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23/08/2021 1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DE PEIXES ANATOMIA • Maioria dos peixes, o corpo é achatado lateralmente; em alguns, como nas raias, achatados dorso-ventralmente, e protegidos por escamas que são sempre formadas pela pele • A respiração é feita por brânquias, mas existem alguns peixes pulmonados, como a piramboia. • Bexiga natatória, situado na frente do aparelho digestivo e ligado ao esôfago, e que se enche com uma mistura de nitrogênio, oxigênio e gás carbônico. Alguns peixes, porém, não possuem a bexiga natatória • Os sentidos são representados por dois olhos, ouvidos com canais semicirculares (órgãos de equilíbrio), e geralmente pela linha lateral que percorre a parte lateral do corpo e permite sentir vibrações da água e audição • A reprodução é sempre sexuada e, em geral, externa, havendo poucas exceções, sendo que as células masculinas e femininas são lançadas na água, onde se unem, formando um número de ovos muito grande. ANATOMIA EXTERNA • Nadadeiras • Sete nadadeiras, três ímpares (dorsal, anal e caudal) e duas pares (peitorais e ventrais) • Locomoção – função específica relacionada ao movimento de cada espécie de peixe. • Pares – remo • As outras – leme • Caudal - motor • Os opérculos são placas ósseas localizadas nos lados da cabeça, antes das brânquias e cobrem a fenda branquial • Podem ser lisos, cobertos de escamas ou ornamentados com cristas ou espinhos • Linha lateral é um órgão sensorial usado para detectar movimentos ao redor na água, ou seja, a audição. • Formada por escamas com poros, ou aberturas na pele, que expõem os neuromastos para o meio exterior. 1 2 3 4 5 6 23/08/2021 2 SISTEMA LOCOMOTOR • A natação do peixe efetua-se pela progressão do corpo contra a água do ambiente, sendo que a pele do peixe produz um muco que confere um menor atrito com a água, facilitando o deslocamento. • A densidade do animal equilibra-se pelo ar contido na bexiga natatória. Por esse motivo o deslocamento não exige grandes esforços • O esqueleto dos peixes, como de outros vertebrados, pode ser dividido em duas partes: esqueleto axial, constituído pelo crânio e pela coluna vertebral, e esqueleto apendicular, constituído pelos elementos de sustentação das nadadeiras. • Os ossos do crânio dos peixes são formados muitas vezes, por elementos dérmicos (bem como elementos endocondrais) formando um crânio bastante complexo variando entre as espécies. • A coluna vertebral dos peixes é formada por vértebras articuladas, constituídas por uma região central compacta e por um anel dorsal onde se aloja a medula espinhal, apresentando projeções como as espinhas neurais, espinhas hemais e costelas, que apresentam variações entre as espécies. SISTEMA CIRCULATÓRIO • O coração é simples, situado abaixo da faringe, na cavidade celomática, sendo • composto por quatro câmaras em série: seio venoso, átrio, ventrículo e bulbo arterioso • elástico • O sangue venoso chega ao coração pelas veias cefálicas e hepáticas, passando pelo seio venoso, átrio, ventrículo (que ao contrair em sístole, impulsiona o sangue para todo o sistema) e bulbo arterioso elástico. • O sangue venoso é então transportado pela aorta ventral para as brânquias onde sofre as trocas gasosas passando para as artérias branquiais que lançam o sangue arterial para a aorta dorsal e esta distribui o sangue rico em oxigênio para todo o organismo. • Apenas o sangue não-oxigenado passa pelo coração, sendo depois bombeado para as brânquias, onde é oxigenado e distribuído para o corpo SISTEMA RESPIRATÓRIO • A respiração dos peixes é feita pelas brânquias internas que se desenvolvem a partir de uma série de evaginações da faringe. A água contendo oxigênio dissolvido é aspirada pela boca dos peixes, passa para as cavidades branquiais através das fendas que separam os arcos branquiais (os filamentos branquiais) e então é forçada a passar entre as lamelas