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Artigo 1 - Paradigmas do Direito Administrativo contemporaneo

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Abel Fernandes Gomes 
Adriano Pilalti 
Alexandre Bernardino Costa 
Ana Alice De Carli 
Anderson Soares Madeira 
André Abreu Cosia 
Beatriz Souza Costa 
Bleine Queiroz Caüla 
Daniela MagheUy Menezes Moreira 
Oiego Araujo Campos 
Fir1y Nascimento Filho 
flavio Ahmed 
Frederico AntonIo Uma de Oliveira 
Frederico Price Grechi 
Geraldo L. M. Prado 
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WWW. IUll iClljllri5.COIII . /H 
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Gu stavo Noronha de Ávila 
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Jean Carlos Dias 
Jean GaI tas Fernandes 
Jeferson Antônio Fernandes Bacelar 
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João Marcelo de Lima Assafim 
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José Emnio Medauar 
José Ricardo Ferreird Cunha 
José Rubens Morato leite 
Josiane Rose PetJy Veronese 
Leonardo EI-Amme Souza e Silva da Cooha 
Lúcio Antônio Chamon Junior 
Lu igi Bonizzato 
Conselheiros Beneméritos 
Luis Carlos Alcoforado 
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Manoel r."lessias Peixinho 
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Vinicius Borges Fortes 
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CEP: 22795-4 t5 
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Tei. (21 )3~33-4 004 / (21)3249-2696 
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, , . 
Belo ~to rizonto - MG 
Tel. (3 1)9-9296-1764 
Sanl' Catarina (Dlvulg'ç.o) 
Cristiano Allama Mílbilia 
crlsunno@lumenlurls.coOl .br 
Florianópolis - se 
Tei. (48) 9-9961-9353 
, '-
Digitalizado com CamScanner 
MANOEL MESSIAS PEIXINHO 
Pô~_lfi)U"I\)R"\)O I'ELA UN IVER~I 'I'E PA RIS N /\ N'I'Elutn. 
Dl)Ul\)R H- I D II:HI\) I'ELA PON'I'IFfCIA UNIVERSlnt\OE Ct\TÓUCt\ DO R IO DE }t\NEmO ( PUCRJ) 
l'Rl)FE:':'l R l)A ( 1RADUA(Al) DA UN IVEIUiIDADE Ci\TÓUCA DO RIO DE JANEIRO ( PUCRJ) E 
l '<) ~ IE:,TRAlX) E~I DIREITO DA UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCAM) 
JESSÉ TORRES PEREIRA JUNIOR 
DOUTOR EM D IREITO I'ELA U NIVERSIDADE FEDERAL DO R IO DE JANEIRO (U F RJ) 
COORDENADOR E PROFESSOR DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO ADM INISTRATIVO DA ESCOLA DA 
MAGISTRATURA (EMERJ) E DA E SCOLA DE ADMINISTRAÇÃO JUDICIÁ RIA DO TRIBUNAL DE JUSTiÇA (ESAJ) 
DESEMBARGADOR DO T RIBUNAL DE JUSTiÇA DO ESTADO DO R IO DE JANEIRO (TJRJ) 
EMERSON AFFONSO DA COSTA MOURA 
PROFESSOR ADJUNTO DA U NIVERSIDADE FEDERAL R URAL DO R IO DE JANEIRO (U FRRJ ) 
D OmOR EM D IREITO DA U NIVERSIDADE DO E STADO DO R IO DE JANEIRO (U ERJ) 
P ESQUISADOR CERTIFICADO DA U NIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) 
Mutações do Direito 
Ad m in istrativo 
Estudos em Homenagem ao 
Professor Diogo de Figueiredo 
Moreira Neto 
EDITORA LUM EN Ju~s 
RIO DE JANEIFü 
2018 
Digitalizado com CamScanner 
Paradigmas do Direito 
Administrativo Contemporâneo 
José dos Santos Carvalho Filho'" - -
1.0 sentido mais comum dos p d' - I I 
