, enquanto o normal era 0,0000001% Por conta dessa ativação, temos a presença de muitas citocinas - leva a tempestade de citocinas, pode lesionar o nosso corpo Imunidade contra bactérias intracelulares: Bactérias intracelulares são capazes de sobreviver dentro dos fagócitos, como o exemplo abaixo: Bactéria Listeria monocytogenes (bactéria intracelular facultativa) faz contaminação de alimentos lácteos (queijos, coalhada, requeijão, leite...), se o indivíduo ingere, ela vai do estômago para o intestino, lá ela atravessa os enterócitos e encontra com o macrófago. Ao fagocitar, ela escapa do vacúolo da célula e fica no citoplasma, logo, o mecanismo de matar bactéria dentro do vacúolo não funciona Ela pode se disseminar para baço, fígado e migrar para as meninges (levando à meningite), se for mulher grávida atravessa a placenta e causa o aborto Ela produz uma enzima chamada de listeriolisina O, que rompe a membrana do fagossomo e consequentemente faz a bactéria ir para o citoplasma. É um mecanismo para escapar do fagossomo, invadindo células vizinhas e se multiplicando. Os mecanismos de morte atuando matando no vacúolo, se ela foge do vacúolo, não é possível utilizá-los 30% das pessoas contaminadas morrem A resposta imunológica para esse tipo de bactéria: no esquema abaixo, temos um macrófago O macrófago a fagocitou, ela escapa para o citoplasma e lá ela começa a se reproduzir e aumentar a quantidade dessa bactéria no citoplasma do macrófago. Na resposta imune inata, temos ajuda da célula NK (natural killer), ao ativá-la através da citocina, ela começa a produzir muito INF-gama. Esse INF-gama ajuda a ativar as células dendríticas para produzir IL-12 e IL-18 que irão retroalimentar as próprias células NK. As células NK irão proliferar ainda mais e produzir ainda mais INF-gama, que irá atuar no macrófago deixando-o ativado, ou seja, ajuda ele a produzir mais espécies reativas de oxigênio, mais óxido nítrico e mais enzimas lisossomais O INF-gama potencializa o macrófago, para ele matar o microrganismo A THG-1 é uma resposta recrutada quando temos infecção por bactérias intracelulares, a principal citocina que ela produz também é a INF-gama O INF-gama ativa o macrófago, se ela não estiver no vacúolo, não será morta. Por isso, é preciso de uma cooperação para fazer a morte dessa bactéria Através da resposta adaptativa temos outra forma, temos a célula dendrítica que capta o microrganismo, migra para o linfonodo e dá os 3 primeiros sinais para o sistema imunológico (respectivamente, MHC ligando ao TCR, molécula B7 que se liga ao CD28 e as citocinas terminam de ativar a célula T). No caso, para os intracelulares, a dendrítica fornece IL-12, que faz com que a célula T se diferencie em TH1 e TH1 produz muito INF-gama Temos a cooperação de TCD4 e TCD8 contra microrganismos intracelulares Abaixo, temos o TH1 fornecendo INF-gama. O INF-gama vai para o macrófago e o deixa ativado, o macrófago ativado por sua vez irá produzir mais espécies reativas de oxigênio, óxido nítrico e enzimas lisossomais que irão atuar no fagolisossomo (dentro do vacúolo) Não adianta ativar o INF-gama se a bactéria estiver fora do citoplasma, por isso temos a cooperação da célula TCD8. A citotóxica faz o reconhecimento do macrófago infectado, despeja perforina (perfura o macrófago), lança granzima (entra no macrófago) que leva o macrófago à apoptose. Para se livrar de bactérias dentro do macrófago, é necessário matar o macrófago Mecanismos de evasão imunológica pelas bactérias: Sobre as extracelulares, elas podem mudar seus epítopos (variação antigênica), as bactérias citadas realizam isso. O sistema complemento pode ser inativado, como o causador da leptospirose faz, temos também a resistência à fagocitose e o mecanismo de remover ROS, espécies reativas de oxigênio Temos nas intracelulares a ruptura da membrana do fagossomo, com escape para o citoplasma, como citado acima. Ocorre também a inativação do ROS e NO, inativa as espécies reativas de oxigênio e ácido nítrico, além da inibição da formação do fagolisossomo, eles ficam dentro do fagossomo, mas não deixa que o fagossomo se ligue aos lisossomos Imunidade contra vírus: Quando falamos de vírus, eles são obrigatoriamente intracelulares. A resposta para eles é específica Quando temos a linha tracejada no meio, é para separar a resposta imune No gráfico acima, temos a resposta inata respondendo de maneira quase imediata. São as primeiras coisas recrutadas pelo sistema imune para recrutar a infecção. No caso do vírus, elas produzem INF-alfa e INF-beta, que são os INF do tipo 1. Esses INF ajudam a deixar a célula infectada com vírus em um estado antiviral. Tipo de célula dendrítica plasmocitoide (tem esse nome pois parece um plasmócito) não tem os dendritos e é a principal produtora de INF de tipo 1. Além disso, temos as células NK, que matam as células infectadas por vírus Partindo para a resposta adaptativa, temos as células T citotóxicas (CTL) e temos produção de imunoglobulinas (ou anticorpos) que irão fazer o processo de opsonização, neutralização, etc Conforme os dias vão passando da infecção, começamos a ter os CTL - TCD8 - e os anticorpos, para tentar neutralizar o vírus e impedir que ele passe para outras células Inata - estado antiviral: Estado antiviral: inibe a síntese proteica de vírus (pois nas infecções virais o vírus entra na célula e faz com que a célula produza proteínas do vírus), além de degradar o RNA do vírus, inibir a expressão dos genes do vírus e inibir a montagem de novos vírus. Esse é o estado antiviral que o INF faz com que as células fiquem Adaptativa: Evasão da resposta imunológica pelos vírus: 1. Variação antigênica 2. Inibem a apresentação de antígenos Variação antigênica: podem mudar seus antígenos de 2 maneiras: ● Mutações pontuais - Antigenic drift - gene que será mutado, leva à uma mutação menor (pode ser chamada de Antigenic Drift) Temos abaixo um exemplo de mutação pontual, com o vírus Influenza (da gripe). Quando o vírus entra na pessoa, ele se muta e quando passa para outra pessoa ele já está modificado. Por isso, é necessário tomar vacina para gripe todos os anos, por conta das modificações ● Rearranjo de genomas - Antigenic shift - leva a uma mutação antigênica maior, exemplo: 2 vírus ou mais se juntam em um hospedeiro e se misturam em uma cepa nova (new strain), uma linhagem nova de vírus. Uma vez que o genoma foi misturado, esse vírus acaba sendo um pouco mais potente (pode ser chamado de Antigenic Shift). Esses rearranjos dos genomas ocorrem em um hospedeiro vivo que esteja infectado com esses vírus Abaixo temos um exemplo de rearranjo de genomas, temos a mistura de diversos vírus que se rearranjam e formam uma cepa nova, muito mais potente (Influenza A - H1N1, vírus da pandemia de 2009) Temos, então, a inibição da resposta imunológicaO POXVÍRUS faz com que as células produzam moléculas que vão atuar como antagonistas competitivas das citocinas. Quando ele liga, ele não deixa que a citocina atue mas também não faz o mesmo trabalho que o dela Consequentemente, se as citocinas não estão funcionando direito ou tendo uma competição, a nossa resposta imunológica não será mais eficiente e o vírus continuará a se multiplicar dentro do organismo Existem vírus que fazem a inibição da atividade de proteassomo. O proteassomo é uma organela das células que são responsáveis pela degradação de proteínas (por exemplo, a citosólica da imagem sendo degradada em peptídeos). Os peptídeos serão enviados para o retículo endoplasmático rugoso, o peptídeo entra pelo TAP (transportador associado ao processamento do antígeno) e será encaixado no MHC de classe 1, esse MHC de classe 1 junto com peptídeo recebe uma vesícula, vem para o citoplasma até chegar na membrana plasmática e expõe para o lado extracelular o peptídeo viral. Porém, se existe um processo de vírus que inibem a atividade do proteassomo, não teremos peptídeos degradados a partir de proteínas. Por mais que tenhamos vírus e proteína viral ali dentro, o nosso sistema não consegue colocar os peptídeos no MHC para sinalizar para a célula TCD8, por isso o vírus permanece ali dentro. Os vírus Epstein-barr e CMV (citomegalovírus) fazem isso Temos também o bloqueio na síntese do MHC e/ou retenção no retículo endoplasmático: adenovírus, CMV humano. Por mais que entre o peptídeo degradado, se ele entra e temos a síntese do MHC bloqueado ou preso no retículo, o MHC não consegue ir para o citoplasma, chegar na membrana e avisar o sistema imune. Por isso é mais um mecanismo de evasão Temos também o bloqueio no TAP, o herpes vírus (HSV) faz exatamente isso, ele bloqueia o TAP. Podemos até ter a proteína viral sendo quebrada, porém ele não conseguirá entrar no MHC uma vez que o TAP está bloqueado Na resposta imunológica