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APG 18 – Família que chia Objetivos: Descrever a etiologia, epidemiologia e fisiopatologia da asma. Explicar as manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da asma. (Evidenciar a farmacodinâmica). Elucidar a etiologia, epidemiologia e fisiopatologia da DPOC. Descrever as manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da DPOC. (Evidenciar a farmacodinâmica). Diferenciar a fisiopatologia da asma e da DPOC. ASMA Etiologia e epidemiologia A asma é uma doença pulmonar inflamatória crônica, caracterizada pela obstrução variável ao fluxo aéreo e hiperresponsividade das vias aéreas inferiores. A doença cursa com episódios recorrentes de exacerbações, caracterizados pelo aumento progressivo de sintomas como dispneia, tosse, sibilos e opressão torácica, com diminuição da função pulmonar. A asma é uma síndrome clínica de etiologia desconhecida, caracterizada por três componentes distintos: (1) episódios recorrentes de obstrução das vias aéreas, que regridem espontaneamente ou como resultado do tratamento; (2) resposta broncoconstritora exagerada a estímulos que têm pouco ou nenhum efeito nos indivíduos não asmáticos, um fenômeno conhecido como hiper-responsividade das vias aéreas; e (3) inflamação das vias aéreas, definida por uma variedade de critérios. A asma é um transtorno extremamente comum, que afeta meninos mais comumente que meninas e, após a puberdade, mulheres com uma frequência discretamente maior que os homens. A prevalência mundial de asma aumentou mais de 45% desde 1970. Os maiores aumentos na prevalência da asma ocorreram em países que recentemente adotaram um estilo de vida “industrializado”. De acordo com o último levantamento do DATASUS existem cerca de 20 milhões de brasileiros asmáticos. Fatores de risco: Predisposição genética: esse é o principal fator de risco para o desenvolvimento de asma, em que a produção de uma resposta mediada pela imunoglobulina E (IgE) a alergênios comuns. IgE é o anticorpo envolvido na manifestação de reações alérgicas e inflamações. - Histórico familiar de asma, alergias, exposição pré-natal a fumaça de cigarro e poluição, bem como múltiplas predisposições genéticas que potencialmente podem se sobrepor. - A gravidade dos casos de asma é afetada pela genética, idade de manifestação, exposição à poluição, atopia, grau de exposição a gatilhos, gatilhos ambientais, como o fumo e ácaros da poeira, e refluxo gastresofágico ou infecções respiratórias. Fatores de risco ambientais: no ambiente doméstico, a exposição aos ácaros em casas mal ventiladas e aquecidas foi associada com a sensibilização alergênica. Para além disso, a exposição a animais domésticos, como gatos e cachorros, também foi associada à sensibilização. Há também, exposição aos poluentes do ar, como dióxido de enxofre, partículas do diesel e oxônio, todos presentes em áreas urbanas e industriais. Também podemos apontar o tabagismo passivo e a exposição ocupacional. Como fatores ambientais. Fatores desencadeantes: Infecções respiratórias (principalmente virais). Exposição a alérgenos ambientais, como poeira doméstica, pólen, mofo, descamação ou secreções de animais (baratas, ácaros, etc.). Exposição a alérgenos ou produtos químicos e outros irritantes ocupacionais e ambientais, como fumaça de tabaco, ozônio, óxido sulfúrico e outros poluentes. Mudanças climáticas, sobretudo a exposição ao frio. Exercício, Emoções, Refluxo gastresofágico. Ingestão de aditivos alimentares contidos em corantes e conservantes. Fármacos como AAS, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), β-bloqueadores (inclusive soluções oftalmológicas), IECAs. Fatores endócrinos, como menstruação, gravidez e doenças da tireoide. Fisiopatologia A principal característica da asma é a inflamação dos brônquios, presente mesmo naqueles oligossintomáticos ou assintomáticos. A mucosa brônquica inflamada gera hiper- reatividade a diversos estímulos, que podem variar entre cada indivíduo. A inflamação das vias respiratórias irá aumentar a hiperresponsividade e diminuir o fluxo aéreo. SENSIBILIZAÇÃO Os alérgenos são inalados e têm contato com as células dendríticas do epitélio