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Direito de Família

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Direito de Família
PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO DE FAMÍLIA
	No D. de Família a legislação não consegue acompanhar as alterações sociais adequadamente, de forma que os princípios se mostram de extrema importância para solucionar os casos concretos que, ocasionalmente, pela falta de textos legais, são omissos. Por este motivo, diz-se que o conceito de família está em constante mudança. 
1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
	Este princípio é considerado um macroprincípio (o princípio dos princípios).
	Toda e qualquer interpretação jurídica parte do seu alinhamento com os preceitos da dignidade humana, sendo este um marco do raciocínio jurídico. 
	Pablo Stolze: “Princípio solar em nosso ordenamento, a sua definição é missão das mais árduas, muito embora arrisquemo-nos a dizer que a noção jurídica da dignidade traduz um valor fundamental de respeito à existência humana, segundo as suas possibilidades e expectativas, patrimoniais e afetivas, indispensáveis à sua realização pessoal e à busca da felicidade.”
	Tal princípio tem valor fundamental e tem como essência a realização pessoal e a busca da felicidade. Tal essência está ligada com a fruição de um âmbito existencial próprio de cada ser humano.
	2. Princípio da Solidariedade 
	Art. 3º/CF. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Flávio Tartuce: “A solidariedade social é reconhecida como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, no sentido de buscar a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Por razões óbvias, esse princípio acaba repercutindo nas relações familiares, já que a solidariedade deve existir nesses relacionamentos pessoais. Isso justifica, entre outros, o pagamento dos alimentos no caso de sua necessidade, nos termos do art. 1694 do atual CC.” 
Sempre que se fala em falta de alimentos deve-se verificar: necessidade de quem solicita e possibilidade de quem paga. 
3. Princípio da Liberdade
A liberdade é um reflexo da autonomia privada. 
Rodrigo da Cunha Pereira: “A intervenção do Estado deve, apenas e tão somente, ter o condão de tutelar a família e dar-lhe garantias, inclusive de ampla manifestação de vontade e de que seus membros vivam em condições propícias à manutenção do núcleo afetivo. O limite para a intervenção estatal, neste sentido, é a garantia da autonomia privada dos membros da família. Violada a autonomia familiar, estará configurado o excesso do Estado em sua intervenção.”
Art. 153/CC. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
As políticas públicas direcionadas para a família possuem o viés voltado para a proteção da própria família, não podendo se confundir com uma interferência no núcleo da família. Ex: incentivo ao controle de natalidade.
A única exceção a inviolabilidade da família é a violência doméstica – ação pública incondicionada.
4. Princípio da Igualdade
Paulo Lôbo: “Nenhum princípio da CF provocou tão profunda transformação no D. de Família quanto o da igualdade entre homem e mulher, entre filhos e entre entidades familiares.”
 	A igualdade ocorre entre os filhos (naturais, de dentro ou fora do casamento, ou adotados), entre o homem e a mulher, entre as entidades familiares e na chefia familiar. 
5. Princípio da Igualdade entre Filhos
Acaba com a distinção entre filhos de dentro e fora do casamento, colocando-os em pé de igualdade e detentores dos mesmos direitos. Irrelevância da origem da filiação, bem como ausência de hierarquia entre filhos. 
6. Princípio da Igualdade entre Cônjuges e Companheiros
Igualdade entre casamento e união estável.
7. Princípio da Igualdade na Chefia Familiar
Poder familiar em detrimento do pátrio poder. Segundo Tartuce, despatriarcalização do D. de Família. 
8. Princípio da Plena Proteção das Crianças e Adolescentes
Art. 227/CF. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Significa que a criança, jovem ou adolescente devem ter seus interesses tratados com prioridade, pelo Estado, família e sociedade, tanto na elaboração quanto na aplicação dos direitos que lhe digam respeito, notadamente nas relações familiares como pessoa em desenvolvimento e dotada de dignidade. 
Plena proteção – Absoluta prioridade ao jovem, criança e adolescente por parte da família, sociedade e Estado. 
Art. 1584/CC. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: § 1o  Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. § 2o  Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. § 5o  Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.      
	9. Princípio da Afetividade
	O que merece ser ressaltado, enfim, é o afeto sincero destes homens pelos filhos de suas mulheres, independentemente de estarem eles ligados por qualquer liame de parentesco (biológico) ou de saberem que, ali, a descendência se identifica apenas pela linha feminina. 
	O D. de Família está muito mais vinculado a afetividade que a estrita legalidade. Filiação por afetividade. 
	10. Princípio da Função Social da Família
Art. 226/CF. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
Assim, as relações familiares devem ser analisadas dentro do contexto social e diante das diferenças regionais de cada localidade. Sem dúvida, a socialidade também deve ser aplicada aos institutos do Direito de Família, assim como ocorre com outros ramos do Direito Civil.
A título de exemplo, a socialidade pode servir para fundamentar o parentesco civil decorrente da paternidade socioafetiva. Pode servir também para afastar a discussão desnecessária da culpa em alguns processos de separação. Pode servir, ainda, para a admissão de outros motivos para a separação-sanção em algumas situações práticas (v.g., infidelidade pela internet). Isso tudo porque a sociedade muda, a família se altera e o Direito deve acompanhar essas transformações.
A jurisprudência, por diversas vezes, reconhece a necessidade de interpretação dos institutos privados de acordo com contexto social. 
Em suma, não reconhecer função social à família e à interpretação do ramo jurídico que a estuda é como não reconhecer função social à própria sociedade!
	
	“FICAR”, NAMORO E UNIÃO ESTÁVEL	
“Ficar” - um relacionamento fugaz (“ficar”) pode interessar ao D. de Família quando existir evidência de contato sexual, gerando a hipótese de investigação da paternidade. A recusa de realizar DNA gera a inversão do ônus da prova e a presunção da paternidade. 
Namoro – via de regra, no namoro há relação sexual e afeto. Entretanto, não forma entidade familiar, pois não há animus familiae (interesse em constituir família). Em outras palavras, não há o compartilhamento de vida.
O elemento tempo de relacionamento é irrelevante para a formação de uma entidade familiar. Existem namoros que brevemente se transformam em união estável e existem namoros longos que nunca se converterão em entidade familiar. 
Convívio sob o mesmo teto – não gera automaticamente e necessariamente uma entidade familiar pois os envolvidos podem possuir mero interesse econômico, não havendo, portanto, animusfamiliae; entretanto, é um forte indicador para a constituição de uma união estável.
Namoro qualificado – relação pública, contínua, duradoura e afetiva com interesse futuro de constituir família. Não forma união estável pois o interesse não pode ser futuro, ou seja, não forma entidade familiar. Para formar entidade familiar deve restar de fato caracterizada a comunhão de vida. 
Contrato de namoro – há o interesse em afastar os efeitos da união estável. Entretanto, tal contrato não possui validade, pois a tutela das entidades familiares envolve matéria de ordem pública de direitos indisponíveis. Tal contrato não afasta a existência da união estável, podendo, entretanto, ter validade apenas se seu objeto tratar exclusivamente dos efeitos patrimoniais da relação, por meio da indicação do regime de bens a ser adotado por estes. 
Rompimento de relação amorosa – não gera reparação civil. Só haverá reparação civil se houver ato ilícito. Ex. noivo deixado na porta da igreja: a) dano material – gastos e investimento efetuados; b) dano moral – situação constrangedora perante convidados. 
