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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA - 2020.1 NEUROCIÊNCIA E NEUROPSICOLOGIA APLICADAS À SAÚDE E EDUCAÇÃO RESENHA DESCRITIVA DUHIGG, Charles. A Saddleback Church e o boicote aos ônibus de Montgomery. In: DUHIGG, Charles. Poder do Hábito: Por Que Fazemos o Que Fazemos na Vida e nos Negócios. Tradução de Rafael Mantovani. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. Aluno: Raphael Nery de Vasconcellos O capítulo 8 da obra “Poder do Hábito: Por Que Fazemos o Que Fazemos na Vida e nos Negócios”, intitulado “A Saddleback Church e o boicote aos ônibus de Montgomery” busca explicar como os hábitos sociais têm potencial para promover a mobilização de pessoas em torno de causas. É dividido em 3 partes e tem como pano de fundo os eventos relacionados ao surgimento do movimento de direitos civis nos Estados Unidos da América e a fundação e expansão do ministério Saddleback Church, do pastor Rick Warren. A parte I fala sobre a prisão injusta de Rosa Parks em 1955 na cidade de Montgomery, Alabama, que sendo uma mulher negra, havia se negado a ceder seu lugar no ônibus para um homem branco. O autor defende que a grande mobilização social em torno deste evento, contra sua prisão, e a favor do boicote à empresa de ônibus só foi possível pelo fato da sra. Parks transitar por diversos meios sociais, cultivando o que ele chama de laços fracos: um tipo intermediário de relação entre a amizade e o total desconhecimento. O argumento é de que os laços fracos constituem um hábito social que permite ter acesso parcial a outras redes sociais sem necessariamente fazer parte delas. Os laços fracos da sra. Parks permitiram que a notícia de sua prisão injusta se capilarizasse para outros grupos de pessoas que cultivavam laços fortes entre si. Na parte II o autor argumenta que a pressão social se espalha através dos laços fracos, gerando expectativas comunitárias que devem ser satisfeitas pelos indivíduos, sob pena da perda de prestígio e posição. Ele exemplifica esta situação dizendo que dificilmente alguém indicaria um completo desconhecido para uma vaga de emprego no lugar em que trabalha, mas que seria provável que o fizesse caso se tratasse de um conhecido casual, ou nas suas palavras, um “amigo de amigos”. Outro exemplo utilizado pelo autor é o de uma pesquisa que buscava investigar o porquê da persistência ou desistência dos inscritos na campanha voluntária chamada Mississipi Summer Project, nos anos 80, que tinha como objetivo registrar a maior quantidade possível de eleitores negros naquele Estado. Haviam riscos reais de agressão e morte por parte de justiceiros brancos, e o pesquisador descobriu que os candidatos que persistiram na campanha foram aqueles que participavam de comunidades cujas expectativas instigavam sua participação. Desistir, neste casos, poderia trazer grande prejuízo ao prestígio e mesmo à posição na hierarquia social daquela comunidade. O autor conclui a parte II retornando ao exemplo da sra. Parks e relata como seu advogado, o sr. Nixon pede a um amigo íntimo (um laço forte) do Pr. Martin Luther King Jr. que o convença a participar do movimento e que abra as portas da sua congregação para que se possa articular o boicote, e ele de fato consegue a adesão do religioso ao movimento. A unidade da comunidade é atribuída à força da pressão social causada pelos laços fracos. Na parte III é relatada a história da fundação e expansão do ministério da Saddleback Church, na Califórnia, pelo pastor Rick Warren, nos anos 80. Após o crescimento vertiginoso do ministério, ele compreendeu que não poderia dar a atenção necessária aos fiéis para que eles pudessem alcançar “maturidade da fé”. Para o pastor, seria necessário levar as pessoas a compreender a necessidade do hábito para que ela fosse cultivada no dia-a-dia. Ele concebeu então um modelo de reuniões em pequenos grupos que os fiéis realizavam durante a semana nas casas uns dos outros. A ideia era que para além dos laços fracos que uma grande comunidade (no caso a própria igreja) oferece, os fiéis pudessem criar laços fortes de modo que a fé pudesse ser vivenciada como experiência social. Rick desenvolveu currículos para garantir que os temas predominantes das reuniões gravitassem em torno da doutrina cristã, de modo que os fiéis pudessem receber os ensinamentos que a congregação julgava adequados para orientar o exercício da fé pelos integrantes da comunidade. Segundo o autor, a incorporação desses novos hábitos cria um senso de identidade comunitária e transforma indivíduos passivos em agentes de transformação, o que dá sustentação aos movimentos. Por fim o autor sintetiza o capítulo dizendo que os movimentos surgem primeiramente por hábitos de amizade, como demonstrado na Parte I através do exemplo dos laços fracos da sra. Parks; crescem a partir dos hábitos comunitários de pressão social, e por fim, são sustentados por hábitos que mudam a noção de identidade dos seus participantes.