brônquico. Estas reconhecem, processam e apresentam fragmentos dos alérgenos aos linfócitos T auxiliares. Os linfócitos T, por sua vez, passam a produzir citocinas em resposta, causando proliferação de linfócitos Th2 que produzem citocinas responsáveis pelo início e manutenção do processo inflamatório. Como a IL-4 que tem papel importante no aumento da produção de anticorpos IgE específicos ao alérgeno. E as células Th2 estimulam a produção de IgE, pelos linfócitos B, além de estimular produção de mastócitos e aumentar meia-vida de eosinófilos. Os anticorpos produzidos alcançam a circulação e se ligam aos receptores de alta afinidade nos mastócitos. Vários mediadores inflamatórios são liberados pelos mastócitos (histamina, leucotrienos, triptase e prostaglandinas). Pelos macrófagos (fator de necrose tumoral – TNF- alfa, IL-6, óxido nítrico). Pelos linfócitos T (IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, fator de crescimento de colônia de granulócitos). Pelos eosinófilos (proteína básica principal, ECP, EPO, mediadores lipídicos e citocinas). Pelos neutrófilos (elastase). E pelas células epiteliais (endotelina-1, mediadores lipídicos, óxido nítrico). Através de seus mediadores as células causam lesões e alterações na integridade epitelial, anormalidades no controle neural autonômico (substância P, neurocinina A) e no tônus da via aérea, alterações na permeabilidade vascular, hipersecreção de muco, mudanças na função mucociliar e aumento da reatividade do músculo liso da via aérea. Esses mediadores podem ainda atingir o epitélio ciliado, causando-lhe dano e ruptura. Como conseqüência, células epiteliais e miofibroblastos, presentes abaixo do epitélio, proliferam e iniciam o depósito intersticial de colágeno na lâmina reticular da membrana basal, o que explica o aparente espessamento da membrana basal e as lesões irreversíveis que podem ocorrer em alguns pacientes com asma. Outras alterações, incluindo hipertrofia e hiperplasia do músculo liso, elevação no número de células caliciformes, aumento das glândulas submucosas e alteração no depósito e degradação dos componentes da matriz extracelular, são constituintes do remodelamento que interfere na arquitetura da via aérea, levando à irreversibilidade de obstrução que se observa em alguns pacientes FASE IMEDIATA Sempre que o indivíduo entrar em contato com o alérgeno que estimulou esse processo, este alérgeno irá se ligar aos IgE nos mastócitos. Os mastócitos, então, vão liberar mediadores e abrir a junção entre as células do epitélio, promovendo a entrada do alérgeno na mucosa e a produção de mais mastócitos e eosinófilos, que também liberarão mediadores nesse momento. Esses mediadores promovem o broncoespasmo, aumento da permeabilidade vascular, produção de muco e recrutamento de células do sangue: isso por via direta e por reflexos neuronais – pois a lesão epitelial causa desnudamento do epitélio, expondo nervos sensoriais aferentes – caracterizada pela obstrução de vias aéreas, principalmente pela contração da musculatura lisa. FASE TARDIA Ocorre após horas do contato com o alérgeno, tem início com a chegada de leucócitos, com liberação de mediadores produzidos pelos próprios leucócitos, pelo endotélio e pelas células epiteliais. É caracterizada pela hiper-sensibilidade brônquica e pela inflamação eosinofílica. A e B, Comparação de uma via aérea normal e uma via aérea envolvida por asma. A via aérea asmática é marcada pelo acúmulo de muco na luz brônquica seguida por um aumento no número de célulascalciformes secretoras de muco na mucosa e na hipertrofia das glândulas submucosas, inflamação crônica intensa devido ao recrutamento de eosinófilos, macrófagos e outras células inflamatórias, espessamento da membrana basal e hipertrofia e hiperplasia das células musculares lisas. C, Alérgenos inalados (antígenos) provocam a resposta dominada por TH2, favorecendo a produção de IgE e o recrutamento de eosinófilos. D, Na reexposição ao antígeno (Ag), a reação imediata é desencadeada pelo cruzamento induzido pelo Ag da IgE ligado aos receptores Fc nos mastócitos. Essas células liberam mediadores pré- formados que induzem os broncospasmos diretamente ou