ASPECTOS JURÍDICOS DO CASAMENTO
Historicamente é a entidade familiar mais antiga de todas.
Casamento: trata-se da união de duas pessoas, independentemente do gênero, formal, solene e afetiva com interesse de constituir família.
Flávio Tartuce: “o casamento pode ser conceituado como a união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família e baseado em um vínculo de afeto”.
Resolução 175, CNJ/2013 – Da eficácia ao casamento homoafetivo. 
Art. 1.511/CC. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
O interesse de constituir família não se confunde com o interesse de ter filhos, mas existe uma comunhão plena de vida, uma vez que há uma perda da pessoalidade, do “eu”, para dar espaço ao “nós”. 
NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO
Teoria mista ou eclética pontuando que o casamento é um contrato na formação com regras especiais e também uma instituição quanto o conteúdo. Casamento tem natureza híbrida/eclética, pois o casamento possui regras contratuais na sua formação, mas o seu objeto é composto pela formação de uma instituição matrimonial.
Monogamia – art. 1.521, VI do CC.
O casamento é monogâmico, podendo envolver somente duas pessoas. 
Liberdade de escolha – art. 1.513 do CC.
Observando eventuais restrições legais, possibilidade de se casar com qualquer pessoa a qualquer momento e também há a liberdade de sair do casamento a qualquer momento.
Comunhão plena de vida – art. 1.511 do CC.
O interesse de constituir família se dá pela comunhão plena de vida.
Solenidade e acessibilidade – art. 1.512 do CC.
O casamento é solene em razão da sua raiz histórica que lhe aproxima das regras do direito canônico criando diversas burocracias que devem ser observadas para a sua celebração.
O casamento envolve um ato extrajudicial a ser realizado por oficial de registro/oficial de cartório com a devida acessibilidade a todos, sendo gratuitos os atos para aquelas pessoas tidas como pobre na acepção legal/jurídica. 
Tem-se como pobre na acepção jurídica aquele que não pode custear atos solenes/atos formais sem prejudicar o seu próprio sustento.
Inviolabilidade da comunhão familiar – art. 1.513 do CC.
É defeso de qualquer pessoa de direito público ou privado intervir na entidade familiar.
CAPACIDADE MATRIMONIAL
Capacidade matrimonial não se confunde com capacidade civil.
Capacidade civil envolve os maiores de 18 anos e os emancipados. Capacidade para praticar todos os atos da vida civil.
Capacidade matrimonial é capacidade para contrair matrimônio. São aqueles que tem idade núbil, maiores de 16 anos. 
Art. 1.517/CC. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, (a autorização dos pais ou representantes legais daquele que não possui capacidade civil se dará de forma expressa, por instrumento público ou particular, ou tácita) enquanto não atingida a maioridade civil (deveria ser capacidade civil, pois a partir dos 16 anos é possível realizar a emancipação, o que daria ao indivíduo a capacidade civil mas não a maioridade).
Autorização tácita – ex. prático: pai e mãe estarem presentes no casamento.
Autorização de ambos os pais – Havendo divergência acerca da autorização ou sendo impossível colher a permissão de ambos, o interessado poderá propor uma ação de suprimento de outorga (o progenitor que se recusa a dar a autorização deverá mostrar em juízo os motivos para este posicionamento). A única hipótese que não vai exigir a autorização de ambos, salvo em caso de morte de um dos progenitores, é se um dos pais não tiver poder familiar sobre o filho. 
Casamento do Menor de 16 anos (Lei nº 13.811/2019).
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. 
Obs.: a possibilidade de casamento do menor de 16 anos, devido a nova alteração legislativa ocorrida em março de 2019 que impossibilitou tal em quaisquer circunstâncias, encontra-se nebulosa no momento, não havendo uma resposta concreta para tal questão, segundo o professor. 
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA 
Lei nº 13.146/2015 – Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (deficiência física e/ou mental).
Art. 6º. A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I – casar-se e constituir união estável;
 	Na prática, tal previsão pode trazer certas complicações. Ex. do deficiente com maior sensibilidade com família muito rica e pessoa com interesse financeira que se casa com ele em comunhão universal de bens. 
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS (art. 1.521/CC) – Nulidade absoluta
Art. 1521/CC. Não podem se casar: I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II – os afins em linha reta; III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi o adotante; IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;	V – o adotado com o filho do adotante;	VI – as pessoas casadas; VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Maria Helena Diniz: “Os impedimentos matrimoniais têm como objeto evitar que as uniões afetem a prole, a ordem moral ou pública e representam um agravo ao direito dos nubentes”. 
Tais impedimentos são aplicáveis ao casamento e a união estável e têm um rol taxativo e restritivo, não permitindo analogia ou interpretação extensiva. 
1. Impedimento do casamento entre ascendentes e descendentes
Impedimento do casamento entre ascendentes e descendentes até o infinito. 
Referido impedimento é bifonte, ou seja, contém cunho moral evitando o incesto, bem como não pode ser esquecida a razão biológica, salvaguardando problemas genéticos da prole (eugenia).
<- bisavô – avô – pai – você – filho – neto -> 
2. Impedimento dos irmãos (unilaterais ou bilaterais) e demais colaterais, até o terceiro grau
Há o impedimento matrimonial com os colaterais até 3º grau inclusive, pelas mesmas razões da existência de “parentesco biológico”. 
De uma forma muito objetiva, esse impedimento atinge os irmãos bilaterais – mesmo pai e mesma mãe – e unilaterais – mesmo pai ou mesma mãe -; e também tio e sobrinho; tia e sobrinha.
Relação de parentesco com pai: 1º grau - direta.
Relação de parentesco com irmão: 2º grau - colateral.
Relação de parentesco com sobrinho (filho do irmão): 3º grau – colateral.
Relação de parentesco com sobrinho neto: 4º grau - colateral.
Relação de parentesco com tio: 3º grau - colateral.
Relação de parentesco com primo: 4º grau - colateral.
Relação de parentesco com tio avô: 4º grau - colateral.
Passado de 4º grau não há vínculo jurídico. 
*Casamento entre tios e sobrinhos - Decreto 3.200/41: possibilidade de casamento apesar do impedimento legal (art. 1.521/CC) desde que não haja prejuízo à prole, segundo atestadomédico a ser aferido pelo Juiz. A possibilidade jurídica de casamento entre tios e sobrinho será possível mediante laudo pericial que demonstre ausência de risco à prole e a sanidade psíquica dos envolvidos.
*Casamento entre primos – não há impedimento algum, pois são parentes de 4º grau.
3. Impossibilidade de Casamento de Parentes por Afinidade
A razão do impedimento é simplesmente moral, devendo ser transcrito o seguinte dispositivo:
Art. 1.595/CC – Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo de afinidade. §1º. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. §2º. Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
Alcança a linha reta e irmãos.
4. Impedimentos decorrentes da adoção
Art. 1.521, inc. III, CC dispõe ser impedido o casamento do “adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante”. 
Todavia, Tartuce (2014) destaca que, “a adoção imita a família consanguínea, porém, o adotado pode se casar com a irmã do adotante, vez que equipara a “sua tia”; a justificativa se dá frente o impedimento não constar da lei. 
5. Impedimento de vínculo
Não podem se casar as pessoas casadas, mas se separadas de fato, poderão constituir união estável. “Posto que a monogamia não tenha condão absoluto, nem possa ser imposta coercitivamente pelo Estado, ainda é um valor juridicamente tutelado”. 
