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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 18 – Família que chia 1) COMPREENDER FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO (EXAMES COMPLEMENTARES) E TRATAMENTO (MECANISMO DE AÇÃO) DA ASMA E DPOC ➢ ASMA ❖ FATORES DE RISCO → O principal fator de risco para o desenvolvimento de asma é a PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA para a produção de uma reposta mediada pela IgE a alergênios comuns. ✓ RELEMBRANDO: IgE é um anticorpo envolvido na manifestação de reações alérgicas e inflamações. → Outros fatores de risco para o desenvolvimento de asma na infância incluem: ✓ Histórico familiar de asma; ✓ Alergias; ✓ Exposição pré-natal a fumaça de cigarro e poluição; → A gravidade dos casos de asma é afetada por vários fatores, incluindo: ✓ Genética; ✓ Idade de manifestação; ✓ Exposição à poluição; ✓ Atopia; ✓ Grau de exposição aos gatilhos, deflagradores ambientais (fumo e ácaros da poeira); ✓ Refluxo gastresofágico ou infecções respiratórias. ❖ FISIOPATOLOGIA → A asma é uma doença crônica das vias aéreas de condução, geralmente causada por uma reação imunológica, marcada por: ✓ Broncoconstrição episódica devido ao aumento da sensibilidade das vias aéreas a uma variedade de estímulos; (hiper-reatividade brônquica) ✓ Inflamação das paredes brônquicas; ✓ Aumento da secreção mucosa. → Em qualquer classificação da asma, os episódios de broncoespasmo podem ter diversos desencadeadores, como infecções respiratórias (virais), exposição a irritantes (fumaça, vapores), ar frio, estresse e exercício. A asma pode ser classificada em: ✓ Atópica: evidência de sensibilização a alérgenos e ativação imune, geralmente em pacientes com rinite alérgica ou eczema. ▪ Esse tipo é o mais comum, e é um exemplo clássico de reação de hipersensibilidade mediada por IgE (tipo 1); ▪ A doença, geralmente, começa da infância e é desencadeada por alérgenos ambientais (poeira, pólen, pelos de animais, alimentos, etc), que mais frequentemente agem em sinergia com outros cofatores ambientais pró-inflamatórios, notavelmente as infecções respiratórias virais. ▪ Um teste cutâneo com o antígeno agressor nesses pacientes resulta em uma reação papuloeritematosa imediata. ✓ Não atópica: sem evidência de sensibilização a alérgenos, e os resultados dos testes cutâneos são geralmente negativos. ▪ As infecções por vírus (rinovírus, vírus parainfluenza e vírus sincicial respiratório) são desencadeadores comuns na asma não atópica. ▪ Poluentes inalados do ar, como fumaça, dióxido de enxofre, ozônio e dióxido de nitrogênio, também podem contribuir para a inflamação crônica e a hiper-reatividade das vias em alguns casos. ✓ Asma induzida por fármacos: Vários agentes farmacológicos provocam asma. ▪ A asma sensível a aspirina é um tipo incomum, ocorrendo em indivíduos com rinite recorrente e pólipos nasais. ▪ Esses pacientes são intensamente sensíveis a pequenas doses de aspirina, assim como a outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), e apresentam não apenas crises asmáticas, mas também urticária. ▪ Esses fármacos desencadeiam a asma nesses pacientes inibindo a via da ciclo-oxigenase (enzima) do metabolismo do ácido araquidônico (AA), levando a rápida queda na prostaglandina E2 (PGE2). Na COX-1 apresenta efeitos relaxantes na musculatura das vias aéreas e broncodilatação (síntese de prostaglandina protetora - PGE2); Com o uso de AINEs gera inibição da via da COX-1, desviando o metabolismo do AA para a produção de COX-2 (síntese de mediadores inflamatórios e causadores de broncoconstrição). COX-1 (b.dilatação) COX-2 (b.constrição) APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 ✓ Asma ocupacional: ▪ Essa forma de asma pode ser desencadeada por vapores (resinas epóxi, plásticos), poeiras orgânicas e químicas (madeira, algodão, platina), gases (totuelo) e outros compostos químicos (formaldeído, produtos de penicilina). ▪ Pequenas quantidades desses compostos já são suficientes para induzir a crise, que geralmente ocorre após exposição repetida. → A ASMA ATÓPICA é causada pela resposta de células TH2 e IgE aos alérgenos ambientais em indivíduos geneticamente pré-dispostos. → Na asma, irá encontrar uma obstrução reversível da via aérea, no entanto, cronicamente, pode-se encontrar um remodelamento brônquico. → Dessa forma, observa-se uma inflamação das vias aéreas que causa disfunção nas mesmas, parte pela da liberação de mediadores inflamatórios potentes e parte pela remodelagem das paredes das vias aéreas. → À medida que a doença se agrava, há secreção local aumentada (muco) de fatores de crescimento, induzindo hipertrofia e hiper-reatividade das células musculares lisas brônquicas. ▪ A via aérea asmática é marcada pelo acúmulo de muco na luz brônquica seguida por um aumento no número de células caliciformes secretoras de muco na mucosa e na hipertrofia das glândulas submucosas, inflamação crônica intensa devido ao recrutamento de eosinófilos, macrófagos e outras células inflamatórias, espessamento da membrana basal e hipertrofia e hiperplasia das células musculares lisas. → Uma anormalidade fundamental na asma é: A RESPOSTA EXAGERADA DO TH2 AOS ANTÍGENOS AMBIENTAIS NORMALMENTE INOFENSIVOS, ou seja, a ativação TH2 excessivas que culmina na reação de hipersensibilidade tipo 1 mediado por IgE. → As células TH2 secretam citocinas que promovem uma inflamação e estimulam a produção de IgE e outros anticorpos pelas células B. → Essas citocinas incluem: ✓ IL-4: estimula a produção de IgE; ✓ IL-5: ativa e recruta eosinófilos; ✓ IL-13: estimula a secreção de muco pelas glândulas submucosas brônquicas e também promove a produção de IgE por células B. → Como em outras reações alérgicas, IgE se liga aos receptores Fc nos mastócitos submucosos, e a exposição repetida ao alérgeno faz com que haja degranulação dos mastócitos e secretem seus mediadores: aminas vasoativas (histamina), mediadores lipídicos (reação de hipersensibilidade imediata) e citocinas (reação tardia), levando ao broncoconstrição, aumento da permeabilidade capilar e aumento da produção de muco (reação inicial). → A reação de fase tardia é dominada pelo recrutamento de leucócitos, notavelmente eosinófilos, neutrófilos e mais células T (amplificação da reação inflamatória = remodelamento brônquico). Essas células T e células epiteliais secretam quimiocinas que recrutam mais células T e eosinófilos, exacerbando a reação. ❖ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Durante uma crise aguda de asma brônquica, os pacientes procuram atendimento médico em razão de dispneia acompanhada de tosse, sibilos e ansiedade. IL = interleucinas APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 → O grau de dispneia está relacionado na intensidade da crise, não no grau de obstrução ao fluxo de ar. → A dispneia pode ocorrer aos exercícios, após o tratamento com AINEs (inibição do COX-1), após a exposição a um alergênico ou sem razão identificável. → Existe casos em que, tosse, rouquidão ou incapacidade de dormir durante a noite são os únicos sintomas. → A maior parte dos pacientes com asma brônquica queixa-se de dispneia quando expostos a mudanças bruscas de temperatura e umidade do ar inspirado. ❖ DIAGNÓSTICO (EXAMES COMPLEMENTARES) → O diagnóstico de asma deve se basear no histórico cuidadoso, exame físico, testes laboratoriais e estudos da função pulmonar. → No exame físico, as características observadas durante uma crise agudade asma incluem FR elevada (35-40 incursões/min), taquicardia e pulso paradoxal (diminuição exagerada da pressão sistólica durante a inspiração >10mmHg) → A oximetria de pulso, com o paciente respirando ar ambiente, comumente