através de neurônios, aumentam a permeabilidade vascular, a produção de muco e o recrutamento de leucócitos. E, Os leucócitos recrutados neste local de reação (neutrófilos, eosinófilos e basófilos; linfócitos e monócitos) liberam mediadores adicionais que iniciam a fase tardia da asma. Vários fatores liberados dos eosinófilos (p. ex., principal proteína básica, proteína catiônica eosinofílica) também causam danos ao epitélio. Tipos de asma ASMA ATÓPICA Tipo de asma mais comum. É um exemplo clássico de reação hipersensibilidade mediada por lgE (tipo I). Geralmente começa da infância e é desencadeada por alérgenos ambientais (poeira, pólen, alimentos, cofatores ambientais pró-inflamatórios, infecções respiratórias virais). História familiar positiva para asma é comum. A asma atópica também pode ser diagnosticada com base nos níveis totais elevados de lgE sérica ou na evidência de sensibilização ao alérgeno por testes de radioalergossorventes séricos (denominados RAST), que detectam a presença de anticorpos IgE específicos para um alérgeno individual. ASMA NÃO ATÓPICA Não apresentam evidências de sensibilização a alérgenos, e os resultados dos testes cutâneos geralmente são negativos. As infecções por vírus (p. ex., rinovírus, vírus parainfluenza e etc), poluentes inalados do ar (fumaça, dióxido de enxofre, ozônio e dióxido de nitrogênio) são desencadeadores. Os ataques podem ser desencadeados por eventos aparentemente inócuos, como exposição ao frio e até mesmo exercícios. A história familiar positiva para asma é menos comum nesses pacientes. ASMA INDUZIDA POR FÁRMACOS Vários agentes farmacológicos provocam asma. Quando ocorre queda prostaglandina E2 que inibe as enzimas que geram os mediadores pró inflamatórios como leucotrienos B4, C4, D4 e E4, pode existir a induzida por fármacos asma. ASMA OCUPACIONAL Pode ser desencadeada por vapores (resinas epóxi, plásticos), poeiras orgânicas e químicas (madeira, algodão, platina), gases (tolueno) e outros compostos químicos. São necessárias apenas quantidades mínimas desses compostos químicos para induzir a crise, que geralmente ocorre após exposição repetida. Os mecanismos subjacentes variam conforme o estímulo e incluem reações de tipo I, liberação direta de substâncias broncoconstritoras e respostas de hipersensibilidade de origem desconhecida. REMODELAMENTO(PACIENTES CRÔNICOS) Processos inflamatórios repetitivos levam a mudanças estruturais na parede brônquica. Hipertrofia de musculatura lisa brônquica e de glândulas produtoras de muco. Aumento da vascularização. Deposição de colágeno subepitelial (fibrose): Característico de ativação de macrófago por via alternativa [produção de fatores de crescimento como TGF-β, TGF-α e fator de crescimento de fibroblastos (FGF)]. CÉLULAS E MEDIADORES DA PATOLOGIA Linfócitos T: liberação de padrões específicos de citocinas, que resultam no recrutamento e na sobrevivência dos eosinófilos e na manutenção de determinada quantidade de mastócitos nas vias respiratórias. Mastócitos: importantes na iniciação das repostas broncoconstritoras agudas, essas células liberam vários mediadores broncoconstritores, inclusive histamina, prostaglandina D2 e leucotrienos cisteinílicos, mas também várias citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento e neurotrofinas. Eosinófilos: a infiltração por eosinófilos é uma marca característica da inflamação das vias respiratórias; a inalação de alergênios provoca aumento acentuado dos eosinófilos ativados nas vias respiratórias na fase tardia da reação. Citocinas: várias citocinas regulam a inflamação crônica da asma; as citocinas TH2 como IL-4, IL-5 e IL-13 participam da inflamação alérgica, enquanto as citocinas próinflamatórias como o TNF- e a IL-1 amplificam a resposta inflamatória e desempenham papel importante nas formas mais graves da doença. Quimiocinas: as quimiocinas são responsáveis por atrair as células inflamatórias provenientes da circulação brônquica para as vias respiratórias. Estresse oxidativo: na asma, o estresse oxidativo está aumentado porque células as inflamatórias ativadas como os macrófagos e os eosinófilos produzem espécies reativas do oxigênio. Quanto mais aumentado, mais