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1 Melina Tavares INFECTOLOGIA DR. PABLO PITA – 10/08/2021 • A sífilis é uma infecção bacteriana sistêmica, de evolução crônica • Quando não tratada progride ao longo de muitos anos – MUITOS ANOS PRA VOCE TER O ACOMETIMENTO GRAVE! • TEMOS A CLASSIFFICA ÇÃO SINTOMATICA (sífilis primária, secundária e terciária.) E ASSINTOMATICA (Classificada em latente recente e latente tardia) • Sinonímia - Lues, cancro duro, lues venérea, si lose, mal venéreo. • Agente etiológico: O T. pallidum é uma bactéria gram-negativa, do grupo das espiroquetas, de alta patogenicidade • Reservatório - O homem é o único reservatório. Modo de Transmissão: - Pode ser sexual, vertical ou sanguíneo. - A transmissão vertical pode ocorrer durante toda a gestação, resultando, muitas vezes, em graves danos para o feto ou para a criança. - A transmissão sexual é a maior. Lembrar que o preservativo não é 100%! pois através contato pele com pele você pode inocular o treponema, porque nem sempre a lesão estará no corpo do pênis. Período de incubação: - De 10 a 90 dias - média de 21 dias a partir do contato sexual (apresentação do cancro duro – lesão primaria) - Período de incubação é quando entro em contato com a doença X quando vou apresentar os sintomas! Nem sempre começa pela fase cancroide, as vezes posso ter contato e pular para a fase latente, que não tem sintoma! - é quando eu diagnostico e não tenho fase anterior! É uma coisa retrospectiva, a gente define uma coisa passada pela clínica atual. Período de Transmissibilidade: - Quanto mais lesão ativa + treponema + transmissibilidade - A transmissibilidade da sífilis adquirida requer a presença de lesões. O contágio é maior nos estágios iniciais da infecção, sendo reduzido gradativamente à medida que ocorre a progressão da doença. - No entanto, essas lesões são pouco sintomáticas e passam despercebidas na maioria dos casos. - Em gestantes, a sífilis pode ser transmitida para o feto (transmissão vertical) por via transplacentária, em qualquer fase da gestação: média de 100% na fase primária, 90% na fase secundária e 30% na fase latente Características: - Suscetibilidade, Vulnerabilidade e imunidade: anticorpos são sempre produzidos IGG e IGM Mas não são eficazes para evitar novas infecções!! Não são capazes de definir se a doença está ativa ou não e não são capazes de neutralizar a doença Sempre que exposto poderá adquirir novamente!!! Manifestação clínica e Classificação VAMOS DIVIDIR EM: Latente (precoce / tardia) X Sintomática - 1a. 2a. 3a. ATENÇAO ➔ NÃO CONFUNDA AS FASES ➔ MESMO QUE SEJA A MESMA PRESCRIÇAO, CADA FASE É UM TRATAMENTO ➔ NÃO EXISTE: “TRATAR COMO PRIMÁRIA, OU TERCIÁRIA” Vamos separar em dois blocos: SINTOMATICA E ASSINTOMATICA!! 2 Melina Tavares INFECTOLOGIA Sintomática -PRIMARIA→ É O CANCRO DURO!--> pode estar em qualquer parte do corpo CARACTERIZA A FASE PRIMARIA ➔ÚNICA + INDOLOR + ULCERADA (BORDAS ELEVADAS) - Mácula ou pápula vermelha escura que progride rapidamente para uma ulceração. Tamanho (0,5 a 2,0cm) em uma a duas semanas até a típica lesão ulcerada, com eritema em seu entorno, indolor**, com bordos endurecidos, bem delimitados, eritema e fundo liso e brilhante. **Sendo indolor, pode passar despercebida!! -Pode estar em região de glande, no sulco balanoprepucial, colo uterino, vulvar, perineal... - Geralmente é único, podendo ocorrer lesões múltiplas que diferem na aparência clínica. - De 2 a 6 semanas e desaparece com ou sem tratamento. - Nas mulheres, a fase primária é de difícil diagnóstico clínico, porque as lesões podem estar dentro da vagina e não serem vistas - LOCALIZAÇOES EXTRA-GENITAIS É UMA DOENÇA DE ATENÇAO PRIMARIA, QUEM TRATA É O MEDICO GENERALISTA (DO POSTO) Aqui temos dois caminhos: TRATAR OU NÃO TRATAR – AUTOLIMITADA Obs=> so aparece 1x por contato. Mas, se eu tenho contato de novo, eu tenho primaria de novo e trato novamente como primaria !! Nem sempre ela some mais rapido com o tratamento - SÍFILIS SECUNDÁRIA - Pode Surgir na vigência da primária ou eu posso abrir o quadro diretamente - Normalmente após regressão do cancro ( de 6 a 8 semanas após a lesão primária) -Suas manifestações duram, em média, entre 4 e 12 semanas. AUTOLIMITADA – mas geralmente é tratada pq o paciente percebe a lesão e procura serviço de saude -CARACTERISTICAS: acometimento dermatológico: maculas e pápulas pouco pruriginosas com acometimento em todo o corpo! LESAO PALMOPLANTAR NÃO ULCERADA, HIPERCROMICA, DISSEMINADAS POR TODO O CORPO (obs: ao fim da fase primaria pode surgir a secundaria, podendo haver algum momento que tenho primaria e secundaria, mas o professor nunca viu...) - Marcada pela disseminação dos treponemas pelo organismo. - As lesões são constituídas por pápulas palmo-plantares, placas mucosas, poliadenopatia generalizada, alopecia em clareira, madarose e condilomas planos. - Roséola sifilítica: Lesões eritemato-róseas, disseminadas, em geral não pruriginosas e levemente descamativas "Colarete de Biet” - com acometimento palmoplantar =>(Base eritematosa e discretamente descamativa! É NÃO ULCERADA- é quando a roséola sifilítica se descama) - As lesões dessa fase desaparecem independentemente de tratamento, e aproximadamente 25% dos pacientes podem apresentar recrudescimento. - CONDILOMA PLANO: placas de 1 ou 2cm, brancas e úmidas (maceradas, nas áreas de dobras, principalmente persianas e vulvares, mas também axilas → PLACA ESBRANQUIÇADA QUE SE DISSEMINA PELO TECIDO E PODEM ATINGIR TAMANHOS DE 5 A 10CM, NORMALMENTE O TTO É CIRÚRGICO, PQ SOMENTE COM MEDICAÇÃO NÃO RESOLVE TOTALMENTE!! 3 Melina Tavares INFECTOLOGIA - SÍFILIS TARDIA - SINTOMÁTICA - TÉRCIÁRIA - Forma mais grave de acometimento - 1/3 dos não tratados - Até 40 anos de evolução da doença CARACTERIZA ➔Lesões nodulares gomosas com envolvimento de mucosa- GOMA SIFILÍTICA - Normalmente Indolor - Acomete tecido Subcutâneo, Ósseo e muscular - Aortite sifilítica, Aneurisma aórtico, estenose coronariana - Insuficiência valvar - Tuberculose cutânea - Leishmaniose - cromomicose - sarcoidose - esporotricose - tumores - ACOMETIMENTO NEUROLÓGICO - PRECOCE OU TARDIO→ eu tenho a sífilis terciaria de acometimento cutâneo E tenho a neuro sífilis, não é algo aditivo! OBS: SE EU TIVER APENAS ACOMPANHAMENTO NEUROLOGICO ➔ CLASSIFICO EM TERCIARIA! Não posso dizer de cara que é precoce ou tardia! Mas de cara já digo que é terciaria; posso ter somente o acometimento neurológico e ser uma sífilis terciaria. (ex: idoso com demência + VDRL positivo) - SÍFILIS NEUROLOGICA - TERCIÁRIA PRECOCE: Não há uma definição clara sobre o que é precoce e tardio na neurosifilis! Então nunca cobra em prova! So quer que saibamos que é terciaria. ❖ Sífilis meningovascular: - ENDARTERITE (inflamação de vasos cerebrais) LEVANDO A TROMBOSE VASCULAR - Ocorre uma endarterite infecciosa que acomete qualquer vaso do SNC, gerando trombose e isquemia. - Causam déficits neurológicos que podem ser indistinguíveis dos gerados num evento vascular isquêmico ou hemorrágico. - Os pacientes podem apresentar pródromos, como cefaleia, vertigem, insônia e alterações de personalidade. ❖ Meningite: - Ocorre Inflamação difusa das meninges acompanhadas ou não por gomas sifilíticas. - Cefaleia, febre, náuseas, vômitos, rigidez de nuca, neuropatias cranianas (II, VII e VIII nervos) e crises convulsivas são comuns no quadro clínico. - Já meningomielite e polirradiculopatia, apesar de raras, podem surgir também. - O acometimento é precoce, muitas vezes após tratamento falho de sífilis recente. SÍFILIS NEUROLÓGICA - TERCIÁRIA TARDIA ❖ Tabes Dorsalis: - Sintomas sensoriais iniciais incluem dor e parestesias com distribuiçãoradicular. - Tardiamente, ocorrem perda da sensibilidade vibratória e propriocepção, além de arreflexia. - Anormalidades pupilares (pupilas de Argyl Robertson-patognomonico), atrofia óptica, dores lancinantes, ataxia sensitiva, levando à tão famosa marcha tabética, e disfunção vesical são sintomas clássicos. – REFLEXO FOTOMOTOR AUSENTE/ CONSENSUAL DE ACOMODAÇÃO PRESENTE! (QR: video mostrando o reflexo) - Era a manifestação mais comum na era pré-antibiótica. Atualmente, pouco menos frequente em nosso meio. Surge cerca de 20 anos após infecção inicial não tratada. ❖ Demência paralítica: - Demência de caráter rapidamente progressivo ou crônico. - Pode mimetizar qualquer desordem psiquiátrica ou apresentar-se apenas como declínio cognitivo. - Ao exame neurológico, pode haver sinais de liberação frontal, disartria e alterações pupilares. - Na ressonância de crânio, há atrofia frontotemporal ou até mesmo pode estar normal em casos iniciais. Ocorre 10-30 anos após a infecção pelo T. pallidum - Sífilis Precoce E Tardia - Assintomática 4 Melina Tavares INFECTOLOGIA - LATENTE: NO MOMENTO DA CONSULTA ELE NÃO TEM LESAO, SEMANA PASSADA ELE PODE ATÉ TER TIDO, MAS MEU DIAGNOSTICO É COM BASE NA CONSULTA ATUAL - Diagnóstico exclusivamente sorológico - Paciente Assintomático - Menos que 2 anos de contágio- PRECOCE - Mais que 2 anos de contágio- TARDIA EXEMPLIFICANDO→ SEM LESAO NA HORA DA CONSULTA + VDRL POSITIVO + ÚLCERA MÊS PASSADO: SIFILIS LATENTE PRECOCE OBS: SE A MINHA EVIDÊNCIA SOROLOGICA É INCERTA O PACIENTE É CLASSIFICADO COMO TARDIA => SE NÃO TENHO NENHUMA EVIDÊNCIA QUE COMPROVE O TEMPO DE DOENÇA EU VOU SUPOR QUE É TARDIA, E TRATAR DE ACORDO COM ESSE DIAGNOSTICO - Tardia – Assintomática - Diagnóstico exclusivamente sorológico - Paciente Assintomático - Mais que 2 anos de contágio OBS: BAIXA DO SISTEMA IMUNOLOGICO