revela uma saturação de oxigênio próxima a 90%. ✓ Na inspeção: pode revelar que os pacientes que apresentam crises agudas de asma brônquica estão usando seus músculos acessórios da respiração, nesse caso, a pele sobre o tórax pode estar retraída para os espaços intercostais durante a inspiração. O tórax, geralmente, está hiperinsuflado e a fase expiratória é prolongada em relação à inspiratória; ✓ Na percussão e palpação: demonstra hiper ressonância, com perda da variação normal na macicez em razão do movimento diafragmático e o frêmito tátil está diminuído; ✓ Na ausculta: revela sibilos mais alto durante a expiração, mas auscultado também durante a inspiração, é caracterizado como polifônico, porque mais de um tom pode ser ouvido simultaneamente. ▪ Os ruídos adventícios podem incluir roncos, que são sugestivos de secreções livres no lúmen das vias respiratórias, ou estertores que devem levantar a suspeita de um diagnóstico alternativo e são indicativos de infecção localizada ou IC. ▪ A perda de intensidade ou a ausência de sons respiratórios é uma indicação de obstrução grave ao fluxo de ar. → Achados laboratoriais: ✓ Achados da função pulmonar: a diminuição nas taxas de fluxo de ar ao longo da capacidade vital é a anormalidade da função pulmonar na asma, dessa forma, o pico de fluxo expiratório (PFE), o volume expiratório forçado (VEF1) e o fluxo expiratório médio forçado (FEMF) estarão diminuídos. ▪ A dispneia pode ser tão intensa que pode impedir o paciente de realizar a espirometria completa. ▪ Os testes de função pulmonar realizados quando o paciente está relativamente estável geralmente mostram obstrução das vias respiratórias, conforme indicado por um baixo VEF1, baixa capacidade vital forçada e valores ligeiramente elevados de capacidade pulmonar total e volume residual. ✓ Gasometria arterial: não precisa ser realizada em indivíduos com asma brônquica leva. No entanto, se a asma for de gravidade suficiente para merecer observação prolongada, ela vai ser indicada. ▪ O indivíduo respirando ar ambiente e nível do mar, geralmente, a PaO2 está entre 55-70 mmHg e a PcCO2 entre 25-35 mmHg. ▪ No inicio da crise, observa-se alcalemia, com crises de longa duração o pH retorna ao normal como resultado de uma acidemia metabólica compensatória. ✓ Exame de sangue: como já visto, pacientes asmáticos frequentemente são atópicos, assim, a eosinofilia sanguínea é comum. Além disso, níveis séricos elevados de IgE podem ser encontrados. ✓ Achados radiográficos: raio-x de tórax de paciente com asma costuma ser normal. Mas, as complicações como enfisema pulmonar subcutâneo, pneumodiastino e pneumotórax, podem ser detectados radiograficamente. ❖ TRATAMENTO (MECANISMO DE AÇÃO) → Os objetivos do tratamento da asma são: ✓ Diminuir a intensidade e a frequência dos sintomas ✓ O grau de limitações que o paciente apresenta devido a esses sintomas. → O tratamento farmacológico para controle de longo prazo objetiva reverter e prevenir a inflamação das vias aéreas. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 ➢ β2-AGONISTAS ADRENÉRGICOS → A inalação desses relaxa diretamente o músculo liso das vias aéreas. Eles são usados para: ✓ Alívio rápido: Osβ2-agonistas de curta ação (BACAs) têm rápido início de ação (5-30 minutos) proporcionando alívio de 4-6 horas. ▪ Eles são usados no tratamento sintomático do broncoespasmo e dão alívio rápido na broncoconstrição aguda. ▪ Todos os pacientes devem receber um inalante BACA, e esse medicamento não tem efeito anti- inflamatório e nunca devem ser usados como terapêutica única para os pacientes com asma crônica. ▪ No entanto, a monoterapia com BACA pode ser apropriada para pacientes com asma intermitente ou broncoespasmo induzido por exercício. ▪ Os medicamentos incluem o SALBUTAMOL e o LEVOSSALBUTAMOL, esses fármacos proveem broncodilatação significativa