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RESUMO DIREITO CIVIL IV

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CASAMENTO
Casamento civil: Art. 1512 do CC
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuito a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
 . No império só havia casamento religioso católico 
. Na constituição de 1891 reconhece o casamento civil 
. CF/34 atribui efeitos civis ao casamento religioso 
. Casamento é a união entre homem e a mulher, de acordo com a lei a fim de se reproduzirem, de se ajudarem mutuamente e de criarem os seus filhos
. Conceito para o Código Civil Brasileiro: instituto civil pelo meio do qual, atendida às solenidades legais (habitação, celebração e registro), estabelece entre duas pessoas a comunhão plena de vida em família, com base na igualdade de direitos e deveres vinculado os cônjuges mutuamente como consortes e companheiros entre si, responsáveis pelos encargos da família. 
Art. 1.511. “O casamento estabelece comunhão de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges “.
Natureza Jurídica
. Contrato: não é, pois se fosse bastaria a vontade das partes e aceitaria o distrato
. Instituição Social: no sentido que reflete uma situação jurídica cujos parâmetros se acham preestabelecidos pelo legislador 
. Contrato especial de direito de família: casamento é um ato complexo preciso de anuência livre e desimpedida dos nubentes, mas que se completa pela celebração que é ato privativo de representante de Estado 
Características 
. É um ato eminentemente solene 
. As normas que regulam são de ordem pública 
. Estabelece a comunhão plena de vida, como base na igualdade de direitos e deveres dos conjugues
. Representa união permanente 
. Não aceita termo ou condição 
. Permite a liberdade de escolha do nubente 
Capacidade de habilitação para o casamento 
. Capacidade para a realização do ato (idade núbil, 16 anos)
. Inexistência de impedimentos e de causas suspensivas matrimoniais (Art. 1521 e 1522 do CC)
. Dar publicidade. Por meio de editais, na intenção do casal (Art. 1523 e 1524 do CC)
Procedimentos para a Habilitação do Casamentos 
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - Certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.
UNIÃO ESTÁVEL 
. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre homem e a mulher, configurada na convivência publica, continua e duradoura e estabelecida como objetivo de constituição da família 
. Expressão pejorativa: concubinato.
. Reconhecimento como empregada doméstica.
. Direitos previdenciários.
. Súmula 380 do STF (Direito à meação dos bens adquiridos pelo esforço comum, desde que comprovada a união estável).
. Passou a se usar a expressão companheira/companheiro.
. CF/1988 – Art. 226, §3º: passou a adotar a expressão união estável.
. Lei nº 8971/94 – requisitos: homem, mulher, 5 anos de convivência ou filhos em comum. 
. Estabelecia: Alimentos e sucessão.
. Lei nº 9278/96 – requisitos: homem, mulher. Não exigia período. Regulamentava o art. 226, §3º da CF/88.
. CC/02 – Regulamenta a união estável (art. 1723)
. STF: ADI 4277 e ADPF 132 -reconhece a união estável entre pessoas no mesmo sexo.
Fundamentação 
. CF/88 – Art. 226 §3º 
A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento
. CC/02 Art. 1723 a 1727
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. ​
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. ​
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato
Concubinato
. Trata-se da convivência estabelecida entre uma pessoa ou pessoas que são impedidas de casar e que não podem ter entre si uma união estável, como é o caso da pessoa casada não separada de fato, extrajudicialmente ou judicialmente, que convive com outra. Imagine-se o caso do sujeito casado que tem uma amante
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato
. O concubinato por se caracterizar como instituto constituído de relações contrárias às regras que norteiam o casamento e a união estável, é tido como situação jurídica que impede o reconhecimento da existência de direitos entre seus integrantes.
. No Recurso Extraordinário n. º 669465/ES onde se discute a possibilidade de reconhecimento do direito à pensão por morte da concubina, fazendo com que a decisão tomada nele tenha natureza cogente para todos os demais Tribunais e nesse caso será de aplicação obrigatória. Motivo pelo qual a definição da possibilidade de concessão de pensão por morte para os concubinos somente ocorrerá com o julgamento do referido Recurso.