está relacionado com a gravidade da doença, pode amplificar a resposta inflamatória e pode reduzir a reatividade aos corticoides. Óxido nítrico: níveis altos de NO podem contribuir para a vasodilatação brônquica observada na asma. EFEITOS DA INFLAMAÇÃO A resposta inflamatória crônica produz vários efeitos nas células-alvo das vias respiratórias e causam as alterações fisiopatológicas características associadas à asma. - EPITÉLIO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS A perda de sua função de barreira para permitir a penetração dos alergênios; perda de enzimas que decompõem os mediadores inflamatórios, perda de um fator relaxante (fator relaxante derivado do epitélio) e a exposição dos nervos sensoriais, que pode desencadear efeitos neurais reflexos nas vias respiratórias aumentando a frequência respiratória. - MUSCULATURA LISA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS Os mediadores inflamatórios podem modular os canais iônicos que ajudam a regular o potencial de membrana em repouso das células musculares lisas das vias respiratórias e, dessa forma, alterar o grau de excitabilidade dessas células. Nas vias respiratórias dos pacientes asmáticos, também há hipertrofia e hiperplasia características da musculatura lisa, que provavelmente resultam de estimulação das células musculares lisas por vários fatores de crescimento. - RESPOSTAS VASCULARES O fluxo sanguíneo aumentado das vias respiratórias pode facilitar a remoção dos mediadores inflamatórios acumulados e pode ser importante na patogenia da asma induzida por esforço. - HIPERSECREÇÃO DE MUCO A secreção aumentada de muco contribui para a formação dos tampões de muco viscoso que obstruem as vias respiratórias dos pacientes asmáticos, principalmente nos casos fatais. - EFEITOS NEURAIS As vias colinérgicas, em razão da liberação de acetilcolina que atua nos receptores muscarínicos, causam broncoconstrição e podem ser ativadas reflexamente na asma. Os mediadores inflamatórios podem ativar os nervos sensoriais e provocar broncoconstrição colinérgica reflexa ou liberação de neuropeptídios inflamatórios. Os produtos da inflamação também podem sensibilizar as terminações dos nervos sensoriais do epitélio das vias respiratórias, de modo que os nervos ficam hiperalgésicos. Manifestações clínicas As crises de asma podem ocorrer espontaneamente ou em resposta a vários gatilhos, infecções respiratórias, estresse emocional ou mudanças climáticas. Os sintomas de asma pioram durante a noite, o que confere à condição a denominação de asma noturna. Tríade clássica: dispneia + tosse + sibilância Os principais sintomas são: Dispneia e aperto/opressão no tórax. (A dispneia pode ser descrita como falta de ar ou dificuldade de encher o pulmão. Ao examefísico, achados de obstrução grave do fluxo aéreo como taquipneia, taquicardia, fase expiratória prolongada e má movimentação do ar podem estar presentes. Além disso, sinais de esforço respiratórios também são comuns) Sibilância. (Descritos como chiado, são ouvidos mais comumente na expiração) Tosse (Pode ser seca ou produzir expectoração com aparência de muco e de coloração clara ou amarelo-pálida, pela presença de eosinófilos) Taquipneia e taquicardia. Pulso paradoxal. Hipoxemia e Hipercapnia e acidose respiratória. A maior diminuição da função respiratória ocorre aproximadamente às 4 h, período em que os níveis de cortisol estão baixos, os níveis de melatonina estão altos e a atividade dos eosinófilos é maior. - CRISE LEVE: pode produzir sensação de aperto no tórax, um ligeiro aumento na frequência respiratória com expiração prolongada e leve sibilação. A respiração sibilante pode ser acompanhada de tosse. - CRISES MAIS GRAVES: são acompanhadas pelo uso dos músculos acessórios, hipoforese do murmúrio vesicular devido ao aprisionamento de ar e aos sibilos intensos. Durante uma crise prolongada, o ar fica aprisionado por trás das vias respiratórias ocluídas e estreitadas, provocando a hiperinflação dos pulmões. As manifestações de crise diferem de uma pessoa para outra, e entre elas muitas pessoas ficam livres de sintomas. Após a crise asmática há desaparecimento gradual dos sinais e sintomas, podendo