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INSTITUIÇÕES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL Renata Hellwig Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir repetição de indébito e seu procedimento. Analisar a possibilidade de restituir o dobro do valor na ação de re- petição de indébito. Explicar a consulta tributária como forma de garantir a certeza do direito. Introdução O crédito tributário pode ser extinto por diversas causas, conforme rol do art. 156 do Código Tributário Nacional (CTN) (BRASIL, 1966). Entre elas, a causa mais natural de extinção da obrigação tributária é o pagamento. No entanto, o adimplemento da dívida deve ocorrer de forma correta. Assim, o fisco deve solucionar qualquer dúvida do contribuinte sobre a interpretação da legislação tributária. O pagamento indevido ou excessivo gera o direito à restituição. Neste capítulo, você vai entender o que é a repetição de indébito e como ela ocorre no âmbito do processo administrativo tributário. Além disso, vai ver qual é a possibilidade de restituição em dobro do valor. Por fim, vai conhecer o instrumento da consulta tributária. Ela é uma forma de o contibuinte se certificar sobre a interpretação da legislação tributária dada pelo fisco, de forma a garantir o correto pagamento do débito. C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 1 17/04/2018 13:33:29 Repetição de indébito e seu procedimento administrativo Quando o sujeito passivo da obrigação tributária ou o contribuinte de fato paga ao fi sco um tributo que não era devido ou maior que o devido, possui direito à restituição, isto é, à repetição do indébito. Isso está previsto no art. 165 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966), como você pode ver a seguir. Art. 165 O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I – cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circuns- tâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II – erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota apli- cável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III – reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. O fundamento dessa regra é o princípio da vedação do enriquecimento ilícito, pois o Estado não pode arrecadar sem causa. Isso impõe ao Estado o dever de ressarcir qualquer pessoa que, ao efetuar pagamento indevido, teve seu patrimônio invadido pelo fisco. Essa restituição independe de prévio protesto, ou seja, é irrelevante a vontade dos sujeitos passivo (fisco) e ativo (contribuinte) para o nascimento da obrigação legal. Assim, é indiferente que o pagamento tenha sido efetuado de forma espontânea, erroneamente (no caso de o contribuinte ter considerado o valor devido) ou “sob protesto”, calculado o quantum pelo Estado. Em todas essas situações, há o direito à restituição. A repetição do indébito pode ser pleiteada por via administrativa, sem a necessidade de processo judicial. O procedimento para o contribuinte solicitar o ressarcimento do valor pago indevidamente está regulado pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que trata do processo administrativo fiscal no âmbito da União. O Decreto nº 70.235/1972 regula o processo administrativo fiscal no âmbito da União, mas cada ente federativo deve regular o processo nos estados, nos municípios e no Distrito Federal. Caso não haja legislação local, deverá ser utilizada a normativa federal. Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito2 C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 2 17/04/2018 13:33:30 O prazo para o contribuinte pleitear a repetição de indébito no âmbito administrativo, conforme dispõe o art. 165 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966), é de cinco anos, pois se trata de prazo decadencial. O contribuinte postula pedido administrativo no qual devem constar seus fundamentos fáticos e jurídicos. O fisco, por sua vez, poderá deferir ou indeferir o pedido. Da decisão que indeferir o pedido, caberá recurso ordinário para o Con- selho de Contribuintes do Ministério da Fazenda competente para julgar a matéria em razão da natureza do tributo discutido, de acordo com o art. 25 do Decreto nº 70.235/1972 (BRASIL, 1972). Esse recurso ordinário não está expressamente previsto no referido decreto, mas deve ser oportunizado ao contribuinte. Isso para não afrontar os princípios do “[...] contraditório e da ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”, que a partir da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) passou a abranger o processo administrativo (art. 5º, LV). O crédito tributário pode ser restituído