REGIME DE BENS
. É um efeito patrimonial do casamento, é um conjunto de regras que disciplina as relações econômicas dos cônjuges, entre si, quer no tocante a terceiros, durante o casamento
. Começa a vigorar a partir da data da celebração do casamento (Art. 1639 §1º do CC)
. Os nubentes podem escolher qualquer um dos regimes e combinar entre eles, criando um regime misto 
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
 Exceção: Regime de Separação Obrigatória de Bens: art. 1641 do CC
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - Das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – Da pessoa maior de 70 (setenta) anos; 
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial
· Regime de comunhão parcial dos bens: se não houver convenção ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará o regime parcial de comunhão de bens (Art. 1640 CC) 
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.
. É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitosde terceiros.
. No regime de comunhão parcial de bens comunicam-se os bens adquiridos de forma onerosa pelo casal, na constância do casamento
Excluem-se da comunhão:
- Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
- Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
- As obrigações anteriores ao casamento;
- As obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
- Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
- Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
- As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Entram na comunhão:
 
- Os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
- Os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
- Os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
- As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
- Os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
· Pacto Antenupcial: deve ser feito por escritura pública sob pena de nulidade. Registrada no cartório de registro de imóveis
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
 
Atos que pode um conjugue praticar sem autorização do outro: Art. 1642 do CC
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
I - Praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;
II - Administrar os bens próprios;
III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial;
IV - Demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
V - Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge à concubina, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;
VI - Praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.
Atos que não pode um cônjuge sem autorização do outro: Art. 1647 do CC
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - Alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
Despesas necessárias às despesas do lar: Art. 1643 e 1644 do CC 
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:
I - Comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;
II - Obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.
Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges.
Impossibilidade de um dos cônjuges exercer a administração dos bens: Art. 1651 do CC
Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens que lhe incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro:
I - Gerir os bens comuns e os do consorte;
II - Alienar os bens móveis comuns;
III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorização judicial.
· Regime de comunhão universal: Art. 1667 a 1671 do CC
. No regime de comunhão universal comunicam-se os bens que cada cônjuge tinha ao tempo do casamento, bem como os bens adquiridos de forma onerosa pelo casal, na constância do casamento.
São excluídos da comunhão:
 - Os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
- Os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
- As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
- As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
- Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
- Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
- As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
 
· Regime de separação convencional de bens 
. O regime de separação de bens mantém isolados os patrimônios dos cônjuges acumulados antes e durante o casamento, conforme entendimento unânime da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para os ministros, os bens acumulados durante o matrimônio também não se comunicam.
· Participação final nos aquestos: Art. 1672
Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
RELAÇÃO DE PARENTESCO 
. Parentesco é a relação que vincula entre si pessoas que descendem umas das outras, ou de autor comum (consanguinidade), que aproxima cada um dos cônjuges dos parentes do outro (afinidade), ou que se estabelece por ficto iuris, entre adotado e adotante.
. Parentesco é uma relação jurídica originada da filiação, da adoção, do casamento ou da união estável, e que se estabelece entre uma pessoa natural e as demais, que integram o grupo familiar nos limites legais.
. Relações de Parentesco (disposições gerais):
 - As pessoas se unem em uma família em razão:
1 Casamento ou união estável;
2 Parentesco por consanguinidade ou outra origem;
3 Afinidade.
Parentesco por afinidade: afinidade é o vínculo que se estabelece entre um dos cônjuges ou companheiro e os parentes do outro (decorre exclusivamente do casamento e da união estável).
Parentesco Natural – resultante da consanguinidade. 
Parentesco Civil - resultante de adoção ou de outra origem (inseminação artificial, paternidade socioafetiva).
Vinculo de Parentesco: Linha e Graus 
Estabelece-se por linhas, reta e colateral; e a contagem faz-se por graus.
Grau: é a distância, em gerações, que vai de um a outro parente.
 Parentesco em linha reta: art. 1591 do CC
 1. linha reta ascendente (linha materna; linha paterna)
2. linha reta descendente 
. Efeitos:
 O dever de assistir, criar e educar os filhos menores; dever dos filhos maiores o encargo de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Descendentes e ascendentes, sucessores legítimos e herdeiros necessários – art. 1845 do CC. 
Parentesco na linha colateral: Art. 1592 do CC
. Impedimento para o casamento até o terceiro grau;
. Obrigação de pagar alimentos aos parentes necessitados extensiva aos irmãos, que são colaterais de segundo grau (art. 1697);
. Sucessão somente até o quarto grau (art. 1839).