d 
a_~g~,:as ~ aque c pe o qual são eles consi-
dera os como pressupostos de determinada teoria ou sc)'a t ' d I d " - v. . I I ma fl zes ou mo e os 
,cQ!!lIlQstos_ e, )11etoQQ§, e valo:es a serem observados por um períq~o razõáyel, 
egmo base de estudos e llesqUlsas, em virtude da consis~ência de sua direção, 
Os paradigmas surgem em compasso com o processo ~voh;t~o dãS ciên-
cias, após a maturação de seu conteúdo e a análise dos estudiosos e pesquisado-
res, de preferência com o recurso da dialética, possibilitando as críticas oriundas 
de diferentes perspectivas, bem como as posições e contraposições dos analistas, 
2,No que tange ao Direito Administrativo, nenhum estudo sobre os pa-
radigmas da disciplina pode ser desenvolvido sem que se busque o auxílio e 
os S!lbsídios fornecidos por Diog~ pe Figueiredo Moreira Neto, cujo cuidado e 
profundidade na busca da gênese dos modelos e matrizes têm sido, reconheci-
damente, aplaudidos pela comunidade jurídica, 388 
O saudoso jurista invocou a base teórica de Thomas Kuhn, que, em sua 
celebrada obra "9, designou, como paradigmas em geral, as realizações científi-
cas que se configuram, por períodos mais ou menos duradouros, como matrizes 
da orientação do desenvolvimento ulterior dos estudos e pesquisas, consideran-
do os obstáculos e problemas advindos 9~ sua aplicação ~ âmb~~~ de concretu-
de, Tais 'jiãraâígmas, conquanto sejam modelos para O futuro, sempre ênsêjãin-
algumas dificuldades de aplicação em determinadas circunstâncias, 
As situações supervenientes, caso surjam sob a égide do paradigma, so-
mente podem redundar em três espécies de efeitos, De um lado, pode insistir-se 
387 Mestre: em Direito (UFRJ). Professor de Direito Administtotivo. Membro do !BDA - ~tl5t. Bms" de 
Direito Adm inistrativo. Membro do IDAER] -Inst. Dir.Admlnistrativo do Estado do RIO de }'lIlClfo. 
Membro do IAS _ hmituto dos Advogados Brasl~cir05 . PrOCUf:lJor de Justiça do EstaJo do Rio de 
Janeiro (aposentado). Consultor 9urfuicodo Ministério Público do Esmdo do Rio dcJlIllcirQ (2009/l0 IIl. 
388 DlooO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO. Quatro paradigmas LIa Direito Administrativo Pós-
Moderno, Farum, 2008. 
389 A estrutura das revoluções científicas, Perspectiva, J'. ed., 1989. 
209 
Digitalizado com CamScanner 
Jc~!'é 'nH'l'l:~ I'CI't~ it'll 1111';",; Ivf",,,,1'I !vfc!,ojSiIlS I'd.\'illlw, E"w/,sol/ lIf!lJtlsU ria Cusln Moura , 
, 
no emprego do mesmo conteúdo do paradigma, sem que Se inclua qualquer 
nlter.\ç:io. Numa segunda vertente, poder-se-á proceder à Sua adequação em 
face da I\ova situação. Por fim, n50 será impossível que se tenha que modificar o 
próprio conteúdo do paradigma, criando-se um novo modelo de caráter Substi_ 
tutivo, dotado de orientação de perfil diverso em relação ao contido no anterior. 
J.No ensaio que produziu, Diogo de Figueiredo Moreira Neto pretendeu 
dar destaque aos paradigmas da p9.s-modernida_~~, assim considerados os prin-
cípios gerais básicos do Direito Administrativo, de incidência específ;;:a nas 
relações Jurídicas entre o Estado e os administrados. 
