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Prévia do material em texto

INSTITUIÇÕES DO 
PROCESSO 
ADMINISTRATIVO E 
CONSTITUCIONAL
Renata Hellwig
 
Procedimento 
administrativo 
tributário: consulta, 
repetição de indébito
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir repetição de indébito e seu procedimento.
  Analisar a possibilidade de restituir o dobro do valor na ação de re-
petição de indébito.
  Explicar a consulta tributária como forma de garantir a certeza do 
direito.
Introdução
O crédito tributário pode ser extinto por diversas causas, conforme rol do 
art. 156 do Código Tributário Nacional (CTN) (BRASIL, 1966). Entre elas, a 
causa mais natural de extinção da obrigação tributária é o pagamento. 
No entanto, o adimplemento da dívida deve ocorrer de forma correta. 
Assim, o fisco deve solucionar qualquer dúvida do contribuinte sobre a 
interpretação da legislação tributária. O pagamento indevido ou excessivo 
gera o direito à restituição.
Neste capítulo, você vai entender o que é a repetição de indébito e 
como ela ocorre no âmbito do processo administrativo tributário. Além 
disso, vai ver qual é a possibilidade de restituição em dobro do valor. Por 
fim, vai conhecer o instrumento da consulta tributária. Ela é uma forma 
de o contibuinte se certificar sobre a interpretação da legislação tributária 
dada pelo fisco, de forma a garantir o correto pagamento do débito.
C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 1 17/04/2018 13:33:29
Repetição de indébito e seu procedimento 
administrativo
Quando o sujeito passivo da obrigação tributária ou o contribuinte de fato paga 
ao fi sco um tributo que não era devido ou maior que o devido, possui direito 
à restituição, isto é, à repetição do indébito. Isso está previsto no art. 165 do 
Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966), como você pode ver a seguir.
Art. 165 O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, 
à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu 
pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I – cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o 
devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circuns-
tâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;
II – erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota apli-
cável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de 
qualquer documento relativo ao pagamento;
III – reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
O fundamento dessa regra é o princípio da vedação do enriquecimento 
ilícito, pois o Estado não pode arrecadar sem causa. Isso impõe ao Estado o 
dever de ressarcir qualquer pessoa que, ao efetuar pagamento indevido, teve 
seu patrimônio invadido pelo fisco.
Essa restituição independe de prévio protesto, ou seja, é irrelevante a 
vontade dos sujeitos passivo (fisco) e ativo (contribuinte) para o nascimento 
da obrigação legal. Assim, é indiferente que o pagamento tenha sido efetuado 
de forma espontânea, erroneamente (no caso de o contribuinte ter considerado 
o valor devido) ou “sob protesto”, calculado o quantum pelo Estado. Em todas 
essas situações, há o direito à restituição.
A repetição do indébito pode ser pleiteada por via administrativa, sem a 
necessidade de processo judicial. O procedimento para o contribuinte solicitar 
o ressarcimento do valor pago indevidamente está regulado pelo Decreto 
nº 70.235, de 6 de março de 1972, que trata do processo administrativo fiscal 
no âmbito da União.
O Decreto nº 70.235/1972 regula o processo administrativo fiscal no âmbito 
da União, mas cada ente federativo deve regular o processo nos estados, nos 
municípios e no Distrito Federal. Caso não haja legislação local, deverá ser 
utilizada a normativa federal.
Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito2
C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 2 17/04/2018 13:33:30
O prazo para o contribuinte pleitear a repetição de indébito no âmbito administrativo, 
conforme dispõe o art. 165 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966), é de cinco 
anos, pois se trata de prazo decadencial. 
O contribuinte postula pedido administrativo no qual devem constar seus 
fundamentos fáticos e jurídicos. O fisco, por sua vez, poderá deferir ou indeferir 
o pedido. Da decisão que indeferir o pedido, caberá recurso ordinário para o Con-
selho de Contribuintes do Ministério da Fazenda competente para julgar a matéria 
em razão da natureza do tributo discutido, de acordo com o art. 25 do Decreto 
nº 70.235/1972 (BRASIL, 1972). Esse recurso ordinário não está expressamente 
previsto no referido decreto, mas deve ser oportunizado ao contribuinte. Isso 
para não afrontar os princípios do “[...] contraditório e da ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”, que a partir da Constituição Federal de 1988 
(BRASIL, 1988) passou a abranger o processo administrativo (art. 5º, LV). 