NÃO CAUSA RECIDIVA - Sífilis Adquirida - Sífilis em Gestante - Sífilis Congênita → LEMBRAR QUE É DE NOTIFICAÇÃO COMPULSORIA - SÍFILIS PRIMÁRIA OU CANCRO DURO - Pesquisa de treponema em campo escuro - Histopatológico - Quadro clínico é útil na indisponibilidade dos exames - Exames sorológico não positivam, de forma precoce, no início do quadro o que pode dificultar o diagnóstico e o tratamento correto. VDRL - 4 a 5 semanas após a infecção →NÃO TEPONEMICO → ACOMPANHAMENTO FTA-ABS - 3 semana após a infecção→ TREPONEMICO → POSITIVO → DIAGNOSTICO - OUTRAS FASES – TESTES não específicos - TESTES DE Triagem - TESTES NÃO TREPONÊMICOS - VDRL (Veneral Disease Research Laboratory) o mais utilizado o negativo no início e pode ser negativo tardiamente! Talvez negative com o tratamento. o seu resultado é em titulações (1:_), quanto maior a titulação, maior a quantidade de anticorpos. o Consideramos uma doença positiva quando o denominador é >8. o Denominadores menores/iguais do que 4, tem indicação de pesquisa de diagnostico diferencial, porém, se eu não tenho outro diagnostico, abaixo de 1:8 é diagnostico de sífilis! o Ex: paciente chegou com titulação 1:1, pergunta se já tratou sífilis, já fez teste, próximo passo, precisamos confirmar, pedindo o teste treponemico! (FTA- Abs ou o teste rapido) - RPR (Reagina Plasmática Rápida) - Úteis, Baratos, Rapidos - Não são específicos -Diagnostico diferencial: Hanseníase virchowiana, Doença de Lyme, HTLV-1, Malária, Tuberculose e outras, Reação Cruzada → LOGO, se a titulação do VDRL deu <1:8 temos obrigação de pesquisar essas doenças - OUTRAS FASES - ESPECÍFICOS => DETERMINAM A SIFILIS, MAS NÃO QUANDO ACONTECEU, não sendo bom para acompanhamento! - TESTES TREPONÊMICOS: sempre vai ser positivo, não sendo bom para acompanhamento! Positivo eu tive a doença, negativo nunca tive. Mas é agora ou de uma doença que já tratei? Serve para diagnosticar e não para acompanhar!!!!!! Uma pessoa que teve sifilis SEMPRE vai ter o teste treponemico positivo! Diagnostico de Certeza = FTA-Abs e TESTE RAPIDO! 5 Melina Tavares INFECTOLOGIA - FTA- Abs - (Fluorescent Treponemal Antibody - Absorption test) - TPHA - Ensaio de Hemaglutinação de T. pallidum - MHA-TP - Reação de micro-hemaglutinação - ELISA - Confirmatorios - Ajudam a definir casos complexo → TESTE RAPIDO TESTES TREPONEMICOS = SEMPRE POSITIVOS, O RESTO DA VIDA TESTES NÃO TREPONEMICOS = É POSITIVO NO INICIO E PODE SER NEGATIVO TARDAIMENTE; POSSO PERDER O TITULOS. NAS PRIMARIAS, SECUNDARIAS E LATENTES, ELE TENDE A SER POSITIVO. *VDRL = TITULO REAGENTE PODE SER CICATRIZ NÃO REAGENTE E NÃO REAGENTE = se tem duvida, repete com 30 dias É CURATIVO Penicilina Benzatina - Ainda é a droga de Escolha - Doses Altas - Varia conforma a FASE evolutiva - diminui 4x a titulação, é uma progressão geométrica! (ex: 1028 →257) -Protocolo de dessenssibilização PRESCRIÇÃO - 1ª, 2ª, LATENTE PRECOCE 2,4 milhões UI P. dose única - 3ª, LATENTE TARDIA – TOTAL : 7,2 milhões UI P. Benzatina divididos em 3 tomadas de 2,4mi durante 3 semanas presc: 1amp de 1,2 – em cada glúteo - por semana/ durante 3 semanas - NeuroLues (Neurossífilis) P. Cristalina 4 milhões UI EV de 4/4h por 14 dias 7,2 milhões UI P. Benzatina divididos em 3 tomadas de 2,4m O que pode ocorrer é que eu trato a sifilis sitemica e treponemas do sistema nervoso central caem na circulação. Se o paciente não teve mais contato com ninguém com sifilis e fez o tto correto, podemos estar diante da NEUROSSIFILIS, devemos então pesquisar atraves do LCR e VDRL TR ou FTA-Abs VDRL 6 Melina Tavares INFECTOLOGIA AO FINAL DO TTO DA NEUROSSIFILIS, EU PROPONHO O TRATAMETO DA SIFILIS SISTEMICA. - Doença com tratamento efetivo - Droga disponível a população - Testagem fácil e barata - Números alarmantes - 1 milhão de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) por dia, mundialmente. - 1 milhão de gestantes por ano em todo o mundo - 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças. - Na América Latina e Caribe, estima-se que entre 166.000 e 344.000 crianças nasçam com sífilis congênita anualmente. Lyzandra Maria M35 HIV/AIDS – MANEJO CLÍNICO Período de eclipse: É o momento entre a hora em que ocorreu a infecção e a hora que o RNA viral é ;detectado na corrente sanguínea Janela imunológica: É o período entre a hora em que ocorreu a infecção e o aparecimento de anticorpos no . Primeiro precisamos que haja exposição aosangue antígeno, pra que tenha produção de anticorpos e eles sejam detectados; Deve ser sempre considerada naquela abordagem em relação ao diagnóstico laboratorial da infecção por HIV: Quando o paciente faz o exame a sorologia aparece negativa não significa dizer que ele não está infectado, ele pode estar nesse período de janela imunológica; Por isso, é importante conversar com o paciente e analisar a última exposição de risco, pois vai ajudar a decidir se e quando ele vai repetir a realização das sorologias. O período de eclipse sempre será menor que a janela imunológica: Primeiro detectamos o vírus e depois é que conseguimos detectar os anticorpos. OBS: Geralmente, para termos uma segurança maior em liberar o paciente após uma exposição sexual ou um acidente perfuro-cortante, devemos fazer a sorologia no momento em que houve a exposição, repetir 30 dias (3 meses depois e repetir novamente 90 dias depois depois). A sorologia de 30 dias depois estando negativa já nos dá uma segurança de quase 100% de que o indivíduo não foi contaminado. A de 3 meses depois serve realmente pra dar alta ao paciente com mais segurança, caso o exame esteja negativo. DÚVIDA DA AULA!! Quando eu diagnostico HIVpelos testes rápidos, já solicito carga viral, contagem de TCD4 e W.Bolt? Ou quem faz isso é o especialista? Atualmente, a grande maioria dos pacientes que são acompanhados por soropositividade é acompanhada na atenção secundária, geralmente, SAE (Serviço de Atendimento Especializado). Em Juazeiro do Norte e em outras cidades, existe o LACEN que fornece assistência gratuita a diversas patologias, inclusive a pacientes soropositivos e realiza carga viral e contagem de TCD4 conforme a solicitação de alguns profissionais cadastrados. Então na prática, geralmente, após o diagnóstico, o paciente é encaminhado e esses exames são solicitados em uma área específica, por um médico que presta serviço pra esse local. Em alguns lugares, como em algumas UBS de Fortaleza (pouquíssimas), alguns profissionais da própria atenção primária são capacitados para o manejo de pacientes soropositivos e são autorizados a solicitar esses exames pelo SUS. No entanto, no geral, na grande maioria o que acontece é o encaminhamento ao serviço especializado/atenção secundária. No setor privado, o próprio médico que faz o atendimento pode solicitar esses exames em laboratório particular e depois encaminhar ao especialista. CASO CLÍNICO 1 Paciente masculino, 25 anos de idade, com história de febre, mialgia, cefaleia e faringite há ± 10 dias. Evoluiu com rash cutâneo no 3º dia de doença. Está em uso de paracetamol, sem melhora. Nega outros sintomas. Refere relação desprotegida com parceira desconhecida há 1 mês. Ao exame físico chama atenção adenopatia cervical bilateral indolor. Temperatura de 37,5°C. Demais aparelhos sem achados relevantes. Qual a melhor conduta para este paciente? a) Solicitar sorologia para dengue, chikungunya e HIV; b) Solicitar PCR quantitativo para HIV; c) Iniciar terapia antirretroviral; d) Tratar com sintomáticos (paracetamol) e solicitar sorologia anti-HIV após 3 meses; e) Realmente não sei o que fazer. DÚVIDA DA AULA!! Poderíamos descartar a dengue já que o rash cutâneo só aparece em torno de 6 dias após Lesões maculopapulares em face e tronco. É um rash que lembra muito a dengue, avermelhado e pontilhado. Lyzandra Maria M35 início dos sintomas? A clínica é parecida com a clínica da dengue. Notamos algumas diferenças inicialmente no tempo de doença, já são 10 dias de febre e a febre na dengue, geralmente, não ultrapassa 7 dias (embora alguns pacientes com dengue, no final da primeira semana, possam evoluir com uma infecção bacteriana secundária, como ITU e pneumonia, por exemplo). Na chikungunya a febre também duro pouco tempo, geralmente, 3 dias. O rash da dengue pode ser em qualquer momento, precoce, tardio, no meio.. Não existe uma regra, existe o mais frequente que é no fim da doença (em torno de 5 dias). O linfonodo também pode aparecer na dengue, mas não é esperada. OBS: Quando “descarto” a doença ou acho um sintoma “não comum” não posso deixar de investigar, principalmente na infectologia, que quanto maior o diagnóstico diferencial, maior é a probabilidade de dar o diagnóstico correto. ENTÃO.. Com esses sintomas descritos, além de dengue e chikungunya, no que mais eu posso pensar? Toxoplasmose, mononucleose infecciosa (Epstein-Barr), síndrome mono-like (citomegalovírus), sífilis secundária, entre outros. OBS: Pensei em Epstein-Barr, preciso pensar também em citomegalovírus. ENTÃO.. Que relação teria entre essa apresentação clínica e o vírus HIV? A sífilis e a tuberculose possuem muita incidência em pacientes acometidos pelo HIV. A toxoplasmose, nessa perspectiva clínica do paciente em questão, é uma toxoplasmose linfadenítica que não possui incidência maior em pacientes com HIV (a neurotoxoplasmose que é maior em pacientes soropositivos). SUSPEITA DIAGNÓSTICA Infecção retroviral aguda: É uma doença semelhante a todo o leque de diagnósticos diferenciais discutidos anteriormente; Atendendo numa urgência, numa