Ressalta o jurista que o pós-modernismo situou a pessoa como elemento 
protagonista da Política e do Direito, fato que rendeu ensejo a uma revisão 
profunda e radical do estatuto moderno dos direitos do homem. Nessa linha, 
a nova fase tem como perspectiva recolocar o homem no ápice do sistema e, 
sobretudo, ~entro do foco principal dos direitos fundamentais. J90 
Basilar, ainda, é, segundo o autor, o amolda menta do processo hermenêuti-
ca. Na verdade, "o fenômeno da aplicação do direito é muito mais rico do que o da 
aplicação da lei como se o entendia no positivismo jurídico". Neste, o hermeneuta 
nada mais representava do que a "boca da lei", ao passo que naquele o aplicador da 
lei atua como conformador da norma aplicada, incumbindo-lhe retirar dela o ver-
dadeiro comando a ser efetivado. '" Com isso, evitam-se interpretações meramente 
gramaticais, habitualmente dissonantes do real espírito (ou racio) da norma. 
4.seguindo a linha teórica do autor, foram destacados quatro paraaigmas 
do pós-modernismo a serem adotados no Direito Administrativo: a legitimida-
de, a finalid'ãOe, a er~c~12cia e osr~u~ados., ) 
Não houve a afirmação de serem esses os únicos paradigmas, até porque, 
em nosso entender, não o são, mas certamente foram eles considerados como os 
-.-axiomaslundamentais que devem nortear todo o processo de interpretação e 
de aplicação das leis na relação ju7íaic~.!'ntr!; .. .o_Estado e os aairiii;ÜsTiaaõs e, in-
clusive~êleterminaaãSCírcunstâncias,-,,!,~s.s.egmentos do próprio Estado. _. ,-
5.A legitimidade sempre foi associada àlegalidade, muito embora os doutrina-
dores realcem as linhas distintivas entre tais situações jurídicas. A legalidade limita-
.. se à verificação de conformidade eQtre a conduta e a norma, sem ~xigir maiQ~# 
flexão sobre o conteúdo da norma. Sua base teórica, pois, reside ~~m cotejo de na-
tureza fonnal;serido a-pr6priãSubstância normativa um fator de reduzido alcance. 
390 Oh. dr" p. 19. 
391 Oh. cit ,. p. 24. 
210 
Digitalizado com CamScanner 
Mll/tlçücs do DircÍ/o Admínistrativo 
Contrariamcnte a lccritimidadc importa no aprofundamento do conteúdo , o' ~ 
norouativo c sua.adequação aos princípios-do direito c.âa:justiça. Reclama, por 
conseguinte, visão mais ampla para o confronto entre o ato e a norma. Em 
algumas ocasiões (não muitas, é verdade), o legislador refere-se a ambas. O art. 
70 da Constituição, por exemplo, impõe que a fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial da Uniáo e das entidades da Admi-
nistração Indireta se exerça quanto "à legalidade, legÍlimidade, economicidade, 
aplicação das subvenções e renúncia de receitas". 
É curial que, presentes ambas as situações no texto, há de buscar·se a dife-
rença alvitrada pelo autor da norma, no caso O Constituinte. Repetindo a noção 
de legalidade (claramente mais singela), os estudiosos defendem que a legitimidade 
"possibilita a averiguação das aspirações da sociedade na realização das despesas 
públicas, seu interesse e priorização". J91 A ideia é realmente a de perscrutar as me-
tas desejadas pela sociedade, além daquilo que representa fator de maior interesse e 
prioridades. Portanto, não se trata do mero confronto entre a conduta e a norma. 