mediante pagamento a quem pa- gou indevidamente ou mediante compensação com eventual débito que o contribuinte possua com o fisco. Essa compensação é feita mediante entrega, pelo contribuinte, à Secretaria da Receita Federal do Brasil, de declaração na qual constem informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. A compensação extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua homologação ulterior. Homologado expressa ou tacitamente pelo decurso do prazo de cinco anos, não há que se falar em recurso. Impugnada e indeferida a compensação pela Fazenda, abre-se a oportunidade para o recurso ordinário a um dos conselhos de contribuintes do Ministério da Fazenda. Você deve observar que a restituição pode ocorrer com tributos diretos — contribuinte possui o encargo econômico tributário — ou indiretos — permitem a translação do encargo econômico para pessoa diversa daquela definida em lei como sujeito passivo. No que se refere ao tributo direto, quem pagou o valor indevido ou maior tem direito à restituição. Quanto ao tributo indireto, dispõe o CTN (BRASIL, 1966): Art. 166 A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, trans- ferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. 3Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 3 17/04/2018 13:33:30 Assim, no caso do tributo indireto, em que há a possibilidade de transfe- rência do encargo, está legitimado a pleitear a restituição o contribuinte de fato que comprove ter sido o atingido pelo ônus do pagamento indevido, mesmo não fazendo formalmente parte da relação jurídico-tributária. A regra da compensação tributária comporta uma exceção: não é possível a com- pensação de crédito restituível de natureza não previdenciária com débito tributário decorrente da contribuição previdenciária, conforme art. 26, caput, da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, que dispõe (BRASIL, 2007): “Parágrafo único. O disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se aplica às contribuições sociais a que se refere o art. 2º desta Lei”. Agora veja o que afirma o art. 74 mencionado (BRASIL, 1996): Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarci- mento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. Repetição de indébito e restituição em dobro É cristalino o direito do credor de requerer a repetição dos valores adimplidos erroneamente ao fi sco em matéria tributária. Entretanto, embora o pagamento como causa extintiva dasobrigações e a possibilidade de restituição caso haja pagamento indevido na relação fi sco-contribuinte assemelhem-se às obrigações em geral, existem aspectos distintivos que você deve observar. A repetição de indébito no que toca às obrigações em geral tem previsão legal no art. 876 do Código Civil. Esse artigo dispõe que “[...] todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir” (BRASIL, 2002). O artigo prevê, ainda, duas modalidades de devolução: restituição simples e devolução em dobro. Nesse sentido, dispõe o art. 940 (BRASIL, 2002): Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito4 C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 4 17/04/2018 13:33:30 Além disso, nas relações de consumo, para as quais se aplica o Código de Defesa do Consumidor (CDC), se comprovada a má-fé do pretenso credor, a propositura da ação de repetição torna-se justificativa suficiente para amparar a procedência do pedido de devolução em dobro. Nesse sentido, a Súmula nº 159 do Supremo Tribunal Federal (BRASIL, 2017) assenta que “Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do art 1.531 do Código Civil”. Veja o que afirma o art. 42 do CDC (BRASIL, 1990): Art. 42 Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repe- tição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Por outro lado, a repetição do indébito tributário está regulada nos arts. 165 a 169 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966) e trata da devolução entre fisco e contribuinte. A relação tributária é norteada pelos princípios da legalidade e da tipicidade. A legalidade quer dizer que toda a atuação do Estado deve estar autorizada por lei, nas ideias de preeminência da lei, pela qual o ato da administração não deve contrariar uma lei material, e reserva de lei, que define que a lei é o fundamento da atuação administrativa. Assim, a legalidade tributária resulta de lei formal (procedente de órgão de competência legislativa), não podendo a matéria relativa à tributação ser determinada por outra espécie normativa. A tipicidade, por sua vez, estabelece que a lei formal deve determinar todos os elementos essenciais