UBS, num consultório ou em qualquer lugar em que eu atenda uma e síndrome febril que me leve a pensar em algum , devo pensar também em dos diagnósticos diferenciais infecção aguda pelo HIV; Atualmente a conseguimos diagnosticar muito pouco infecção aguda pelo HIV porque as pessoas que pegam o HIV, nas primeiras semanas que é quando surge esse quadro clínico, procuram o atendimento médico, mas , acabam sendo diagnosticadas com outra doença como dengue ou outros diagnósticos diferenciais. Figura 1: Gráfico da história natural da infecção pelo HIV. A linha preta representa a contagem de linfócitos TCD4, a linha cinza representa a carga viral (o quanto de vírus tem no sangue do indivíduo) e embaixo nós temos a contagem de semanas e anos. A seta indica exatamente o momento em que ocorreu a infecção pelo HIV; No tempo 0: O indivíduo tem a contagem de linfócitos TCD4 acima de 1000; A partir do momento em que a pessoa pega o HIV a (linha cinza) : Nas primeiras carga viral começa a subir semanas de infecção, grande parte dos infectados manifestações clínicas; 50 a 90% das pessoas infectadas vão apresentar essas manifestações, que não chamamos de AIDS e sim de infecção aguda pelo retrovírus ou síndrome retroviral aguda; DÚVIDA DA AULA!! Então a infecção retroviral aguda seria uma co-infecção? Não. A infecção aguda pelo HIV é uma apresentação clínica/uma fase que faz parte da . Já a co-infecção é nos história natural da infecção por ele Lyzandra Maria M35 casos onde o indivíduo apresenta 2 agentes infecciosos ao mesmo tempo. Na história natural a pessoa está infectada apenas pelo HIV: Teve uma relação sexual, se infectou pelo HIV e nas primeiras semanas quando o vírus começa a se replicar (a linha cinza do gráfico mostra a carga viral subindo) o organismo reconhece aquilo como um agente agressor, desencadeando resposta imune celular e humoral. Nessa fase de infecção aguda o CD4 cai até encontrar ; uma zona de equilíbrio DÚVIDA DA AULA!! Nesse caso, não são duas doenças, é a fase aguda que simula outras patologias, mas na verdade é uma manifestação clínica aguda do HIV? Isso. O paciente chega com um quadro clínico típico de dengue, por exemplo, o médico dá diagnóstico de outra patologia, manda o paciente pra casa e na verdade o paciente tem infecção aguda pelo HIV. Isso ocorre, muitas vezes, porque o diagnóstico diferencial é curto, as pessoas pensam resumidamente em dengue, chikungunya e esquecem o HIV. É importante se atentar pra isso porque se o paciente nessa infecção é atendido, diagnosticado com outra doença e liberado pra casa pra tomar sintomáticos e ficar de repouso, se a infecção for o HIV esse paciente pode demorar muitos anos pra descobrir, mesmo já tendo tido essa possibilidade de ter um diagnóstico. DÚVIDA DA AULA!! Porque a AIDS não começa antes e mesmo depois que a carga viral ultrapassa o número de linfócitos TCD4 ainda chamamos de período de latência? A AIDS é a Síndrome da Imunodeficiência Humana, ou seja, do ponto de vista clínico é a ocorrência de inúmeras que não iriam surgir se o indivíduo doenças oportunistas estivesse com a sua resposta imune normal. São exemplos a pneumocistose, sarcoma de Kaposi, toxoplasmose no SNC, entre outros. Há um marcador laboratorial que consegue dizer com grande segurança para a maioria dos pacientes, a partir de que faixa que muitas das doenças oportunistas começam a surgir: Esse marcador é a . As doenças oportunistas contagem de linfócitos TCD4 clássicas que caracterizam a imunodeficiência aparecem quando o CD4 está abaixo de 200. Então observe no gráfico: A linha preta tem uma queda na infecção aguda porque o organismo começa a brigar com o vírus já que a carga viral está muito alta (veja a linha cinza); Porém, uma carga viral alta não significa presença de sintomas, a pessoa pode não estar sentindo nada (podefazer uma síndrome aguda discreta ou não fazer uma síndrome aguda e mesmo assim ter carga viral alta); O que vai definir a imunodeficiência não é a quantidade de vírus e sim a contagem de linfócitos : Após a infecção aguda, o organismo age na TCD4 tentativa de se livrar da doença, faz com que a carga viral caia (observe a linha cinza), a contagem de linfócitos TCD4 se recupera (linha preta) e o indivíduo segue sem sintomas, ativo e saudável; No entanto, a medida que os anos vão passando, o CD4 volta a cair progressivamente e a carga viral que : Esse havia baixado volta a subir lentamente processo, até o CD4 chegar na casa de 200, é muito , e nesse momento é lento leva em média 8 a 10 anos que as doenças oportunistas começam a aparecer; IMPORTANTE: Em termos de notificação, passa-se a dizer que a pessoa infectada por HIV, além de ser soropositiva, está com AIDS quando a contagem de (ponto de corte linfócitos TD4 passa a ser menor que 350 laboratorial) ou quando o paciente apresentar doenças que definem a AIDS. oportunistas EXEMPLO: Um paciente apresenta contagem de CD4 de 374 e 2 lesões de sarcoma de Kaposi. Consideramos que esse paciente tem AIDS, pois mesmo com a contagem acima de 350, o paciente apresenta uma doença oportunista. Quando tenho uma discordância entre a contagem e a apresentação clínica, se ele possui apresentação clínica presente, devemos considerar que ele é um indivíduo imunodeprimido e tem AIDS. Da mesma forma que se ele não apresenta nenhuma clínica, mas sua contagem está abaixo de 350, também devemos considerar que o paciente tem AIDS. Só não vai ser AIDS quando o paciente não tiver apresentação clínica nenhuma e o CD4 estiver maior que 350. Lyzandra Maria M35 Figura 2: Frequência dos sintomas na síndrome retroviral aguda. Muito interessante reparar que a frequência de rash cutâneo nos pacientes que fazem síndrome retroviral aguda é muito maior do que na dengue (apenas 25 a 30% dos pacientes com dengue têm rash cutâneo). DÚVIDA DA AULA!! Existem pessoas que pegam o HIV e não fazem síndrome retroviral aguda? Sim, há pessoas que pegam o HIV e entram direto na fase de latência! Porém, as estatísticas mostram que a síndrome retroviral . Então aguda acomete 50 a 90% dos pacientes infectados a imensa maioria vai fazer a síndrome retroviral aguda. É : Os sintomas da síndrome retroviral autolimitada aguda se resolvem espontaneamente (como a dengue, por exemplo). Figura 3: Linfadenopatia generalizada persistente (LGP). Notamos na imagem que é bilateral, bem visível à inspeção no paciente com síndrome retroviral aguda. O que acontece é que a síndrome entra em regressão, os sintomas vão embora e o paciente entra na fase de latência, ficando totalmente assintomático e, ainda assim, transmitindo o vírus. Vai ficar de 8 a 10 anos sem adoecer, sem saber que tem o vírus, tendo relações sexuais e transmitindo o HIV, já que não houve diagnóstico precoce (por isso a doença se disseminou tanto pelo mundo). EXAMES RNA viral (PCR): O melhor exame pra dar diagnóstico é o PCR, porque nessa na síndrome retroviral aguda fase a pessoa ainda está ; soroconvertendo Então na ocorrência desses sintomas, a sorologia ainda , já que na síndrome retroviral o pode ser negativa indivíduo ainda está começando a produzir anticorpos. VOLTANDO AO CASO 1... Qual a melhor conduta para este paciente? a) Solicitar sorologia para dengue, chikungunya e HIV; b) Solicitar PCR quantitativo para HIV; c) Iniciar terapia antirretroviral; d) Tratar com sintomáticos (paracetamol) e solicitar sorologia anti-HIV após 3 meses; e) Realmente não sei o que fazer. A resposta correta seria a letra B. E nesse caso, esperaríamos uma . carga viral bastante elevada Voltando ao gráfico da figura 1 (observando a linha cinza), podemos ver que a pessoa que tem a infecção pelo HIV terá em 2 momentos da sua vida picos de carga viral: ; O primeiro pico de carga viral é na infecção aguda . O segundo pico é se o paciente evoluir para AIDS OBS: Se a pessoa com síndrome retroviral aguda tem relações sexuais, transmite muito mais que a pessoa em fase de latência (a carga viral já está baixa aqui). : Muitas vezes, posso não ter acesso ao PCR no Letra A meu serviço. Nesses casos, solicitando a sorologia pra dengue, chikungunya e HIV, o que se espera é que ambos venham negativos. Portanto, cabe a atenção, se veio tudo negativo e não fechei diagnóstico, não posso liberar o paciente mesmo que ele evolua bem e com remissão dos sintomas e sim, repetir o anti-HIV Lyzandra Maria M35 com 30 e 90 dias, pra garantir que não estou diante de uma janela imunológica. : Não posso iniciar terapia antirretrovirais sem Letra C antes fechar diagnóstico; : A prescrição de sintomáticos está correta, Letra D mas não é adequado repetir o anti-HIV apenas quando já tiver passado 3 meses. Até porque se eles só forem realizados em 3 meses, a soroconversão não será flagrada. O anti-HIV realizado após 30 dias e soconvertendo no exame de 3 meses, documento e fecho o diagnóstico em síndrome retroviral aguda. DÚVIDA DA AULA!! Se com 30 dias o anti-HIV der positivo, preciso repetir o exame com 90 dias? Não. Se (por meio de um dos fecho o diagnóstico já com 30 dias fluxogramas) , o paciente já não preciso repetir com 90 será acompanhado como um paciente soropositivo pra HIV. DÚVIDA DA AULA!! Quanto tempo dura a síndrome retroviral aguda (mesmo sendo autolimitada)? Aparece em torno de 2 semanas após a infecção e dura de 2 a 4 . É um pouco mais demorada que uma dengue semanas (não pra todo mundo, mas pode acontecer). CASO CLÍNICO 2 Paciente, 35 anos, com história de febre, perda de peso (10 kg em 3 meses) e tosse seca há 4 semanas, evoluindo para