Em continuidade, “a lei trata como impedimento, mas na verdade há incapacidade matrimonial, pois, a pessoa casada não pode casar com ninguém, não se trata da restrição de casamento com algumas pessoas (impedimento)”.
6. Impedimento de crime
Não podem casar o cônjuge sobrevivente com o condenado (pessoa que tem contra ela uma sentença penal transitada em julgado) por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte, também denominado de impedimento decorrente de crime. 
E se acontecer uma condenação superveniente (há processo contra o suspeito e antes da condenação há o casamento)? Duas correntes: 
- a primeira corrente diz que o casamento teria validade. A sentença penal superveniente (posterior) não nulifica o casamento diante da presunção de inocência, havendo direito adquirido. 
- a segunda corrente entende que o casamento estará prejudicado tendo em vista a boa-fé.
CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO (art. 1.523/CC) 
Recomendação jurídica. Quando o casamento é possível, mas “não deveriam” se casar. Se houver o casamento, são criadas restrições: imposição do regime de separação de bens. As causas suspensivas não geram a nulidade do casamento, mas criam as referidas restrições patrimoniais, tendo estas eficácia enquanto perdurar a causa suspensiva. 
Art. 1.523/CC. Não devem casar: I – o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
A razão desse impedimento ou causa suspensiva é evitar a confusão de patrimônios. Casamento dessas pessoas antes do inventário da partilha poderia trazer dificuldades para identificação do patrimônio das distintas proles por dificuldade de sua identificação. Por outro lado, a proibição visa também evitar que o novo casamento do agente proporcione proteção patrimonial maior à nova prole. O que vem se preservar aqui é o direito dos filhos. 
Se não houver bens a inventariar/espólio: A existência de certidão de óbito que conste a inexistência de bens a inventariar não é suficiente para afastar esta causa suspensiva. Neste caso, deverá o interessado propor uma ação declaratória denominada como “inventário negativo”.
II – a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
O objetivo é evitar confusões patrimoniais do filho que nascer nesse espaço temporal. Todavia, tendo em vista os avanços da medicina, esta causa suspensiva tende a desaparecer, pois a identificação da paternidade pelo exame de DNA, atualmente se torna viável e acessível a todos. 
III – o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
Essa previsão foi incluída no CC/2002, uma vez que o divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens, o que abrange o divórcio extrajudicial (art.1.518). Anote-se que a lei exige apenas a homologação ou decisão de partilha e não a sua efetivação em si. 
IV – o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Trata-se de causa suspensiva destinada a afastar a coação moral que possa ser exercida por pessoa que tem ascendência e autoridade sobre o ânimo do incapaz. A finalidade da regra em apreço é a proteção do patrimônio do incapaz, evitando o locupletamento do representante ou de seus parentes a suas expensas. Cessa a causa suspensiva com a extinção da tutela ou da curatela e com a aprovação das contas pelo juízo competente (relação de confiança e vulnerabilidade).
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 
DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO
Casamento é formal e solene
Art. 1.525/CC. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos: I – certidão de nascimento ou documento equivalente; II – autorização por escrito das pessoais sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; III – declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhece-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; IV – declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; V – certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. 
Habilitação trata-se do procedimento adotado pelos interessados em se casar, que se inicia com a apresentação no cartório competente dos documentos necessários para dar início as formalidades de praxe. O requerimento de habilitação deverá ser feito por ambos, ou por meio de representante individual (representante pode ser qualquer pessoa que tenha capacidade civil, não necessitando ser advogado) para cada um por meio de procuração pública (procuração pública é aquela feita no cartório de notas). 
No caso das duas partes interessadas em se casar não puderem estar presentes, será necessário procuradores distintos para cada uma destas.
Art. 1.526/CC. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil com audiência do Ministério Público. Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. 
PUBLICAÇÃO DOS PROCLAMAS DO CASAMENTO
Os proclamas tratam-se do edital que apresenta publicamente a manifestação de interesse de duas pessoas se casarem.
Art. 1.527/CC. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação (imprecisão técnica neste parágrafo, deveria ser: a autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar o prazo para publicação. A publicação não poderá ser dispensada, apenas o prazo). 
Dispensa do edital de proclamas: Enunciado nº 513 da V jornadade direito civil: art. 1.527, parágrafo único. O juiz não pode dispensar a publicação, apenas o prazo. Exemplo: em caso de convocação para a guerra, para tomar posse em cargo público, etc.
DEVERES DO OFICIAL DE REGISTRO
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento (causas impeditivas), bem como sobre os diversos regimes de bens. 
Se o oficial de cartório não cumprir seus deveres, não haverá consequências para o casamento, pois existem medidas judicial para a correção. Já para o oficial de cartório irá responder administrativamente pelo descumprimento dos seus deveres legais.
OPOSIÇÃO DE IMPEDIMENTO/SUSPENSÃO
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada (é vedado o anonimato), instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
A oposição de impedimento ou suspensão somente será admitida por meio de manifestação escrita, assinada e com indicação das provas dos fatos alegados. Com isso, poderão os interessados exercer a ampla defesa e contraditório, inclusive por meio de medidas combativas ao oponente da má-fé. 
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer contrário aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. 
EFICÁCIA DA HABILITAÇÃO
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado. 
Decorrido o prazo de publicação dos proclamas sem nenhuma manifestação contrária, será extraída certidão de habilitação com objetivo de demonstrar a devida aptidão dos interessados. Tal certidão possui o prazo de 90 dias contados de sua extração de livro próprio. Caso o prazo seja ultrapassado os interessados deverão realizar todos os atos de habilitação novamente. 
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
Deverá ocorrer no dia, hora e lugar previamente designado pela autoridade que deverá presidir o ato (juiz de paz), mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão de habilitação (art. 1.533/CC).
Logo, a competência para a definição do dia, hora e local da celebração do casamento é do juiz de paz. Juiz de Paz: figura criada pela CF/88 em seu art. 98, inc. II, que se trata da autoridade competente para celebrar o casamento, exercendo função remunerada por meio de mandato com duração de 4 anos decorrente de eleição direta para tal finalidade. Na prática, nem todos os estados criaram a figura do juiz de paz (caso do Estado de SP), mas sim o juiz de casamento. 
JUIZ DE CASAMENTO
Algumas unidades da federação ainda não regulamentaram a justiça de paz, como é o caso do estado de São Paulo.
Nessa hipótese a celebração é de incumbência do Juiz de Casamento, cuja atuação não é remunerada, por prazo indeterminado e sua indicação realizada pelo Secretário da Justiça. O juiz de casamento, portanto, existirá nos estados que não cumprirem com a determinação constitucional de criação da figura do juiz de paz, exercendo a função sem remuneração, por prazo indeterminado e por meio de indicação realizada pelo Secretário da Justiça. 
LOCAL DE CASAMENTO
O ato solene relativo ao casamento será realizado na sede do cartório, com toda a publicidade, a portas abertas, presente ao menos 2 testemunhas, parentes ou não dos contraentes. 
Se as partes quiserem, e consentindo a autoridade celebrante, o casamento poderá ser celebrado em outro edifício, público ou particular (art. 1.534/CC).
Em caso de edifício particular, este deverá ficar com as partes abertas durante o ato e deverá haver ao menos 4 testemunhas (esta regra também se aplica aos contraentes que não saibam, ou não podem, escrever). 