secundárias, sendo que o sangue flui no sentido oposto ao da água, sendo realizada a troca gasosa por um mecanismo contra corrente. • A molécula de hemoglobina (que dá coloração vermelha ao sangue) captura o oxigênio da água, passando para o sangue contido nos vasos dos filamentos branquiais e é distribuído para todo o corpo. • O cascudo (Hipostomus sp.), por exemplo, além de respirar pelas brânquias, também respira pelo estômago, cujas paredes são vascularizadas. • Já o bagre africano (Clarias sp.) possui um mecanismo de respiração denominada de órgão arborescente que lhe permite respira fora d’água. • O pirarucu (Arapaimagigas) é dotado de bexiga natatória altamente vascularizada, que é utilizada como pulmão, enquanto o poraquê (Electrophoruselectricus) ou peixe elétrico, existe um sistema respiratório acessório na cavidade bucal. 7 8 9 10 11 12 23/08/2021 3 SISTEMA DIGESTIVO • Um exame atento do aparelho digestivo oferece boa estimativa do alimento preferido ou, ao mesmo, pode servir para orientar estudos sobre sua alimentação. • O sistema digestivo dos peixes é constituído de boca, cavidade oro-branquial, esôfago, estômago, intestino e glândulas anexas, sendo que o trato digestivo refere-se aos órgãos compreendidos entre a boca e o intestino, enquanto o tubo digestivo, refere-se aos órgãos do esôfago até o ânus. • A boca corresponde à abertura anterior da cavidade oro-branquial, sendo sua posição, formato e tamanho estão intimamente relacionados aos hábitos alimentares e, em especial, à forma de apreensão do alimento. • Os peixes não apresentam glândulas salivares e cada espécie possui uma fenda bucal específica, sendo importante para definição da granulometria da ração e a posição da boca pode ser dorsal, terminal, semi-ventral e ventral. SISTEMA DIGESTIVO • A cavidade oro-branquial é um aparelho típico dos peixes, com duas funções principais que dão origem a seu nome a retenção e manipulação de alimento e a passagem da água usada na respiração branquial. • Os lábios dos peixes carnívoros são finos e aderidos ao maxilar, enquanto nos peixes onívoros e herbívoros, os lábios são bem mais espessos. • Nos peixes, podemos encontrar dentes nos ossos das maxilas, no vômer, nos palatinos, como também na língua, na faringe e nos lábios. • Quanto aos tipos de dentes orais e faringeanos, mais comuns em peixes são os caninos e cônicos (encontrados em peixes carnívoros); viliformes, cuspidados e truncados (encontrados principalmente em peixes onívoros). Nos peixes iliófagos, nota-se a ausência total dos dentes na boca, por isso existe em seu estômago, uma estrutura semelhante a uma moela. SISTEMA DIGESTIVO • O esôfago é um órgão tubular que serve de passagem entre a cavidade oro-branquial e o estômago, geralmente é curto, mas pode ser longo dependendo do comprimento do corpo do peixe e da posição do estômago. • O estômago, na maioria dos peixes é uma dilatação do tubo digestivo onde os alimentos são mantidos o tempo necessário para realizar a digestão ácida. • O estômago assume formas diferentes, segundo a natureza da dieta, podendo ser retos nos peixes carnívoros, ou ter forma de “U” ou “Y” nos onívoros, enquanto em algumas espécies iliófagas apresentam uma estrutura semelhante a uma moela SISTEMA DIGESTIVO • O intestino é um órgão geralmente tubular por onde transita o alimento e no qual ocorre a digestão e a absorção dos nutrientes, sendo geralmente tubular e com essa forma o aumento ou a diminuição da superfície de absorção é controlada pelo maior ou menor comprimento do intestino. • Espécies iliófagas apresentam pregas na mucosa com a provável função de ampliar a superfície de absorção • O fígado, como em todos os vertebrados, tem como função principal preparar as substâncias nutritivas, provenientes da absorção intestinal, para serem aproveitadas pelo organismo e, entre os peixes, também é importante a função de estocar gordura. • O pâncreas é geralmente difuso e devido à ausência