desconforto respiratório e cianose de extremidades. Apresenta ausculta respiratória limpa, DHL sérico de 890 e infecção por HIV confirmada através de sorologia na urgência do hospital. Ao exame físico apresentou o achado acima: Cavidade oral com diversas placas esbranquiçadas. Na radiografia de tórax apresentava um pulmão esbranquiçado. Notou-se um infiltrado intersticial (pontilhado) em hemitórax esquerdo que pegava quase todo o pulmão, ou seja, do ápice à base. Do lado direito viu-se o mesmo infiltrado pegando do terço médio à base. Qual a sua conduta nesse momento? a) Iniciar anfotericina B; b) Iniciar sulfametoxazol-trimetoprim + antirretrovirais; c) Iniciar sulfametoxazol-trimetoprim + fluconazol; d) Iniciar antirretrovirais com urgência; e) Iniciar ceftriaxona + azitromicina. DOENÇAS OPORTUNISTAS A) CANDIDÍASE ORAL Extremamente frequente em pacientes soroconvertidos pra HIV com CD4 menor que 200. Aparecimento de placas . esbranquiçadas, não dolorosas e não ulceradas Lyzandra Maria M35 Figura 4: Candidíase na língua. Bem discreta, algumas vezes o paciente pode chegar a perder o paladar porque as placas recobrem a língua. Figura 5: Acometimento amplo da candidíase. Nesse paciente, a patologia pega palato duro, palato mole, úvula e pilares amigdalianos. Na candidíase, essas placas são removíveis . Ao remover as placas, a com uma espátula , e ao fazer a microscopia podemos base é eritematosa visualizar a . Candida O TRATAMENTO é feito da seguinte forma: : Quando a candidíase se restringe à cavidade oral Nistatina; Coloca a nistatina em um copo de , o paciente 5 ml , e a nistatina; gargareja bochecha engole Esse processo deve ser feito de , 4 a 5 vezes ao dia das placas esbranquiçadas. até o desaparecimento Quando o paciente tem candidíase oral, mas também como disfagia, dor tem sintomas esofágicos retroesternal e epigastralgia ou quando há uma endoscopia mostrando a presença das mesmas placas no esôfago: Fluconazol . 150 mg/dia durante 14 dias Não adianta tratar esse pacienteapenas com estatina; Lembrar que no primeiro dia de tratamento faz 300 . mg e nos dias posteriores 150 mg B) LEUCOPLASIA PILOSA ORAL Também costuma ocorrer em pacientes com CD4 menor que 200 Figura 7: Leucoplasia pilosa oral. Diagnóstico diferencial importante, essa doença também acomete pacientes com AIDS e é semelhante à candidíase. Também é o aparecimento de , mas que placas esbranquiçadas geralmente, quando são causadas pela reativação do , são localizadas na e são Epstein-Barr lateral da língua , ou seja, aderidas não conseguimos remover com espátula (ao contrário da candidíase0. Além disso são finas e reticuladas. O TRATAMENTO ocorre da seguinte forma: Como é uma reativação do Epstein-Barr, geralmente, pra esse não é indicado fazer medicação específica vírus: Já que quando o paciente iniciar a terapia antirretroviral ele vai ter elevação de CD4 e melhora da condição clínica. Com o aumento da contagem de CD4 essas lesões, geralmente, . tendem a desaparecer naturalmente Figura 6: Apresentação de candidíase cronificada. Lyzandra Maria M35 C) PNEUMOCISTOSE (PCP) Também é uma doença que costuma ocorrer quando o CD4 está menor que 200. , a Além do pulmão pneumocistose dos pode acometer outros órgãos pacientes . Sua apresentação imunocomprometidos clássica é uma , então o indivíduo pneumonia subaguda começa a ter uma que dura tosse seca persistente algumas semanas. Figura 8: Descrição clássica de um paciente com pneumocistose na apresentação pulmonar. O infiltrado é , então na maioria das vezes não vou ter intersticial consolidação com broncograma aéreo. Portanto, a radiográfica de tórax de um paciente com pneumocistose tende a ser diferente da radiografia de um paciente com pneumonia bacteriana comunitária. O , que causa a pneumocistose, Pneumocystis jirovecii é um que vai induzindo uma resposta fungo inflamatória que tem como característica clínica mais importante a : O paciente hipoxemia progressiva começa a entrar e muitas em desconforto respiratório vezes pulmonar. não há alteração na ausculta Há uma queda na saturação de oxigênio, a pressão parcial de oxigênio na gasometria também começa a cair e o paciente começa a entrar em insuficiência respiratória após algumas semanas; A radiografia evidencia um ; infiltrado intersticial : É uma característica importante em DHL alterado muitos quadros de pneumocistose. O TRATAMENTO ocorre da seguinte forma: O tratamento de escolha é: Sulfametoxazol + trime- toprim (Bactrim é o nome comercial); Ao se deparar com um paciente com o quadro de pneumocistose é mandatório iniciar o tratamento específico pra doença. D) SARCOMA DE KAPOSI Neoplasia induzida pelo . É uma herpesvírus tipo 8 neoplasia que têm relação específica com um vírus que induz a . Também costuma neoproliferação vascular acontecer com CD4 menor que 200. Figuras 10 e 11: Sarcoma de Kaposi acometendo ponta do nariz e pênis (glande, prepúcio e corpo), respectivamente. Figura 9: Quadro típico de sarcoma de Kaposi. A prin- cipal característica são esses nódulos acastanhados ou amarronzados, prin- cipalmente na pele, mas que também podem acometer linfonodos e outros órgãos. Lyzandra Maria M35 Figura 12: Sarcoma de Kaposi acometendo a gengiva. Lesão mais localizada. Figura 13: Sarcoma de Kaposi acometendo a gengiva. Lesão bem mais extensa, pegando toda a gengiva superior. Figura 14: Sarcoma de Kaposi com acometimento pulmonar. O paciente terá , tosse e alteração de ausculta fazendo com que o médico pense em um quadro infeccioso quando, na verdade, é um quadro neoplásico. Esse paciente específico faleceu 1 semana após esta radiografia. VOLTANDO AO CASO 2... Qual a sua conduta nesse momento? a) Iniciar anfotericina B; b) Iniciar sulfametoxazol-trimetoprim + antirretrovirais; c) Iniciar sulfametoxazol-trimetoprim + fluconazol; d) Iniciar antirretrovirais com urgência; e) Iniciar ceftriaxona + azitromicina. A resposta correta seria a letra C. Dou início ao esquema para tratar pneumocistose (sulfametoxazol-trimetoprim) e candidíase oral/esofágica (fluconazol). Espero de 2 a 3 semanas e quando o paciente estabilizar clinicamente é que dou início à terapia com antirretrovirais focando em melhorar a resposta imune e retirar o paciente dessa clínica de AIDS. : Existe um quadro diferente, onde a Letra A radiografia não mostra acometimento intersticial, com consolidação alteração de ausculta e hepatoesplenomegalia, que é a histoplasmose. É um diagnóstico diferencial, pois também é uma infecção fúngica e nesse caso, a anfotericina B seria uma droga de escolha; : A parte que diz que usaria sulfametoxazol-Letra B trimetoprim está certa, pois é droga de escolha pro tratamento da pneumocistose. Porém, a TARV, nesse . momento, não deve ser iniciada ainda Em pacientes , a TARV pode induzir a síndrome com CD4 muito baixo da reconstituição imune, que acontece em virtude da recuperação rápida da produção de citocinas após em indivíduos com CD4 muito baixo e iniciar a TARV que . Como o paciente já pode piorar o quadro clínico tem um quadro clínico potencialmente grave, podemos piorar o quadro; É uma : Melhora a resposta reação paradoxal imune e a produção de citocinas, mas piora o paciente clinicamente, porque a resposta passa a ser exagerada. : O retroviral raramente é uma urgência; Letra D Considera o tratamento apenas da pneumonia Letra E: comunitária e despreza a principal hipótese que é a Lyzandra Maria M35 pneumocistose. Geralmente, nesses pacientes faz o tratamento pra pneumocistose e associa o tratamento , então não está pra pneumonia comunitária totalmente errada, o maior erro foi não colocar o sulfametoxazol pra esse paciente. CASO CLÍNICO 3 T.O.S., 43 anos, encaminhado para o ambulatório de infectologia, devido perda de peso, febre há 2 meses e astenia. Durante a consulta apresenta sorologias que confirmam diagnóstico de infecção pelo HIV. Relata ainda que perdeu acuidade visual do olho E. Aos exames de fundo de olho, destaca-se a presença de extensa área de hemorragia retiniana. Qual a conduta nesse momento? a) Iniciar ganciclovir; b) Iniciar aciclovir; c) Encaminhar para a oftalmologista; d) Iniciar TARV o mais urgente possível; e) Punção ocular para coleta de material e pesquisa de agente infeccioso. A resposta é a letra A. Essa é uma apresentação clássica de RETINITE HEMORRÁGICA POR CMV. Lesões em pacientes soropositivos pra hemorrágicas na retina HIV (além disso já há síndrome consumptiva) nos devem fazer pensar nessa reativação. Vai ocorrer, geralmente, em indivíduos que já estão com contagem de CD4 menor que 50. O TRATAMENTO de escolha é o ganciclovir, então nesse caso, é urgente internar o paciente e iniciar a terapia com ganciclovir injetável. Pacientes que possuem atraso nesse tratamento correm risco de cursar com cegueira total (acomete primeiro a retina de um olho e depois acomete do outro). : Aciclovir não cobre CMV; Letra B : O prejuízo e o risco de lesão secundária dessa Letra E coleta são muito grandes. OBS: A hemorragia retiniana não é um achado tão clássico da toxoplasmose ocular. Pode acontecer, mas lesões hemorrágicas não são tão comuns. DÚVIDA DA AULA!! O ganciclovir não tem no SUS? Tem sim. O programa de AIDS fornece ganciclovir pra esses pacientes soropositivos que fazem retinite. Pra esses pacientes, consegue. DÚVIDA DA AULA!! Nesse caso (referindo-se ao 3), o diagnóstico será clínico ou existe algum diagnóstico diferencial? É clínico. Na realidade, entram outras retinites como diagnóstico diferencial. Se não houver