com poucos efeitos adversos de estimulação α ou β1, ou seja, taquicardia, hiperglicemia, hipotassemia e hipomagnesemia são minimizados quando os fármacos são administrados por inalação, em vez por vias sistêmicas. ▪ Podem causar tremores dos músculos esqueléticos mediados por β2. ✓ Controle por longo prazo: SALMETROL e FORMOTEROL são β2-agonistas de longa duração (BALAs) a análogos químicos do salbutamol. ▪ Eles possuem duração de longa ação, proporcionando broncodilatação por pelo menos 12 horas. ▪ Não devem ser usados para o alivio rápido de uma crise de asma. ▪ A monoterapia com BALA é contraindicada, devendo ser usada apenas combinada com um medicamento que controle asma. ▪ Os corticoisteroides por via inalatória (CSIs) permanecem como os fármacos de escolha para o controle da asma de longa duração, e os BALAs são considerados úteis como tratamento auxiliar para esse controle. ➢ CORTICOSTEROIDES → Os CSIs são fármacos de escolha para o controle de longo prazo em pacientes com algum grau de asma persistente. → Os corticosteroides inibem a liberação de ácido araquidônico por meio da inibição da fosfolipase A2, produzindo, assim, efeito anti-inflamatório direto nas vias aéreas. → Nenhuma outra medicação é tão eficaz como os CSIs no controle da asma em longo prazo em crianças e adultos. → AÇÕES NO PULMÃO: eles não afetam diretamente o músculo liso das vias aéreas. O fármaco inalado visa diretamente à inflamação subjacente das vias aéreas, diminuindo a cascata inflamatória (eosinófilos, macrófagos e linfócitos T), revertendo o edema de mucosa, diminuindo a permeabilidade dos capilares e inibindo a liberação de leucotrienos (broncoconstrição). ▪ Após vários meses de uso regular, os CSIs reduzem a hiper-reatividade do músculo liso das vias aéreas a vários estímulos broncoconstritores, como alérgenos, irritantes, ar frio e exercícios. → A deposição do CSI na mucosa oral e laríngea pode causar efeitos adversos, como candidíase orofaríngea (imunossupressão no local) e rouquidão. Os pacientes devem ser aconselhados a lavar a boca com água fazendo gargarejo para diminuir esses efeitos. ➢ FÁRMACOS ALTERNATIVOS PARA O TRATAMENTO DA ASMA = os fármacos descritos a seguir são úteis no tratamento de asma em pacientes mal controlados com o tratamento convencional ou que apresentam efeitos adversos devidos ao corticosteroide. → MODIFICADORES LEUCOTRIENOS: como produtos do metabolismo ácido araquidônico tem-se os leucotrienos (LTs) B4 e os ciscteinil-leucotrienos LTC4, LTD4 e LTE4, pela via LOX e parte da cascata inflamatória. ▪ A ZILEUTONA é um inibidor seletivo e específico da LOX, prevenindo a formação de LTB4 (atai neutrófilos e eosinófilos) e de cisteinil-leucotrienos (contração de músculos lisos bronquiolares); ▪ Como ZAFIRLUCASTE e MONTELUCASTE são antagonistas seletivos do receptor cisteinil-leucotrieno-1, eles inibem os efeitos dos cisteinil-leucotrienos ▪ Os 3 farmacos são aprovados para prevenir os sintomas da asma e não devem ser usamos em situações em que é necessária a broncodilatação imediata. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 5 → CROMOLINA: é um anti-inflamatório profilático que inibe a degranulação e a liberação de histamina e mastócitos. É um tratamento alternativo contra a asma leve persistente. NÃO É UM BRONCODILATADOR!!! → ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS: bloqueiam a contração dos músculos lisos das vias aéreas e a secreção de muco mediadas pelo vago. Não é recomendadopara o tratamento de rotina do broncoespasmo agudo na asma, pois tem início de ação muito mais lento que os BACAs. → TEOFILINA: é um broncodilatador que promove alívio na obstrução das vias aéreas na asma crônica e diminui seus sintomas. Ela também possui atividade anti-inflamatória, embora o mecanismo seja obscuro. → OMALIZUMABE: é um anticorpo monoclonal derivado