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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA PROGRAMA ENSINAR CAMPOS ANAJATUBA DISCIPLINA: ECOLOGIA PROFESSORA: Dra. Flor Maria Guedes Las-Casas ALUNOS: César Murilo, Débora Melonio, João Batista, Mirian Vanessa. PREDAÇÃO, PASTEJO E DOENÇA Anajatuba - MA 2022 Introdução O predatismo ou predação pode ser definido como qualquer organismo que consome todo ou parte de outro organismo vivo (sua presa ou hospedeiro), desta forma beneficiando-se, porém, reduzindo crescimento, fecundidade ou sobrevivência da presa. Dentre os predadores existem os generalistas, que consomem diversas espécies, e os especialistas em predar uma ou poucas espécies. O predatismo ocorre entre carnívoros e herbívoros. Do ponto de vista ecológico o predatismo representa um mecanismo que regula a densidade populacional mediante uma cadeia alimentar, controlando a quantidade de indivíduos de uma determinada comunidade. Nem todos os predadores são grandes agressivos ou instantaneamente letais e nem mesmo necessitam ser animais. Levaremos em consideração esses consumidores em conjunto, podemos tentar entender o papel que cada um desempenha na estrutura dinâmica dos sistemas ecológicos. Predadores “verdadeiros”: matam invariavelmente suas presas e o fazem mais ou menos imediatamente após ataca-las. Os predadores verdadeiros, portanto, incluem os leões, tigres, aranhas, aves plantas carnívoras. Consomem diversos itens de presas no curso de suas vidas. Pastejadores atacam diversos itens de presas no curso de suas vidas. Consomem somente parte de cada item da presa. Geralmente não matam suas presas, especialmente a curto prazo. Incluindo os bovinos, ovinos e gafanhotos, mas também sanguessugas hematófagas que ingerem uma pequena quantidade de sangue de diversos vertebrados -presa no curso de suas vidas. Parasitos também consomem somente parte de cada item da presa (geralmente denominado hospedeiro). Geralmente também não matam suas presas a curto prazo. Atacam um ou poucos itens de presas no curso de suas vidas, com as quais eles, por isso, geralmente formam associação relativamente íntima. Fundamentação teórica Divisão dos predadores a partir da maneira como se alimentam. São destacados quatro tipos que são: Monófagos: são os indivíduos que se alimentam de apenas um tipo de presa, como a broca-do-café. A broca-do-café (Hypothenemus hampei) difere da falsa broca-do-café que possui cerdas espatuladas, mais largas e com cinco a seis estrias longitudinais, enquanto aquela possui cerdas e escamas filiformes. A falsa broca não se constitui praga, já que se alimenta somente da polpa do fruto seco, não atingindo os cotilédones. A mesma apresenta diversos hospedeiros, nos quais alimenta-se dos galhos e frutos secos (Reis & Souza, 1986). A broca-do-café é uma praga monófaga, cujo hábito alimentar não é específico ao gênero Coffea. Diversos pesquisadores registraram a sua ocorrência em outros hospedeiros, apenas como plantas ocasionais, não se verificando sua multiplicação em sementes. Em laboratório foram obtidos descendentes desse inseto em frutos de açaí, (Euterpe oleraceae). A broca-do-café sofre metamorfose completa (holometabolia) passando pelas fases de ovo, larva, pupa e adultos. Devido ao seu ciclo biológico relativamente curto e grande capacidade de proliferação, a broca constitui-se num importante problema fitossanitário em quase todos os Países produtores de café. Especial atenção merecem os países das Américas Central e Sul, cujas Lavouras são adensadas e implantadas em topografia acidentada, não permitindo o controle químico mecanizado. Nesses países, devido ao regime de chuvas, ocorrem floradas e frutificações praticamente durante todo o ano, o que favorece a sobrevivência da broca. Estenófagos: são as espécies que, apesar de ter uma alimentação menos rigorosa como os monófagos, alimentam-se de um número pequeno de espécies de presas. Oligófagos: são os seres que se alimentam de uma variedade de outras espécies. Polígafos: são aqueles que se alimentam de qualquer presa. Pode-se citar como exemplos de predadores as aves de rapina, cobra cascavel, aranha armadeira, leão, tigre, hiena, onça-pintada, tubarão, lince, lobo, peixes, além do homem. Exemplo de estenófagos: Nosso lince ibérico ( Lynx pardinus ) é um especialista trófico, alimenta-se principalmente de coelhos ( Oryctolagus cuniculus ), que representam cerca de 90% da biomassa consumida. Ocasionalmente pode apanhar gamos, perdizes, pequenos mamíferos ou patos. Em termos científicos, os organismos que têm uma dieta muito restrita e cuja estratégia alimentar consiste em consumir alguns elementos muito nutritivos são conhecidos como estenófagos. Esta