normal frente à alguma doença, vamos ao hospital e fazemos um hemograma, com os resultados alterados (aumentados normalmente). Ao curar, o hemograma fica normal, as células voltam a quantidade normal pois elas foram morrendo (as células do sistema imune morrem ao serem desativadas) Quando temos uma infecção pelo EBV, esse vírus produz uma proteína homóloga (semelhante) a IL-10, que é a citocina que inibe a resposta imune. A proteína homóloga inibe a ativação de macrófagos e células dendríticas. Consequentemente, temos uma resposta imunológica não eficiente Imunidade contra fungos: A parede do fungo é onde temos os principais PAMPs (quitina, mananas, beta-glucanos) Quando falamos de fungo, o fungo pode ser tanto um fungo extracelular (não entra na célula) ou um fungo intracelular (entra na célula), eles tem os PAMPs (estrutura que as nossas células não têm, serve para começar a resposta imunológica) na parede celular do fungo, como demonstrado no esquema acima A partir da resposta imune temos a fagocitose (neutrófilos e macrófagos fagocitam e matam os patógenos fúngicos diretamente) e o sistema complemento (fagocitose e MAC) Resposta imune adaptativa: ● Ela pode ser uma resposta imune esterilizante (ou efetora) ou resposta imunomoduladora. A esterilizante é como se esterilizassem os fungos dentro do próprio sistema, acaba com os fungos. Ocorre quando a carga parasitária do fungo é alta, quando temos muito dos antígenos de fungo, desenvolvemos uma resposta efetora, irão ativar TH1 e TH17, acaba com a infecção ● A imunidade imunomoduladora é quando a carga parasitária do fungo é baixa. Temos o desenvolvimento de células dendríticas imunomoduladoras, que irão ativar a TH2 e a TREG, leva a infecção persistente ● Temos também quando alguém desenvolve AIDS (não o soropositivo e sim quem desenvolveu a AIDS), ele desenvolve uma imunossupressão muito grande, que leva à uma doença progressiva A resposta imune esterilizante e a imunomoduladora dependem da carga antigênica Monócitos, dependendo da citocina recebida, pode se diferenciar em uma célula dendrítica ou em um macrófago Aula 2 (23/08) Anticorpos monoclonais Não temos uma resposta imunológica monoclonal Para simplificar, anticorpos são proteínas Inicialmente, o microrganismo vai se ligar ao BCR (imunoglobulina de membrana, nas células naive temos a IgM e a IgD - a célula B sabe fazer quando sai da medula óssea, ela começa mudando suas cadeias de gene para expressar IgM e IgD, quando a célula virgem encontra o microrganismo ele passa a se ligar BCR). O BCR - receptor de célula B - é ou IgM ou IgD O microrganismo é fagocitado, passa por vários processos e a célula se diferencia em um plasmócito de vida longa produtor de imunoglobulina, que fará processos de opsonização Estrutura geral das imunoglobulinas: A parte em vermelho é maior, por isso ela é chamada de cadeia pesada, sua estrutura proteica é maior. A cadeia menor é a verde, ela é chamada de cadeia leve Toda molécula de anticorpo de imunoglobulina encontramos 2 cadeias pesadas e 2 cadeias leves Além da cadeia pesada e leve, também temos outras regiões no mesmo anticorpo que precisam ser destacadas A parte variável (amarela) é a que gruda no antígeno, ela é variável pois cada célula B que tem no nosso corpo vai ter um BCR com uma região variável específica para um determinado epítopo. A especificidade mora na região variável A região constante é a mesma Quando falamos, por exemplo, das diferentes IgG, a região variável é diferente. Mas o que tem de igual e a região constante, isso que determina qual tipo de imunoglobulina ela é Regiões determinantes de complementariedade (CDR): Segmentos hipervariáveis Observamos o anticorpo, a parte em azul é a região constante, a região amarela é a variável Na região variável, se observamos com mais cuidado, temos algumas bolinhas vermelhas. Essas bolinhas vermelhas são as regiões determinantes de complementaridade (CDR), cada 1 delas chamamos de CDR1, CDR2 e CDR3. Eles possuem cerca de 12 aminoácidos, é ali no CDR que mora a especificidade da região variável Existem anticorpos monoclonais que são usados em terapias, observamos a importância do CDR nesses casos A especificidade da região variável está nessas pequenas outras regiões chamadas de CDR ou segmentos hipervariáveis Resposta policlonal: Se estamos doentes, por exemplo, infecção de garganta, por Streptococcus pyogenes É uma bactéria que são todas iguais e proliferam-se, crescendo a população no tecido. Se observarmos com cuidado, vemos que na superfície delas existem outras regiões (triângulo azul, bola vermelha, quadrado amarelo…) que representam epítopos do microrganismo Na natureza, não existe um microrganismo com todos os epítopos iguais A região variável dela é específica para uma célula T. Mas, ela não consegue se ligar em outro epítopo diferente (mesmo que seja na mesma bactéria) Todas as células B produzem contra o mesmo antígeno, porém para epítopos diferentes Por conta disso, as respostas do nosso organismo são chamadas de policlonal - só seria monoclonal se o microrganismo tivesse apenas um epítopo, isso não existe Resposta monoclonal ou anticorpo monoclonal é uma técnica de laboratório, dentro da gente não funciona dessa forma Se injetarmos um antígeno qualquer em um mamífero, o que irá acontecer? No soro do mamífero conterá vários anticorpos contra o mesmo antígeno, porém, para epítopos diferentes Como são feitos os anticorpos monoclonais?: Tudo começou com Georges Köhler e Cesar Milstein, em 1975. O trabalho deles é tão relevante que eles ganharam o prêmio Nobel de medicina A base da técnica é conseguir células B que produzem anticorpos, com uma especificidade conhecida. Sabemos que a célula que produz anticorpo é a célula B. No laboratório, linfócitos B morrem muito fácil, para ela ficar viva in vitro precisamos dar constantemente estímulos, diferente da célula tumoral (se crescer rápido demais, precisa repicar para diferentes locais) Já que a célulaB é uma célula fraca, e se tentássemos juntar com um tumor? Dessa forma, eles deram origem à célula híbrida Hibridoma. O importante da célula B é que ele produza anticorpo, enquanto a célula tumoral é importante para que o hibridoma viva por muito tempo na cultura O hibridoma possui características tanto dos linfócitos B, quanto das células tumorais. Elas tem as seguintes características: ● Célula B imortalizada ● Capacidade de produção de anticorpos ● Longa vida da população celular Como se chega a um hibridoma produtor de anticorpos cuja especificidade seja conhecida? O objetivo é produzir anticorpos monoclonais específicos para o antígeno X Temos os seguintes passos para isso acontecer: 1. Clones da célula B 2. Ter a célula tumoral - existem laboratórios que cultivam o tumor, você consegue comprando 3. Fazemos a fusão celular 4. Selecionamos as células fusionadas, nem todas grudam uma com a outra 5. Separamos os clones de hibridomas 6. Selecionamos os clones específicos 7. Expandimos os clones selecionados Conseguimos o nosso primeiro passo (clones de células B específicas para o antígeno): Temos o antígeno X e injetamos em um mamífero, nesse caso, um camundongo Em algumas semanas, retiramos o baço do animal (nesse baço do animal teremos células B) Quando injetamos um antígeno no animal, você espera que ocorra uma resposta imunológica mais intensa contra aquilo que você está injetando. Nesse caso (da imagem), é a célula B amarela Esperamos que exista uma quantidade maior de células B contra aquilo que injetamos (específicas para aquele antígeno) Isolamos as células do baço macerando ele, prendemos ele com uma pinça e fazemos com uma parte da agulha de injeção Temos as células soltas no tubo Agora com as células B, iremos cultivar as células tumorais que possam ser fundidas com os linfócitos B do camundongo imunizado. Compramos elas e escolhemos o tumor de um mieloma (é um tumor de célula B, ele foi uma célula B um dia) Em geral, fusões entre células similares são mais bem sucedidas do que fusões de células diferentes, por isso a escolha do mieloma como fonte de células tumorais As características do mieloma: ● Células neoplásicas - imortais ● Derivadas de linfócitos B ● Não secretam anticorpos Realizamos a fusão da célula tumoral com a célula B específica O simples co-cultivo das duas células é suficiente para induzir a fusão das duas células? NÃO Precisamos de um estímulo para essa fusão acontecer, temos 2 estímulos possíveis para isso: 1. Meio de cultura com polietilenoglicol 2. Pulso elétrico O polietilenoglicol, sendo um meio de cultura, as membranas plasmáticas de ambas as células ficam mais permeáveis e elas se fundem de uma forma mais tranquila O pulso elétrico é feito por um multiporador, temos a câmara de fusão Selecionamos as