de DNA recombinante que se liga seletivamente à IgE. Isso diminui a ligação do IgE ao seu receptor na superfície dos mastócitos e basófilos, o que limita a liberação de mediadores da resposta alérgica. ➢ DPOC = Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ❖ FATORES DE RISCO → A causa mais comum de DPOC é o tabagismo e aproximadamente 80% das mortes relacionadas com DPOC estão associadas à história de tabagismo. → Uma segunda causa, menos comum, é a deficiência hereditária de α1-antitripsina (AAT), que é uma antiprotease que age sobre a elastase (protege o pulmão, inibe a degradação das fibras elásticas), então a deficiência vai agir na degradação da elastina. → Outros fatores predisponentes são asma, hiperresponsividade das vias respiratórias e poluentes ocupacionais e ambientais. → O enfisema e a bronquite crônica geralmente são considerados em conjunto clinicamente e referidos como DPOC, já que a maioria dos pacientes tem características de ambas, quase com certeza porque eles compartilham um desencadeador principal: o tabagismo. → A asma se diferencia da bronquite crônica e do enfisema pela presença de broncoespasmo reversível, porém alguns pacientes com asma típica também desenvolvem componente irreversível. E alguns pacientes com DPOC típica apresentam um componente reversível. ❖ FISIOPATOLOGIA → O termo DPOC, como já visto, engloba dois tipos de doença obstrutiva das vias respiratórias: ✓ ENFISEMA: com alargamento dos espaços aéreos e destruição de tecido pulmonar; ✓ BRONQUITE OBSTRUTIVA CRÔNICA: com aumento da produção de muco, obstrução das vias respiratórias menores e tosse crônica. → ENFISEMA ✓ O enfisema é caracterizado pela perda da elasticidade pulmonar e AUMENTO anormal e permanente do tamanho dos ácinos pulmonares, acompanhada por destruição dos septos alveolares, sem fibrose evidente. ✓ O aumento dos alvéolos é devido a hiperinflação dos pulmões, levando a um aumento da capacidade pulmonar total (CPT). ✓ O enfisema é classificado de acordo com sua distribuição anatômica no lóbulo (agrupamento de ácinos, as unidades respiratórias terminais), sendo os 2 primeiros causando uma obstrução clinicamente significativa do fluxo aéreo: ▪ Centroacinar (centrolobular): é a forma mais comum. Neste tipo, os alvéolos distais estão preservados. As lesões são mais comuns e, geralmente, mais severas nos lobos superiores, particularmente nos segmentos apicais. Está associado com o tabagismo e muitas vezes em associação com bronquite crônica (DPOC); APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 6 ▪ Pan-acinar (panlobular): neste tipo, o lóbulo está completamente comprometido. O prefixo “pan” refere-se ao ácino completo, não a todo pulmão. Tende a ocorrer nas zonas mais baixas e nas margens anteriores dos pulmões. Esse tipo está associado à deficiência de α1-antitripsina. ▪ Acinar distal (parasseptal): a porção proximal do ácino está normal e a parte distal é predominantemente envolvida. É mais notável em áreas adjacentes à pleura, ao longo dos septos de tecido conjuntivo lobular e nas margens dos lóbulos. Esse tipo é provavelmente a base de muitos casos de pneumotórax espontâneo em adultos jovens. ▪ Irregular (aumento do espaço aéreo com fibrose): recebe esse nome porque o ácino é envolvido irregularmente, está quase invariavelmente associado a uma cicatrização. Na maioria das vezes ocorre em focos pequeno e é clinicamente insignificante. ✓ A tabagismo ou ar poluente e fatores de predisposição genética causa danos e inflamação dos pulmões, resultando em destruição parenquimatosa (enfisema) e doenças das vias aéreas (bronquiolite e bronquite crônica). ✓ Acredita-se que o enfisema seja o resultado da degradação de elastina e outros componentes da parede dos alvéolos por enzimas, chamadas proteases, que digerem as proteínas. ✓ Como já dito, as enzimas antiprotease, incluindo