da obrigação tributária (sujeito ativo e passivo, objeto fiscal, alíquota, base de cálculo, aspecto temporal e espacial). Nesse sentido, o Legislativo competente não pode delegar a “determinação fática da tributação” para o Executivo ou Judiciário, mas a lei formal deve estabelecer os critérios essenciais para a decisão no caso concreto. O princípio da tipicidade tributária reduz a discricionariedade do aplicador da legislação que regula a matéria. A ideia é conferir a certeza ao direito e a capacidade de garantir a previsibilidade objetiva por parte dos contribuintes, de forma que estes saibam os encargos que deverão suportar. Assim, a lei tributária que regula a restituição de valores indevidamente pagos não dispõe sobre a devolução em dobro do valor, como ocorre na relação consumerista. Por isso, é incabível que o fisco restitua em dobro o contribuinte na repetição de indébito. 5Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 5 17/04/2018 13:33:30 O processo administrativo de consulta e a certeza na interpretação da legislação tributária O processo administrativo de consulta é a possibilidade de o sujeito passivo consultar a administração tributária sobre a solução a ser dada caso haja dúvida razoável decorrente de omissão, obscuridade ou contradição na legislação tributária. Essa consulta tem o objetivo de conferir certeza sobre o correto adimplemento de determinada obrigação. Veja o que afi rma o art. 161, § 2º, do CTN (BRASIL, 1966): “[...] enquanto pendente consulta formulada pelo sujeito passivo dentro do prazo para pagamento do crédito, não haverá fl uência dos juros, nem aplicação de penalidade”. É sabido que, em direito tributário, se o sujeito passivo da obrigação não efetuar o pagamento do tributo no tempo, forma e lugar legalmente estabe- lecidos, ele está em mora. Isso gera ao contribuinte o dever de pagar juros e multas. Entretanto, durante o processo de consulta, enquanto o fisco não sanar a dúvida do contribuinte, não poderão ser impostos os efeitos da mora. Isso desde que o contribuinte tenha formulado sua dúvida dentro do prazo para pagamento do crédito. Isso ocorre pois o contribuinte não pode ser obrigado a pagar tributo ha- vendo imperfeição na legislação, pelo que é indispensável a interpretação do fisco. Enquanto a situação ficar pendente, não há inadimplemento do sujeito passivo da obrigação. É importante você notar que mesmo que a consulta tributária pendente de solução impeça a fluência de juros de mora e a aplicação da multa de mora, ela não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Isso acontece em razão do caráter exaustivo das hipóteses previstas no art. 151 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966). Além disso, a consulta não é o instrumento hábil para impugnar lançamento tributário ou eventual decisão administrativa exarada pelo fisco. Para isso, há instrumentos adequados, como a impugnação e o recurso, a depender do ato contra o qual se opõe. Ainda, a consulta pode modificar o entendimento dado pelo fisco sobre determinado assunto ou obrigá-lo a manifestar-se sobre determinado tema que necessite de interpretação. Entretanto, tal resposta obriga o contribuinte a agir conforme o entendimento emitido pela autoridade fiscal, o que também vincula a administração tributária, cuja uniformização dá certeza ao direito tributário e à aplicação de suas normas. Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito6 C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 6 17/04/2018 13:33:30 A consulta e os princípios norteadores do direito tributário A uniformização da interpretação da legislação tributária pelo fi sco se torna indispensável para conferir certeza ao direito, a fi m de que o contribuinte cumpra corretamente sua obrigação. Isso visa a conferir segurança jurídica — princípio constitucional do direito tributário —, que tem como principal elemento a lei, a qual deve ser justa e segura para proporcionar a garantia dos direitos fundamentais do cidadão e do contribuinte. A tributação reclama clareza, simplicidade e certeza. Em razão disso, a consulta se mostra um instrumento para garantir a interpretação uniforme da lei pelo fisco, o que é essencial ante a complexidade normativa existente no ordenamento jurídico brasileiro. Aspecto importante sobre a interpretação da legislação tributária é a sua irretroatividade. Se a administração tributária identifica, de ofício ou mediante provocação administrativa ou decisão judicial, como incorreta determinada interpretação da legislação tributária antes praticada, ela tem o poder/dever de alterar seu posicionamento. Contudo, em nome da expectativa legítima dos contribuintes, a nova interpretação não pode atingir fatos pretéritos de lança- mento tributário. Fica, então, vedada qualquer alteração de posicionamento do fisco que promova a revisão de fatos geradores já praticados. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) exarou decisão sobre os efeitos prospectivos da interpretação tributária (Acórdão nº 3402-003.970, de 2017). No link a seguir, digite o número do acórdão para ler mais sobre a decisão. https://goo.gl/WBNQMp Nesse sentido,dispõe o art. 146 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966): Art. 146 A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido poste- riormente à sua introdução. 7Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 7 17/04/2018 13:33:30 https://goo.gl/WBNQMp Nesse sentido, o processo administrativo de consulta que objetiva escla- recer a norma tributária a contribuinte específico, ou seja, ao consulente, pode ensejar mudança na interpretação da norma pelo fisco. Mas se espera que o novo entendimento somente se aplique a fatos geradores futuros, dada a necessária uniformização da jurisprudência administrativa fiscal, a fim de conferir segurança jurídica à relação fisco-contribuinte, além da proteção da confiança que tutela o contribuinte. O princípio da proteção da confiança é também latente no sistema tributário brasileiro e preleciona que as expectativas legítimas dos contribuintes não podem ser frustradas pela atuação do fisco. Isso vai ao encontro da necessária interpretação da legislação tributária (sem efeitos retroativos para evitar a surpresa do contribuinte), pretendida pelo procedimento de consulta para cumprir sua obrigação com segurança. No CTN (BRASIL, 1966), a proteção da confiança pode ser vista com clareza no art. 100 (a observância das normas exclui a imposição de penalida- des, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo), no art. 110 (não alteração dos conceitos de institutos utilizados por outros regramentos), no art. 112 (interpretação favorável ao contribuinte em caso de dúvida quanto à aplicação de penalidade) e no art. 146 (proteção contra a mudança de critério jurídico adotado pela administração fazendária em lançamentos já realizados). 1. Para realizar um inventário, um advogado precisava recolher o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), mas não sabia como proceder. No processo de consulta, a Secretaria da Receita Federal entendeu que não iria solucionar a dúvida do contribuinte. Nesse caso: a) o contribuinte poderá recorrer, pois sempre se tem direito ao recurso administrativo. b) o contribuinte poderá recorrer, pois sempre são respondidas questões dessa natureza pela Receita Federal. c) o fisco agiu corretamente, pois a consulta deve ser direcionada ao fisco estadual, já que o ITCMD é de competência do estado. d) o fisco agiu incorretamente, pois a Receita Federal tem obrigação de solucionar todas as consultas dos contribuintes. e) o fisco agiu corretamente, pois a consulta deve ser direcionada ao fisco municipal. Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito8 C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 8 17/04/2018 13:33:31 2. Um locatário paga anualmente o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU), conforme ajustado com o proprietário em contrato de locação. Notou, no entanto, que, conforme lei municipal em vigência há dois anos, seu imposto deveria ter sido reduzido em razão de uma obra de calçamento realizada. Assim, pleiteou a restituição do tributo à administração tributária municipal. Ante essas informações, o fisco deve: a) restituir o locatário, pois é o responsável pelo pagamento do tributo, conforme contrato de locação. b) negar a restituição, pois o responsável tributário pelo pagamento do tributo é o proprietário do imóvel e, sendo o IPTU tributo direto, não pode ser repassado a terceiro. c) negar a restituição, já que para o IPTU o indébito somente pode ser repetido judicialmente. d) restituir o locatário, pois sendo o IPTU tributo direto, quem paga deve ser restituído. e) restituir o locatário, pois sendo o IPTU tributo indireto, o ônus pode ser repassado a terceiro que tem o direito de pleitear a repetição. 