forma de sobrevivência representa um perigo para a conservação da espécie, uma vez que a sua especialização significa depender das populações de coelho nas montanhas mediterrânicas onde vive. Por esta razão, as múltiplas doenças que afetaram os coelhos nos últimos anos, juntamente com as ações dos caçadores e a destruição do habitat, colocaram o lince ibérico numa situação crítica para a conservação da espécie. Se a estenofagia for extrema, por exemplo, a de alguns parasitas, é chamada de monofagia., enquanto a estenofagia moderada é conhecida como oligofagia . Outros exemplos de estenófagos são: - Urso Panda ( Ailuropoda melanoleuca ): alimenta-se de 99% de bambu. - Abutre- barbudo (Gypaetus barbatus): necrófago especializado que se alimenta principalmente de ossos de carcaças de mamíferos. - Coala ( Phascolarctos cinereus ): se alimenta apenas de folhas e brotos de eucalipto. Essas espécies também estão em perigo de extinção. Sua especialização alimentar os torna muito vulneráveis. Portanto, as medidas de conservação devem começar pela proteção da base da pirâmide trófica. Exemplo de poligafos: Conhecida popularmente como lagarta do cartucho a Spodoptera frugiperda é uma das principais pragas da cultura do milho. A lagarta é um inseto polífago, capaz de se alimentar de diversos tipos de plantas e apresenta enorme potencial de dano. Nos últimos anos, a incidência desta lagarta tem crescido substancialmente. Segundo a EMBRAPA, entre os motivos, está o aumento do uso de variedades de soja transgênicas, resistentes às principais espécies e lagartas, o que faz com que muitos agricultores não realizam o manejo químico, favorecendo a infestação das espécies do gênero Spodoptera, em especial a frugiperda. Nome científico: Spodoptera frugiperda Nomes populares: lagarta do cartucho, lagarta militar Danos: a lagarta do cartucho ataca principalmente as estruturas reprodutivas da planta, e também hastes, plântulas e pecíolos. Pastejo Pastejo é o ato de pastejar, quando falamos em predação a primeira imagem que vem a nossa mente é os carnívoros, por exemplo o Leão se alimentando de uma zebra ou mesmo um tubarão se alimentando de uma foca, que no caso são os verdadeiros predadores. Porém o predatismo também é praticado pelos herbívoros como: as formigas, os gafanhotos, as lagartas e os ruminantes, em primeiro lugar os bovinos, as girafas os burbalinos, as cabras entre outros. Esses animais eles devoram a vegetação de forma predatória, o que dá eles o nome de "herbivoristas" ou também são chamados de pastejadores diferente dos carnívoros eles consomem a espécies vegetais muitas vezes sem causa-lhes a morte, uma vez que se alimentam gradativamente das partes vegetais, ou seja, eles não matam suas presas e, em ambientes equilibrados eles causam efeito menos severos do que imaginamos a elas. Aliás as plantas inclusive, podem apresentar maior crescimento após serem atacadas o que compensa os efeitos da herbivoria. Em uma herbivoria de plantas, quase toda comida pela lagarta, a planta é a presa e a lagarta é o predador. Algumas plantas por conta do pastejo elas foram criando tolerância ou mesmo se adaptando a esse tipo de predação temos em grande exemplo as graminhas que tem sua área de crescimento protegida do pastejo, como meristema está lá embaixo os herbívoros não tem acesso, levando o vegetala crescer novamente. Já outras plantas desenvolveram barreiras de proteção contra os pastejadores, alguns exemplos são os cactos que possuem espinhos que dificultam o ataque, outras para evitar o prejuízo desenvolveram o mecanismo de defesa como produção de toxinas fazendo assim que elas fossem excluídas do cardápio dos animais. Contudo, este sistema predatório e brutal é o responsável direto pelo equilíbrio do meio ambiente, tendo em vista que os predadores controlam os tamanhos das populações de suas presas; portanto, retirar um predador da teia alimentar gera uma reação em cadeia que afeta todos os seres envolvidos, culminando numa superpopulação de pragas que devoram toda vegetação. Em pastagens, independentemente do papel desempenhado pela biodiversidade no funcionamento e na estabilidade desse ecossistema, sabe-se que a cobertura vegetal é a base dessa biodiversidade e que os animais herbívoros têm papel fundamental na dinâmica dessa vegetação por meio do pastejo, Dentre outros efeitos importantes, os herbívoros alteram a estrutura da vegetação mais especificamente, o animal herbívoro influencia as taxas de recrutamento, crescimento e mortalidade das plantas por meio de processos correlacionados com habilidades competitivas ou com características como a densidade e frequência dessas plantas. Assim, os impactos dos herbívoros nas mudanças