resposta ao tratamento, podemos procurar outros diagnósticos. Podemos ter retinite por herpes simples, toxoplasmose, tuberculose, entre outros, porémnão é clássico que essas abram o quadro já com hemorragia. O que pode ajudar também nesse diagnóstico, é investigar outros sítios que o CMV geralmente acomete, como por exemplo o cólon (geralmente são pacientes que possuem colite ulcerativa, então uma colonoscopia com biópsia do cólon pode ajudar), nesses casos o paciente tem diarreia, geralmente. OBS: Algumas vezes, os pacientes não fazem hemorragia só na retina. Como o CD4 é de 50 e a imunodepressão é grave, as vezes eles fazem citomegalovirose disseminada. Nesses casos, pode ser que o PCR sérico consiga encontrar o vírus e aí daria o diagnóstico etiológico. CASO CLÍNICO 4 R.O.U., 24 anos, deu entrada na urgência do Hospital Regional do Cariri em virtude de cefaleia há 2 semanas, seguida de hemiparesia à direita, crises convulsivas e perda do nível de consciência. Foi transferido para a UTI e apresentou 2 testes rápidos (de fabricantes diferentes) positivos para HIV. Além disso, apresentou a seguinte tomografia de crânio: Lyzandra Maria M35 Qual a melhor conduta nesse momento? a) Iniciar TARV; b) Iniciar tuberculostáticos; c) Iniciar antifúngico (Anfotericina B); d) Iniciar sulfadiazina + pirimetamina; e) Iniciar ceftriaxona + metronidazol; A resposta correta é a letra D. Quadro clínico clássico de NEUROTOXOPLASMOSE. É uma das doenças oportunistas mais frequentes em pacientes que dão entrada com AIDS. O TRATAMENTO de escolha é sulfadiazina +pirimetamina. Esses pacientes não podem ter o tratamento retardado. Associa ainda o ácido folínico, como uma prova de esse esquema de prevenir antimicrobianos. : Não iniciamos a TARV concomitante, Letra A esperamos em torno de 2 semanas também pelo risco da síndrome de reconstituição imune; : É frequente em pacientes com AIDS Letra B tuberculose do SNC, mas essa não é a apresentação clínica esperada; : O antifúngico consideramos porque existem Letra C algumas infecções fúngicas do SNC que fazem diagnóstico diferencial como, por exemplo, a criptococose/criptococoma; : Cobertura que visa tratar abcesso cerebral de Letra E origem comunitária. É um diagnóstico diferencial importante pra patologia em questão, mas geralmente, não tem o realce anelar. Caso não haja resposta após o tratamento pra neurotoxoplasmose, é que posso cogitar investigar um abcesso cerebral e outras patologias. OBS: A neoplasia do SNC mais frequente em pacientes com AIDS é o linfoma primário de SNC. Então pode acontecer do paciente abrir um quadro com o linfoma e ele abcedar. INFECÇÕES OPORTUNISTAS Existem 3 grandes agentes causadores de diarreia crônica em pacientes imunodeprimidos, que são: Cryptosporidium; Isospora beli; Microsporidium. RETINOPATIA, NEFROPATIA E ENCEFALOPATIA POR HIV Tomografia de crâ- nio sem contraste com lesão hipoden- sa. Após a injeção de contraste, visualiza- mos essa lesão chamada de SINAL DO ANEL, que é uma impregnação anelar da área onde há acometimento. Lyzandra Maria M35 O HIV também é um teciduais e causador direto de lesões não apenas um intermediário para doenças oportunistas! Pode causar RETINITE, que nesse caso não é marcada por áreas hemorrágica e sim por como áreas pálidas visualizamos na figura acima. Além do acometimento ocular, também posso destacar: NEFROPATIA e ENCEFALOPATIA, que são apresentações comuns do acometimento pelo HIV. OBS: O HIV pode ainda, induzir insuficiência renal, mesmo que o paciente tenha CD4 normal, por conta da lesão direta do HIV no rim. OBS: A encefalopatia causa um quadro demencial importante, por isso muitos pacientes diagnosticados tardiamente já possuem uma perda cognitiva importante. LEMBRAR!! Como a maioria dessas doenças oportunistas acontecem com o CD4 muito baixo, não vão aparecer no primeiro ou segundo ano de doença. Geralmente, aparecem 8 a 10 anos após a infecção. Por isso o diagnóstico precoce e o tratamento precoce são tão importantes. DÚVIDA DA AULA!! Com relação ao tratamento do último caso, o tratamento será igual à toxoplasmose normal ou as doses serão aumentadas por se tratar de um acometimento neurológico? A toxoplasmose ocular, geralmente, é tratada por 4 semanas (30 dias). Já a neurotoxoplasmose é tratada por 6 a 8 semanas. Então a variação é só em relação ao tempo, as doses são iguais e a abordagem é igual. DÚVIDA DA AULA!! No final do tratamento precisa repetir a tomografia? Quando o paciente tem uma evolução clínica satisfatória, não ficamos aperreados pra repetir logo a tomografia, principalmente quando há dificuldade de acesso. Nesses casos, deixamos pra realizar , só pra ver se a tomografia de 4 a 6 meses após a alta sobrou alguma lesão cicatricial e me dar segurança pra suspender a profilaxia secundária. Se for em um serviço à tomografia, muitas vezes, que ofereça acesso fácil repete-se o exame pra ver o grau em torno de 4 semanas de redução das lesões, para dar também uma segurança de que o paciente está com o tratamento correto. *Ler os tópicos do protocolo marcados pelo professor na aula. Lyzandra Maria M35 TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV EPIDEMIOLOGIA NE acumula 14% dos casos de AIDS (1980- 2013); De 2006 até agosto de 2014: 8052 casos acumulados (SINAN CEARÁ); 98% dos municípios do CE já registraram pelo menos 1 caso: Há uma interiorização do vírus, desatualizando o conceito de que o HIV é uma doença de cidade grande; 23 municípios concentram 83% do total de casos: Cidades maiores, zona industrial, comércio e turismo; Números ascendentes de casos em jovens de 15 a 24 anos em ambos os sexos; Taxa de detecção de casos de AIDS em menores que 5 anos ainda se mantém em patamares elevados; Indicador de monitoramento de transmissão vertical: Quanto mais crianças nascerem com HIV maior é o impacto (é evitável); O SUS tem organizado uma série de metas de gestão que indiretamente representam a identificação da qualidade assistencial do município: Por exemplo, sífilis gestacional é um indicador de mau prognóstico municipal, é como se fosse resultado de uma sequência de eventos (falta de educação sexual, falta de diagnóstico e tratamento, pré-natal inadequado, entre outros); Da mesma forma, a infecção pelo HIV é uma demonstração da fragilidade do serviço de saúde; Mortalidade: Não deveria acontecer, porém tem uma curva ascendente, ou seja, é um prognóstico ruim, pois o HIV atualmente é pra ser uma doença crônica e não que leva à mortalidade. INTRODUÇÃO Definição: É a transmissão da infecção pelo HIV de uma gestante soropositiva para o bebê. Epidemia do HIV vem afetando cada vez mais as mulheres: Atualmente, ainda há uma ascensão maior da população masculina, mas mesmo assim observamos um número cresce de acometimento em mulheres; Muitos diagnósticos são dados durante a gestação: É algo que implica uma abordagem clínica extremamente delicada. O atendimento de uma pessoa que recebe o diagnóstico de HIV já não é fácil, há limitações, exige todo um cenário de aconselhamento (pré-teste e pós-teste), de abordagem para o paciente digerir o diagnóstico, como se contaminou, para que ele entenda a abordagem e comece o tratamento: Durante a gestação temos um cenário totalmente inverso, a mulher recebe a notícia da gestação, tem um pico de felicidade e em seguida detecta o HIV positivo; Essa gestante passará por alterações emocionais da própria gravidez e também pelo baque da detecção do HIV; Triagem sorológica HIV: O diagnóstico na gravidez feito pela triagem sorológica do MS representa uma falha na prevenção; Falha na prevenção: Cada diagnóstico novo do HIV representa uma falha, assim como a sífilis congênita, em toda uma cadeia organizada pra trabalhar a prevenção. Se a UBS não consegue rastrear,prever ou educar a população na prevenção do vírus há essa falha. Em 1998 a taxa de transmissão vertical era de 16%, em 2004 já era de 1,56%, atualmente está em torno de 1%: Com o advento da terapia, da testagem sorológica nas UBS e da disseminação de testes rápidos na atenção primária, melhorou muito o diagnóstico. Lyzandra Maria M35 FATORES RELACIONADOS A transmissão da infecção do HIV tem uma relação multifatorial, não depende apenas da infecção viral e sim de inúmeros fatores que farão a infecção acontecer. Fatores virais: Necessita-se de um vírus agressivo o suficiente pra passar a barreira placentária; Carga viral alta: Ou descontrolada, da gestante durante a gestação, fala a favor de uma probabilidade mais alta de transmissão para o bebê; Não há evidências sobre os subtipos virais: Supõe que o subtipo C na África esteja mais relacionado com a TV, mas ainda não está bem elucidado. Fatores clínicos e imunológicos: Necessita-se de uma condição clínica e imunológica da gestante e do feto em desenvolvimento que facilite essa infecção; Doenças oportunistas ou imunossupressão severa: Manejo clínico difícil interferindo nas intervenções que reduzem o risco de TV; IST: Algumas podem levar ao dano placentário aumentando o risco de TV; Hepatites e tuberculose: Manejo clínico complexo, interferindo nas intervenções para reduzir a TV; CD4 < 200 células/mm³: Implica num estado de imunossupressão grave e, consequentemente, uma incapacidade técnica de controle viral mais adequado e facilitando a transmissão. Fatores comportamentais: Como, por exemplo, uso de drogas, bebidas alcoólicas, cigarros e tudo que leva à fragilidade da consistência da barreira placentária. Vão fazer com que aconteçam sangramentos, infartos