Sobre o tema, aliás, nunca é demais lembrar a noção oferecida por José Afonso 
da Silva a respeito do dispositivo supra, no sentido de que o controle de legitimidade 
é diverso do que incide sobre a legalidade, "de sorte que l'ar~assriiÍãd;;;Ttirexãme 
';kmérito a ilinde verillêaueAe.!ermi;:;adadesp·esa;-'-mbor~ não ilegal, fo-;;' legrti-
ma, tal como atender a ordem de prioridade estabelecida ~(;pla~o EI~';;;~al": J9J- -
- - _ . - - ~---- _ _ o _ __ ••• •• -- - _ _ 
Diante dessas linhas, é inegável que a legitimidade espelha importante pa-
radigma para o Direito Administrativo, somando-se ao fato de que ~.3rienE~ 
ção se afasta do positivismo radical, usualmente adstrito à veiculação formal da 
'porma e, em cõrísequência,- getador de algumas distorções em decorrência das' 
-.llyais não se eX'pres~ a ver~~i.:.Úpli~~ç~?_ d,ajustiça. , 
6.0utro paradigma importante de:: pós-posit!vismo é o da finalidade. Mas, 
ao contrário do que o termo comumente expressa, no plano das metas a serem 
perseguidas pelas ações estatais, buscando o interesse público, e só excepcio-
nalmente o privado, o paradigma da finalidade é firmado nos princípios e nos 
valores e objetivos que neles se contêm no atual sistema. 
Sem dúvida a moderna doutrina está pacificada no que toca à distinção entre 
princfpios e regra~, como espécies das normas jurídicas. Esses novOS conceitos e,xpri-
39) FERNANDO FACURY SCAFF c LUMA CAVALEIRO DE MACEDO SCAFF, CotnC\\,ádos à 
Con.,', ' . d B 'I J J O me5 C:modlho ct alll, Saralv3/AlmeJtna, 2013, p. 1.167. 
1 Ulçao o r351, org. .. o 
393 JOs~ AFONSO DA SILVA, Curso de direito constitucional positivo, Malhciro5, 20a cd., 2002, p. 726. 
211 
Digitalizado com CamScanner 
lesse! 7(lI't~.s PCl'dl'fllllllilJl~ 1vf(IIHWI Mes.~ifls Peix;,IIw, Emcrsoll Affonso da Costa Mourn, 
mem :" boses teóricns de Alcxy e DlVorkin, já desenvolvidos nos sistemas europeu e 
amcricnno, c que rctratan\ indiscutivelmente posição adequada ao p6s~positivismo. 
Regras descrevem condutas, sem a preocupação de se ocupar diretamente 
dos objetivos a que se preordenam, ao passo que princípios firmam situações 
ideais e objetivos alvitrados, sem grande consideração quanto às cõndutas q~e._ 
tenham em miTa alcançar esses-fins. 394 Em outra vertente, como já chegamos 
a assinalar em outTa. oportunidade, as regras são disjuntivas, isto é, aplicáveis 
ambas à mesma situação, apenas uma terá o condão de regulá-Ia; são excluden-
tes, portanto. Já os princípios não se excluem, podendo ser aplicad~s -"o ~ 
substrato fático: a aplicação de um deles decorre da prevalência dos, fatOl:e~ on-
~rados e adequados à situação envolvida. Assim, subsistem harmonicamente, 
ainda q~e com fisionomias diversas. 395 • • -
Cabe .aqui considerar, somente com o intuito reflexivo, que a grande rele~ 
vância do paradigma em foco não se situa bem no fator finalidade, mas sim, em 
nosso entender, na razoabilidade, pressuposto fundamental da ponderação de 
valores a ser empregada pelo intérprete para que conclua que, naquela especí-
fica situação, deve incidir o princípio A e não o B, que com ele colide em tese. 
Cuida-se - é forçoso reconhecer - de paradigma moderno, que tem an-
corado o sistema de interpretação e aplicação das leis. Não devemos, contudo, 
carregar ilusões: como todo sistema humano, poderá haver falhas em sua ado-
ção, principalmente no que tange à sljbjetividade da referida ponderação de in-
. teresses, a qual, seja como for, sempre provoca alguns temores nos destinatáriós 
da norma no que tange à segurança jurídica. 
O paradigma - acrescente-se - sujeita-se ao regime de inversão quando ocorre 
(ato superveniente que desafie outra valoração dos interesses prevalentes em jogo. 