3. Após muitos anos, Ana comprou um imóvel na capital de seu estado. Para realizar a transação, recolheu o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), assinou a escritura pública e registrou no Ofício Imobiliário. Meses após o ocorrido, foi notificada de que houve um equívoco no cálculo realizado pelo município e o imposto foi pago em valor maior do que o devido, de forma que ela seria restituída. Indignada com o erro exclusivo do fisco, solicitou que o valor fosse restituído em dobro. Nessa situação: a) a restituição deve ser simples, pois a relação fisco-contribuinte é regulada por legislação específica, não cabendo devolução em dobro. b) Ana deve ser restituída em dobro, pois pagou valor maior por erro do fisco. c) Ana deve ser restituída em dobro, pois sendo ela usuária de serviços públicos, trata-se de relação de consumo. d) a restituição deve ser simples, pois Ana pagou todo o valor cobrado pelo município. e) Ana deve ser restituída em dobro, pois se aplica no caso a regra prevista no direito brasileiro. 4. Mário equivocou-se na base de cálculo do seu Imposto de Renda (IR) do último ano e pagou valor maior que o devido. Então, neste ano, resolveu compensar o valor pago ao fisco com outros tributos: IPTU, IPVA, IR, contribuição previdenciária, IPI. Nesse caso, Mário está correto: a) em relação a todos os tributos referidos, pois os entes federados fazem a compensação posteriormente. b) em relação ao IR, à contribuição previdenciária e ao IPI, pois são tributos federais. c) em relação ao IR, pois um tributo somente pode ser compensado com o mesmo tributo. 9Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 9 17/04/2018 13:33:31 d) em relação ao IR e ao IPI, pois os demais não admitem compensação com o IR. e) em relação a nenhum, pois a restituição deve ser feita mediante depósito. 5. José formou-se na faculdade de odontologia e começou a trabalhar em uma clínica há três anos. Jamais recolheu o Imposto Sobre Serviços (ISS) ao município e foi notificado para pagar o débito. Não regularizou a situação e foi novamente notificado da sua inscrição em dívida ativa. Com receio de ter contra si um processo judicial, resolveu pagar o débito, mas não sabia como proceder para pagar o valor já vencido e os meses subsequentes. Assim, solicitou uma consulta ao fisco, que já foi respondida. Nesse caso: a) José pagará juros e multa sobre todo o débito já vencido. b) José não pagará juros e multa, pois quitou todo o valor após o processo administrativo de consulta. c) José pagará juros e multa somente sobre o valor inscrito em dívida ativa. d) José não pagará juros e multa, pois jamais lhe foi explicado como proceder. e) José pagará juros e multa somente sobre o débito que antecedeu o processo administrativo de consulta. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 dez. 2016. BRASIL. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Dispõe sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências. Brasília, DF, 1972. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto/d70235cons.htm>. Acesso em: 09 abr. 2018. BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, DF, 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172. htm>. Acesso em: 14 abr. 2018. BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acessoem: 11 abr. 2018. BRASIL. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9430.htm>. Acesso em: 09 abr. 2018. Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito10 C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 10 17/04/2018 13:33:32 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ http://www.planalto/ http://gov.br/ccivil_03/decreto/d70235cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172. http://www.planalto.gov/ http://planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9430.htm BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 11 abr. 2018. BRASIL. Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11457.htm>. Acesso em: 11 abr. 2018. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 159. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http:// www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=4195>. Acesso em: 11 abr. 2018. Leituras recomendadas ALEXANDRE, R. Direito tributário esquematizado. 12. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. ÁVILA, H. B. Sistema constitucional tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. GOMES, N. S. Manual de direito fiscal. Lisboa: Rei dos Livros, 1997. v. II. MACHADO, H. B. Curso de direito tributário. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. 11Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 11 17/04/2018 13:33:32 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11457.htm http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=4195 C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 12 17/04/2018 13:33:32 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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