O crédito tributário pode ser restituído mediante pagamento a quem pa-
gou indevidamente ou mediante compensação com eventual débito que o 
contribuinte possua com o fisco. Essa compensação é feita mediante entrega, 
pelo contribuinte, à Secretaria da Receita Federal do Brasil, de declaração na 
qual constem informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos 
débitos compensados. 
A compensação extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de 
sua homologação ulterior. Homologado expressa ou tacitamente pelo decurso 
do prazo de cinco anos, não há que se falar em recurso. Impugnada e indeferida 
a compensação pela Fazenda, abre-se a oportunidade para o recurso ordinário 
a um dos conselhos de contribuintes do Ministério da Fazenda.
Você deve observar que a restituição pode ocorrer com tributos diretos — 
contribuinte possui o encargo econômico tributário — ou indiretos — permitem 
a translação do encargo econômico para pessoa diversa daquela definida em 
lei como sujeito passivo.
No que se refere ao tributo direto, quem pagou o valor indevido ou maior tem 
direito à restituição. Quanto ao tributo indireto, dispõe o CTN (BRASIL, 1966):
Art. 166 A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, trans-
ferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove 
haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, 
estar por este expressamente autorizado a recebê-la.
3Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito
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Assim, no caso do tributo indireto, em que há a possibilidade de transfe-
rência do encargo, está legitimado a pleitear a restituição o contribuinte de fato 
que comprove ter sido o atingido pelo ônus do pagamento indevido, mesmo 
não fazendo formalmente parte da relação jurídico-tributária.
A regra da compensação tributária comporta uma exceção: não é possível a com-
pensação de crédito restituível de natureza não previdenciária com débito tributário 
decorrente da contribuição previdenciária, conforme art. 26, caput, da Lei nº 11.457, de 
16 de março de 2007, que dispõe (BRASIL, 2007): “Parágrafo único. O disposto no art. 
74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se aplica às contribuições sociais 
a que se refere o art. 2º desta Lei”.
Agora veja o que afirma o art. 74 mencionado (BRASIL, 1996):
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com 
trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela 
Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarci-
mento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos 
a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.
Repetição de indébito e restituição em dobro
É cristalino o direito do credor de requerer a repetição dos valores adimplidos 
erroneamente ao fi sco em matéria tributária. Entretanto, embora o pagamento 
como causa extintiva dasobrigações e a possibilidade de restituição caso haja 
pagamento indevido na relação fi sco-contribuinte assemelhem-se às obrigações 
em geral, existem aspectos distintivos que você deve observar.
A repetição de indébito no que toca às obrigações em geral tem previsão 
legal no art. 876 do Código Civil. Esse artigo dispõe que “[...] todo aquele que 
recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir” (BRASIL, 2002). 
O artigo prevê, ainda, duas modalidades de devolução: restituição simples e 
devolução em dobro. Nesse sentido, dispõe o art. 940 (BRASIL, 2002):
Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar 
as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar 
ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, 
o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito4
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Além disso, nas relações de consumo, para as quais se aplica o Código de 
Defesa do Consumidor (CDC), se comprovada a má-fé do pretenso credor, a 
propositura da ação de repetição torna-se justificativa suficiente para amparar 
a procedência do pedido de devolução em dobro. Nesse sentido, a Súmula nº 
159 do Supremo Tribunal Federal (BRASIL, 2017) assenta que “Cobrança 
excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do art 1.531 do Código Civil”.
Veja o que afirma o art. 42 do CDC (BRASIL, 1990):
Art. 42 Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto 
a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repe-
tição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido 
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Por outro lado, a repetição do indébito tributário está regulada nos arts. 
165 a 169 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966) e trata da devolução 
entre fisco e contribuinte.
A relação tributária é norteada pelos princípios da legalidade e da tipicidade. 
A legalidade quer dizer que toda a atuação do Estado deve estar autorizada 
por lei, nas ideias de preeminência da lei, pela qual o ato da administração 
não deve contrariar uma lei material, e reserva de lei, que define que a lei é o 
fundamento da atuação administrativa. Assim, a legalidade tributária resulta 
de lei formal (procedente de órgão de competência legislativa), não podendo 
a matéria relativa à tributação ser determinada por outra espécie normativa.