de um ducto pancreático, as secreções são depositadas no fígado e encaminhadas ao intestinojunto com a bile SISTEMA EXCRETOR • O sistema excretor dos peixes, como dos outros vertebrados, regula o conteúdo de água do corpo, mantém o equilíbrio salino adequado. • A eliminação dos resíduos nitrogenados resultantes do metabolismo proteico no caso a amônia é eliminada pelas brânquias. • Alguns peixes que podem viver tanto em água doce quanto salgada, têm os rins especialmente adaptados para enfrentar essas diversas condições da água 13 14 15 16 17 18 23/08/2021 4 SISTEMA REPRODUTOR • A fecundação na maioria dos peixes é externa e o estudo do sistema reprodutor será detalhado na parte de reprodução. QUALIDADE DA ÁGUA NA PISCICULTURA • As características da água são fortemente afetadas pelas propriedades químicas do solo onde a água está em contato. • Por exemplo, em locais em que o solo do viveiro ou açude é ácido, a água tende a tornar-se ácida também. • Os ambientes de piscicultura normalmente são ricos em organismos vivos, além dos próprios peixes criados. Neles vivem plânctons – organismos microscópicos que podem ser vegetais (fitoplânctons) ou animais (zooplânctons) –, uma diversidade de insetos, bactérias, entre outros. • O excesso de alguns tipos de microrganismos pode prejudicar o crescimento e a saúde dos peixes, é importante evitar, ao máximo, sua presença no ambiente de criação. FITOPLÂNCTON • O fitoplâncton é composto por vegetais microscópicos que, na presença de luz, fazem a fotossíntese, processo pelo qual consomem nutrientes e gás carbônico da água para produzir seu próprio alimento liberando, como subproduto, oxigênio no ambiente aquático. • A principal fonte de abastecimento de oxigênio. • A base da alimentação de outros microrganismos e também de algumas espécies de peixes e pequenos animais. ZOOPLÂNCTON • O zooplâncton representa o conjunto de microrganismos animais presentes no ambiente, tendo papel fundamental na alimentação dos peixes, nas fases iniciais de crescimento (pós-larvas e alevinos) de algumas espécies, e durante todo o ciclo de vida de outras (tilápia e tambaqui). • Se alimentam do fitoplâncton e de outros microrganismos animais de menor tamanho e precisam de água de qualidade para poderem sobreviver e se multiplicar. • São bons indicadores da qualidade do ambiente e também têm papel importante na reciclagem dos resíduos. BACTÉRIAS • Iniciam a reciclagem dos resíduos, tanto pela quebra da matéria orgânica lançada (fezes e resíduos de ração) como pela transformação de substâncias tóxicas (como amônia e nitrito) em elementos menos tóxicos (nitrato) que podem ser usados pelo fitoplâncton. • A atuação das bactérias é fundamental para o processo de “autolimpeza” e a manutenção das condições adequadas na criação. 19 20 21 22 23 24 23/08/2021 5 BACTÉRIAS • Decomposição aeróbica. • Tal processo é benéfico ao ambiente por gerar os nutrientes que são aproveitados pelos outros microrganismos presentes. • Decomposição anaeróbica • É gerada uma série de substâncias altamente tóxicas (por exemplo: gases metano, sulfídrico e nitrito) que podem levar os organismos aquáticos, como os peixes, à morte. PRINCIPAIS VARIÁVEIS FÍSICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA • Temperatura, oxigênio dissolvido, pH, condutividade elétrica e transparência da água TEMPERATURA • A água esquenta ao receber radiação do sol quando a temperatura do ar está mais alta e esfria quando está mais baixa. • Com o aumento da temperatura aumenta a velocidade das reações químicas (diminuição no teor de oxigênio dissolvido na água) e o metabolismo dos organismos. • Todas as atividades fisiológicas dos peixes estão ligadas a temperatura da água. • Variações de 3 a 4ºC num mesmo dia são prejudiciais aos peixes, notadamente durante as fases de ovos, larvas e alevinos, influenciando também na maturação gonadal e na extrusão de ovos durante reprodução induzida • Termômetro comum, termômetro