células que fundiram (hibridoma), no 4 passo. Temos 3 tipos celulares nisso: ● Células B não fundidas ● Mielomas não fundidos ● Hibridomas Selecionamos os hibridomas da seguinte forma: “exclusão” ● Linfócitos B não vivem muito tempo em cultura sem estímulos ● Mieloma - adiciona meio HAT à cultura celular Descobriram que o mieloma não vive bem no meio de seleção meio HAT - hipoxantina, aminopterina e timidina Para que a célula sobreviva nesse meio de cultura, ela precisa de uma enzima - HGPRT e o mieloma não tem essa enzima, logo, ele não consegue metabolizar o meio HAT e morre por ser um meio tóxico ao tumor O hibridoma continua vivo pois o linfócito B possuía HGPRT, assim como o hibridoma. Logo, ele é capaz de sobreviver nesse meio Agora, temos o 5º passo: encontrar e separar os clones de hibridomas certos, que irão produzir anticorpo específico para o antígeno X Encontramos os hibridomas da seguinte forma: realizamos diluições em série de modo que a concentração final das amostras seja 1 célula por poço: Pegamos a placa de cultura, colocamos em um microscópio e olhamos para ver se tem apenas um hibridoma em cada. Se tiver 2 células ou 3, não podemos continuar o experimento, ou descartamos ou pipetamos e separamos as 2 células, tendo certeza que nessa placa terá apenas 1 hibridoma por poço A1 (primeira célula) é então cultivada e dá origem a uma população homogênea de células secretoras de anticorpos que possuem a mesma especificidade Enquanto as células proliferam, elas também produzem anticorpos Os anticorpos são, então, monoclonais. Cada poço é composto por anticorpos monoclonais, chamamos eles dessa forma pois veio de um só Todos os anticorpos produzidos pelos hibridomas não tem a mesma especificidade pois cada hibridoma é de um clone que não conhecemos Temos que testar a especificidade de cada anticorpo para encontrar o anticorpo anti-X que é o certo, sendo a etapa 6: Fazemos por ELISA - teste imunoenzimático, a placa de ELISA é semelhante a placa de cultura de cultivar células No 6º passo, separamos os anticorpos Pegamos os tubinhos com os anticorpos e colocamos cada um na placa de ELISA Se algum daqueles tubos tiver o hibridoma produzindo o anticorpo contra o antígeno-X, o anticorpo se liga e o teste de ELISA da positivo - muda a cor (branco/azul claro negativo, azul escuro ELISA positivo) O sétimo passo é para expandir a população do hibridoma que produza o antígeno X Essas células em cultura produzem anticorpos, esses anticorpos são os nossos anticorpos monoclonais de interesse Podemos utilizar os anticorpos monoclonais para: ● Fenotipagem celular - teste de citometria de fluxo ● Diagnóstico ● Terapia ● Pesquisa Para terapia, as doenças que já usam o monoclonal são câncer, inflamação, doença cardiovascular, doenças autoimunes, rejeição a transplantes Como o anticorpo monoclonal dá um trabalho muito grande para conseguir ele, são medicamentos bem caros Há algum efeito colateral? - anticorpos murinos são vistos pelo sistema imune do paciente como estranhos, o sistema imune enxerga o anticorpo como estranho por ter sido feito em um camundongo, por exemplo. O sistema imune irá realizar o HAMA - anticorpo humano anti-anticorpo de camundongo (Human Anti-Mouse Antibody) Usam esse tipo de tratamento para substituir a quimioterapia ● Os anticorpos podem ser rapidamente eliminados ● Teremos a formação de complexos imunes, que pode depositar nos rins e leva a glomerulonefrite Pensando nisso, os pesquisadores realizaram pesquisas para reduzir o problema do HAMA Desenvolveram um anticorpo quimérico, a região constante é humana produzida pela região molecular, apenas a região variável é murino Melhoraram ainda mais, deixando a região constante e variável humana e apenas o CDR como murino. Existem, também, anticorpos monoclonais totalmente humanos Nomenclatura e biofármacos: O prefixo é formado por uma sílaba que define o nome do biofármaco, seguido por outra que define o alvo ou a doença de indicação O sufixo é formado por uma ou duas letras que identificam a fonte do anticorpo, seguido pela sílaba “mab” (monoclonal antibody) Histórico de anticorpos monoclonais pelo FDA: Aula 3 (30/08) Técnicas em imunologia As aplicações podem ser feitas em pesquisa científica ou para diagnóstico Reação de precipitação: em química, o precipitado é uma substância que foi formada pela reação, que é insolúvel. Ou seja, precipitado é um sólido que se forma e deposita no meio de uma solução líquida A interação anticorpos+antígeno forma um precipitado visível Quando temos anticorpo e antígeno, vai formar uma rede que pode desenvolver esse precipitado visível A quantidade de precipitado que vai ser formado depende de: ● Fatores físico-químicos (pH, temperatura) ● Imunológicos (tipo de Ag e Ac) ● O que principalmente influencia no precipitado: concentrações relativas do antígeno e do anticorpo equivalentes (zona de equivalência) A zona de equivalência é onde a precipitação é máxima Os tracinhos em azul são os anticorpos e a bolinha vermelha o antígeno, percebemos que na primeira situação temos mais anticorpo e menos antígeno, issonão está equivalente No outro extremo, temos mais antígeno do que anticorpo, também não está em equivalência Ou seja, quando não temos equivalência na quantidade dos anticorpos e dos antígenos, a precipitação não é tão boa Quanto mais anticorpo eu tenho e menos antígeno, o precipitado é muito pequeno, conforme igualamos, o precipitado vai crescendo até atingir a equivalência Isso também serve para quando temos mais antígeno do que anticorpo Teremos um excelente precipitado quando temos a mesma quantidade de anticorpos para os antígenos, chegamos na maior precipitação Com isso em mente, temos alguns exemplos de imunoprecipitações: 1. Imunodifusão simples 2. Imunodifusão radial dupla 3. Imunodifusão radial simples Imunodifusão simples: Pegamos um tubo de ensaio e enchemos ele com ágar ou agarose, fazemos um gel a partir do ágar Pegamos um tampão (bio mol), misturamos com o ágar (esquentado pelo microondas) dissolvido. O gel é o tampão + o ágar, deixamos o ágar esfriar e ele polimeriza Quando ele esfria, pipetamos no gel o anticorpo Conforme a amostra vai penetrando no gel (que é poroso), temos anticorpos nesse gel. Quando ele gelifica, temos anticorpos distribuídos nesse gel Se a nossa amostra tiver o antígeno para aquele anticorpo, a amostra começa a entrar no gel. Esperamos que o antígeno presente na amostra comece a encontrar o anticorpo específico, começa a grudar um no outro até termos uma equivalência, formando um precipitado Uma das limitações dessa técnica é justamente o tempo, leva cerca de 1 semana para ter esse resultado. É um teste que funciona, te da um resultado, mas ele é um teste antigo (de 1946), o nome é método de Oudin e ele é extremamente demorado Imunodifusão radial dupla: Podemos chamá-la de método de Ouchterlony, foi descoberta em 1947 Não pipetamos o anticorpo no gel e também não colocamos em um tubo, colocamos em uma placa de Petri Depois, pegamos esse gel e fazemos alguns buraquinhos nele Esses buracos (orifícios) podem ser feitos com o fundo da ponteira da pipeta, temos um orifício central e os orifícios ao redor No buraco do meio, do orifício central, vamos pipetar o anticorpo. Nos buracos ao redor (periféricos), colocamos a amostra O anticorpo se espalha para todos os lados, assim como a amostra colocada nos buracos periféricos Em um certo momento, o anticorpo do meio que está se difundindo pelo gel e as amostras que também estão se difundindo = vão se encontrar Quando eles se encontram, se a amostra for positiva, um liga no outro. Observamos a precipitação com “riscos”, arcos precipitados Temos o orifício central, o anticorpo, a difusão para todos os lados e o antígeno fazendo a mesma coisa. Quando eles se encontram, temos a ligação formando um precipitado com zona de equivalência Essa técnica é para diagnóstico de: ● Candidíase ● Paracoccidioidomicose ● Cisticercose A limitação dele é que demora até 48 horas para difusão e que a reação ocorra Imunodifusão radial simples: Método de Mancini e Fahey, de 1965 Também fazemos o gel como feito nos outros Nesse gel colocamos o anticorpo anti-antígeno que estamos procurando. Quando pipetamos a amostra que será testada, a amostra que foi colocada no local vai se difundir entrando para o gel Sendo uma amostra positiva, formamos um halo (anel) de precipitação Se pegarmos essa amostra e diluir, por exemplo, em 8 vezes, diminuímos esse halo. Quanto mais diluímos a amostra, menor fica o halo Esse teste pode ser utilizado para diagnóstico de: ● Coccidioides immitis ● Paracoccidioides brasiliensis ● Histoplasma capsulatum Reações de aglutinação: São exemplos de reação de aglutinação: ● Widal (para Salmonellae) ● Wright (para Brucellae) ● Weil-Felix (para Richettisiae) ● Plasmodium ● Leishmania ● Toxoplasma ● Candida ● Aspergillus ● Cryptococcus ● Toxoplasmose Aglutinar = juntar Para essa reação, pegamos partículas que podem ser aglutinadas. Precisamos de partículas maiores do que a das precipitações, Podemos pegar eritrócitos, bactérias, fungos e látex, partículas que teremos a agregação visível Podemos fazer a aglutinação de duas maneiras: 1. Aglutinação direta - queremos aglutinar diretamente a própria bactéria, o próprio fungo e o próprio protozoário. Pegamos diretamente o microrganismo 2. Aglutinação indireta - a aglutinação indireta é quando você pega uma hemácia e nessa hemácia iremos sensibilizá-la, por exemplo, com antígenos do toxoplasma Ou seja, a reação pode ser feita de 2 maneiras: com o próprio toxoplasma ou sensibilizando uma célula humana com o antígeno do microrganismo O fundo dessa placa de 96 poços é um fundo chato, quadrado. Numa placa de aglutinação é diferente, em V ou U As hemácias estão sensibilizadas pelo toxoplasma. Colocamos uma amostra de sangue, digamos que ela seja negativa. Se ela for negativa, isso significa que a pessoa não entrou em contato com o toxoplasma (por exemplo) e ela não tem anticorpo para isso, logo, ela é negativa para aquele anticorpo. Essas hemácias sensibilizadas não grudam em ninguém e vão para o fundo do poço, pois não aglutinaram. Vemos apenas um pontinho no fundo do poço da placa Se ela for positiva, pipetamos o soro na placa e, para ser positivo, a pessoa entrou em contato com o toxoplasma, logo, ela tem os anticorpos. Quando pipetamos o soro da pessoa que tem o anticorpo, esse anticorpo gruda nas hemácias (que foram sensibilizadas pelo antígeno do microrganismo). Consequentemente, teremos um aglutinado = uma rede, faz com que o complexo não afunde Inibição da aglutinação: Observamos no esquema abaixo a urina e anticorpo anti-hCG, que é um hormônio da gravidez. Usamos esse exemplo para falar da técnica de inibição da aglutinação Incubamos a urina com anticorpo primeiro, eles são colocados em uma placa e então adicionam uma partícula revestida com hCG O amarelo é a partícula e o vermelho o hCG A técnica, primeiro, se ela estiver grávida, ele gruda no hCG na urina e adiciona-se a partícula revestida de hCG Depois da primeira incubação, o anti-hCG gruda no hCG na urina Adicionamos, então, a partícula com hCG. Se na urina tem o hCG, o anticorpo está grudado e não está disponível, por conta disso, não observamos aglutinação na partícula revestida com hCG Dessa forma, inibimos a aglutinação Em um teste negativo, a urina da mulher está limpa. Logo, o anti-hCG não se gruda em nada Adicionamos, então, a partícula revestida. O anticorpo que não foi usado (pois na urina não tinha hCG) passa a grudar nas partículas e temos a aglutinação Reação de fixação do complemento: Para diagnóstico de: ● Mycoplasma pneumoniae ● Leptospirose ● Doença de Chagas ● Infecções por alguns vírus respiratórios: influenza A e B, parainfluenza, adenovírus e arbovírus Na via clássica, ela precisa de anticorpo IgM ou IgG. O anticorpo liga na bactéria, vai vir a primeira proteína que vai grudar e ela é chamada de C1, depois disso, a C4 e C2, mas tudo começa com o anticorpo. No final, vem a C9 que abre um poro, que é chamado de MAC (complexo de ataque à membrana) No final, diferenciamos as 3 vias do sistema complemento de acordo da forma que elas começam. Mas no final de cada via temos sempre a formação do MAC, o microrganismo é lisado e morre O teste positivo: temos a amostra com anticorpo, no sangue da pessoa temos o anticorpo (ela está positiva para um dos microrganismos que queremos checar). Em sequência, colocamos nesse tubo o antígeno com proteínas da via clássica do sistema complemento Nesse momento, temos a bactéria, na amostra tem o anticorpo e pode se ligar à bactéria. Adicionamos proteínas do sistema complemento e, por conta disso, começa a desencadear a cascada do sistema complemento. Ou seja, utilizamos o sistema complemento nesse teste Continuando o teste, acrescentamos hemácias que já estão opsonizados (o azul é o anticorpo). Adicionamos a hemácia no tubo A hemácia, por sua vez, não terá reação. O sistema complemento já foi usado para degradar o microrganismoSe tivesse o sistema complemento livre, a C1 iria grudar no anticorpo da hemácia, iria desencadear a cascata e teríamos o rompimento da hemácia Quando é um teste positivo, observamos nenhuma diferença no teste - não tem hemólise Teste negativo: a amostra não tem anticorpo pois a pessoa não entrou em contato com o microrganismo. Quando adicionamos o antígeno e as proteínas do sistema complemento, nada irá acontecer O antígeno e as proteínas do sistema complemento estão livres, já que não tinha o anticorpo do começo Quando colocamos a hemácia que está opsonizada com o anticorpo, a hemácia é degradada pois o sistema complemento será ativado. Logo, observamos hemólise O tubo encontra-se hemolisado, já que o sistema complemento atuou nas hemácias, destruindo-as Aula 4 (06/09) Teste de ELISA ELISA - Enzyme-linked immunosorbent assay Ensaio imunoenzimático Imunoenzimático lembra algumas coisas - quando falamos de ensaio, é um ensaio de teste. O imunoenzimático é que algum componente do sistema imunológico (é o anticorpo) será utilizado para esse ensaio, enzimático é porque utilizamos uma enzima para esse teste, a enzima é a que está conjugado ao anticorpo Para ser um teste de ELISA, esses 2 componentes (anticorpo conjugado à enzima) estarão sempre presentes Os poços mudam de cor conforme resultado positivo É uma técnica imunoenzimática, pois usamos um componente do sistema imune e uma enzima por tipo de teste (por exemplo, a peroxidase e a fosfatase alcalina), baseada na utilização de antígenos e anticorpos marcados com a enzima. Permitem: ● Detecção - de toxinas de microrganismos, proteínas liberadas no meio ● Titulação - titulação de quanto de anticorpo o seu organismo está produzindo para um microrganismo ● Quantificação - de substâncias de interesse biológico Colocamos em cada poço uma quantidade de célula B, promovemos estímulos diferentes em cada poço. Depois de um tempo, fazemos uma cinética e dosamos os anticorpos por ELISA Quando temos um anticorpo e ele ligado à algo, como uma enzima, falamos que esse anticorpo está conjugado As enzimas que podem ser utilizadas são a peroxidase e a fosfatase alcalina O que é necessário: ● Antígeno purificado (se for para detecção ou quantificação do anticorpo) ● Anticorpo purificado (se for para detecção ou quantificação do antígeno) O ELISA sempre é feito em uma placa de ELISA, contendo 96 poços (assim como placa de cultura e aglutinação), mas ela é achatada no final (quadrado) O antígeno purificado significa que você vai procurar anticorpo - exemplo: HIV, as células B do organismo passam a produzir anticorpos contra o HIV, mesmo que não funcione. Para descobrir se uma pessoa está ou não com HIV, o teste de triagem padrão é o ELISA. No fundo do poço da placa, teremos as partículas do microrganismo (em verde) A proteína é chamada de recombinante, colocamos ela no fundo da placa. São proteínas do vírus que estamos procurando Em sequência, pegamos o sangue da pessoa. Se essa pessoa tiver o HIV no corpo dela, ela terá anticorpos anti-HIV. Quando colocamos o soro ali dentro, o anticorpo gruda (em roxo) Por esse teste, temos anticorpos no sangue de alguém, indicando que esse alguém está com aquela doença. Nesse exemplo, o vírus da AIDS. Detectamos os anticorpos nesse teste Se, por exemplo, quisermos identificar TNF, o teste será feito com TNF. Para detectá-lo, sensibilizamos a nossa placa com anticorpos monoclonais anti-TNF. Em sequência, jogamos o sangue da pessoa, se a pessoa tem TNF irá grudar. Colocamos o anticorpo secundário anti-TNF, conjugado com a enzima, quando colocarmos ele reage e o poço fica colorido Esse ELISA é diferente pois “forramos” com um anticorpo primário, jogamos o sangue e ele gruda, colocamos um anticorpo secundário e esse sim é conjugado com a enzima O anticorpo anti-HIV estava no corpo da pessoa, então ele não tem enzimas Temos soluções-padrão de controles positivo e negativo - temos os diversos poços, em alguns deles, colocamos uma amostra que temos CERTEZA que tem o que desejamos estudar. Chamamos ela de controle positivo Precisamos também da placa de 96 poços, o anticorpo conjugado a uma enzima e o substrato da enzima. Precisamos também de um leitor de ELISA, já que ela muda de cor, o nosso olho não é possível identificar Existe os testes direto e indireto ELISA Direto: Realizamos primeiro a sensibilização, é a primeira coisa que devemos fazer - pipetar na placa Pipetamos um tampão - PBS + 0,05% de Tween, ele dissocia as ligações mais fracas - é a lavagem, evita falsos positivos Bloqueamos