A celebração do casamento exige a presença de testemunha, sendo duas quando realizada em cartório ou quatro quando em local distinto ou quando os contraentes não saibam ou não possam escrever.
Presente os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados” (esta oração pode ser alterada para melhor compreensão desde que mantida sua essência). 
Feito este ato, o momento final da realização do casamento será o assentamento no livro de registro realizado pelo oficial de cartório.
ASSENTAMENTO NO LIVRO DE REGISTRO
Realizado pelo oficial de cartório com a finalidade de garantir o arquivamento do ato, preservando a sua publicidade.
Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas e o oficial do registro, serão exarados: I – os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges; II – os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais; III – o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior; IV – a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento; V – a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro; Vi – o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas; VII – o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o de comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido. 
APERFEIÇOAMENTO DO ATO
O aperfeiçoamento do ato se dá pela conjugação de dois atos: a manifestação de vontade dos envolvidos e o reconhecimento declaratório pelo juiz. 
O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam a vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados (art. 1.514/CC).
SUSPENSÃO DA CELEBRAÇÃO
A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: a) recusar a solene afirmação da sua vontade; b) declarar que esta não é livre e espontânea; c) manifestar-se arrependido.
O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. 
É de extrema seriedade o momento de celebração do casamento, não admitindo qualquer tipo de “brincadeira”, devendo ser inequívoca a manifestação de vontade dos envolvidos.
Eventual pedido de retratação somente será possível no dia seguinte.
Essa regra será aplicada mesmo se a manifestação tiver sido feita em tom jocoso (animus jocandi) ou de brincadeira (Maria Helena Diniz, 2010, p. 1073).
TIPOLOGIA ESPECIAL DO CASAMENTO
Integra a tipologia especial do casamento, a saber:
Casamento por procuração – possibilidade de nomear procurador (procurador pode ser qualquer pessoa com capacidade civil), sendo as regras muito próximas da habilitação. “O casamento também poderá ser celebrado por procuração, conforme art. 1.542/CC, desde que haja instrumento público com poderes especiais, ou seja, deverá ser lavrado em Livro de Notas de Tabelião, com prazo máximo de noventa dias. Nada impede, nessa linha de intelecção, que haja dois procuradores investidos, ou um procurador acompanhando o outro noivo”. Em caso de representação de ambos será necessária a nomeação de procuradores distintos;
Casamento nuncupativo ou em iminente risco de morte (in articulo mortis ou in extremis – art. 1.540/CC) – aquele que se realiza quando um dos contraentes se acha em iminente perigo de vida, não havendo tempo para que sejam cumpridas as formalidades preliminares exigidas para celebração do casamento, dispensando, inclusive, a presença do celebrante e a do oficial do registro civil. É modalidade do casamento realizada em regime de urgênciae terá lugar não só em casos de doença em fase terminal, mas também em situações como catástrofes, acidentes, crimes contra a vida e outras hipóteses em que um dos nubentes esteja agonizante e pretenda casar-se antes de falecer. É aquele contraído, de viva voz, por nubente que se encontre moribundo, na presença de, pelo menos, seis testemunhas (que não sejam parentes dos noivos em linha reta, ou colateral até segundo grau), independentemente da presença da autoridade competente ou do seu substituto. A presença das 6 testemunhas tem finalidade de atestar o discernimento e a inequívoca manifestação de vontade do moribundo, a ser realizado perante oficial de cartório para formalizar o registro do casamento, ainda que o sujeito venha a falecer antes do registro. Trata-se, pois, de uma modalidade excepcional de matrimônio, em que qualquer dos nubentes, detentos de saúde mental, posto no limiar da vida, resolver contrair núpcias, fazendo valer, pois, a sua derradeira vontade de receber o seu parceiro na condição de consorte. Essa forma especial de casamento não poderá ser utilizada com o intuito de enriquecimento sem causa, o que pode motivar a declaração da sua nulidade absoluta, por fraude à lei imperativa (art. 166, VI, CC). Também não poderá prevalecer se decorrer da simulação absoluta, o que de igual modo gera a sua nulidade (art. 167, CC). Prazo de 10 dias para as testemunhas irem ao cartório. Lembrando: o que vale é o risco, não a morte;
Casamento em caso de moléstia grave – De acordo com o art. 1.539/CC, se um dos nubentes estiver acometido por moléstia grave, o presidente do ato celebrará o casamento onde se encontrar a pessoa impedida, e sendo urgente ainda que à noite. O ato será celebrado perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. À luz da operabilidade, da facilitação do Direito Privado, houve redução no número de testemunhas, que antes era de quatro, conforme exigia o art. 198 do CC/1916. Eventual falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento será suprida por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato (art. 1.539, § 1º, do CC). O termo avulso, lavrado por esse oficial nomeado às pressas, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado (art. 1.539, § 2º, CC). Logo, impedimento de locomoção de um dos nubentes em vista da moléstia grave que o acomete, tornando necessário o deslocamento da autoridade competente do oficial do cartório para o local onde ele se encontra;
Casamento perante autoridade diplomática: Estando o(a) brasileiro(a) fora do território nacional, pode ele(a) eventualmente, decidir contrair núpcias, seja com o outra(o) brasileira(o), seja com estrangeira(o). Neste caso, tem ele a possibilidade de celebrar o matrimônio segundo as leis brasileiras, perante autoridade diplomática brasileira, na forma do art. 18 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942). Assim, deve observar todos os requisitos legais de validade para que produza seus efeitos também em território nacional, segundo a legislação brasileira. Nos termos do art. 1544 do CC, o casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta (na realidade, o correto seria ingresso) de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou , em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. Trata-se de prazo decadencial, cuja inobservância gerará a impossibilidade de produção dos efeitos jurídicos pretendidos, não se considerando tais pessoas como casadas pela lei brasileira. O casamento celebrado perante autoridade diplomática será averbado em livro próprio do consulado, produzindo efeitos desde a sua celebração. Caso algum dos nubentes ingressem no Brasil com a finalidade de se fixar residência, este casamento deverá ser averbado no Cartório de Registro Civil no prazo de 180 dias. O ingresso no Brasil com a finalidade turística não dá início a tal prazo;
Casamento celebrado fora do país, perante autoridade estrangeiro: No que diz respeito à aplicação das regras de direito de família, notadamente o casamento, estabelece o art. 7º, da vigente Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942). “Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direito de família”. Esta modalidade de casamento poderá produzir efeitos civis por meio de sua averbação em cartório de registro civil acompanhado do seguinte: a) certidão de habilitação; b) e certidão de casamento estrangeira acompanhada de sua tradução juramentada;
Casamento religioso com efeitos civis: O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no ofício próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração (art. 1.515, CC). O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil (art. 1.516, CC). Há a necessidade de registro em livro próprio da igreja., no qual conste dia, hora, local do casamento e demais informações registrais de tal ato. Para extensão dos efeitos civis do casamento religioso será necessário à sua averbação em Cartório de Registro Civil acompanhado da certidão de habilitação e da certidão religiosa do ato celebrado. O casamento produzirá efeitos desde a sua celebração ecumênica se a averbação ocorrer até noventa dias que lhe sucede, caso este prazo seja ultrapassado os efeitos civis serão contados da data de sua averbação em cartório.
Tratam-se de hipóteses de pouca frequência prática, mas de ocorrência possível, a depender das circunstâncias fáticas. 