de máxima e mínima, termístor com cabo (sonda), termístor de bolso ou portátil. • Meça a temperatura usando um termômetro ou aparelho digital pela manhã (6 h) e à tarde (17 h) em viveiros e açudes • Faça a medição próximo da superfície (20 cm de profundidade) • Faça o manejo respeitando a temperatura da água • Evite deixar as margens dos viveiros e açudes rasas, com menos de 80 cm de profundidade, local onde a água atinge temperaturas altas em horários de grande incidência de sol. • Não alimente os peixes dos viveiros e açudes nos horários em que a temperatura estiver acima ou abaixo dos limites críticos para alimentação. • Evite capturar e transportar os peixes fora da faixa de temperatura ideal. 25 26 27 28 29 30 23/08/2021 6 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) • A solubilidade do oxigênio na água depende da temperatura e altitude, sendo que em águas naturais a concentração de OD está sempre modificando de acordo com os processos físicos, químicos e biológicos. • A variação do oxigênio durante 24 horas está ligada aos processos de fotossíntese durante o dia (aumento de OD) e respiração/decomposição no período noturno (diminuição de OD). • O oxigênio dissolvido na água normalmente vem do ar da atmosfera e da fotossíntese do fitoplâncton • Um tanque com grande florescimento planctônico apresenta amplas flutuações em 24 horas na concentração de OD, com baixas concentrações durante o período da manhã • As principais causas da falta de oxigênio na água da piscicultura, que devem ser evitadas, são: • Excesso de resíduos orgânicos (fezes e resíduos de ração) lançados na água, normalmente resultado da densidade excessiva de peixes; • Baixa incidência de luz, resultado de dias nublados/chuvosos seguidos; • Excesso de argila na água, o que dificulta/impede a entrada de luz; e • Invasão de plantas aquáticas flutuantes que sombreiam a superfície da água, impedindo a entrada de luz. • O excesso de oxigênio na água (acima de 15 mg/L) pode ocorrer quando há multiplicação excessiva de fitoplânctons, estimulada pela grande concentração de nutrientes lançados e pela alta incidência de luz. • Estoque os viveiros e açudes com a densidade adequada de peixes e previna problemas com o oxigênio na água. • Verifique se o aparelho está em boas condições e calibrado (siga as instruções do fabricante) • Coloque a sonda na água e, quando o valor ficar estável (parar de mudar), anote a leitura mostrada na tela do aparelho • Meça todos os dias, a cerca de 20 cm de profundidade, pela manhã (6 h) e à tarde (17 h) em todos os viveiros. Esteja atento aos dias nublados, pois vários dias seguidos nessa condição aumentam o problema de produção. • Faça as medições em locais que sejam representativos da condição do viveiro, evitando locais próximos à entrada da água, muito rasos ou isolados. 31 32 33 34 35 36 23/08/2021 7 CORRIJA O BAIXO NÍVEL DE OXIGÊNIO NA ÁGUA • Maneje a alimentação • Não alimente os peixes enquanto os níveis de oxigênio estiverem abaixo de 3 mg/L; • Reduza a taxa de alimentação ao observar que os níveis do oxigênio estão caindo para perto de 3 mg/L pela manhã; e • Se disponível, prepare a aeração de emergência naqueles viveiros ou açudes com risco de atingir níveis críticos, perto da mortalidade (menor que 2 mg/L). CORRIJA O BAIXO NÍVEL DE OXIGÊNIO NA ÁGUA • Use aeração mecânica em viveiros e açudes • Aeradores são equipamentos utilizados com o objetivo principal de acelerar a passagem do ar da atmosfera para viveiros e açudes pobres em oxigênio. Esse processo é feito jogando a água para o ar ou injetando ar dentro da água. • Escolha um que apresente alta eficiência verificada pelo índice, chamado de SAE, que indica a quantidade de oxigênio transferido para a água (kg O2) por unidade de energia elétrica gasta (kWh). – acima de 1,8 kg O2/kWh. • Deixe os aeradores instalados e prontos para uso em viveiros que não possuem troca de água significativa (abaixo de 5% por