A tipicidade, por sua vez, estabelece que a lei formal deve determinar 
todos os elementos essenciais da obrigação tributária (sujeito ativo e passivo, 
objeto fiscal, alíquota, base de cálculo, aspecto temporal e espacial). Nesse 
sentido, o Legislativo competente não pode delegar a “determinação fática da 
tributação” para o Executivo ou Judiciário, mas a lei formal deve estabelecer 
os critérios essenciais para a decisão no caso concreto.
O princípio da tipicidade tributária reduz a discricionariedade do aplicador 
da legislação que regula a matéria. A ideia é conferir a certeza ao direito e a 
capacidade de garantir a previsibilidade objetiva por parte dos contribuintes, 
de forma que estes saibam os encargos que deverão suportar.
Assim, a lei tributária que regula a restituição de valores indevidamente 
pagos não dispõe sobre a devolução em dobro do valor, como ocorre na relação 
consumerista. Por isso, é incabível que o fisco restitua em dobro o contribuinte 
na repetição de indébito.
5Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito
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O processo administrativo de consulta e 
a certeza na interpretação da legislação 
tributária
O processo administrativo de consulta é a possibilidade de o sujeito passivo 
consultar a administração tributária sobre a solução a ser dada caso haja dúvida 
razoável decorrente de omissão, obscuridade ou contradição na legislação 
tributária. Essa consulta tem o objetivo de conferir certeza sobre o correto 
adimplemento de determinada obrigação. Veja o que afi rma o art. 161, § 2º, 
do CTN (BRASIL, 1966): “[...] enquanto pendente consulta formulada pelo 
sujeito passivo dentro do prazo para pagamento do crédito, não haverá fl uência 
dos juros, nem aplicação de penalidade”.
É sabido que, em direito tributário, se o sujeito passivo da obrigação não 
efetuar o pagamento do tributo no tempo, forma e lugar legalmente estabe-
lecidos, ele está em mora. Isso gera ao contribuinte o dever de pagar juros 
e multas. Entretanto, durante o processo de consulta, enquanto o fisco não 
sanar a dúvida do contribuinte, não poderão ser impostos os efeitos da mora. 
Isso desde que o contribuinte tenha formulado sua dúvida dentro do prazo 
para pagamento do crédito.
Isso ocorre pois o contribuinte não pode ser obrigado a pagar tributo ha-
vendo imperfeição na legislação, pelo que é indispensável a interpretação do 
fisco. Enquanto a situação ficar pendente, não há inadimplemento do sujeito 
passivo da obrigação. É importante você notar que mesmo que a consulta 
tributária pendente de solução impeça a fluência de juros de mora e a aplicação 
da multa de mora, ela não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Isso 
acontece em razão do caráter exaustivo das hipóteses previstas no art. 151 do 
Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966).
Além disso, a consulta não é o instrumento hábil para impugnar lançamento 
tributário ou eventual decisão administrativa exarada pelo fisco. Para isso, 
há instrumentos adequados, como a impugnação e o recurso, a depender do 
ato contra o qual se opõe.
Ainda, a consulta pode modificar o entendimento dado pelo fisco sobre 
determinado assunto ou obrigá-lo a manifestar-se sobre determinado tema 
que necessite de interpretação. Entretanto, tal resposta obriga o contribuinte 
a agir conforme o entendimento emitido pela autoridade fiscal, o que também 
vincula a administração tributária, cuja uniformização dá certeza ao direito 
tributário e à aplicação de suas normas. 
Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito6
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A consulta e os princípios norteadores 
do direito tributário
A uniformização da interpretação da legislação tributária pelo fi sco se torna 
indispensável para conferir certeza ao direito, a fi m de que o contribuinte cumpra 
corretamente sua obrigação. Isso visa a conferir segurança jurídica — princípio 
constitucional do direito tributário —, que tem como principal elemento a 
lei, a qual deve ser justa e segura para proporcionar a garantia dos direitos 
fundamentais do cidadão e do contribuinte.
A tributação reclama clareza, simplicidade e certeza. Em razão disso, a 
consulta se mostra um instrumento para garantir a interpretação uniforme da 
lei pelo fisco, o que é essencial ante a complexidade normativa existente no 
ordenamento jurídico brasileiro.