DA INVALIDADE DO CASAMENTO
A invalidade do casamento, no CC, abrange a nulidade e a anulabilidade. A doutrina, contudo, inclui também no referido gênero, a inexistência, pois, antes de verificar se o ato ou negócio jurídico – casamento – são válidos, faz-se mister averiguar se existem. Existindo, podem ser válidos ou inválidos. 
Do casamento inexistente
Para que o casamento exista, é necessário a presença, primordial, de dois elementos essenciais: consentimento e celebração na forma da lei. A inexistência se dará quando houver ausência de consentimento ou de celebração na forma da lei. Logo, obrigatoriamente, antes de se falar de nulidade ou anulabilidade, deve verificar se há existência do casamento. O casamento inexistente gera efeitos de nulidade absoluta por meio de uma ação declaratória a ser proposta a qualquer tempo pelo interessado, MP ou juiz. Nulidade absoluta no direito civil: os efeitos retroagem, como se nunca houvesse existido. 
Ausência de vontade: não havendo vontade do nubente, o casamento será considerado inexistente, eis que essa é elemento mínimo essencial para o ato. Exemplos: pessoa sedada, hipnotizada ou em situação de debilidade emocional.
Casamento celebrado por autoridade totalmente incompetente: Exemplos: casamento celebrado por juiz de direito, MP ou autoridade local (fazendeiro, coronel).
Do casamento nulo
Casamento celebrado com infringência a impedimento legal, indicado no art. 1.521, CC, (ascendentes com descendentes, seja parentesco natural ou civil; os afins em linha reta; o adotante com que foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; o adotado com o filho do adotante; as pessoas casadas; e o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte).
A ação declaratória é imprescindível, eis que não convalesce com o decurso do tempo (art. 169, CC); Poderá ser requerida por qualquer pessoa interessada ou até mesmo o MP; Os efeitos da sentença retroagem a data de celebração do casamento.Do casamento anulável
O casamento poderá ser anulado ou convalidado. 
Art. 1.550. É anulável o casamento: I – de quem não completou a idade mínima (16 anos) para casar; II – do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal (idade núbil é a partir dos 16 anos – prazo para a propositura da ação é de 180 dias); III – por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV – do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V – realizado por mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI – por incompetência da autoridade celebrante. § 1º. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. § 2º. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbil poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.
Art. 1551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. 
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I - pelo próprio cônjuge menor; II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes.
Venire contra factum proprium – Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado por sua aprovação (art. 1.555, § 2º, CC).
Casamento celebrado sob coação moral (art. 1.558, CC)
É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. Coação moral é resistível (ainda que reste comprovado ameaça de dano grave e iminente, é resistível), diferentemente da coação física, que é irresistível.
- Possibilidade de coação relacionada ao patrimônio ou a pessoa que não seja de família, art. 151 do CC; prazo decadencial de 4 anos, contado da celebração do casamento; a ação declaratória é personalíssima (só pode ser proposta por quem sofreu a coação); possibilidade de convalidação mediante posterior coabitação dos cônjuges e ciência do vício (art. 1.559).
Casamento celebrado havendo erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge (art. 1.557, CC)
O erro sempre deve ser referente a um fato existente antes do casamento que o cônjuge só veio a descobrir depois da celebração e que torne insuportável a vida em comum. O erro essencial quanto a pessoa exigirá, portanto, três características básicas: fato anterior ao casamento; descoberta após o casamento; e o resultado de tal fato gere a insuportabilidade da vida em comum. O prazo decadencial será de três anos contados da celebração do casamento (e não da data do descoberto do fato).
- Erro quanto a identidade, honra e boa fama: “casamento celebrado com homossexual, com bissexual, com transexual operado que não revelou sua situação anterior, com viciado em tóxicos, com irmão gêmeo de uma pessoa, com uma pessoa violenta, com viciado em jogos de azar, com pessoa adepta de práticas sexuais não convencionais, etc.”; erro quanto a ignorância de crime, anterior ao casamento: não há necessidade do trânsito em julgado da sentença, bastando a repercussão social do crime (professor não concorda, pois acredita que deveria ser com trânsito em julgado). Exemplo: casar-se com um grande traficante de drogas, fato ignorado; erro quanto a defeito físico irremediável, que não caracterize deficiência ou de moléstia grave, e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência. Exemplo de defeito fisic: hermafroditismo, deformações genitais e impotência sexual coeundi ou instrumental. Exemplo de moléstia grave transmissível: tuberculose, AIDS, hepatite, etc.
Casamento celebrado por procuração havendo revogação do mandato
Revogação do mandato (anterior ao casamento) sem que isso chegue ao conhecimento do mandatário e do outro cônjuge.
180 dias contados do conhecimento do mandante à realização do casamento (art. 1.560, § 2º, CC).
Casamento celebrado por autoridade relativamente incompetente
Denominada, também ratione loci ou em razão do local. Esse caso diz respeito a autoridade relativamente incompetente em razão do local. O exemplo mais comum é o juiz de paz de uma localidade, que celebra o casamento em outra comarca que não a sua.
O prazo para ação anulatória é decadencial de dois anos a contar da celebração do casamento. O casamento será convalidado se a autoridade relativamente incompetente exercer publicamente o ato ocorrendo registro posterior.
CASAMENTO PUTATIVO
O casamento nulo ou anulável poderá gerar efeitos em relação à pessoa que o celebrou com boa fé e aos filhos desta relação, sendo este denominado de “casamento putativo”. Trata-se de modalidade de casamento que existe somente no imaginário do(s) contraente(s) de boa-fé. 
Casamento putativo existe no imaginário dos envolvidos, destoando da realidade em que se encontra, mas, havendo boa-fé dos envolvidos, esta relação jurídica será amparada legalmente.
Art. 1.561/CC. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória (boa-fé bilateral). § 1º. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão (boa-fé unilateral). § 2º. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão (ausência de boa-fé).
O casamento putativo não causa qualquer prejuízo aos filhos em nenhuma das hipóteses.
- Boa-fé bilateral: a boa-fé bilateral reconhece os efeitos do casamento até a sentença declaratória transitada em julgado. 
- Boa-fé unilateral: “Esta é uma das hipóteses em que, por expressa previsão legal, um ato jurídico produz efeitos por tempo diferenciado. Havendo boa-fé somente de um dos nubentes, com relação a ele o casamento terá duração e eficácia por um período de tempo; Exemplo; Bonfim, casado, ainda convivendo com a sua esposa, em uma de suas muitas viagens – eis que é caixeiro-viajante – enamora-se por Jurema. Jurema, não sabia de nada. Três meses depois, Bonfim morre, deixando vultuoso patrimônio, antes de se invalidar o casamento contraído. Por imperativo de equidade, recomenda-se a divisão do patrimônio deixado por ele (herança), resguardando-se, por óbvio, o direito próprio de meação de cada uma delas em face dos bens amealhados em conjunto com o falecido. A herança, no entanto, deixada por ele, como dito, deverá ser dividida.
Doações feitas em contemplação a casamento futuro (art. 546, CC)
Art. 546/CC. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Efeitos que persistem a sentença anulatória
Direito de usar o nome, emancipação e pensão alimentícia. 
No casamento putativo, alguns efeitos de caráter personalíssimo resistem ao trânsito em julgado quando existir boa-fé, tais como: direito ao uso do nome, emancipação e a pensão alimentícia.