FILIAÇÃO 
. É a relação de parentesco consanguíneo, em primeiro grau e em linha reta,que liga uma pessoa àquelas que a geraram, ou a receberam como se tivessem gerado.
. Art. 226, §6º da CF/88 - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Presunção de Paternidade 
1. Paternidade Jurídica presumida: presunção do filho de mulher casa, Art. 1597 I a V convivência conjugal, Art. 1598 e causa suspensiva Art. 1523, II
2. Paternidade biológica (cientifica ou genérica): conquistas médicas 
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - Nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - Nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - Havidos por inseminação artificial hieróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art. 1597. 
STJ Resp. 1.194.059-SP: “Assim, admitida pelo ordenamento jurídico pátrio (art. 1723 do CC), inclusive pela CF (art. 226, §3º), a união estável e reconhecendo-se nela a existência de entidade familiar, aplicam-se lhe as disposições contidas no art. 1597, II do CC”.
Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade.
Ação Negatória de Paternidade e Maternidade 
Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade.
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação.
Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.
Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil.
Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.
Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito:
I - Quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente;
II - Quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.
Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo.
Reconhecimento dos Filhos
Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente.
Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do nascimento do filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a falsidade do termo, ou das declarações nele contidas.
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:
I - No registro do nascimento;
II - Por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
IV - Por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.
Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento.
Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o consentimento do outro.
Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o reconheceram e não houver acordo, sob a de quem melhor atender aos interesses do menor.
Art. 1.613. São ineficazes a condição e o termo apostos ao ato de reconhecimento do filho.
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de investigação de paternidade, ou maternidade.
Art. 1.616. A sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento; mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade.
Art. 1.617. A filiação materna ou paterna pode resultar de casamento declarado nulo, ainda mesmo sem as condições do putativo.
Paternidade Socioafetiva 
. O parentesco socioafetivo tem os mesmos efeitos do vínculo consanguíneo e da adoção, durante a vida – direito de guarda, direito de ter a companhia do filho ou vulgarmente chamado direito de visitas, dever de educação e dever de sustento ou obrigação alimentar – e sucessórios – direitos hereditários, incluindo o direito à legítima.
. A paternidade socioafetiva é o vínculo que se estabelece em virtude do reconhecimento social e afetivo de uma relação entre um homem e uma criança como se fossem pai e filho.
. Nessa espécie de paternidade não há vínculo de sangue ou de adoção.
. A paternidade socioafetiva é comum naqueles casos em que um homem registra como seu filho, de outra pessoa por estar ligado, por vínculos de afeto, à genitora da criança.
Requisitos: 
. É necessário que não exista qualquer vício de consentimento no registro do filho alheio como próprio, isto é, o pai socioafetivo não pode ter sido enganado, devendo ter a plena consciência de que está registrando filho que não é seu. Enunciado n. 339 da IV Jornada de Direito Civil: “A paternidade socioafetiva, calcada na vontade livre, não pode ser rompida em detrimento do melhor interesse do filho”.
. O pai socioafetivo, para ser havido como tal, deve tratar aquela criança como se de filho seu se tratasse, sendo tido pela sociedade como seu verdadeiro pai. 
Enunciado n. 519 da V Jornada de Direito Civil: “O reconhecimento judicial do vínculo de parentesco em virtude de socioafetividade deve ocorrer a partir da relação entre pai (s) e filho (s), com base na posse do estado de filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais”.
Multiparentalidade: que não cabe o duplo registro de paternidade no ordenamento jurídico brasileiro, também chamado de multiparentalidade. A atribuição dos mesmos direitos e deveres a dois pais, o socioafetivo e o biológico, não é recepcionada pelo sistema jurídico, posição corroborada por nossa jurisprudência majoritária.
 
PODER FAMILIAR 
. O poder familiar está relacionado ao dever dos pais de sustento, guarda e educação dos filhos menores. Ou seja, é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais em relação à pessoa e aos bens dos filhos menores de 18 anos.
. O poder familiar é dever conjunto dos pais, e a Constituição federal estabelece, em seu artigo 226, que "os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher".