Aspecto importante sobre a interpretação da legislação tributária é a sua 
irretroatividade. Se a administração tributária identifica, de ofício ou mediante 
provocação administrativa ou decisão judicial, como incorreta determinada 
interpretação da legislação tributária antes praticada, ela tem o poder/dever 
de alterar seu posicionamento. Contudo, em nome da expectativa legítima dos 
contribuintes, a nova interpretação não pode atingir fatos pretéritos de lança-
mento tributário. Fica, então, vedada qualquer alteração de posicionamento 
do fisco que promova a revisão de fatos geradores já praticados. 
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) exarou decisão sobre os efeitos 
prospectivos da interpretação tributária (Acórdão nº 3402-003.970, de 2017). No link a 
seguir, digite o número do acórdão para ler mais sobre a decisão. 
https://goo.gl/WBNQMp
Nesse sentido,dispõe o art. 146 do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966):
Art. 146 A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão 
administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade 
administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em 
relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido poste-
riormente à sua introdução.
7Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito
C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 7 17/04/2018 13:33:30
https://goo.gl/WBNQMp
Nesse sentido, o processo administrativo de consulta que objetiva escla-
recer a norma tributária a contribuinte específico, ou seja, ao consulente, 
pode ensejar mudança na interpretação da norma pelo fisco. Mas se espera 
que o novo entendimento somente se aplique a fatos geradores futuros, dada 
a necessária uniformização da jurisprudência administrativa fiscal, a fim de 
conferir segurança jurídica à relação fisco-contribuinte, além da proteção da 
confiança que tutela o contribuinte.
O princípio da proteção da confiança é também latente no sistema tributário 
brasileiro e preleciona que as expectativas legítimas dos contribuintes não 
podem ser frustradas pela atuação do fisco. Isso vai ao encontro da necessária 
interpretação da legislação tributária (sem efeitos retroativos para evitar a 
surpresa do contribuinte), pretendida pelo procedimento de consulta para 
cumprir sua obrigação com segurança.
No CTN (BRASIL, 1966), a proteção da confiança pode ser vista com 
clareza no art. 100 (a observância das normas exclui a imposição de penalida-
des, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base 
de cálculo do tributo), no art. 110 (não alteração dos conceitos de institutos 
utilizados por outros regramentos), no art. 112 (interpretação favorável ao 
contribuinte em caso de dúvida quanto à aplicação de penalidade) e no art. 146 
(proteção contra a mudança de critério jurídico adotado pela administração 
fazendária em lançamentos já realizados).
1. Para realizar um inventário, um 
advogado precisava recolher o 
Imposto sobre Transmissão Causa 
Mortis e Doação (ITCMD), mas 
não sabia como proceder. No 
processo de consulta, a Secretaria 
da Receita Federal entendeu que 
não iria solucionar a dúvida do 
contribuinte. Nesse caso: 
a) o contribuinte poderá recorrer, 
pois sempre se tem direito 
ao recurso administrativo.
b) o contribuinte poderá recorrer, 
pois sempre são respondidas 
questões dessa natureza 
pela Receita Federal.
c) o fisco agiu corretamente, pois 
a consulta deve ser direcionada 
ao fisco estadual, já que o ITCMD 
é de competência do estado.
d) o fisco agiu incorretamente, 
pois a Receita Federal tem 
obrigação de solucionar todas 
as consultas dos contribuintes.
e) o fisco agiu corretamente, 
pois a consulta deve ser 
direcionada ao fisco municipal.
Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito8
C20_Instituicoes_do_processo_administrativo.indd 8 17/04/2018 13:33:31
2. Um locatário paga anualmente 
o Imposto sobre a Propriedade 
Territorial Urbana (IPTU), conforme 
ajustado com o proprietário 
em contrato de locação. Notou, 
no entanto, que, conforme lei 
municipal em vigência há dois 
anos, seu imposto deveria ter 
sido reduzido em razão de uma 
obra de calçamento realizada. 
Assim, pleiteou a restituição 
do tributo à administração 
tributária municipal. Ante essas 
informações, o fisco deve: 
a) restituir o locatário, pois é o 
responsável pelo pagamento 
do tributo, conforme 
contrato de locação.
b) negar a restituição, pois o 
responsável tributário pelo 
pagamento do tributo é o 
proprietário do imóvel e, sendo 
o IPTU tributo direto, não pode 
ser repassado a terceiro.
c) negar a restituição, já que para o 
IPTU o indébito somente pode 
ser repetido judicialmente.
d) restituir o locatário, pois sendo 
o IPTU tributo direto, quem 
paga deve ser restituído.
e) restituir o locatário, pois 
sendo o IPTU tributo indireto, 
o ônus pode ser repassado 
a terceiro que tem o direito 
de pleitear a repetição.