placentários, entre outros eventos, que virão a promover a infecção fetal; Uso de drogas ilícitas: Dano vascular placentário; Prática sexual desprotegida: Reinfecção pelo HIV (de diferentes mutações) e IST. IMPORTANTE: Esse termo reinfecção está um pouco errado. Na realidade é como se fosse uma transmissão de fatores genéticos evolutivos do HIV para mecanismo de resistência. O vírus quando entra em contato com os retrovirais começa a produzir mecanismos compensatórios de resistência. Essa mutação adquirida para desenvolver a resistência, num relação sexual (mesmo que seja entre casais HIV positivo) pode ser transmitida (o mecanismo de resistência pode ser transmitido) e um dos indivíduos desenvolver resistência viral a algum medicamento que esteja usando. Fatores obstétricos: Durante o trabalho de parto e o desenvolvimento; Transmissão é maior no 3º trimestre: É quando ocorre o amadurecimento placentário, microinfartos e maior probabilidade de contaminação do sangue materno; Procedimentos invasivos: Amniocentese e cordocentese. Podem causar a contaminação do bebê, por meio da inoculação direta do vírus; Tempo de ruptura das membranas: Maior que 4 horas, há maior risco; Trabalho de parto: Dinâmica uterina aumentada pode provocar microtrans- fusões na placenta; Cesária reduz o risco de transmissão vertical: Rever conceitos, atualmente não funciona mais assim; Atualmente, a via recomendada para o parto de gestantes infectadas pelo HIV é a via obstétrica. Não há mais recomen- dação formal para realização de cesariana obrigatoriamente; Portanto, atualmente o trabalho de parto não é mais considerado um risco pra transmissão do HIV, baseado nas condições atuas de novos medicamentos, Lyzandra Maria M35 carga viral detectável, entre outros avanços: Então a mãe pode SIM ter parto normal, dependendo do seu desejo e da habilidade da equipe que esteja realizando o cuidado. Figura 1: Parto empelicado. Antes do advento dos novos conceitos era o parto indicado pras gestantes soropositivas. Nele, o bebê nasce ainda dentro do saco amniótico e só é rompido após a retirada do bebê completo do útero. OBS: Na prática, a maioria dos serviços acaba fazendo o parto cesariano, os obstetras ainda têm um receio pra o parto normal dessa população. Fatores relacionados ao recém-nascido; Prematuridade; Baixo peso ao nascer; Ambos infringem de que houve uma intercorrência durante o parto com a necessidade de nascimento precoce e consequentemente chance de transmissão para o bebê. Fatores relacionados ao aleitamento mater- no: A única contraindicação formal de aleitamento materno é o vírus HIV. Amamentação está relacionada a um risco adicional de 7 a 22% de transmissão; Infecções maternas agudas: Transmissão vertical de 29%, ou seja, quando a mãe adquire o HIV durante a gestação; Cuidado com a fala na hora de realizar as orientações; AME (aleitamento materno exclusivo): É bom e essencial pro bebê; Aleitamento suplementar não é o vilão da história, ele pode ser a vida: O programa DST/Aids do Ministério da Saúde fornece o leite suplementar até o 6º mês de vida. O leite fornecido é o nestogeno, que é uma fórmula adequada e prescrita por muitos pediatras. Então existem vários pontos aos quais precisamos entender e explicar pra gestante que são importantes e não dependem apenas do serviço de saúde. A transmissão vertical hoje está bem controlada, há uma baixa incidência dela e uma diminuição com o passar dos anos. DÚVIDA DA AULA!! Essas mutações que aumentam a resistência viral causam danos apenas pra mãe ou o feto também já receberia elas? Não necessariamente a criança receberia. Na verdade, quando a mãe adquire essas mutações, a terapia materna se torna mais limitada (não posso usar todos os retrovirais nela) e as terapias de resgate ainda possuem algumas limitações porque não foram totalmente testadas em gestantes. Então acabamos não conseguindo controlar a carga viral de forma oportuna e, consequentemente, aumenta as chances do bebê nascer contaminado pelo vírus. Se a mãe tiver a resistência e o bebê for contaminado, ele pode nascer já com o vírus mutante também, tornando mais difícil o tratamento da criança pós nascimento. PROFILAXIA DA TRANSMISSÃO VERTICAL A primeira medida a ser realizada no pré-parto é identificar a gestante HIV e fazer o início do tratamento precoce. Quando a gestante chega na idade gestacional de interromper a gravidez (seja por início do trabalho de parto ou não) é importante que a Unidade de Saúde esteja preparada pra realizar a profilaxia antirretroviral intraparto. PROFILAXIA DA TV DO HIV NO PARTO É a profilaxia antirretroviral intraparto: Lyzandra Maria M35 AZT venoso: É usada a zidovudina (também chamada de azidotimidina) venosa; Desde o início do trabalho de parto ou pelo menos 3 horas antes da cesária eletiva: O AZT fica sendo infundido em infusão prolongada; Manter a infusão até o clampeamento do cordão; Se já faz uso de TARV, mesmo em jejum, ingerir os medicamentos com pouca água, inclusive durante a infusão do AZT (no horário da TARV): Mesmo se a gestante já faz a TARV, precisa fazer o uso do coquetel nas doses corretas no dia do nascimento. O jejum da cesárea não contraindica o uso dos antirretrovirais, apenas faz uso com pouca água. PROFILAXIA DA TV DO HIV NO PUERPÉRIO Não isolar a puérpera ou seu RN, devendo ambos irem pro alojamento conjunto: Desde que estejam em condições clínicas favoráveis; Orientar quanto ao acompanhante clínico e ginecológico bem como o acompanhamento da criança até definição sorológica; A gestante deve receber alta com consulta marcada para serviço especializado; TODA mãe soropositiva para o HIV deverá ser orientada a NÃO AMAMENTAR! Direito a receber fórmula láctea infantil até os 6 meses de idade; Uso de inibidores da lactação: Durante a gestação, a mãe faz uso de cabergolinaque é um inibidor da produção de prolactina e, consequentemente, da produção láctea. Orienta que ela pode dar algumas desculpas, que a criança não pegou o peito, ou que o seio tinha fissuras, entre outros, pra que ela tenha justificativas mais confortáveis pra quem perguntar. QUIMIOPROFILAXIA ANTIRRETROVIRAL NO RECÉM-NASCIDO Deve ser feita imediatamente após o parto, a primeira dose principalmente. Essa medicação é feita para o RN, após o nascimento e após avaliar o estado de controle de HIV da mãe. Está indicada após os primeiros cuidados médicos até 2 horas após o nascimento, devendo ser mantida por 4 a 6 semanas; AZT xarope: Dose ajustada para o peso; Feito para todas as crianças nascidas de mães que vivem com o vírus HIV, independente da carga viral pré-parto; Administrado pelas 6 semanas. Nevirapina xarope: Dose ajustada para o peso. É um inibidor não análogo a nucleosídeos. Só vai ser prescrito caso a mãe tenha uma carga viral superior a 5 mil cópias em um período de 30 dias antes do nascimento da criança ou caso a mãe seja diagnosticada com HIV no momento do parto ou que não tenham evidência de carga viral recente; É uma medicação emergencial e só deve ser feita por 3 doses: É como se fosse um reforço inicial para o controle da TV. Uma dose na hora do parto, outra em 12 horas e outra em 24 horas (de 12 em 12 h). Mães com carga viral indetectável até 30 dias do nascimento e que fizeram pré-natal de fora adequada: Mãe faz AZT no periparto e o bebê usará apenas AZT xarope de 4 a 6 semanas. Mães com diagnóstico realizado na sala de parto (momento do parto) ou que tenham evidência de carga viral positiva acima de 5000 cópias até 30 dias antes do parto: Faz 3 doses de nevirapina no bebê, em seguida suspende e mantém o AZT até o final das 6 semanas (coadministração). Lyzandra Maria M35 DÚVIDA DA AULA!! Então é um ou outro? NÃO! O AZT SEMPRE vai ser feito pra todos. Vou adicionar a nevirapina nas situações em que a mãe não tem controle de carga viral. O AZT, mesmo nos casos em que usa a nevirapina, vai ser iniciado com 2 horas e continuado por 6 semanas pra todos. Adicionado ao AZT, faço uma COADMINISTRAÇÃO da nevirapina por 3 doses, caso a mãe apresente as condições de indicação. DÚVIDA DA AULA!! A carga viral indetectável só considera que o HIV não é transmissível por via sexual? Aí no caso, pelas demais formas ele pode transmitir? Quem é indetectável, no conceito novo, é intransmissível como um todo, não apenas por via sexual. Porém, a quimioprofilaxia do bebê precisa ocorrer de toda forma. SEGUIMENTO É feito pela realização de, basicamente, 3 exames. 