. Da mesma forma, o ECA determina que o poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe. A perda ou suspensão do poder familiar podem ser decretadas judicialmente, nos casso previstosem lei e na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações dos pais. 
. A falta ou carência de recursos materiais, no entanto, não representa motivo suficiente para a suspensão ou perda do poder familiar. A condenação criminal do pai ou da mãe também não é motivo para perda do poder familiar, exceto na hipótese de condenações destes por crimes dolosos contra o próprio filho. 
. A extinção do poder familiar também ocorre pela morte dos pais ou do filho. Ocorre, ainda, pela emancipação, maioridade do filho ou adoção. Embora a adoção dependa do consentimento dos pais ou do representante legal da criança, esse consentimento é dispensado quando houve destituição do poder familiar.
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
I - Dirigir-lhes a criação e a educação; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
II - Exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
IV - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
V - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
VI – Nomeia tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)
IX - Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)
. A separação/divórcio (de fato ou jurídica) não implica perda ou destituição do poder familiar. Ainda que divorciados, os pais preservarão o poder familiar, mas apenas um deles exercerá a guarda. Outrossim, quando os pais forem suspensos/destituídos do poder familiar, nas hipóteses previstas no art. 1.635 do Código Civil, e o menor for abrigado, ou por qualquer razão, for inserido em família substituta19 (art. 28 do ECA), o guardião não terá o poder familiar, mas tão-somente a guarda. Logo, é possível concluir que o poder familiar pode ser preservado por um dos pais, sem que isso implique no exercício da guarda; e de modo inverso, a guarda poderá ser exercida sem que tenha se originado do poder familiar. 
Guarda (Art. 1538 a 1590 CC)
. A guarda é uma das medidas jurídicas que legaliza a permanência de crianças ou adolescentes em lares substitutos, conferindo ao menor a condição de dependente, inclusive para fins previdenciários.
. De acordo com o ECA, a guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. 
. A guarda, prevista no art. 1.583 do Código Civil, admite duas modalidades: guarda unilateral ou compartilhada. A guarda, assim como o poder familiar, não foi definida pela legislação em vigor. No entanto, o artigo 33 do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que a guarda “obriga à prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo ao seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais”. A guarda é um instituto jurídico cujo exercício por um dos pais não implica perda ou suspensão do poder familiar do outro que não a exerce, no caso da guarda unilateral.
. O poder familiar não pode ser confundido com a guarda já que nem sempre quem detém o poder familiar possui a guarda da criança. Em caso de divórcio, por exemplo, a guarda pode ser concedida de forma unilateral para um dos pais, enquanto ambos continuam a ser detentores poder familiar. Em caso de guarda compartilhada, ambos os pais detêm a guarda e o poder familiar.
Em alguns casos, a guarda pode ser solicitada com objetivo de proteger uma criança ou adolescente que se encontra em situação de risco pessoal ou social
. A guarda pode ser provisória ou definitiva, e pode ser revogada a qualquer tempo, podendo também ser concedida a abrigos, famílias guardiãs e famílias adotivas em estágio de convivência.
. A medida permite a continuidade dos vínculos familiares, não altera a filiação e nem o registro civil. O guardião torna-se o responsável legal da criança, o que abrange a assistência material, afetiva e educacional até que ela complete 18 anos.
Família extensa 
. Conforme o ECA, entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. 
Tutela (Art. 1728 a 1766 CC)
. A tutela tem por objetivo proteger o menor cujos pais faleceram, são considerados judicialmente ausentes ou foram destituídos do poder familiar. 
As varas de Infância são competentes para a nomeação de um tutor para proteger e administrar os bens das pessoas menores de 18 anos que se encontrem em situação de risco. O deferimento da tutela pressupõe prévia decretação de perda ou suspensão do poder familiar, o que implica necessariamente no dever de guarda. 
AÇÃO DE ALIMENTOS 
. A Lei 5. 478/68, que regula a ação de alimentos, está especificamente associada à relação de parentesco, matrimônio ou união estável. 
. Segundo Yussef Said Cahali, “os alimentos necessários para o sustento, vestuário e habitação são alimentos naturais, ao passo que os alimentos destinados às despesas de educação, instrução e lazer são denominados alimentos civis”.