dia) e estão recebendo altas taxas de alimentação (acima de 6 kg de ração a cada 1.000 m2). • Instale os aeradores do tipo chafariz em locais comprofundidade de água de, pelo menos, 1 m e aeradores do tipo pá em locais com, no mínimo, 1,4 m de profundidade. • Meça a concentração de oxigênio no início da noite (Medida 1), às 19 h por exemplo, e anote • Repita a medição no mesmo local uma hora depois (Medida 2), ou seja, às 20 h, e anote • Calcule a queda na concentração de oxigênio em uma hora por diferença • Resultado da medição de oxigênio às 19 h = 7 mg/L, menos o resultado da medição de oxigênio às 20 h = 6,5 mg/L • Queda de oxigênio por hora = 7 - 6,5 = 0,5 mg/L • 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑎𝑡é 𝑜 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 = 𝑀𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 2 −𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 𝑄𝑢𝑒𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑟 ℎ𝑜𝑟𝑎 • 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑎𝑡é 𝑜 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 = 6,5 −3 0,5 = 7ℎ • Horário do limite crítico = Horário da medida 2 + Tempo até o limite crítico – 24 • Horário do limite crítico = 20 + 7 - 24 = 3 h • Acione o aerador às 3h da manhã POTENCIAL HIDROGENIÔNICO - PH • O pH da água é influenciado diretamente pelo solo do viveiro ou açude. Assim, quanto mais ácido for o solo do local, mais ácida a água. • O pH também fica mais ácido devido à respiração dos organismos aquáticos, principalmente à noite. Durante o dia, com a fotossíntese do fitoplâncton, o pH aumenta, sofrendo, assim, variações ao longo do dia e da noite. 37 38 39 40 41 42 23/08/2021 8 • Independentemente do método adotado, realize a medição semanalmente, considerando: • Escolha um dia de sol e realize a medição do pH em todos os viveiros (a 20 cm de profundidade) no final da tarde, por volta das 17 h; • Na manhã seguinte, por volta das 6 h, meça novamente o pH, de preferência no mesmo local da primeira medição; e • Anote os resultados na planilha de controle e verifique se estes estão entre 6,5 e 8 e também se a variação é menor que 2. CORRIJA O MANEJO DA PRODUÇÃO E O PH DA ÁGUA • Reduza a alimentação dos peixes nos horários em que o pH estiver acima de 8 ou abaixo de 6,5 • Evite capturar e transportar os peixes quando a água apresentar pH fora da faixa ideal • Verifique se a alcalinidade total da água está na faixa ideal e aplique calcário, caso necessário A ALCALINIDADE E DUREZA DA ÁGUA • A alcalinidade e dureza total são usadas para indicar a presença de calcário na água, substância que contribui para manter o equilíbrio do pH próximo do neutro. • Quando a alcalinidade total e a dureza total estão próximas a 30 mg/L, as condições de criação são mais favoráveis aos peixes. • Viveiros com alcalinidade muito baixa < 3mg de CaCO3/L poderá ter valores de pH variando muito no decorrer do dia. • Águas com baixa alcalinidade não são boas para incubação de ovos pois dificultam a formação da casca dos ovos. MEÇA A ALCALINIDADE E DUREZA DA ÁGUA • A medição da alcalinidade e dureza total da água deve ser realizada nas seguintes situações: • Após o enchimento de um viveiro; • Duas semanas depois da aplicação de calcário; • A cada dois meses, em todos os viveiros, a título de acompanhamento; • Quando houver grandes variações de pH (acima de 2 unidades) ou níveis de pH acima de 9. CORRIJA A ALCALINIDADE E DUREZA DA ÁGUA • Faça a calagem para corrigir a alcalinidade e dureza da água, aplicando o calcário agrícola, conforme as doses apresentadas no Quadro. • Distribua o calcário de maneira uniforme sobre todo o viveiro, caminhando pelas laterais, ou utilize trator ou barco, caso facilite a operação. 43 44 45 46 47 48 23/08/2021 9 • Evite renovar a água excessivamente, pois a troca dilui e/ou remove o calcário presente. • Evite usar cal virgem ou hidratada para fazer a calagem, pois esses produtos provocam grande alteração no pH da água, podendo levar os peixes à morte. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA • É uma medida da capacidade de conduzir corrente elétrica da água e indiretamente avalia a quantidade de íons e nutrientes na água doce. • Varia muito de local para local, devido a origem (fonte) e caminho (tipo de solo, rochas, fontes de poluição)percorrido pela água doce. • A sua unidade de medida é mS/cm (microsíemens por centímetro). • A condutividade elétrica da água é quase proporcional à concentração de seus principais elementos dissolvidos AMÔNIA • Principal resíduo liberado pelos peixes durante a digestão. • Também é produzida pelos microrganismos na decomposição da matéria orgânica presente na água. • Em grande quantidade, a amônia prejudica o crescimento e a saúde dos peixes. • O ideal é que sua concentração esteja abaixo de 0,05 mg/L . • Na água, a amônia pode ser encontrada em duas formas: amônia (NH3), muito tóxica para os peixes, e amônio (NH +), pouco tóxico. • Quando se faz a medição da amônia presente na água, ela sempre representa a soma das duas formas (amônia + amônio), o que é chamado de amônia total. • Para saber quanto existe da amônia tóxica, é preciso medir também o pH e a temperatura da água MEÇA A CONCENTRAÇÃO DE AMÔNIA NA ÁGUA • Deve ser usado um kit químico de análise de água para medir a amônia total (siga as instruções do fabricante). • a) Meça a temperatura da água com um termômetro • b) Meça o pH da água usando um kit químico de análise ou medidor de pH • c) Compare os valores encontrados com a Tabela • Encontre, no pH, o valor mais próximo do medido; • Encontre, na temperatura, o valor mais próximo do medido; e • O valor onde se cruzam o pH e a temperatura representa a porcentagem da amônia total que está na forma tóxica. • d) Calcule a amônia tóxica • Para calcular a amônia tóxica, use a equação: • 𝐴𝑚ô𝑛𝑖𝑎 𝑡ó𝑥𝑖𝑐𝑎 = 𝑎𝑚ô𝑛𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑥 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 100 • Amônia total = 1,5 mg/L (medida usando o kit químico de análise) • pH = 7 (medido usando o kit químico de análise) • Temperatura = 30ºC (medida com termômetro) • Valor da tabela (sinalizado) = 0,79% 49 50 51 52 53 54 23/08/2021 10 • Amônia total = 1,5 mg/L (medida usando o kit químico de análise) • pH = 9 (medido usando o kit químico de análise) • Temperatura = 30ºC (medida com termômetro) • Valor da tabela (sinalizado) = 44,28% • Perceba nesses exemplos que, mesmo sem mudança na amônia total, o aumento do pH fez com que a concentração de amônia tóxica passasse de 0,0118 mg/l, que é inofensiva aos peixes, para 0,6642 mg/L, que já é considerada prejudicial a eles. • Faça a medição da concentração da amônia total, pH e temperatura no período da tarde (17 h) em dia de sol nos viveiros em que a quantidade de ração oferecida for maior do que 60 kg por hectare/dia. • Repita essa medição a cada 5 dias e anote em planilha os valores da amônia total e da amônia tóxica calculada. MANEJE A AMÔNIA NA ÁGUA • Suspenda a alimentação • Quando observar níveis elevados de amônia, reduza ou suspenda a alimentação dos peixes até que a concentração volte a níveis aceitáveis • Faça troca de parte da água, se possível NITRITO NA ÁGUA • O nitrito (NO2-) é uma substância tóxica aos peixes produzida a partir da transformação da amônia pela ação de bactérias, principalmente em viveiros que estão recebendo grandes quantidades de ração (acima de 60 kg/hectare/dia). • As condições que facilitam o aparecimento de nitrito são baixas temperaturas da água (abaixo de 24oC) e baixas concentrações de oxigênio nela. • Quando os peixes estão intoxicados por nitrito, há uma alteração na coloração do sangue, que escurece e ganha uma tonalidade marrom, similar à cor de chocolate. Essa condição é chamada de “síndrome do sangue marrom” e pode levar os peixes à morte, com sintoma parecido com o da falta de oxigênio na água. MEÇA O NITRITO NA