Da má-fé unilateral 
Art. 1.564/CC. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá: I – na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente; II – na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.
Todavia, os bens havidos durante o “casamento”, por esforço comum, deverão ser partilhados, inibindo a situação de enriquecimento sem causa.
Responsabilidade civil
Finalmente, vale lembrar que o cônjuge de boa-fé ainda poderá, segundo as regras gerais da responsabilidade civil, pleitear reparação por danos morais em virtude de haver sido induzido...
Casamento contraído de boa-fé por ambos os cônjuges
No que tange aos alimentos, é justo quesejam fixados segundo a necessidade dos cônjuges, observado o critério da proporcionalidade, mesmo após a sentença..
REGIME DE BENS
Tratativa dos aspectos patrimoniais das entidades familiares. Patrimônio está relacionado com autonomia privada, que denota disponibilidade. Regime de bens se aplica tanto ao casamento quanto a união estável.
As regras de regime de bens são dotadas de autonomia privada, respeitando o interesse dos envolvidos. Contudo, tal liberdade é ponderada pela ordem pública. A ordem pública prevalece acerca da ordem privada. 
“É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver” (art. 1639, CC). Todavia, “é nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei” (art. 1.655, CC).
A escolha do regime de bens deverá ocorrer em momento que antecede a formação da entidade familiar, por meio de pacto antenupcial (válido para casamento) ou contrato de convivência (válido para união estável). Da inexistência de pacto específico acerca do regime de bens, aplicam-se as regras do regime de comunhão parcial de bens. 
Início da vigência: o regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. Embora as regras patrimoniais na união devam ser estabelecidas em momento anterior a união (casamento), seus efeitos estão condicionados a celebração de tal ato, vigendo a partir de então. 
Acerca da união estável, não havendo contrato de convivência, serão aplicadas as regras do regime de comunhão parcial desde a formação da entidade familiar. Havendo contrato de convivência, estabelecendo regras específicas para união estável, seus efeitos estão condicionados a comprovação da existência desta entidade familiar. 
Direito intertemporal (art. 2.039, CC): o regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do CC de 1916, é o por ele estabelecido. Anteriormente, a regra era a comunhão universal de bens, de forma que esta não se alterará para aqueles casamentos realizados antes da promulgação do CC de 2002. O regime de bens que guia a entidade familiar adotará as regras jurídicas da data de sua escolha, independentemente de eventuais alterações legais.
Princípio da autonomia privada: decorre da liberdade e da dignidade humana, sendo caracterizado pela plena liberdade que os nubentes possuem de escolher o tipo de regime de bens que irá regular o patrimônio do casal durante o casamento.
Princípio da indivisibilidade do regime de bens: os nubentes adotarão um único regime de bens, sendo vedada, desse modo, a estipulação de regimes diferentes para o casal. Será nulo, por exemplo, o pacto antenupcial que determinar o regime da comunhão universal de bens para o marido e o da separação de bens para a esposa. Deverão ser adotadas regras isonômicas para ambos, ou seja, o ordenamento jurídico não permite a definição de regras distintas para cada um, devendo haver um único regime. 
Princípios da variedade de regime de bens: podem os contraentes adotarem um dos regimes previstos em lei ou criarem um regime misto, desde que as estipulações não sejam incompatíveis com os princípios e normas de ordem pública que caracteriza o direito de família. “Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial”. “Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas” (art. 1.640, CC). É lícito aos interessados escolher qualquer um dos regimes previstos na legislação, combinando também as regras de mais de um regime ou até mesmo criar regras específicas para aquela entidade familiar. 
Princípio da mutabilidade justificada (a justificação se satisfaz pelo mero interesse, não sendo necessária apresentação de justificativas exageradas): O regime de bens escolhido pelos nubentes, na lei atual, poderá ser alterado, desde que haja autorização judicial, com pedido motivado por ambos os nubentes e desde que os direitos de terceiros não sejam prejudicados. É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiro (§ 2º do art. 1.639, CC). Deve-se demonstrar ausência de prejuízo para terceiros e garantir a publicidade do ato. 
Art. 734/CPC. A alteração do regime de bens do casamento, observados os requisitos legais, poderá ser requerida, motivadamente, em petição assinada por ambos os cônjuges, na qual serão expostas as razões que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros. § 1o Ao receber a petição inicial, o juiz determinará a intimação do Ministério Público e a publicação de edital que divulgue a pretendida alteração de bens, somente podendo decidir depois de decorrido o prazo de 30 (trinta) dias da publicação do edital. § 2o Os cônjuges, na petição inicial ou em petição avulsa, podem propor ao juiz meio alternativo de divulgação da alteração do regime de bens, a fim de resguardar direitos de terceiros. § 3o Após o trânsito em julgado da sentença, serão expedidos mandados de averbação aos cartórios de registro civil e de imóveis e, caso qualquer dos cônjuges seja empresário, ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.
PACTO ANTENUPCIAL
É o instrumento pelo meio do qual ocorrerá a disciplina das regras patrimoniais do casamento. Não se aplica a união estável (para união estável será pacto de convivência). Os efeitos do pacto antenupcial estão condicionados a celebração do casamento.
Trata-se de um negócio jurídico solene, condicionado ao casamento, por meio do qual as partes escolhem o regime de bens que lhes aprouver, segundo o princípio da autonomia privada.
Art. 1.653/CC. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública (cartório de notas), e ineficaz se não lhe seguir o casamento. O pacto antenupcial deverá ser lavrado em cartório de notas por meio de uma escritura pública
O pacto antenupcial será necessário quando for eleito regime diverso do regime de comunhão parcial de bens (regime de comunhão parcial é regra no direito brasileiro).
Efeitos perante terceiros: Art. 1.657/CC. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiro senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. Para que produza efeito perante terceiros, dando o máximo de publicidade ao ato, o pacto deverá ser averbado no Cartório de Registro de Imóveis de domicílio dos cônjuges. 
Casamento do menor: Art. 1.654/CC. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
Os pais devem ser intervenientes na escritura pública, cuja manifestação será acolhida pelo notário, ou devem expressar sua aprovação em documento escrito com firma reconhecida. Menor, para fins de celebração do pacto antenupcial, não é apenas o que esteja em idade núbil (maior de 16 e menor de 18 anos), ou seja, é considerado menor todos aqueles que não atingiram a maioridade civil, desde que não emancipados.
ADMINISTRAÇÃO E DISPONIBILIDADE DOS BENS
Art. 1.642/CC. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente: I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647; II - administrar os bens próprios; III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial; IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647; V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino (amante), desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fatopor mais de cinco anos (professor se manifesta dizendo que a parte grifada não deve ser levada em consideração, por falta de lógica); VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente. 
Art. 1.643/CC. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro: I – comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica; II – obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir. 
Art. 1.644/CC. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges. 
Independentemente do regime de bens poderá qualquer um dos cônjuges comprar ou obter empréstimo para as coisas necessárias a economia doméstica (tudo aquilo que guarnece um lar; a concepção de economia doméstica envolve tudo aquilo que guarnece um lar, englobando também TVs, computadores, desde que observada a razoabilidade) criando uma obrigação solidária, mesmo inexistindo autorização do outro. Não se incluem as despesas suntuárias ou supérfluas, ainda que tendo destino o lar conjugal, pois não se enquadram na economia doméstica.