De (ato, se hoje foi considerado o princípio A como aplicável, mediante a ponde-
ração atual de valores, nada impede que amanhã seja considerado prevalente (e 
aplicável) o princípio B, conclusão proveniente de nova valoração dos interesses. 
Por conseguinte, não é um paradigma com todas as facilidades de aplica-
:ção, mas, ao contrário, reclama muito equilíbrio, neutralidade e sensatez Ror ------ -- --
·parte do int~Er-ete •. Se não for assim, a esêOlha do princípiõ prevalente decorre-
rá de erro de perspectiva, com grande prejuízo para a ordem jurídica. 
394 ANA PAULA DE BARCELLOS, Ponderação, racionalidade e atividade jurisdicional. Renovar, 2005, 
pp. 169/170. 
395 JOS~ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, Manual de direito administrativo. O_n/Atlas, 31' _d .• 
2017, p. 19. 
212 
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Mutações do Direito Administrativo 
7.0 terceiro paradigma sugerido por D' d " , 
consiste na eficiência desd b d d' lOgo e FIgueIredo MoreIra Neto 
, ' o ra a em OIS fen A , , I b' -
onunda de unia nova economia dot d d '~ Iomlenos a.~_ua~s. a g o altzaçao, 
[ " a a e esca a g obal e int t ' I' gada, lenomeno expresso pel d d ._. ensamen e mter 1--
'-._-- -__ os estu os e Manuel Cals e o . d , ,, ' 
rio do aireito-- tema de l' 'd . ' progresso outnna--
'-. _~. ___ o' _ senvo _~~ o~ o ~.l? ~studo específko de García de Enterría. 396 
Na relação Estado-administ d .~_.- . o dOo : - " d ., . ., . . 
, "1 'A ' ra o, 9 para 19ma a eficiência tem, realmen .. 
te, megave lluportancia-' 'Nunc' ,. , d . - 'I b , , ,. . a e emalS em rar que a vigente Constituição, 
ao relaclOnar os pnncIplOS da Administraç- P 'bl ' " d , '" ' ' ao u lca, era omIssa quanto ao a 
efIcIenCla, mencIonando apenas os da legall'dade I'd d' I'd d . , ' mora 1 a e, 1mpessoa 1 a e e 
publICIdade. Foi a E.C. 19/1998, referente à reforma administrativa do Estado 
que introduziu o princípio da eficiência no art. 37 da CF, situando .. o ao lad~ 
daqueles referidos primitivamente. 
Nenhum movimento do Constituinte relativamente à Constituição deve ser 
relegado a segundo plano. Qualquer alteração na Carta revela um propósito de .. 
terminado e específico do Constituinte, cabendo ao intérprete enlaçar as raciones 
que conduziram à alteração. Do prisma teórico, comporta anotar que alterações 
supervenientes na Constituição resultam, em tese, de um impulso volitivo social, 
concretizado pelos representantes do órgão legislativo revisional. Sendo assim, a 
inserção do princípio da eficiência sinalizou claramente para o objetivo do Cons .. 
tituinte de tornar a máquina estatal efetiva e afastar seu sistema anacrônis:.o. 
" .-~ . ,- ." 
O esclarecimento do autor quanto ao paradigma em foco não deixa qual .. 
quer dúvida sobre seu conteúdo. Não mais se trata da eficiência tal como ori .. 
ginária do poder bélico, e sim da efi~..iência político-administrativa, "p~ra atuar 
11ª-.s ... intr-i-Fl€'3.àas-relaç.õe:LIDultilaterais. ae,;1)íY.~rgIQ15ãl;~~~~ç:tf~~§J}~gi?~I~~=a~_ ' 
bilaterais". 397 Além disso, urge instituir a 'efi~.~~1!.c_ia socioeconômic~aquela capaz 
-d;-g~r;;;'produção de ~~., .~~rviç2§ cO~-E!.~I~Cj~o q~~~i1ad.eL~~~.~: ! apidez-,-
o..!:la maior quantida~~'-p~s~~~~~ . ~9!?.-!!!~.!l-ºI~~_~':lst~~ .S?Clal:~/!.r.?~~a.n~o~ d~ss:. 
modo, um melhor atendimento às demandas da sOCledade. 