1º carga viral do RN realizada até 30 dias de vida; Se for negativa: Repete com 6 meses; Se for positivo: Repete com 30 dias. 2º carga viral do lactente realizada em 6 meses de vida (no 6º mês); Se for negativa: Faz a sorologia simples com 18 meses; Sorologia simples realizada aos 18 meses de vida; Se qualquer um destes testes vier positivo deve encaminhar imediatamente para a referência em infectologia do município. OBS: Na região do Cariri, apenas infectologistas conseguem solicitar a carga viral. Então toda criança exposta (filho de mãe HIV positivo) vai ser encaminhada ao infectologista de toda forma. IMPORTANTE: A ordem dos exames de seguimento só vale se der negativo em todos. A partir do momento em que um deles dá positivo, preciso fazer os testes confirmatórios logo em seguida (fazer imunoblot, repetir carga viral) pra tentar fazer o diagnóstico. LEMBRAR!! Se fizer sorologia de uma criança exposta antes de 1 ano e 6 meses (18 meses), ela pode vir positiva, pois o anticorpo materno passa pro bebê. A mãe passa o IgG que vai positivar no ELISA. OBS: Um dos primeiros erros que percebemos é fazer teste rápido em RN na sala de parto, o que vai atrapalhar muito o seguimento da gestante. Durante todo o período gestacional fazemos um trabalho muito pesado sobre a profilaxia do vírus, então quando a mãe passa o HIV pra criança há um sentimento de culpa grande, então precisamos ter muito cuidado. ENTÃO... Não é sorologia que dá diagnóstico na criança, é a carga viral!! Encaminha ao infectologista que ele vai pedir. RECOMENDAÇÕES Aconselhamento materno: Pré-parto, periparto e pós-parto; Quebra do preconceito do HIV: Entender que as pessoas podem conviver com o HIV e ter uma vida normal; Há inclusive planejamento familiar para pacientes com HIV, pra que possam engravidar e formar suas famílias e para que seus filhos nasçam sem o vírus. Sigilo médico e da equipe de saúde: É o maior entrave do HIV atualmente. Os pacientes se sentem muito fragilizados nas equipes de saúde porque nem sempre se consegue ter cuidado com o registro e a guarda da informação; Monitorização do acompanhamento do recém-nascido até 5 anos de idade: O AZT é uma droga que pode alterar o metabolismo das hemácias, é mielotóxico. Lyzandra Maria M35 DÚVIDA DE AULA!! O ponto de corte da carga viral do bebê também é 5000? Não. A carga viral do bebê deve ser baseada no diagnóstico convencional. Se a carga viral for positiva (independente do valor, mas lembrar de que abaixo de 5000 pode ser uma transativação materna heteróloga e não significa que houve contaminação) muda o protocolo. Em vez de repetir com 6 meses, repete com 30 dias e se der positiva já dá seguimento e inicia TARV na criança. Se der positiva e ao repetir der negativa, continua monitorando mensalmente até ter 2 cargas negativas, se negativar 2, aos 18 meses faz a sorologia pra confirmar. EPIDEMIOLOGIA ATUAL E NOVAS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO O objetivo hoje não é apenas dar qualidade de vida ao paciente com HIV, mas também fortalecer que o tratamento correto dos infectados e o autocuidado dos não infectados têm um único objetivo: Impedir a cadeia de transmissão do vírus. HIV no tempo: Sofreu muitas mudanças no decorrer do tempo, mesmo sendo muito nova (descoberta na década de 80). Ainda mantém seu estigma, mas avanço muito do ponto de vista de tratamento; SUS: Extremamente importante. O tratamento do HIV hoje é integralmente fornecido pelo SUS; Fornece o esquema básico inicial da terapia retroviral que é o dolutegravir, lamivudina e tenofovir: É o esquema que está dentro das recomendações internacionais de tratamento. Figura 2: Gráfico com taxas de detecção de aids. No decorrer dos últimos 10 anos podemos perceber que o gráfico pouco se modifica. A taxa de detecção em gestantes, por exemplo, se manteve praticamente a mesma. Isso é ruim porque significa que não estou conseguindo trabalhar a prevenção, mesmo que sejam taxas baixas, o certo era o diagnóstico ser feito cada vez menos na gestação e cada vez mais antes dela. Já a detecção em crianças (menores de 5 anos) houve queda. O óbito (em roxo), que é um marcador de mau prognóstico, diminuiu muito pouco. Essas pessoas que morrem, refletem pessoas que não trataram adequadamente, não aderiram adequadamente ou que não foram diagnosticados a tempo. O número de pessoas já detectadas com AIDS (vermelho) nos indica um péssimo indicador de diagnóstico, porque significa que se o paciente só conseguiu ser diagnosticado após evoluir pra AIDS é porque a prevenção e o diagnóstico estão ruins; A linha amarela mostra o cenário mais desejado: Um aumento da detecção do HIV+, ou seja, do diagnóstico da infecção, em detrimento da diminuição da detecção de aids e dos óbitos; OBS: O tratamento da AIDS é um tratamento que custa em torno de 12000 reais por mês por cada paciente. Lyzandra Maria M35 Figura 3: Taxa de detecção geral (por 100 mil habitantes). Tendendo à uma ligeira queda nos últimos 3 a 4 anos.Figura 4: Taxa de detecção geral e por sexo (por 100 mil habitantes). Ainda há um valor superior de homens comparado ao de mulheres. Figura 5: Taxa de detecção em jovens entre 15 e 24 anos (por 100 mil habitantes). Está em ascensão direta. EPIDEMIOLOGIA O que vemos no dia a dia: Vemos que o número de diagnósticos de HIV é muito mais intenso; Qual o real número? É muito difícil ter a incidência exata. O MS estima que 60% dos contaminados não sabem que têm o vírus. O número de hoje seria apenas 40% dos contaminados, apenas os que sabem que possuem; Cerca de 40 mil novos casos por ano; Crescimento da epidemia entre jovens de 15 a 24 anos; 2004: Taxa de detecção de 9,6/100 mil habitantes; 2015: Taxa de detecção de 13,6/100 mil habitantes. CONCEITOS FUNDAMENTAIS Vírus do tipo selvagem: É o vírus de infecção primária que possui um alto tutoma (não entendi a palavra) viral, ou seja, uma alta taxa de replicação viral. Porém, possui uma baixa capacidade de trazer imunossupressão rápida; Evolui na forma clássica da doença: É o paciente que se infecta, apresenta síndrome retroviral aguda, melhora e só vai adoecer novamente anos depois com a evolução pra AIDS. Vírus mutante: É o vírus mutado geneticamente. É exposto a algum tipo de retroviral e acaba sofrendo uma mutação e se tornando mais resistente; Fitness viral: Termo usado para se referir à capacidade do vírus de gerar replicação; Existem mutações específicas que diminuem o fitness viral, fazendo com que a replicação viral se torne mais lenta; Quando o fitness viral está aumentado significa que o vírus está se replicando com muita intensidade. Barreira genética: É a capacidade da droga que vai garantir uma proteção à resistência. O MECANISMO VIRAL O vídeo mostra a atracação do vírus pelas proteínas gp120 e gp41. Em seguida, o vírus entra na célula humana via CD4, há abertura do núcleo e as proteínas de replicação se dispersam no citoplasma: O RNA viral, a protease, a integrase e a transcriptase reversa. A transcriptase reversa faz uma fita dupla de DNA que contém toda a mensagem genética do vírus; Lyzandra Maria M35 A integrase vai integrar o DNA viral ao DNA da célula hospedeira; Nesse momento, o vírus começa um cenário de replicação, onde vai haver a produção de proteínas virais propriamente ditas; As proteínas são quebradas e são formadas novas estruturas proteicas do vírus; Em seguida, essas estruturas são colocadas pra fora. OBS: 1 vírus pode gerar até 1 milhão de novos vírus. CLASSES DE ANTIRRETROVIRAIS Inibidores da transcriptase reversa: Vão impedir a transformação de RNA em DNA viral; Análogos a nucleosídeos: Se assemelham a tiamina, guanina, etc; Não análogos a nucleosídeos. Inibidores da protease: Vão impedir que a proteína formada pelo vírus conforme as proteínas propriamente ditas de construção viral; Inibidores da integrase: Vão impedir a integração do DNA viral no DNA celular humano. O dolutegravir é um inibidor de integrase; Inibidores de fusão: Vão impedir a atracação de gp41 e gp120 no receptor CCR5; Antagonista de correceptores CCR5. INIBIDORES DA TRANSCRIPTASE REVERSA Análogos a nucleosídeos: Atuam como terminadores da cadeia de DNA, inibindo a transcrição do genoma viral (RNA) pra DNA; São medicamentos estruturalmente muito semelhantes à adenosina (a), guanosina (g), citosina (c) e timidina (t); Substituem de forma competitiva os nucleosídeos verdadeiros; AZT-d4T (timidina), 3TC FTC (citosina), ddI TDF (adenosina) e ABC (guanosina). Não análogos a nucleosídeos: Atuam por meio da ligação direta com a transcriptase reversa, impedindo, da mesma forma, a transcrição do RNA viral presente no citoplasma para o DNA celular; Esses medicamentos se ligam a sítios específicos da TR, localizados próximos ao sítio ativo desta. Tal ação inibe a ação da enzima. INIBIDORES DA PROTEASE Os inibidores da protease (IP) ocupam de forma competitiva o sítio ativo da protease; Se a PR do HIV está bloqueada, as poliproteínas virais não são clivadas, ocorrendo a liberação de partículas imaturas e não infectantes; Promovendo inibição da replicação do vírus; O vírus continua sendo encapsulado e liberado da célula por mais um ciclo replicativo; Entretanto, por possuírem poliproteínas não clivadas em seu interior, as partículas virais que sofreram ação dos IP não serão infectantes e, portanto, o ciclo de vida do HIV é interrompido. INIBIDORES DA INTEGRASE A integrase é uma enzima fundamental pra replicação do HIV. Em seu mecanismo de ação, essa enzima se liga às extremidades do DNA do HIV assumindo uma forma circular, com as suas duas extremidades ligadas à integrase; A integrase promove a catálise (ruptura) do DNA humano em uma determinada posição e introduz o genoma do HIV dentro do genoma do hospedeiro (integração); A ligação dos INI nessa alça diminui a flexibilidade da enzima integrase e impede a ligação da região terminal do genoma do HIV à região do genoma humano. Lyzandra Maria M35 NOVAS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO AO HIV (PEP E PREP) Figura 6: Medidas gerais (circuladas) de prevenção combinada. As que não estão circuladas são as medidas mais específicas. Ao falarmos sobre prevenção do HIV, nos referimos a um conjunto de ações organizadas que possuem objetivo de ajudar a impedir a cadeia de transmissão do vírus. 