sítios inespecíficos da placa que ficaram vazios São microsespaços que podem existir, para isso não acontecer, bloqueamos esses espaços. Se não bloqueamos, o anticorpo secundário pode se ligar no fundo da placa, mudar de cor e acender pois não bloqueamos os espaços, dando um falso positivo Para bloquear os sítios reativos (espaços da placa), podemos usar leite desnatado, albumina bovina, gelatina, soro fetal bovino, etc. Ao bloquear, impedimos que os anticorpos secundários cheguem no fundo da placa e fique ligada lá Colocamos então a amostra que será testada, pode ser um soro ou sobrenadante de cultura Só gruda o que for específico Realizamos a lavagem e sai tudo que não for específico para o anticorpo primário Jogamos o anticorpo secundário que irá grudar no antígeno específico, com enzima. Se você não fizer o bloqueio, ele pode grudar no fundo da placa Temos os substratos, que são usados para finalizar o teste O produto da reação será em forma de cor Passo a passo rápido: colocamos o anticorpo primário e ele realiza a sensibilização, lavamos, colocamos o bloqueador de sítios específicos. Em seguida, jogamos o soro O primário é anti-o que queremos descobrir, por exemplo, o TNF ELISA Indireto: Sensibilizamos a placa com o antígeno livre de impurezas, diferente do direto que era com anticorpo Em seguida, bloqueamos os sítios específicos e adicionamos o soro Colocamos um anticorpo anti-anticorpo já conjugado com a enzima O ELISA tem que ter o anticorpo e a enzima Podemos verificar se tem e podemos saber, também, exatamente o quanto tem As vantagens são: ● Especificidade ● Sensibilidade ● Rapidez ● Possibilidade de realizar vários testes de uma só vez Western Blotting: É uma técnica realizada para achar proteína Podemos pegar células tumorais, por exemplo, e extrair suas proteínas. Fazemos isso para saber se aquele tumor tem uma proteína para deixá-lo vivo Usado para identificar e determinar a quantidade relativa e o peso molecular de uma proteína em uma mistura de proteínas ou de outras moléculas Para fazer o Western Blotting, precisamos identificar a proteína em um lisado celular O lisado é submetido a SDS-PAGE para separar as proteínas O SDS-PAGE é um gel Para fazer o Western Blotting, temos um grande suporte: Montamos primeiro a placa de vidro uma sobre a outra, para que elas não grudem A nossa amostra é o lisado proteico O gel é montado entre 2 placas de vidro As proteínas começam a correr pelo gel quando ligamos na tomada e damos a voltagem correta. As proteínas começam a descer pelo gel Quando colocamos o extrato protéico ali e ligamos, separamos as proteínas pelo peso molecular. As maiores ficam pra cima e as menores para baixo No Western, também temos um padrão de peso molecular. Compramos Primeiro, sempre pipetamos o padrão de peso molecular - usamos pois sabemos o peso delas, para identificar o peso da proteína desconhecida Temos o gel, a linha branca é a membrana (abaixo) Colocamos uma do lado da outra, colocamos na fonte e damos o choque, as proteínas no gel passam de um lado para o outro As proteínas que estavam no gel são transferidas para a membrana Se tiver a proteína, o anticorpo gruda na membrana, no local exatamente onde está a proteína específica do lisado celular que queremos estudar Lisamos as células, colocamos o extrato no gel, separamos as proteínas no extrato molecular. Recortamoso papel, colocamos em cima do gel, damos o choque, transfere tudo do gel para a membrana. Em seguida, jogamos o anticorpo anti-proteína que está sendo procurado (exemplo, anti-BCL-2). Se tiver a proteína, ele gruda e faz o risquinho na membrana Para HIV, fazemos o Western Blotting para confirmar o resultado Jogamos o sangue da pessoa direto na membrana, se a pessoa tem anticorpo anti-HIV no sangue dela, ele irá grudar na proteína do HIV da membrana. Jogamos o anticorpo secundário e detectamos ali No tecido, o organismo aparece como leveduras pleomórficas de 2 a 10 μm, com brotamento. Em alguns pacientes, esporotrix pode filamentar (não é comum) Aula 5 e 6 (20/09 e 04/10) Citometria de Fluxo A citometria também é utilizada para contar, examinar e classificar partículas microscópicas (células) suspensas em meio líquido em fluxo Podemos utilizar sempre em células individuais Precisamos do equipamento - citômetro de fluxo Fluorocromos, geralmente, são acoplados em anticorpos O citômetro coleta os dados, filtra e converte Solução salina, colocamos um tampão e as células vão passando Detector - FSC Por enquanto, temos o dado sobre o tamanho da célula por conta do FSC Muito mais conteúdo, mais granulosa, independente do seu tamanho Gráfico de tamanho por granulosidade: Células já purificadas no tubinho Ou seja, ela tem tamanho 3 e granulosidade 2 Os pontinhos aparecem aos poucos no citômetro Mais acima, mais granulosas Mais deslocadas para a direita, maiores as células Colorimos depois, ele aparece sempre preto e branco Parâmetros mais específicos que tamanho e granulosidade: FACS (fluorescence-activated cell sorter) Fluorescências associadas a anticorpos monoclonais Fluorocromos: ● Inicialmente, encontrados em repouso ● Excitados por fonte luminosa (o laser) ● Emitem uma luz de comprimento de onda (cor) característica O laser argônio produz uma luz azul, porém podemos ter outros tipos de lasers em outros tipos de citômetros Conjugamos o fluorocromo no anticorpo e, então, vemos a célula marcada após se juntar com o anticorpo O gráfico serve para falar das populações de células gerais, não consegue diferenciar cada uma. Sabemos que tem linfócitos B e T, mas por esse parâmetro de granulosidade, não sabemos quem é B e quem é T Como diferenciar as células por parâmetros mais específicos: Normalmente, utilizamos os anticorpos monoclonais associados aos fluorocromos, possibilitando utilizar e quantificar de forma específica quem é linfócito B, T, quem é TCD4, TCD8… Para fazer a combinação, os fluorocromos têm taxa de emissão (quando excitados pelo laser) são diferentes. São excitados pelo laser de argônio Porém, ao falar de emissão máxima, cada um deles tem uma máxima emissão (nm) diferente, gerando cores diferentes. Conseguimos usar diferentes anticorpos monoclonais com diferentes fluorocromos no mesmo citômetro de fluxo, porém, não conseguimos utilizar fluorocromos cuja cor seja parecida, já que os picos de emissão são semelhantes e geram a mesma cor, assim, não saberemos de forma específica qual é qual Cada célula tem uma molécula O anticorpo anti-X se liga em toda célula que possui o X em sua superfície, da mesma forma que o anti-Y se ligará em todos com Y Se quisermos analisar em um gráfico, geralmente esse gráfico aparecerá da seguinte forma: Em cima, vemos apenas o anticorpo anti-X ligado à célula, enquanto embaixo vemos o anti-Y. Fica PE por FITC, podemos alterar o gráfico Na parte de baixo, observamos a célula D, que não foi marcada por nada Teremos, no final, a seguinte leitura: Região simples positivo (PE), duplo positivo (para FITC e PE), região duplo negativo (não expressa nenhuma das 2) e simples positivo FITC Imunofenotipagem por citometria de fluxo: Pegamos as células, são incubadas com os anticorpos, passa pelo citômetro de fluxo. Teremos o seguinte gráfico: A região duplo positivo está vazia pois não existe nenhuma célula para encontrar CD4 e CD8 ao mesmo tempo. Durante uma das fases de maturação, ela irá expressar os 2, apenas no timo antes da fase de maturação propriamente dita Toda célula T tem CD3, logo, teremos duplo positivo nessa possibilidade Existem fluorocromos não associados a anticorpos No histograma vemos apenas sobre um ponto, podemos sobrepor vários Quanto mais deslocado, maior a fluorescência A diferenciação é feita por anticorpos monoclonais com fluorocromos Após Ig-M: Isso é no caso de ter as células purificadas, se tivéssemos elas misturadas, teríamos um pico extra (região de célula que não marcaram para Ig-M - células T) Quanto mais alto o pico, mais célula eu tenho Gates - delimitação da população celular Instruímos o citômetro para células positivas/negativas, teremos placas defletoras, que irão atrair as células marcadas (positivo para negativo e negativo para positivo). Assim, teremos as células distribuídas em tubos diferentes, as que não são marcadas com nada serão descartadas Aula 7 (25/10) Diagnóstico laboratorial das hepatites virais A hepatite é uma inflamação do fígado, pode ser alcoólica. Dependendo do agente que está causando, podemos ter uma cura apenas com repouso (por exemplo, hepatite A). Algumas outras (B e C) requerem tratamentos prolongados de meses, porém, após a sorologia, o indivíduo pode não ter sido curado mesmo após meses de tratamento Temos vacinas para hepatite A e B, a doença em si é uma doença muito grave, o fígado é um órgão muito