"D esse p';;:dig';;;~~ul~a;;~i~s"~f~it~~~ q~~ 't~~~;m-a ~dministraçã~ mo .. 
derna e atual. Entre eles, vale a pena considerar o desenvolvllnento das socleda .. 
des l'nte 'd' gulação de certos setores econômicos e sociais, e a consen .. 
rme las, are , , . 'I' l' -
su l'd d r nta de prevenção de htlglOS. Havena c ara mter 19açao a 1 a e, como lerrame 
396 Ob, cit" p. 96. 
397 Oh,cit" p, 103. 
398 Oh, e loco cito 
213 
Digitalizado com CamScanner 
Jcssé 'lhf'l'Cs Pcróm J'I/l;OI~ MllIlod Messins PeixÍllllO, Emers()/1 Affonso ela Costa Moura, 
da eficiência com a participação democrática, numa conjugação entre o Estado 
e a sociedade, para fruição de benefícios em favor de todos. 
Não obstante, a eficiência não é um conceito estático; deve evoluir junta~ 
lllente com a evolução social. Pertinentes aqui as observações de Onofre Alves 
Batista Júnior sobre a alterabilidade do conteúdo em conformidade com o tem~ 
po: "Exatamente por esse matiz cambiante, a eficiência é um conceito que não 
admite uma quantificação ou qualificação rigorosa, mas se trata de um conceito 
jurídico indeterminado que permite sua precisão apenas no momento de sua 
aplicação aos casos concretos". 399 
Em suma, estamos absolutamente convictos quanto à qualificação do 
princípio da eficiência como um dos mais relevantes paradigmas do Estado pós~ 
~moderno. Mas ainda aqui cumpre escapar de armadilhas ilusórias: nenhuma 
eficiência é criada ou desenvolvida sem que os órgãos estatais e a sociedade 
estejam mobilizados para tal objetivo, inclusive à custa da substituição de alguns 
costumes antigos que integram as tradições de caráter negativo. Em outros ter~ 
mos, a só menção do princípio na Constituição não traduz nenhuma varinha 
de condão transformadora, como nos contos infantis. A retórica, pois, é insufi~ 
ciente; cumpre agir - essa é a grande verdade. 
8.0-llltimo dos paradigmas destacados na ob.~~ . .'diz respeito aos . .E.sukado~ .. 
Como são efeitos, e não elementôs causais, os resultados não poderão ser alcança~ 
dos sem uma ação dotada de eficiência. Isso significa, evidentemente, que resulta~ 
dos hão de estar associados à eficiência - efeitos, aqueles, e causa, esta '6Itima. 400 
Acentua~se, também, que os resultados têm diferente feição nos campos 
privado e público. Enquanto na gestão privada de interesses se revelam disposi~ 
tivos, no âmbito da gestão estatal, voltada a interesses públicos, são eles manda~ 
tórios. Com efeito, no campo privado os resultados admitem certa flexibilidade 
de acordo com as políticas traçadas pelos dirigentes da gestão. Todavia, no setor 
público, resultados devem ser incessantemente perseguidos, e isso porque, diver .. 
samente do que sucede no setor privado, seus destinatários são os membros da 
coletividade, ou seja, aqueles cujos interesses cabe ao Estado proteger. Assim, o 
experimentalismo na gestão privada não pode ser adotado no âmbito público, 
no qual se impõe a certeza, e não a imprevisibilidade, dos res~ltados. 
399 ONOFRE ALVES BATISTA JÚNIOR, Princípio constitucional da eficiência administrativa, Forum. 
2012, p. 174. 