1. Testagem regular para o HIV, outras IST e HV: O diagnóstico precoce quebra a cadeia de transmissão, pois quanto mais cedo o indivíduo souber que tem o vírus, mais eficaz será a sua forma de controle viral e diminuição de transmissibilidade; 2. Usar preservativo masculino, feminino e gel lubrificante: Forma de diminuir a exposição sexual. Há políticas públicas de distribuição de preservativos nas unidades; 3. Redução de danos: Orientação pra minimizar o uso de álcool, drogas e cigarros; Além disso, orientação a profissionais do sexo pra não usar fio dental antes do início do turno de trabalho pra não fragilizar a gengiva, por exemplo; O uso de drogas pode favorecer a não utilização de preservativos, por conta da alteração sensorial associada. 4. Imunizar para HBV e HPV: Não previne o vírus de uma forma direta, mas previne portas de entrada para outros vírus e, consequente-mente, pro HIV; 5. Diagnosticar e tratar as pessoas com IST e HV; 6. Tratar todas as pessoas vivendo com HIV/AIDS: É importante entendermos que todas essas etapas já contribuem pra prevenção da transmissão; 7. Prevenir a transmissão vertical. As 2 últimas medidas, que não foram circuladas, são medidas mais pontuais, que veremos a seguir. PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PEP) Essa profilaxia ocorre quando o indivíduo se expõe ao vírus HIV ou à suspeita do vírus. Após a exposição, a pessoa vai ser submetida à terapia antirretroviral por 28 dias com o objetivo de prevenir/evitar a transmissão do HIV. Indicações (tanto pra adulto quanto pra crianças): Violência sexual: A PEP só não é indicada nesses casos quando o agressor é passível de testagem; Sexo consensual: Se houve sexo consensual, mas mesmo houve suspeita de contaminação pode realizar a PEP; Acidente de trabalho: Com perfurocor- tantes, principalmente quando ocorre em ambiente hospitalar. A PEP é uma urgência médica: Há prazo pra começar, então é necessário que o serviço de saúde esteja organizado para isso; OBS: Todos os municípios podem solicitar ao serviço especializado esquemas para dispensação de PEP em seus serviços/unidades. É feito um treinamento das equipes e em seguida há a dispensação da PEP pra esses municípios, tanto pra adulto quanto pra crianças. Mecanismo de ação: Impedir a replicação viral; Atuar antes da disseminação do vírus no sistema retículo-endotelial: Começando a terapia de forma oportuna, ou seja, até 2 Lyzandra Maria M35 horas depois do evento vai conseguir impedir a replicação e a transmissão; Usa o inibidor de integrase e transcriptase reversa análogos a nucleosídeos. Janela de uso da PEP: É bem restrita; Ideal: Até 2 horas após o evento; Prazo máximo: Até 72 horas após o evento. Após 72 horas não está mais indicado o uso da PEP, fazemos apenas o acompanhamento com sorologia; Efetividade: Não há no protocolo clínico e diretrizes de tratamento a taxa de efetividade; Fala em melhor eficácia quando tomado corretamente; Estudos demonstram eficácia acima de 95% para evitar o HIV quando tomado dentro do prazo máximo estabelecido. Esquemas preferenciais: Variam conforme idade e status de gravidez; Adultos: Dolutegravir + tenofovir + lamivudina; Grávidas (após 12 semanas de idade gestacional): Dolutegravir + tenofovir + lamivudina; Jovens que estão com risco engravidar não podem fazer uso do dolutegravir, então fazem um esquema adicional: Raltegravir + tenofovir + lamivudina. Crianças: Raltegravir + zidovudina + lamivudina. OBS: Será sempre, basicamente, um inibidor de integrase associado a dois inibidores análogos de nucleosídeos. PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PREP) Consiste em tomar um esquema antirretroviral, de forma contínua (enquanto houver risco de exposição ao HIV): É feita com o uso de 2 drogas combinadas em 1 comprimido; Feita por quem se sente vulnerável ao HIV e não possui o vírus; Feita de forma interrupta, por longo prazo. Objetivo: Evitar a infecção pelo HIV; Eficácia: Efetividade pode chegar a 100%. A efetividade depende do uso correto, sem atrasos nas doses, sem falhas/esque- cimentos e associado a pelo menos 2 mecanismos da prevenção combinada pra prevenir HIV. Hábitos: Pra mudar um hábito é preciso de muita insistência e um período de adaptação. Quem já tem o hábito de usar preservativo, por exemplo, não perde esse hábito; A ideia da PrEP é que quem não usa preservativo, não vai começar a usar, porque é um hábito. Porém, essa pessoa que não usa e tem muitas exposições ao vírus durante sua vida, tem mais chances de se contaminar: Se pegar o vírus, ainda assim o hábito de não usar preservativo vai continuar, sendo o indivíduo uma potencial fonte de transmissão do vírus; Ou seja, se não consigo introduzir o hábito do preservativo, mas consigo introduzir o hábito da PrEP: Mesmo mantendo um comportamento vulnerável, impedimos a cadeia de transmissão do HIV, pois a partir do momento que a pessoa não se contamina, não vai transmitir, mesmo que continue com relações desprotegidas. Comportamento vulnerável; Uso de drogas lícitas e ilícitas; População chave: São populações prioritárias para os programas de incentivo do uso da PrEP; Profissionais do sexo; Gays/HSH; Pessoas trans; Casais sorodiferentes; Usuários de drogas injetáveis; Múltiplos usos de PEP. Atualmente, a população chave já foi ampliada: Qualquer pessoa pode buscar a PrEP, é feita apenas uma investigação se há vulnerabilidade pro vírus; Lyzandra Maria M35 Como funciona: Vamos usar 2 inibidores análogos a nucleosídeos: Tenofovir (Adenosina); Entricitabina (Citosina). Vão agir bloqueando a transcriptase reversa, impedindo o vírus de replicar e, consequentemente, inibindo o ciclo viral; A ideia é usar uma medicação de uso contínuo, pra quando houver o contato com o vírus, existir uma inibição imediata. Por quanto tempo funciona (Por quanto tempo posso usar a medicação?): Pode ser usado por toda a vida, desde que alguns pontos sejam mantidos, como... Hábitos; Exposição ao HIV; Vulnerabilidade; Adesão a PrEP: Só vai funcionar se usar corretamente, o esquecimento de um comprimido já pode diminuir a efetividade (de 100 pra 94%). Com quanto tempo começa a funcionar? Esses valores de dias são quando se acredita que há uma melhor distribuição sérica da droga nesses sítios; 7 dias para sexo anal receptivo; 20 dias para sexo vaginal receptivo; Pra sexo oral e para o sexo ativo não há registro: Estima-se um tempo de 20 dias por garantia. Posologia e efeitos colaterais: 1 comprimido diário: Pode ser tomado em qualquer horário do dia, desde que seja no mesmo horário; Baixos efeitos colaterais: Muito bem tolerado. Primeiras semanas: Empachamento, flatulências e náuseas; Critérios de elegibilidade: HIV negativo: Pressuposto principal; Ausência de suspeita de infecção pelo HIV; Em risco substancial de infecção por HIV (Fora da janela imunológica); Depuração de creatinina > 60ml/min; Determinação de usar a PrEP como prescrito. Não há contraindicação pro uso de contracepção hormonal: Até mesmo porque o uso da PrEP e a retirada do preservativo vão facilitar a gestação; Gravidez e amamentação: A terapia não fornece riscos pra gravidez (apenas pra engravidar), então pode ser usada por toda a gestação; Inclusive é uma indicação para casais sorodiferentes que querem engravidar; A paciente pode amamentar no pós-parto. A PrEP não diminui o risco de outras IST: Seu uso não autoriza o abandono do preservativo que: Previne contra outras IST: Sífilis, gonorreia, clamídia, cancro, linfragranuloma, donavonose; Evita gravidez. O uso do preservativo nos usuários a PrEP se torna opcional, entretanto na cadeia da prevenção combinada, precisamos usar pelo menos outras 2 medidas, estando o preservativo entre as opções: O professor coloca o preservativo como 2° pilar fundamental. ACESSO A PEP Emergências locais: Devem estar capacitadas para acolher e medicar os pacientes com indicação de PEP; Serviços especializados em infectologia: Juazeiro do Norte: Hospital Estefania Rocha; Crato: Centro Municipal de Infectologia (Rua do Sesc); Brejo Santo: AMAI (Praça Dionísio Rocha de Lucena). ACESSO A PREP Serviços especializados em infectologia (SUS): Lyzandra Maria M35 Juazeiro do Norte: Hospital Estefania Rocha; Crato: Centro Municipal de Infectologia (Rua do Sesc). Serviço Privado de Atendimento em Infectologia. CUSTO PEP: Gratuito e exclusivo do SUS; PrEP: Gratuito quando o acompanhamento pelo SUS. Truvada (sob importação): 350,00 a 500,00 em média. Lembrando que é a mesma dose do SUS, tenofovir e entricitabina. PRA FINALIZAR Figura 7: Estudo sobre intransmissibilidade do vírus. Foi feito um estudo prospectivo observacional, feito em casais sorodiferentes e HSH que não costumavam utilizar preservativo. Foi concluído que a taxa de transmissão de pacientes indetectáveis, ou seja, que tratam e são indetectáveis, é menor que a transmissão de uma pessoa aleatória. Então a intransmissibilidade de pessoas com carga viral indetectável é uma realidade hoje em dia. O que esse isso representa? Impedir novas infecções; Reduzir as taxas de incidência; Fim da epidemia. Porque precisamos das medidas da mandala? Por exemplo, quando existe um namoro e a responsabilidade do planejamento familiar é colocada na mulher por meio da utilização do ACO (muitas alterações e riscos), é com se homem saísse da responsabilidade, sendo que o homem também pode ser corresponsável e utilizar o preservativo. Da mesma forma ocorre quando a responsabilidade da não transmissão é jogada para o paciente HIV positivo indetectável, já que o peso da terapia antirretroviral também é grande (muitos altos e baixos). Dessa forma, a responsabilidade também seria unilateral, sendo que o parceiro pode fazer sua parte, mesmo porque não há uma garantia de que o indivíduo estará com a
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