Incomunicabilidade de bens: Art. 1.659/CC. Excluem-se da comunhão (se aplica a TODAS as comunhões, até mesmo a comunhão universal de bens): I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge (verba indenizatória deriva do rompimento do vínculo de trabalho sem justa causa; 40% do FGTS); VII - as pensões, meios-soldos, montepios (meio-soldos e montepios são pensões militares) e outras rendas semelhantes.
Art. 1.661/CC. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento.
Administração do patrimônio comum: Art. 1.663/CC. A administração do patrimônio comum (regime de comunhão parcial e regime de comunhão universal) compete a qualquer dos cônjuges. § 1o As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito que houver auferido. § 2o A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns. § 3o Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges.
Art. 1.664/CC. Os bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição legal.
Art. 1.665/CC. A administração e a disposição dos bens constitutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge proprietário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial.
Art. 1.666/CC. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício destes, não obrigam os bens comuns.
Art. 1.645/CC. As ações fundadas nos incisos III, IV e V do art. 1.642 competem ao cônjuge prejudicado e a seus herdeiros.
Art. 1.642/CC. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente: I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647; II - administrar os bens próprios; III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial; IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647; V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos; VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.
Ação regressiva: Art. 1.646/CC. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a sentença favorável ao autor, terá direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio jurídico, ou seus herdeiros.
Art. 1.647/CC. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. – O aval não pode ser anulado por falta de vênia conjugal, de modo que o inc. III do art. 1.647 apenas caracteriza a inoponibilidade do título ao cônjuge que não assentiu.
Suprimento de outorga: Art. 1.648/CC. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
Art. 1.651/CC. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens que lhe incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro: I - gerir os bens comuns e os do consorte; II - alienar os bens móveis comuns; III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorização judicial.
Art. 1.652/CC. O cônjuge, que estiver na posse dos bens particulares do outro, será para com este e seus herdeiros responsável: I - como usufrutuário, se o rendimento for comum; II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito para os administrar; III - como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador.
Escolha do regime de bens: No processo de habilitação, os noivos têm a possibilidade de escolher o regime de bens a ser adotado, que determinará se haverá ou não a comunicação (compartilhamento) do patrimônio de ambos durante a vigência do matrimônio.
Além disso, o regime escolhido servirá para administrar a partilha de bens quando da dissolução do vínculo conjugal, tanto pela morte de um dos cônjuges, como pela separação. 
A legislação brasileira prevê quatro possibilidades de regime matrimonial: a) comunhão universal de bens (art. 1.667/CC); b) comunhão parcial (art. 1.658/CC); c) separação de bens voluntária (art. 1.687/CC) ou obrigatória (art. 1.641/CC); e d) participação final nos bens (art. 1.672/CC).
Regime legal/supletivo (comunhão parcial): não havendo convecção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial, denominado também como regime legal. Inexistindo pacto antenupcial no casamento e contrato de separação de bens na união estável, se aplicará a regra do direito brasileiro, o regime parcial de bens.
Meação: A meação é uma forma originária de identificação patrimonial (não é um direito derivado nem direito de terceiro, é um direito da pessoa, ou seja, originário). Quanto a comunicação patrimonial, haverá o instituto da meação. A comunicação ocorre em todos os regimes a exceção do regime de separação de bens. O direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime matrimonial. 
Comunhão Universal de Bens: no regime de comunhão universal ocorrerá formação de uma única massa patrimonial, englobando os bens anteriores e futuros da data da formação da entidade familiar. Esta comunhão inclui as dívidas passivas dos cônjuges. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.
Art. 1.668/CC. São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II- os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. 
Art. 1.669/CC. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
No Regime de Comunhão Universal haverá uma única “massa”, uma vez que os bens particulares anteriores ao casamento serão juntados e, acompanhados dos bens futuros (adquiridos após a formação do casamento), estarão sujeitos a meação, desde que respeitadas as exceções previstas no art. 1.668/CC.
Comunhão parcial de bens (art. 1.658 a 1.666 do CC): No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento. Haverá comunicação de todos os bens que forem adquiridos após a celebração do casamento. 
No regime de comunhão parcial de bens há três “massas” patrimoniais, quais sejam: antes do casamento existem patrimônios distintos pertencentes a cônjuge A e cônjuge B (que não se comunicam, representando os bens particulares de cada um destes); existindo o casamento, pelo fato dos patrimônios mencionados serem anteriores ao casamento, estes permanecem separados (primeira e segunda massa) e incomunicáveis; entretanto, com o casamento, todos os bens que forem adquiridos após a concretização do mesmo serão partilhados e estarão sujeitos a meação (terceira massa).
Art. 1.660/CC. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual (principal exemplo são os sorteios, loteria etc.), com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos (se os bens forem destinado a um único cônjuge, não serão repartidos devido a exceção prevista no art. 1.659, inc. I, do CC) os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Incomunicabilidade: Art. 1.659/CC. Excluem-se da comunhão (independentemente do regime): I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.661/CC. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento.
Bens móveis: no regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento.
Regime de Separação Convencional: O regime de separação pode se dar de forma convencional ou por imposição da lei, sendo que na sua aplicação não ocorrerá comunicação patrimonial, preservando a independência das duas "massas” patrimoniais. Preserva-se a individualidade dos patrimônios mesmo após realizado o casamento, ou seja, ilustrativamente: Rafael detém 100 mil reais e Bruna detém 200 mil reais anteriores ao casamento; após o casamento tais patrimônios permanecem distintos e as alterações dos mesmos também seguem esta regra; só haverá partilha no caso de comprovado esforço comum, de forma que, nesta situação, deverá ser feita a divisão dos bens nas regras da sociedade de fato, não existindo, portanto, meação.
No regime de separação, caso seja identificado esforço em comum, o patrimônio deverá ser partilhado pelas regras da sociedade de fato, ou seja, não há meação, mas sim de partilha, de forma que a discussão será feita pelo direito societário. 
Art. 1.687/CC. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
Art. 1688/CC. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
Regime de Separação Obrigatória: Art. 1.641/CC. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I – das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; III – de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. 
Súmula 377 do STF. No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento (confusão legislativa).
Regime de Participação Final dos Aquestos (regime previsto na legislação, mas extremamente raro, de forma que o professor se posiciona dizendo nunca ter encontrado algum caso prático): No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
Neste regime, enquanto perdurar a entidade familiar, não haverá comunicação patrimonial, mas, havendo a dissolução, ocorrerá a divisão dos resultados do patrimônio do outro.
Exemplificando: Maria se casou com Gabriela, sendo que cada uma delas detém patrimônios particulares idênticos de 500 mil reais; após o casamento será preserva a incomunicabilidade dos bens particulares; durante o casamento, o patrimônio de Maria cresceu 100 mil reais enquanto o de Gabriela acresceu em 600 mil reais; no regime de participação final dos aquestos, caso estas decidam dissolver a entidade familiar, metade dos 600 mil de Gabriela (ou seja, 300 mil) será de Maria, enquanto metade dos 100 mil reais de Maria (50 mil reais) será de Gabriela. 
Art. 1.673/CC.  Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis.
Art. 1.674/CC. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios: I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; III - as dívidas relativas a esses bens. Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis.
Art. 1.675/CC. Ao determinar-se o montante dos aqüestos, computar-se-á o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, o bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor equivalente ao da época da dissolução.
Das dívidas: Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro.
Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do outro cônjuge.
Art. 1.686. As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros.