da vegetação podem ser tanto diretos como indiretos. Os impactos diretos são relacionados ao consumo da planta e a imediata queda na taxa de absorção de CO2'água e nutrientes, por causa da redução na área e massa de folhas e raízes. Os impactos indiretos resultam das mudanças nas propriedades do solo, microclima, ciclagem de nutrientes e nas interações competitivas entre plantas. Assim, em razão da forte influência que os herbívoros podem exercer na dinâmica da diversidade vegetal, o manejo desses animais constitui-se em componente chave na restauração ou manutenção da biodiversidade em ecossistemas de pastagem ou com características como a densidade e frequência dessas plantas. Assim, os impactos dos herbívoros nas mudanças da vegetação podem ser tanto diretos como indiretos. Os impactos diretos são relacionados ao consumo da planta e a imediata queda na taxa de absorção de CO2'água e nutrientes, por causa da redução na área e massa de folhas e raízes. Os impactos indiretos resultam das mudanças nas propriedades do solo, microclima, ciclagem de nutrientes e nas interações competitivas entre plantas. Assim, em razão da forte influência que os herbívoros podem exercer na dinâmica da diversidade vegetal, o manejo desses animais constitui-se em componente chave na restauração ou manutenção da biodiversidade em ecossistemas de pastagem. Parasitas Os parasitos consomem apenas uma parte de cada hospedeiro e também em geral não matam seus hospedeiros, especialmente em curto período, porém atacam um ou muito poucos hospedeiros durante sua vida, com os quais, portanto, formam uma associação relativamente íntima. Alguns exemplos de parasitos, são parasitos e patógenos, tais como as tênias e a bactéria da tuberculose, patógenos de plantas como o vírus do mosaico de fumo, plantas parasitas como os viscos, e as pequeninas vespas que formam “galhas” nas folhas de carvalho. Parasitos, em particular, geralmente exercem seus danos não por matar suas presas de imediato, como os predadores verdadeiros o fazem, mas por tornar a presa vulnerável a alguma outra forma de mortalidade. Os efeitos dos parasitos sobre os organismos que atacam são geralmente menos profundos do que aparentam, porque as plantas podem compensar os efeitos da herbivoria e os hospedeiros podem apresentar respostas de defesa ao ataque dos parasitos. Em relação ao comportamento predatório dos parasitos e patógenos pode haver uma transmissão direta, onde hospedeiros infectados entram em contato com hospedeiros não infectados, ou pode ser importante o contato entre formas de vida livre do parasito e hospedeiros não infectados. Parasitoide Parasitoides são organismos que provocam a morte de seus hospedeiros para completar o seu desenvolvimento e atuam como parasitas apenas no estágio larval, quando se desenvolvem em apenas um hospedeiro, tendo os adultos vida livre. Para efeito de comparação, os predadores, tanto adultos quanto larvas, são de vida livre e necessitam consumir várias presas para atingir a fase adulta. Quando uma espécie de parasitoide tem como seu hospedeiro um inseto considerado praga ela se torna um potencial agente de controle biológico. Estima‐se que existam cerca de 200.000 espécies de parasitoides distribuídos principalmente nas ordens Hymenoptera e Diptera. Diversas famílias são fontes de parasitoides para agentes de controle biológico, tais como Aphelinidae, Braconidae, Encyrtidae, Eulophidae, Ichneumonidae, Pteromalidae, Platygastridae e Trichogrammatidae dentre os himenópteros e Tachinidae dentre os dípteros. Os himenópteros parasitoides podem, vulgarmente, serem chamados de vespinhas, dado o pequeno tamanho da maioria de suas espécies. As larvas dos parasitoides se desenvolvem sobre ou no interior do corpo do hospedeiro; dependendo da sua localização recebem a denominação de ecto ou endoparasitoides Conclusão Em virtude dos fatos apresentados fica claro que o predatismo é uma forma de controle biológico natural sobre a população da espécie e da presa evitando que ocorra aumento exagerado do número de indivíduos o que acabaria provocando competições devido a falta de espaço, parceiro reprodutivo e alimento colaborando para manutenção do equilíbrio ecológico. O predatismo é fundamental também nos processos evolutivos por seleção natural. Referências Townsend, Begon & Harper (2006) Fundamentos em Ecologia. Cap. 6 (Competição interespecífica) e cap. 8 (Predação, pastejo e doenças) GASSEN, D.N. Parasitos, patógenos e predadores de insetos associados à cultura do trigo. Passo Fundo: Embrapa/CNPT, 86p., 1986 (Circular Técnica no 1) Ricklefs (2003) A Economia da Natureza. Cap. 17 (Predação e herbivoria), Cap. 18 (A dinâmica da predação) e cap. 19 (Competição).