importante. A vacina é gratuita então é importante tomar, a vacina é feita em 3 doses A infecção é fecal oral, muito provavelmente podemos nos comunicar. É um vírus mais endêmico na amazônia, a hepatite A é frequente. A vacina da hepatite A é via fecal oral, então você precisa comer/beber algo contaminado Hepatite B é endêmica em São Paulo Às vezes, é necessário um transplante de fígado. Os transplantados tomam imunossupressores, por mais que seja semelhante à genética, podemos ter uma rejeição àquele enxerto. Isso não é interessante para ninguém, já que o seu fígado não estava funcionando, se o sistema imune atacar o novo fígado, você terá novas complicações A hepatite B é contraída a partir de secreções e sangue, logo, pode ser considerada uma IST Os agentes etiológicos são: Hepatite A: É causada por um vírus de RNA, é transmitida pela ingestão de água e alimentos contaminados É um caso muito grave no norte do país, a água já é raro nas regiões, então não é possível descartar a água A evolução dela é muito benigna, não tem um índice de morte muito grande. Ela não cronifica, diferente de B e C A hepatite A pode ser aguda, onde você cura, ou você morre (fulminante). A fulminante é comum em indivíduos imunocomprometidos, gestantes... Ela não cronifica Geralmente, quem se contamina são as crianças, como seu sistema imune é bom, ela costuma curar A criança tem icterícia, esclera e mãos amareladas, colúria (urina fica escura), o prognóstico dela é muito benigno Existe vacina Resultados sorológicos: Reagente é positivo Na fase aguda, teremos IgM. Encontramos IgM na fase aguda pois o IgM é o primeiro anticorpo que detectamos, pois a célula B, quando aprende a fazer anticorpo na medula óssea, o primeiro anticorpo que ela aprende a fazer é a IgM Anti vírus da hepatite A total (anti-HAV total) também aparece positivo A célula faz switch de classe, a primeira classe é IgM, se for vírus teremos uma resposta IgM e em seguida IgG. A imunidade é quando estamos imunes, logo, teremos HAV total e IgG Encontramos IgG pois já passou a fase aguda e a pessoa já está curada O indivíduo que é suscetível, será não reagente pois nunca entrou em contato com o vírus - nunca entrou em contato nem vacinou O IgM pode ficar até 6 meses, quando o indivíduo cura (se ele não morrer), teremos então IgG positivo, identificando proteção contra nova infecção para o vírus da hepatite A Hepatite B: Temos 6 marcadores para hepatite B É provocada pelo HBV, é de duplafita de DNA 65% desenvolve um doença subclínica e podem se recuperar, alguns tem hepatite aguda e 1% morre. 5% são portadores, logo, podem transmitir e temos 4% de hepatite crônica A partir da cirrose podemos ter um alto índice de carcinoma, levando a morte O grande risco é a cronificação O diagnóstico é pelo método de elisa Partícula viral: é um vírus envelopado, esse envelope na membrana tem um antígeno chamado de HBsAg, significa que é o antígeno na superfície viral Temos também o antígeno do core, é o HBcAg Além deles, temos o HBeAg, é o antígeno E Na hepatite B, temos então 3 antígenos. Para esses 3 antígenos, temos os anticorpos. Então temos: ● Anticorpo anti-HBs ● Anticorpo anti-HBe ● Anticorpo anti-HBc O antígeno E está entre o capsídeo e o envelope, são proteínas na matriz As fases que cada um aparece: o HBs se torna detectável de 2 a 6 semanas após a infecção É o primeiro marcador a ser detectado no sangue Quando o indivíduo cura, espontaneamente ou por tratamento (com remédio), temos o desaparecimento do HBs, visto que o paciente não está mais infectado. O anticorpo anti-HBs começa a ser detectado O anti-HBs é o único marcador de imunidade, presente nos indivíduos vacinados e nos que curaram Em situação que há evolução para doença crônica, o HBs persiste e não teremos detecção do anticorpo anti-HBs, visto que o vírus não saiu O próximo antígeno é o HBe, ele se torna detectável após o HBs. Ele é indicador de replicação viral Em situação de cura, o HBe desaparece e o anticorpo anti-HBe aparece Quando a doença cronifica, também temos anticorpo anti-HBe O terceiro marcador é o anti-HBc, é um indicativo de infecção recente - fase aguda da doença, aparece como IgM anti-HBc Gradativamente, surge o IgG anti-HBc e após 4 a 6 meses, todo IgM é substituído pelo IgG Em situação de cura, os marcadores ficam assim: Quando a doença evolui para forma crônica, o perfil sorológico fica assim: A cronificação da doença apresenta HBs, HBe e o anticorpo anti-HBe. O IgM vira IgG e permanece Hepatite C: O vírus da hepatite C é considerado uma epidemia silenciosa, você não tem sintoma por até 30 anos e o fígado é destruído aos poucos. Os sintomas só aparecem quando o fígado está em um estado avançado de deterioração É um vírus envelopado também, é de RNA de fita simples Os possíveis desfechos: Ela tem cura, porém, ela é silenciosa e às vezes o tratamento não adianta, dependendo da evolução. Quase sempre é necessário o transplante O diagnóstico na forma aguda temos anti-HCV, sendo o IgM, enquanto na fase crônica encontramos IgG A partir de elisa com resultado reagente, realizamos o western blotting e podemos fazer uma genotipagem (para indicar o tratamento) se for positivo, se for indeterminado fazemos o PCR para confirmar, se o blotting der negativo, podemos ter um falso positivo na ELISA Hepatite D: Sozinha, ela não causa nada. É um vírus defeituoso, ele só infecta se a pessoa já estiver com hepatite B A contaminação é por relação sexual sem preservativo ou utilizando objetos cortantes contaminados Também é chamado de hepatite delta, ele é totalmente dependente da co-infecção da infecção pelo vírus da hepatite B para sua multiplicação. Ele precisa do HBs Quando o indivíduo está com hepatite B e se contamina com a delta, ai a doença é muito mais grave e muito mais rápida, em relação à evolução da doença O diagnóstico é tranquilo Total é basicamente IgG, a maioria dos casos o que encontramos sempre é IgG Hepatite E: É muito parecida com a hepatite A Ele é endêmico na índia, no Brasil não temos esse vírus A doença não cronifica Encontramos apenas IgG já que ela não cronifica Aula 8 (01/11) Imunologia do HIV Falamos o HIV, não o vírus HIV (o vírus já está na sigla) O HIV é um vírus que se comporta como os outros, não conseguem se replicar sozinhos e precisam de uma célula hospedeira e são parasitas intracelulares obrigatórios O vírus pode ser de DNA ou de RNA, podendo ser de simples ou dupla fita cada O HIV é considerado um vírus nu, pois não tem envelope O primeiro passo para replicação é ele se ligar a um receptor na célula do hospedeiro, em seguida, ele penetra. Existem vírus que apenas injetam o material genético dele para dentro da célula. No HIV, o capsídeo entra todo Temos então a fase de síntese, fazendo mais material genético viral, para ter a montagem desses vírus e o empacotamento. Quando a célula já montou tudo, ela libera todos A AIDs é a síndrome da imunodeficiência adquirida, o HIV mata o seu sistema imune Temos 2 tipos: o HIV do tipo 1, que está espalhado no mundo O HIV do tipo 2 está na Índia Do tipo, teremos os grupos: no tipo 2 vai do A ao H, enquanto em relação ao HIV do tipo 1 teremos os grupos (M, N, O, P) e os subtipos CRF/URF = o CRF é a forma recombinante circulante. Quando eles acham uma forma em apenas 1 indivíduo, eles chamam de URF = forma recombinante única Os subtipos são APENAS do grupo M, os outros não tem subtipos Teremos sub-subtipos também do A e do F, conforme eles acham cepas diferentes, essa tabela vai aumentando Estrutura do HIV-1: A parte mais exterior é o envelope, nele, encontramos glicoproteínas Gp120 = glicoproteína de peso molecular 120. É importante para a infecção Gp41 = ajuda no processo de infecção, vem depois da gp120 Teremos a matriz (proteínas) e o capsídeo (dentro fica o material genético) 2 fitas de RNA separadas Temos, também dentro do capsídeo, a transcriptase reversa. Ele tem também outras enzimas, a p10 (é uma protease = responsável por clivar outras proteínas) e a integrase (integra alguma coisa) Com relação ao material genético do vírus (HIV-1), ele é relativamente simples mas tem alguns genes importantes. O env, por exemplo, faz um RNA que, a partir dele, irá construir uma proteína. Ele codifica uma proteína para o envelope viral = gp160 A proteína p10 quebra a gp160 em 2 fragmentos, a gp120 e a gp41. O gene env codifica uma proteína do envelope, que é a 160, a p10 vem e quebra ela em 2 fragmentos Temos também o gene gag, que codifica para nucleocapsídeo e proteínas do core., temos a p55, que é a precursora. A p55 é quebrada pela p10 em 4 fragmentos Essas proteínas estão no capsídeo e na matriz O gene pol codifica para enzimas virais A p66 e a p51, juntas, formam a transcriptase reversa As diferenças entre HIV-1 e HIV-2: O HIV