400 Oh. cit., p. 126. 
214 
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Mutações do Direito Administrativo 
Em confrOl:t? com a eficiência, os resultados correspondem, na verdade, ao 
fenômeno da efetl.vzdade, como já registramos em outro momento. Dissemos, então, 
que eficiência "transmite sentido relacionado ao modo pelo qual se processa o de, 
sempenho da~vidade administrativa; a idei~ diz respeito, portanto, à conduta dos 
agentes". De outro lado, a efetividade "é voltada para os resultados obtidos com as 
ações administrativas; sobreleva nesse aspecto a positividade dos objetivos". 401 
Certamente, a eficiência e a efetividade devem andar de braços dados. Não é 
inviável, contudo, que certa atividade, embora eficiente, não produza os resultados 
desejados e, pois, não tenha efetividade. A recíproca também pode ocorrer: a ati, 
vidade pode não ser eficiente e, apesar disso, produzir resultados positivos. Mas são 
hipóteses de exceção. O normal é que a eficiência produza efetividade, vale dizer, 
conquiste os resultados que constituem a meta do administrador. 
Em tal cenário, ainda que não se possa descartar o resultado como para, 
digma do moderno Direito Administrativo, trata,se de consequência natural 
dos mecanismos de eficiência que o administrador público deve empregar. Afi, 
nal, se os resultados não são satisfatórios é porque não há eficiência ou, se há, 
não é ainda suficiente para adequar,se aos objetivos colimados. 
9.Feitas essas sucintas considerações sobre os novos paradigmas do Direito 
Administrativo e realçada a importância de que se revestem para soluções mais 
justas nas relações entre o Estado e os cidadãos, cabe fazer uma derradeira ano' 
tação, para acrescentar um paradigma que, nos tempos atuais, e considerando 
~o ético d';!'il';ssasooedadé, não pode deixar de figurar entre as no~as 
diretrizes da citada relação. ,.. 
'....... t' 
Cuida'~~ do paradig~~ da moralidade administrativa, incluído, aliás, no art. 
37, caput, da Consdtuiçãõ\7igeÍlte;· ·como ·um dos-prÍnCípíós que devem reger a 
atuação da Administração Pública em geral. 
De início, cabe notar que não basta um simples estalar de dedos para ino, 
cular na sociedade algum elixir milagroso de moralidade. A matéria é realmen, 
te complexa e precisa buscar amparo nos subsídios oferecidos pela Sociologia e 
Antropologia, e isso porque só se pode depurar a imoralidade na Administração 
se a depuração atingir a própria sociedade. Impossível ter,se uma sociedade 
ímproba e ao mesmo tempo uma Administração com elevado padrão ético. 
SOciedade e Administração andam juntas e se completam. 
No campo da Sociologia, é sempre atual o conceito do brasileiro como 
"homem cordial", perfil herdado dos tempos coloniais e do sentimento dos co' 
i Ol Nosso Manual cit., p. 33. 
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Jcss!5 Tor,.es Pereira jllllio,~ ManDe! Messias Pcixil'lllO, Emerson Affonso da Costa Moum, 
lonizadore~ portugueses, em que quase sempre se gradua o patrimonialismo no 
topo da pirâmide de anseios sociais, ainda que à custa de atropelamentos mo .. 
rais executados sobre terceiros, amigos ou não. 
Com profunda capacidade de análise, Sérgio Buarque de Holanda des .. 
tacou exatamente essa falta de espírito cívico por parte de administradores 
públicos. Disse o grande sociológico: uNo Brasil, pode dizer .. se que só excep .. 
cionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários 
puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao 
contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio 
constante das vontades particulares que encontram seu ambiente próprio em 
círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal." 402 
Diante desse perfil sociológico e antropológico, que contamina expressiva 
parte da sociedade, não se poderia mesmo esperar soluções fantasiosas quanto ao 
. paradigma da moralidade na Administração. Portanto, quando sugerimos que a 
moralidade se inclua entre os paradigmas a serem adotados no período pós .. moder .. 
no, dentro da área administrativa, levamos em conta principalmente o caráter de 
representatividade dos interesses públicos, que fica enfraquecido ante os costumei .. 
ros escândalos que assolam, diuturnamente, os mais diversos campos dogoverno. 