ÁGUA • No campo, meça a concentração de nitrito usando um kit químico de análise. Nele, uma reação de cor com a amostra de água indica a sua concentração (siga as instruções do fabricante). • Meça a concentração de nitrito sempre que o oxigênio dissolvido estiver baixo (menor que 2 mg/L) e a temperatura abaixo de 24o C nos viveiros com altas taxas de alimentação (maior que 60 kg/hectare/dia). • Verifique se há sinais como brânquias de cor amarronzada, peixes boquejandona superfície ou concentrados na entrada de água. 55 56 57 58 59 60 23/08/2021 11 MANEJE O NITRITO NA ÁGUA • Suspenda a alimentação dos peixes • Enquanto o nível de nitrito estiver acima dos limites críticos para alimentação (0,3 mg/L). • Coloque aeração para aumentar a concentração de oxigênio • Renove a água, se possível ENTENDA A TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA • A transparência é a medida da profundidade, em centímetros, que indica a penetração da luz solar na água. • Ela varia de acordo com a presença de fitoplâncton, tornando a água verde, ou se houver excesso de argila em suspensão, tornando a água barrenta. • A presença de argila na água, chamada de turbidez mineral, geralmente tem origem na erosão das margens dos viveiros e açudes, nas águas de enxurradas ou mesmo pela movimentação dos peixes quando as águas são rasas. • Águas muito barrentas podem causar irritação ou feridas nas brânquias dos peixes. Com isso, eles podem ser mais facilmente afetados por parasitas e doenças. • Disco de Secchi. • Para a maioria das espécies, é desejável que a água esteja verde, mas com transparência entre 30 e 50 cm, indicando uma adequada densidade de fitoplâncton, que produz oxigênio para os peixes e evita o crescimento de plantas no fundo dos viveiros. MEÇA A TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA • Afunde o disco de Secchi lentamente na água até que não seja possível enxergá-lo • Verifique a profundidade, em centímetros, que é chamada de transparência da água • Anote o valor de transparência na planilha juntamente com a cor da água (verde, barrenta, cor de chá ou incolor) • A transparência ideal está em torno de 20 a 30 cm. • Com menos de 20 cm deve-se cessar a adubação e fertilização de viveiros. • Acima de 40 cm, deve-se fazer a adubação para evitar o desenvolvimento de macrófitas no fundo do viveiro MANEJE A TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA • Se a transparência estiver abaixo do ideal e a água muito esverdeada, reduza a alimentação até que sua condição melhore ou faça sua troca parcial. • Caso a transparência esteja abaixo do ideal, causada pela turbidez de argila, identifique e corrija a causa: • Em caso de erosão, faça o controle plantando grama ou capim nas laterais; • Em caso de enxurrada, faça desvios para evitar a entrada da água turva; • Em caso de presença de animais (gado, cavalos, entre outros), cerque a área e impeça o acesso; e • Avalie a possibilidade de aplicar calcário nas mesmas doses usadas para equilibrar o pH da água, o que também ajuda a decantar parte da argila. 61 62 63 64 65 66 23/08/2021 12 MANEJO E TRATAMENTO DE EFLUENTES NA PISCICULTURA • https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/972692/1/Doc95.pdf APRENDA+ • Aspectos Gerais da Fisiologia e Estrutura do Sistema Digestivo dos Peixes Relacionados à Piscicultura • https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/81136/1/DOC53.pdf • Qualidade de água • https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/93111/1/agua.pdf • https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/187706/1/TC-32-17-CARTILHA-Qualidade-Agua- V05.pdf 67 68 69 https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/81136/1/DOC53.pdf https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/93111/1/agua.pdf https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/187706/1/TC-32-17-CARTILHA-Qualidade-Agua-V05.pdf
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