infecta, principalmente, a TCD4, que são frágeis e morrem. Os macrófagos e células dendríticas também são infectadas Ficamos doente pois a quantidade de TCD4 abaixa muito Temos o CD4 na célula TCD4, porém, para o vírus entrar, ele precisa também (além da molécula CD4) de um receptor de quimiocina A grande maioria das infecções é por conta da relação sexual, a AIDs não tem cura, apenas mantemos a viremia baixa e algumas cepas virais são resistentes aos medicamentos O anti-retroviral causa uma grande debilitação no corpo, dependendo da genotipagem do vírus, teremos um ciclo de tratamento e às vezes é preciso trocar a medicação. Se a carga viral não diminuir, então a combinação não está funcionando, descobrimos isso a partir de PCR. É melhor não lidar com a situação de ficar contaminado Existem medicamentos que você pode tomar se um parceiro for soropositivo, para impedir a infecção, e o outro é quando você passou por uma situação de risco, e você pode não ser infectado Mecanismo de entrada do HIV em uma célula: Receptores de quimiocina mais estudados = CCR5 e CXCR4 Ela sofre, então, uma mudança conformacional, expondo peptídeos que não estavam expostos antes. Isso propicia a ligação na membrana plasmática da célula hospedeira, fazendo a fusão e o capsídeo entra na célula Na célula hospedeira, o vírus faz a transcrição reversa. Transcreve o RNA em DNA A integrase integra o DNA viral ao genoma da célula Assim, produzimos RNAm e continuaremos a progressão viral com produção dentro das células de tudo aquilo que o vírus precisa Correceptores para infecção -receptores de quimiocinas Quando você se contamina, o vírus entrará provavelmente primeiro em macrófagos. O CXR4 aparece um pouco depois, durante a progressão da doença. Essas cepas virais recebem nomes com base em quais receptores de quimiocina elas se ligam O vírus, ao entrar na célula, não necessariamente irá se multiplicar. A primeira cois que ele faz é o uso da transcriptase reversa, assim, o DNA dele fica junto com o nosso dentro da célula Ele pode ficar até 10 anos dentro do nosso organismo sem manifestar nenhum sintoma A latência viral pode sair justamente pelo estímulo de proliferação daquela célula Saída do vírus = budding off, ele leva à membrana (que terá as proteínas da célula) A saída de muitos vírus deixa a célula instável e suscetível à apoptose Como o HIV leva ao prejuízo do sistema imunológico? Porque ocorre a imunossupressão? São os efeitos deletérios diretos do HIV sobre as células TCD4+ A constante perda de membrana, devido a saída dos vírus, leva a alterações no fluxo de íons A célula fica instável e entra em apoptose e morre Outro motivo pode ser a síntese de proteínas virais, uma vez que a célula gasta o material que seria para as proteínas essenciais para a célula. Assim, ela não consegue sobreviver Se a célula infectada encostar em uma célula T normal, que não está infectada, ela irá ter fusão das membranas, formando uma célula maior e formando um sincício O HIV mata diretamente dessa forma, sincício, fluxo de íons e síntese proteica afetada O HIV pode ser passado entre duas células em uma sinapse imunológica - contamina a célula de baixo A TCD8 mata as células infectadas, logo, o próprio sistema imunológico promove imunossupressão Tem um sistema desenvolvido em 2016 publicado, é um sistema in vitro que mimetiza o que ocorre in vivo no organismo Eles chamaram o sistema de cultura de agregado linfóide humano (HLAC) com tonsilas humanas frescas ou tecido de baço, assim, observamos a cultura de TCD4 Foi observado que 5% tornaram-se infectadas, são permissivas (estão produzindo o vírus dentro delas) Os outros 95% não são permissivas, logo, fazem infecções abortivas = não completam o ciclo de fazer RNAm e DNA O HIV promove a morte das células permissivas e não permissivas da forma A permissiva morre por apoptose mediada pela caspase-3 Se a IFI16 acha o DNA fora da célula, ele reconhece que deve ser de algum microrganismo (visto que o DNA deveria estar dentro da célula). Dessa forma, o sensor se reúne em um inflamassoma, temos ativação da caspase-1 e temos a piroptose ]] Fase eclipse: Durante o período de latência, o HIV destrói aproximadamente 1 milhão de células TCD4 por dia. Por isso, a doença vai gradativamente destruindo o sistema Tecido linfóide do intestino é um dos mais acometidos A presença de anticorpos não impede a entrada do vírus na célula, já que a gp120 faz mudanças conformacionais, podemos ter estruturas com mutações que também fogem do sistema imunológico Sarcoma de Kaposi - câncer específico da AIDs HIV Vírus são estruturas genéticas incapazes de terem um metabolismo próprio, de se replicarem sozinhos, eles precisam obrigatoriamente de uma célula hospedeira para o processo de replicação viral. Falando em bactéria, a grande maioria em meio de cultura com os nutrientes necessários para essa bactéria se desenvolver ela vai se desenvolver, porque ela consegue absorver os nutrientes do meio e tem a maquinaria de síntese proteica para ela mesmo fazer suas próprias proteínas e crescer a população. O vírus já é diferente, ele precisa da maquinaria de síntese proteica, porém utilizam isso da célula hospedeira. Os vírus são encontrados em todos os reinos de seres vivos, existem vírus que infectam bactéria (bacteriófago) até vírus que infectam plantas, animais, seres humanos, etc. Esses vírus obrigatoriamente são intracelulares, por isso são parasitas intracelulares obrigatório. Parasita porque invadem a célula e causa algum tipo de prejuízo na célula, e intracelular obrigatório porque para ele ser prejudicial, ele tem que estar dentro da célula. Os vírus vão ter sua própria informação genética (tem seus próprios genes), mas o genoma dele é diferente. Ou vai ser um vírus de DNA ou um vírus de RNA, não encontra na mesma partícula viral as duas coisas juntas. Além disso, com relação ao genoma viral, existe uma gama de possibilidades. No vírus de DNA, pode ser encontrada fita simples de DNA ou fita dupla de DNA, com relação ao vírus de RNA é a mesma coisa fita simples de RNA ou fita dupla de RNA. - o HIV apresenta duas fitas simples de RNA, é um retrovírus. Do lado esquerdo se vê um vírus sem envelope, com a presença do capsídeo, que é a parte proteica, feita por subunidades de capsômeros. Cada bolinha é um capsômero e dentro do capsídeo tem o ácido nucleico que pode ser RNA ou DNA de fita simples ou dupla. Do lado direito temos o mesmo vírus só que agora envolto por um envelope. O material para o envelope do vírus vem da última célula hospedeira que esse vírus estava infectando (é uma parte da membrana plasmática da célula que estava hospedando, que levou em seu processo de saída). - o HIV é um vírus envelopado. Tem o capsídeo, no meio mais externo tem o envelope e possui algumas proteínas de membrana no envelope do vírus. Replicação viral: de modo geral, os vírus fazem uma ligação na membrana plasmática da célula hospedeira, essa célula possui algum tipo de receptor para esse vírus se ligar. Ligando ele penetra na célula hospedeira, pode ser que entre o capsídeo inteiro ou só o ácido nucleico, depois tem a síntese de ácidos nucleicos e proteínas virais. O vírus faz com que a célula produza grandes quantidades de ácidos nucleicos para montar novos vírus e proteínas virais para montar a estrutura do capsídeo e material genético. Após isso acontece a montagem dos capsídeos e empacotamento do material genético dentro dos capsídeos. Feito isso, o vírus está pronto e ocorre a liberação, esse vírus parte então à procura de novas células para continuar o processo de síntese viral. Boletim epidemiológico do HIV (2019 – dados até 2018): quase 40 milhões de pessoas em todo o mundo vive com HIV. Desses, 23 milhões de pessoas tem acesso à terapia antirretroviral, o medicamento prolonga a vida da pessoa, se não tomar o remédio a pessoa morre. No Brasil há a distribuição gratuita do medicamento, mas em muitos lugares do mundo não. 1,7 milhão de novas infecções, quase 75 milhões foram infectadas desde o início da epidemia, e 32 milhões já morreram por conta de HIV. Em SP, 2 pessoas morrem por dia devido ao HIV, antes eram 8. No gráfico ao lado, dados de 1990 a 2018, mostrando que foi aumentado, em 2002/2004/2006 teve um pico, foi declinando até 2018 (linha verde = número de mortes). Já a linha azul, que são novos casos, teve um pico em 98/96, a partir de 2000 começou a diminuir os novos casos. Gráfico ao lado mostra por idade. Até 14 anos, que é idade pediátrica, teve uma diminuição boa de 41%, de 2000 a 2018. A partir dos 15 anos a diminuição foi menor, de 13% apenas. Na América Latina, em alguns países teve uma diminuição na porcentagem de infectados, e em outros teve aumento. Em El Salvador teve a maior diminuição, de 48%, em seguida