3. Após muitos anos, Ana comprou 
um imóvel na capital de seu 
estado. Para realizar a transação, 
recolheu o Imposto de Transmissão 
de Bens Imóveis (ITBI), assinou a 
escritura pública e registrou no 
Ofício Imobiliário. Meses após o 
ocorrido, foi notificada de que 
houve um equívoco no cálculo 
realizado pelo município e o 
imposto foi pago em valor maior 
do que o devido, de forma que ela 
seria restituída. Indignada com o 
erro exclusivo do fisco, solicitou 
que o valor fosse restituído em 
dobro. Nessa situação: 
a) a restituição deve ser simples, 
pois a relação fisco-contribuinte 
é regulada por legislação 
específica, não cabendo 
devolução em dobro.
b) Ana deve ser restituída em 
dobro, pois pagou valor 
maior por erro do fisco.
c) Ana deve ser restituída em 
dobro, pois sendo ela usuária 
de serviços públicos, trata-se 
de relação de consumo.
d) a restituição deve ser simples, 
pois Ana pagou todo o valor 
cobrado pelo município.
e) Ana deve ser restituída em dobro, 
pois se aplica no caso a regra 
prevista no direito brasileiro.
4. Mário equivocou-se na base 
de cálculo do seu Imposto de 
Renda (IR) do último ano e pagou 
valor maior que o devido. Então, 
neste ano, resolveu compensar 
o valor pago ao fisco com outros 
tributos: IPTU, IPVA, IR, contribuição 
previdenciária, IPI. Nesse caso, 
Mário está correto: 
a) em relação a todos os 
tributos referidos, pois os 
entes federados fazem a 
compensação posteriormente.
b) em relação ao IR, à contribuição 
previdenciária e ao IPI, pois 
são tributos federais.
c) em relação ao IR, pois um tributo 
somente pode ser compensado 
com o mesmo tributo.
9Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito
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d) em relação ao IR e ao IPI, 
pois os demais não admitem 
compensação com o IR.
e) em relação a nenhum, pois 
a restituição deve ser feita 
mediante depósito.
5. José formou-se na faculdade 
de odontologia e começou a 
trabalhar em uma clínica há três 
anos. Jamais recolheu o Imposto 
Sobre Serviços (ISS) ao município 
e foi notificado para pagar o 
débito. Não regularizou a situação 
e foi novamente notificado da sua 
inscrição em dívida ativa. Com 
receio de ter contra si um processo 
judicial, resolveu pagar o débito, 
mas não sabia como proceder para 
pagar o valor já vencido e os meses 
subsequentes. Assim, solicitou 
uma consulta ao fisco, que já foi 
respondida. Nesse caso: 
a) José pagará juros e multa sobre 
todo o débito já vencido.
b) José não pagará juros e 
multa, pois quitou todo 
o valor após o processo 
administrativo de consulta.
c) José pagará juros e multa 
somente sobre o valor 
inscrito em dívida ativa.
d) José não pagará juros e 
multa, pois jamais lhe foi 
explicado como proceder.
e) José pagará juros e multa 
somente sobre o débito 
que antecedeu o processo 
administrativo de consulta.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 dez. 2016.
BRASIL. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Dispõe sobre o processo administrativo 
fiscal, e dá outras providências. Brasília, DF, 1972. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/d70235cons.htm>. Acesso em: 09 abr. 2018.
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional 
e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. 
Brasília, DF, 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.
htm>. Acesso em: 14 abr. 2018.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor 
e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acessoem: 11 abr. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação tributária 
federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de 
consulta e dá outras providências. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9430.htm>. Acesso em: 09 abr. 2018.
Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito10
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
http://www.planalto/
http://gov.br/ccivil_03/decreto/d70235cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.
http://www.planalto.gov/
http://planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9430.htm
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso 
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Leituras recomendadas
ALEXANDRE, R. Direito tributário esquematizado. 12. ed. Salvador: Juspodivm, 2018.
ÁVILA, H. B. Sistema constitucional tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
GOMES, N. S. Manual de direito fiscal. Lisboa: Rei dos Livros, 1997. v. II.
MACHADO, H. B. Curso de direito tributário. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
11Procedimento administrativo tributário: consulta, repetição de indébito
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