Em interessante pesquisa que mostra que os brasileiros amam o Estado, mas 
não confiam nos políticos, Bruno Garschagen conclui que o Estado não é identifi .. 
cada com o governo, mas, ao contrário, é uma organização virtuosa só existente em 
sonhos. E acrescenta: uNão confiamos nos políticos porque prometem o que não 
podem cumprir, não cumprem adequadamente aquilo que poderia ser feito e ainda 
usam o governo para seus projetos pessoais, financeiros, ideológicos ou do partido a 
que pertencem, não importa que para isso tenham de violar o código ético e moral 
da sociedade e passear por várias páginas do código penal". 403 
Essa é a mais pura verdade. A fragilidade dos padrões éticos da sociedade 
redunda, como não poderia deixar de ser, numa gigantesca descrença dos cidadãos 
em relação a seus governantes, fato que, sem qualquer dúvida, afeta o regime de .. 
mocrático e a necessária participação da comunidade no processo governamental. 
No ângulo teórico, a exigência de moralidade é clara e decorre da própria 
Constituição e de um sem .. número de leis e normas. A configuração como prin .. 
cípio encontra sempre explicações entre os estudiosos. Em sua clássica obra, 
H~ly_Lopes .. Meirelles_a~egável é que a moralidade a~\;;a --- , .. 
402 SÉRGIo'BUARQUE DE HOLANDA, Raízes do Brasil, Cia. das Letras, 2611 ed., 2012, p. 146. 
403 BRUNO GARSCHAGEN, Pare de acreditar no governo, Record. 2015, p. 260. 
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Mlltnçaes rio Direito J1rJ1I1illíslralívo 
intcgra o Direito como. elemento indissociável na sua aplicação e na sua finalí ... 
dadc, crigindo ... se em fator de legalidade". 404 _. 
Do n~enosprezo administrativo à moralidade é que surge o desvio de po ... 
der, como l11strumento ilícito e imoral de que se servem alguns administradores 
para locupletamento de bens e valores estatais. É ilícita a atuação do adminis ... 
trador ao violar a moralidade jurídica, aquela alcançada pela ofensa aos princí ... 
pios em geral405 e principalmente pelo desprezo à ética, como valor necessário à 
administração pública dotada de higidez. 
Consideramos, pois, que o paradigma da moralidade retrata fator indispen ... 
sável ao desenvolvimento econômico, social e político das instituições. E não 
adianta apenas fazer a pregação; é imperioso agir dentro da ética e mediante 
valores morais aceitáveis, que conduzam efetivamente aos interesses coletivos. 
Sobre esse aspecto, já anotamos: uÉ fácil observar, desse modo', que não faI ... 
tam instrumentos de combate a condutas e atos ofensivos ao princípio da mora li ... 
dade administrativa. Cumpre, isso sim, aos órgãos competentes e aos cidadãos em 
geral diligenciar para que se invalidem esses atos e se apliquem aos responsáveis 
severas punições, isso, é óbvio, enquanto o futuro não demonstrar que os admi ... 
nistradores públicos e as pessoas em geral estejam realmente mais apegados aos 
valores morais que devem inspirar uma sociedade justa e equânime". 406 
Já que paradigmas espelham orientações gerais à Administr~ção, como 
pregou o saudoso Prof. Diogo de Figueiredo Moreira Neto, não pode a mora ... 
lidade deixar de figurar entre eles. Pelo menos, o que se vê no dia a dia bem 
demonstra essa pertinência. 
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Referências: 
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,I , 
404 HELY LOPES MEIRELLES, Direito administrativo brasileiro, Malhe!ros, 3911 ed., 2013, p. 94. 
405 EDMIR NETTO DE ARAÚJO, Curso de direito administrativo, Saraiva, 511• ed., 2010, p., 79. 
406 Nosso Manual cit., p. 24. 
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