Nicarágua, Colômbia, Equador, Paraguai, Panama, Peru. México ficou igual. Já a Argentina, Guatemala, Honduras, Uruguai, Costa Rica, Brasil, Bolívia e Chile aumentaram as novas infecções por HIV. Classificação do vírus Tem 2 tipos, o HIV-1 e HIV-2. O HIV do tipo 1 é aquele que está distribuído no mundo. Já o tipo 2 está mais contido, ele é endêmico da África Ocidental e se disseminou um pouco para a Índia também. Ambos causam uma síndrome parecida, ou seja, ambos podem matar, a diferença é na estrutura da partícula viral. Pelo fato do HIV-1 ser predominante no mundo, a grande maioria das pesquisas científicas e estudos são relacionados a ele. Existem dois tipos de HIV. Esses tipos, conforme os pesquisadores vão vendo diferenças na estrutura do vírus, vãoexpandido a classificação, então depois dos tipos tem os grupos. No HIV-1 tem o grupo M, N, O P, já no HIV-2 tem A, B, C, D, E, F, G, e H. O tipo 2 tem mais ramificações, não acaba nisso. No HIV-1, no grupo M tem subtipos que vão de A até K, e dentro desses subtipos, o A e o F têm os sub-subtipos (F1, F2, e A1, A2, A3, A4 e A5). Tudo isso devido às mutações do vírus, justamente por isso que o sistema imunológico não consegue eliminar, porque faz muitas mutações. Além dessas classificações, tem a sigla CRF/URF. Esse CRF significa forma recombinante circulante. Quando essas pessoas que trabalham com essa classificação filogenética do vírus acham essa forma em até 3 indivíduos, chamam essa forma nova de CRF. E quando acha uma forma nova de classificação do vírus em apenas 1 indivíduo, é chamado de URF (forma recombinante única). Se ele passar para outros 2 passa a ser recombinante circulante. Estrutura do vírus Veremos o vírus de fora para dentro. O envelope vem da membrana plasmática da célula hospedeira que o vírus saiu. Nesse envelope encontramos estruturas muito importantes para o vírus. Vemos a gp120 (em azul), e abaixo dela gp41 (em verde) inserida na membrana. Gp é de glicoproteínas e o número é o peso molecular. Essas duas proteínas estão envolvidas no processo de infecção da partícula viral na célula hospedeira. Para a partícula viral entrar na célula hospedeira, o contato inicial é via gp120, é a primeira que faz a ligação no receptor da célula hospedeira. Ao lado, uma microscopia eletrônica do HIV (aumento de 200.000x). A estrutura em amarelo é a matriz. A matriz possui uma proteína chamada de p17 (em laranja). Mais para dentro (em vermelho) encontramos o capsídeo e dentro do capsídeo as duas fitas de RNA, além das enzimas necessárias do vírus. É encontrado também a transcriptase reversa (enzima composta por 2 subunidade p66/p51, essa enzima faz a transcrição ao contrário). Ela, a partir da fita de RNA, sintetiza uma fita de DNA. Essa fita de DNA feita pela transcripitase reversa vai ser inserida no nosso DNA, e quem faz essa integração é a integrase (integra o DNA à fita de DNA da célula hospedeira). O genoma do HIV é relativamente simples, tem poucos genes. Alguns genes são importantes, como o gene gag, que é um gene que codifica uma proteína precursora, é uma proteína prévia a outras proteínas. É a proteína p55 (maior), que será clivada pela protease p10, dando origem a p6, p9, p17 e p24. A p6, p9 e p24 compõem o capsídeo. A p17 forma a matriz. Outro gene importante é o gene env, responsável por codificar proteínas envolvidas no envelope. Inicialmente ele também faz uma proteína percursora, que é a gp160, a protease p10 quebra essa gp160 em subunidades menores, dando origem a gp120 e a gp41. Ambas estão envolvidas na ligação da célula hospedeira, ou seja, são necessárias para entrar na célula. O gene pol é responsável por codificar essas enzimas. Então tem a p66 e p51 que juntas fazem a transcriptase reversa (faz a transcrição ao contrário). Além disso tem a p31, que é a integrasse. Então a transcriptase reversa fez a transcrição da fita de RNA em DNA, com isso a integrase integra esse DNA sintetizado ao genoma do hospedeiro, e por último tem a p10, que é uma protease (cliva proteínas). Esses são os principais genes com funções estruturais: gag, pol e env. Os outros genes são regulatórios: codificam produtos com função reguladora ou acessória. Atuam no controle da replicação viral e da infectividade. A diferença entre o HIV-1 e HIV-2 são essas estruturas. Como exemplo, o gene env que no tipo 1 sintetiza o precursor que vai dar origem a gp160 e quando a protease p10 quebra resulta em gp120 e gp41, no tipo 2 esse gene faz uma precursora gp140, cliva em gp105/125 e gp136. Existem outras diferenças também, a transcriptase reversa, por exemplo, no HIV-1 é feita pela p66 e p51, no HIV-2 é a p68 e p53. Ou seja, essas pequenas modificações que encontramos nas estruturas do HIV é o que faz com que classifiquemos o HIV em grupos, tipos, subtipos, sub-subtipos. Infecção O HIV infecta linfócitos TCD4 (auxiliares), macrófagos e células dendríticas. As células T auxiliares são mais suscetíveis à morte pelo HIV, ou seja, morrem mais facilmente quando o HIV as infecta quando comparado com o macrófago ou com célula dendrítica, que servem mais como reservatórios para o HIV. A célula TCD4 é onde vai acontecer a principal imunossupressão. Para o HIV poder entrar na nossa célula, ele se liga no CD4 e no receptor de quimiocina. Lembrando que o CD4 também está presente nos macrófagos e células dendríticas. A infecção acontece por relação sexual desprotegida, injeção intravenosa compartilhando seringa. Ao lado, em verde temos a célula hospedeira com CD4 e receptor de quimiocina. Lá em cima temos o HIV com gp120 (rosa) e gp41 (verde). A primeira coisa que acontece é o contato físico do HIV come sses receptores na superfície da célula hospedeira. A gp120 gruda no CD4, com isso a gp120 faz uma alteração conformacional, e expõe peptídeos da gp41 (verde), que se liga na membrana plasmática da célula. Se ligando, faz com que ocorra a fusão do envelope com a membrana, e com isso esse envelope passa a fazer parte da membrana plasmática. Tudo que está dentro do envelope é colocado para o interior da célula hospedeira, e então a célula está contaminada. Dentro da célula hospedeira, temos em laranja o DNA viral, e em azul a transcriptase reversa. O RNA não se encaixa ao nosso DNA, então a transcriptase vai fazer a transcrição ao contrário, sintetizando a fita de DNA a partir da fita de RNA. Vem então a integrase (triângulo) e integra o DNA feito ao genoma do hospedeiro. Revendo: CD4 liga ao gp120 e também ao receptor de quimiocina, depois tem a mudança conformacional da gp120, e mudando a conformação dela expõe peptídeo do gp41, que gruda na membrana proporcionando a fusão do envelope na membrana plasmática da célula que vai ser infectada. Receptores de quimiocinas Existem alguns receptores de quimiocinas já estudados que fazem parte desse processo infeccioso, mas dois são mais importantes e melhor caracterizados: CXCR4 (expressa em T helper) e CCR5 (expressa em macrófagos). É dado o nome para a partícula viral de acordo com onde esse HIV liga. Lembrando que como o HIV é mutante, ele pode mutar e passar a ligar nos dois. - Nesse exemplo temos uma cepa viral ligando no T helper. A gp120 vai ligar no CD4 e no CXCR4. O HIV que faz isso é chamado de T-trófico ou X4 (se liga ao CXCR4). - Já o HIV que se liga ao CCR5, é chamado de M-trófico ou R5. - Existem também as partículas virais que grudam em qualquer coisa, ligam tanto no CXCR4 tanto no CCR5, sendo chamado de duotróficos ou R5X4. Outras células podem até ter esses receptores de quimiocinas, mas como não têm o CD4, o HIV não entra. Ele precisa dos dois. A resposta imunológica normal pode ser justamente o sinal que o HIV estava precisando para se ativar, porque quando ele entra na célula e a transcriptase reversa por meio de RNA faz uma fita de DNA, que vai ser inserida no núcleo, a célula pode ficar de boa com isso, sem replicação do HIV. Mas por conta da resposta imunológica normal, a dendrítica, por exemplo, apresenta antígeno para a célula T, e quando ativa, sinais são mandados para o núcleo, consequentemente pode ser um estímulo para o DNA viral que estava quietinho começar a sintetizar e entrar em ação. Fazendo isso, tem a síntese de novas estruturas, mais RNA, proteínas da matriz, do capsídeo, gp120, gp41, ou seja, a célula está em intensa síntese de proteína para o HIV. Tem também a protease que vai clivando os precursores, e quando se tem a célula cheio de produto viral e montando/empacotando esses vírus no capsídeo, essa célula então começa a liberar as partículas virais para que elas infectem as próximas células. No desenho vemos que a membrana plasmática da célula já está lotada de gp120 e gp41, porque se o vírus leva um pedaço da membrana com ele, isso vai ser o envelope dele, e ele precisa de gp120 e gp41 para infectar