Dos bens móveis e imóveis: Art. 1.680. As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso pessoal do outro.
Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar no registro.
	MODALIDADESE FORMAS DE EXTINÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL
	Em havendo efeitos quando da sua constituição, como não poderia ser de outra forma, quando da sua extinção também alguns elementos e efeitos são relevantes para o ordenamento, os quais serão estudados a seguir. 
	Art. 1.571/CC. A sociedade conjugal termina: I – pela morte de um dos cônjuges; II – pela nulidade ou anulação do casamento; III – pela separação judicial; IV – pelo divórcio. § 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. § 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial.
Da morte de um dos cônjuges (art. 1.571, inc. I, CC): quanto ao regime de bens, não podem ser confundidos os institutos da meação e herança, pois o primeiro decorre do direito de condomínio previsto no regime de bens, enquanto que o segundo decorre do direito sucessório. 
Da ausência de um dos cônjuges (art. 1.571, §1º, CC): resumidamente, o procedimento contém três fases (arrecadação, sucessão provisória e sucessão definitiva), as quais podem perdurar anos sem a efetiva dissolução da sociedade conjugal. Entre a sucessão provisória e a definitiva, sendo esta última a que coloca termo final da sociedade conjugal (art. 6º/CC) tem-se no mínimo prazo de 10 anos (art. 37/CC) quando das últimas notícias. Divórcio direto e sucessão provisória: o cônjuge presente não necessita aguardar o transcurso da sucessão provisória para contrair novas núpcias, pois, este poderá lançar mão do divórcio direto, realizando ainda a citação por edital, com o objetivo de extinguir a sociedade conjugal. Se o ausente retornar dentro do prazo de dez anos, há correntes divergentes. Corrente majoritária diz que o segundo casamento tem validade de acordo com o princípio da boa-fé. 
Da nulidade ou anulação do casamento (art. 1.571, inc. II, CC): as causas de nulidade ou de anulação do casamento estão previstas respectivamente nos arts. 1.548 e 1.550, do CC, as quais já foram abordadas nas aulas anteriores. Não obstante, deve ficar claro ao leitor, quanto ao disposto na nulidade ou anulação, que estas não são causas terminativas ou dissolutivas da sociedade conjugal, mas sim desconstitutivas. Tanto é assim, que se encontram no plano da validade do casamento, e não no plano da eficácia.
PEC do divórcio (Projeto de Lei nº 28/2009) – EC nº 66/2010: Art. 226, § 6º, CF. O texto anterior dizia que “o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos”; texto atual afirma que “o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”. Segundo enunciado da V Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, “a EC 66/2010 não extinguiu o instituto da separação judicial e extrajudicial [...] não extingui a possibilidade de separação consensual (não mais sujeita, porém, a prazo mínimo de convivência) ou judicial, sob pena de afronta a liberdade de decisão dos cônjuges, constitucionalmente garantida [...] dissolvida a sociedade conjugal pela separação, pode ser restabelecido o mesmo casamento (art. 1.577/CC), o que não ocorre no divórcio, que dissolve o vínculo conjugal”. A figura da separação judicial também está prevista no CPC em seus arts. 23, 53 (inc. I), 189 (inc. II), 693 e 731. 
*A separação representa o fim da sociedade conjugal, repercutindo no âmbito patrimonial do casamento, mas mantendo o vínculo matrimonial dos envolvidos, permitindo a reconciliação a qualquer momento. No divórcio ocorre o rompimento da sociedade conjugal e do patrimônio, não permitindo a reconciliação pois extingue-se completamente o vínculo anteriormente existente. Caso exista o interesse em se casar com o ex-cônjuge, não há impedimento legal.
	Separação de direito (ou jurídica)
	Divórcio
	Terminativas
	Dissolutivas
	Fim da sociedade conjugal
	Fim do casamento
	Vínculo matrimonial
	Não há vínculo matrimonial
	É possível reconciliação
	Não é possível reconciliação
	Pessoas separadas podem ter união estável
	Pessoas divorciadas podem se casar/constituir união estável
ESPÉCIES DE SEPARAÇÃO PREVISTAS NO CC
Separação consensual: por pedido bilateral; em antiga previsão legal era exigido 1 ano de casamento para ser requerida a separação consensual; entretanto, a partir da EC 66/2010 tal prazo não mais existe.
Separação litigiosa: por pedido unilateral; a) separação sanção ou culposa: fundamentada na culpa pelo descumprimento dos deveres conjugais; b) separação ruptura: solicitada com a comprovação de ruptura da vida em comum; c) separação remédio: quando outro cônjuge estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum.
ESPÉCIES DE DIVÓRCIO APÓS A EC Nº 66/2010
Divórcio conversão ou indireto: o divórcio conversão permanece para quem tem estado civil de separado judicialmente, mas sem o lapso temporal do CC, art. 1.580, caput.
Divórcio direto: não exige demonstração da causa e do lapso temporal que era previsto no CC, art. 1.580, § 2º. 
Divórcio remédio: demonstração da doença mental do cônjuge, com as consequências da separação judicial com esse fundamento. 
Divórcio “impositivo”: válido, atualmente, somente para o Estado de Pernambuco (prov. Nº 06/19, CGJ/PE); pedido unilateral, prestigiando autonomia de vontade, no qual haverá somente a notificação da outra parte acerca do seu divórcio. Tal possibilidade jurídica somente será possível se não existir filhos menores ou incapazes do casal. As questões patrimoniais deverão ser discutidas posteriormente.
*Quando o divórcio for consensual, a sentença estrangeira de divórcio produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo STJ (podendo ser feita a averbação diretamente no cartório), apenas em casos de divórcio consensual puro ou simples e não ao divórcio consensual qualificado, que dispõe sobre a guarda, alimentos e/ou partilha de bens. O Estado do Maranhão também trouxe a regulamentação do divórcio impositivo.
Divórcio extrajudicial: a separação e o divórcio admitem a forma extrajudicial (ou administrativa), devendo haver consensualidade, não podendo existir pendências jurídicas quanto a filhos menores ou incapazes e o pedido deverá ser acompanhado de advogado.
*Resolução CNJ 220/2016: as partes devem declarar ao Tabelião, no ato da lavratura da escritura, que não têm filhos comuns ou, havendo que são absolutamente capazes, indicando seus nomes e as datas de nascimento.
*A escritura pública de divórcio e separação não exige homologação judicial, produzindo regulares efeitos desde a sua lavratura.
Nome de casado: pode ser mantido ou não, a depender do interessado. O pedido para reestabelecer o nome de solteiro pode ser solicitado após o divórcio. 
Alimentos: pode ser aplicado em várias situações, dentre elas, os devidos em prol do outro cônjuge, bem como em benefício dos descendentes ou ascendentes. O caput do art. 1.704/CC dispõe que se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Mitigada a culpa, conforme já apontado, os alimentos serão fixados conforme o disposto no art. 1.694, § 1º, CC, mediante o binômio necessidade-possibilidade, ou ainda, como ocorre atualmente, pelo trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade.
Guarda: referido instituto é um desdobramento do poder familiar e traduz um conjunto de obrigações e direitos em face da criança ou adolescente, de assistência material e moral. A guarda é uma nítida decorrência do poder parental e traduz um conjunto de direitos e obrigações em face da criança ou adolescente, especialmente de natureza material e moral, como trata o princípio da proteção integral da criança e do adolescente, art. 1º, ECA.

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