a AAT, protegem o pulmão. A fumaça do cigarro e outros irritantes estimulam o movimento de células inflamatórias nos pulmões, resultando no aumento da liberação de elastase e outros proteases. ✓ Quando o fumante desenvolve DPOC, a produção e liberação de antiprotease pode ser inadequada para neutralizar o excesso de produção de protease, de tal maneira que o processo de destruição do tecido elástico permanece sem controle, ou seja, tem-se o desequilíbrio de protease- antiprotease. ✓ O tabagismo e infecções repetidas das vias respiratórias, que também diminuem os níveis de AAT, contribuem para o risco de desenvolvimento de enfisema em pessoas com DAAT. ✓ Estresse oxidativo: Substâncias na fumaça do tabaco, danos alveolares e células inflamatórias produzem oxidantes, que podem gerar mais danos e inflamações aos tecidos. → BRONQUITE CRÔNICA ✓ A bronquite crônica representa uma obstrução das pequenas e grandes vias respiratórias. ✓ A condição é mais observada em homem de meia idade e está associada à irritação crônica causada pelo tabagismo e a infecções recorrentes. ✓ O tabagismo não só danifica as células revestimento das vias aéreas superiores, levando à inflamação crônica, como também interfere na ação ciliar do epitélio respiratório, evitando a eliminação do muco e aumentando o risco de infecção. ✓ A mais precoce das características da bronquite crônica é a hipersecreção de muco nas grandes vias aéreas, associada à hipertrofia das glândulas submucosas na traqueia e nos brônquios. A base dessa hipersecreção não é completamente compreendida, mas parece envolver mediadores inflamatórios, tais como histamina e IL-13. ▪ Com o tempo, ocorre também aumento importante das células caliciformes nas pequenas vias aéreas (brônquios pequenos e bronquíolos), levando à produção excessiva de muco, o que contribui para a obstrução do lúmen das vias aéreas. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 7 ▪ Acredita-se que tanto a hipertrofia da submucosa nas grandes vias respiratórias tanto o aumento de células caliciformes nas pequenas vias respiratórias representa uma reação de proteção contra o fumo do tabaco e outros poluentes. ✓ Infecções virais e bacterianas são comuns em pacientes com bronquite crônica e acredita-se que sejam resultado e não a causa do problema. ❖ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → O sintoma característico da DPOC é a dispneia aos esforços, dificuldade para dormir e fadiga. → Em muitos casos, o diagnéstico de DPOC é feito quando um paciente apresenta exacerbação manifestada por agravamento de dispneia, agravamento da tosse, produção excessiva de muco, pode ou não ser acompanhada por febre e manifestações sistêmicas sugestivas de infecção. → A DPOC com bronquite crônica inclui tosse produtiva crônica por, no mínimo, 3 meses em pelo menos 2 anos consecutivos. Hemoptise pode ocorrer em pacientes com bronquite crônica, sobretudo durante uma irritação. → Pacientes com doença mais avançada podem desenvolver hipoxemia (documentada pela oximetria de pulso ou gasometria arterial, pode provocar cianose) ou hipercarbia (nível elevado de bicarbonato sérico, exige gasometria arterial para confirmação). → A DPOC também pode ser manifestações sistêmicas, pacientes com enfisema pulmonar perdem massa corporal e podem desenvolver sacopenia(perda de massa muscular). ❖ DIAGNÓSTICO (EXAMES COMPLEMENTARES) → O diagnóstico de DPOC deve se basear em um histórico cuidadoso e exame físico, estudos de função pulmonar, radiografia de tórax e exames laboratoriais. → Os achados físicos vistos na DPOC incluem: ✓ Cianose; ✓ Uso de músculos acessórios da respiração ou outros sinais de dificuldade respiratória; ✓ Uso de respiração frenolabial. ✓ A hiperinsuflação crônica pode resultar em tórax com aumento na dimensão anteroposterior (tórax em barril); ✓ A percussão