. A obrigação de prestar alimentos, tendo como fonte e lei, isto é, posta no Direito de Família, consta do art. 1.694 e seguintes do Código Civil de 2002
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
. Alimentos Provisórios e definitivos
. Em princípio os alimentos são devidos resultante do cumprimento de decisão judicial (sentença), no caso, são alimentos definitivos, ou alimentos provisórios, quando se tratar de fixação em sede de decisão interlocutória, conforme o disposto no art. 528 do Código de Processo Civil de 2015.
Art. 1695 CC/2002
São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
 
Art. 1696 CC/2002
O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1697 CC/2002
Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
 
Art. 1698 CC/2002
Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
Art. 1699 CC/2002
Se, fixados os alimentos, sobrevier mudançana situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
Arts. 1700 a 1710 CC
Alimentos gravídicos: Lei nº 11.804 de 05/11/08
. Instituiu o direito de alimentos da mulher gestante, incluindo despesas de parto, alimentação, assistência médica, exames e tudo o mais que o juiz entender pertinente e necessário par ao bom andamento da gestação.
. No sentido amplo do termo, ‘alimentos’ compreende além dos alimentos ‘in natura’, o vestuário, a educação, a habitação, a saúde, etc., ou seja, engloba tudo aquilo tido como necessário à vida. 
Investigação e Negatória de Paternidade 
Nosso ordenamento jurídico admite a ocorrência da filiação por dois modos: pela presunção pater is est (presunção legal de paternidade), que decorre do casamento, e pelo reconhecimento, que é feito nos casos de filhos havidos fora do casamento. Nesta hipótese, há duas formas de reconhecimento:
a) voluntário (ou perfilhação): ocorre quando a pessoa espontaneamente assume a paternidade. Este tipo de reconhecimento pode ser feito das seguintes maneiras: 1. Registro de nascimento; 2. Escritura pública ou escrito particular; 3. Testamento, ainda que manifestado incidentalmente; 4. Manifestação direta perante o juiz (art. 1609 do CC). Existe ainda o reconhecimento voluntário, porém não espontâneo, previsto no art. 2º da Lei 8.560/92.
b) judicial (ou forçado): ocorre por meio de ação de investigação de paternidade, proposta pelo menor ou pelo Ministério Público.
. A ação negatória de paternidade (também conhecida como “ação de impugnação de paternidade” ou “ação de contestação de paternidade” ou "ação anulatória de paternidade"), prevista no art. 1.601 do Código Civil, é admitida nos casos de filiação decorrente da presunção legal de paternidade, ou seja, é a maneira de afastar essa presunção imposta pela lei.
Embora o Código Civil presuma a paternidade dos filhos havidos na constância do casamento, o STJ já se pronunciou no sentido de ser possível que essa presunção se estenda aos filhos nascidos durante a constância da união estável.
BEM DE FAMÍLIA
. Trata-se do Instituto de Direito Civil responsável pela manutenção do imóvel de família, junto com os bens essenciais que dentro (ou fora) existam, a fim de garantir uma moradia digna a todas as famílias brasileiras que possuam dívidas não pagas.
. A Lei n. 8.009/90, de 29 de março de 1990, criou entre nós, a modalidade legal do bem de família legal, também conhecido como compulsório ou involuntário. Visa ampliar o conceito do instituto, que não mais depende da inscrição voluntária para existir, pois a própria lei impõe o benefício independente de vontade. Com o intuito de preservar o patrimônio familiar, estabelece a impenhorabilidade não só do único imóvel rural ou urbano da família, destinado para moradia permanente, como também dos equipamentos de uso profissional e móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. É o que reza o art. 1º da lei, e seu parágrafo único, ao proclamar que o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei, e compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos de uso profissional e móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.
. Art. 1711 a 1722 
USUCAPIÃO FAMILIAR
. A usucapião familiar é uma espécie de aquisição da propriedade que foi criada no Brasil pela Lei n° 12.424/2011, ao incluir o artigo 1.240-A no Código Civil, prevendo que aquele que exercer por dois anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano próprio de até duzentos e cinquenta metros quadrados, cuja propriedade dividia com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, terá adquirido o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
ALIENAÇÃO PARENTAL
. Na lei nº 12.318/2010, que dispõe sobre a alienação parental, ela é descrita como sendo a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com ele.

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