pode revelar ressonância aumentada; ✓ A ausculta pode revelar murmúrio vesicular diminuído nos pacientes com predominância de enfisema pulmonar; ✓ Podem apresentar roncos à inspiração e ssibilos à expiração forçada. ✓ As bulhas cardíacas podem estar hipofonéticas em razão do aumento do espaço de ar retroesternal; ✓ Pressão venosa jugular elevada, hiperfonese do componente pulmonar (P2) da 2ª bulha cardíaca, levantamento paraesternal, congestão hepática e edema periférico aumentam a possibilidade de hipertensão pulmonar (cor pulmonale). → Uma espirometria mostrando obstrução ao fluxo de ar estabelece o diagnóstico. a característica da obstrução na espirometria é a redução da razão VEF1/CVF. ✓ A CVF é o volume de ar que pode ser expirado forçosamente após a inspiração máxima. Em um adulto com função respiratória normal, isso deve ser alcançado em um intervalo de 4 a 6 s. ✓ Em pessoas com doença pulmonar crônica, o tempo necessário para alcançar a CVF é maior, o VEF1 é menor e a razão VEF1/CVF é reduzida. → As radiografias de tórax podem mostrar hiperinsuflação, conforme evidenciado por silhueta diafragmáticas retificada, aumento do espaço de ar retrosternal na imagem em incidência lateral, redução da trama parenquimatosa, e bolhas no paciente com enfisema pulmonar. → A TC de tórax fornece uma avaliação mais detalhada das características do parênquima e é mais sensível do que RX para demonstrar perda do parênquima consistente com enfisema pulmonar. ❖ TRATAMENTO (MECANISMO DE AÇÃO) → O tratamento de DPOC depende do estágio da doença e, muitas vezes, requer uma abordagem interdisciplinar. A cessação do tabagismo é uma medida que retarda a progressão da doença. → O tratamento farmacológico da DPOC é direcionado ao alivio dos sintomas e à prevenção da progressão da doença. ➢ BRONCODILATADORES → A inalação de broncodilatadores, incluindo os β2-agonistas adrenérgicos e os anticolinérgicos (brometo de ipratrópio e brometo de tiotrópio), são a base do tratamento da DPOC. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 8 → Esses fármacos aumentam o fluxo aéreo, aliviam os sintomas e diminuem a taxa de exacerbações. → Os anticolinérgicos produzem broncodilatação via bloqueio dos receptores colinérgicos parassimpáticos geradores de contração do músculo liso dos brônquios. Esse tipo de medicamento deve ser administrado por inalação. → Os fármacos de longa ação, os BALAs e tiotrópio, são o tratamento de 1ª escolha para todos os pacientes, excetos para aqueles que estão sob risco baixo com menos sintomas. → A associação dos 2 pode ser útil em pacientes com respostas inadequadas a um broncodilatador simples inalado. ➢ CORTICOSTEROIDES → O acréscimo de um CSI a um broncodilatador de longa ação pode melhorar os sintomas, a função pulmonar e a qualidade de vida em pacientes de DPOC. → Porém, deve ser limitado a esses pacientes, pois está associado com aumento do risco de pneumonia. → Não são recomendados para o tratamento de longa duração. ➢ OUTROS FÁRMACOS → Roflumilastes é um inibidor da fosfodiesterase-4 de uso oral, empregado para diminuir as exacerbações em pacientes com bronquite crônica grave. → Embora sua atividade não esteja bem definida na DPOC, acredita-se que reduz a inflamação aumentando os níveis intracelulares de monofosfato cíclico de adenosina (AMPc) nas células pulmonares. → Ele não é um broncodilatador e não é indicado para o alivio do broncoespasmo agudo. REFERÊNCIAS • GOLDMAN, Lee. Goldman-Cecil Medicina. 26. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2022. • KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. • NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. • WHALEN, Karen; FINKELL, Ricardo; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia Ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
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