persistir por algum tempo estertores finos e sibilos esparsos pelo tórax. Diagnóstico ANAMNESE: queixas dos sintomas comuns e também é importante a história familiar do paciente (quase sempre +). EXAME FÍSICO Inspeção: observar se existe dispneia, taquipneia, o uso dos músculos acessórios e etc. Palpação: frêmito toracovocal normal ou diminuído Percussão: normal ou hipersonoridade. Ausculta: murmúrio vesicular diminuído, expiração prolongada (paciente demora, faz força para expirar), sibilos bilaterais. ESPIROMETRIA A espirometria fornece um meio para medir a capacidade vital forçada, volume expiratório final em 1s, pico de fluxo expiratório, volume corrente, capacidade de reserva expiratória e capacidade de reserva inspiratória. A espirometria tem como objetivos: Avalia capacidade/função pulmonar. Diagnóstico da doença respiratória suspeitada. Observação do grau de seriedade do distúrbio (leve, moderado, grave). O exame: Simples e rápido (+/- 15min), feito em consultório. O médico coloca uma presilha de borracha no nariz do paciente e pede para que respire apenas pela boca. O paciente sopra no aparelho de forma forçada (inspiração forçada + expiração forçada). Adultos: demoram em torno de 08 segundos para expirar todo o ar. NORMAL. Crianças: demoram em torno de 03 segundos para expirar todo o ar. NORMAL. Após essa 1° etapa, pode-se fazer a prova broncodilatadora para diagnóstico diferencial. Paciente com DPOC não altera muito sua respiração com a dilatação dos brônquios. Já os asmáticos têm evidente melhora. No indivíduo asmático, a espirometria simples confirma a redução do fluxo ventilatório com redução do VEF1. Outro fator importante é demonstrar a sua reversibilidade: pode haver aumento maior ou igual a 12% do VEF1 após inalação de beta2-agonista de ação curta. Por fim, a espirometria avaliará a gravidade da limitação do fluxo aéreo, a porcentagem do valor de VEF1 em comparação com o valor normal previsto e, no caso de pacientes com VEF1 normais, é possível identificar um padrão restritivo que explique a dispneia relatada. Pode então ser calculada a razão VEF1/CVF e a redução do valor dessa razão indicará a obstrução do fluxo. VEF1>70% = Obstrução leve 59%<VEF1<69% = Obstrução moderada VEF1<50% = Obstrução severa TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO O teste de broncoprovocação pode ser usado para identificar ou excluir hiperresponsividade das vias aéreas em pacientes com apresentações atípicas, como uma espirometria basal normal, sem variabilidade na limitação do fluxo aéreo ou sintomas isolados de asma, especialmente tosse. Nesse teste a broncoconstrição é incentivada a partir de estímulos provocativos como metacolina inalada, manitol inalado ou até mesmo exercício físico. Asmáticos são mais sensíveis – hiper- responsivos – a esses estímulos. Todavia, um teste positivo, que evidencie hiperresponsividade brônquica, não é totalmente específico para asma - ÓXIDO NÍTRICO EXALADO Hoje, o teste do NO exalado é usado como exame não invasivo para avaliar a inflamação eosinofílica das vias respiratórias. Em geral, os níveis altos dos pacientes asmáticos são reduzidos pelos CORTICOIDES INALATÓRIOS e, deste modo, o teste pode ser usado para avaliar a adesão ao tratamento. EXAMES DE IMAGEM E OUTROS As radiografias de tórax geralmente são normais, mas podem mostrar hiperinsuflação pulmonar nos casos mais graves. Durante as exacerbações, pode haver indícios de pneumotórax. Hemograma: Níveis de IgE totais podem estar aumentados. Teste de alergias: Testes cutâneos positivos para alérgenos comuns. O diagnóstico da asma possui três pilares: a história clínica sugestiva, a demonstração de alteração funcional de padrão asmático e a exclusão de outros diagnósticos. 1. A história de sintomas intermitentes, episódicos, no padrão discutido anteriormente com a sibilância característica da asma observada no exame físico apontam fortemente o diagnóstico da asma. 2. A espirometria que demonstre não apenas a obstrução ao fluxo aéreo expiratório, mas também a sua melhora importante após administração de broncodilatador. 3. Diagnósticos diferenciais excluídos, como: rinite, sinusite, bronquite, DPOC, ICC, cardiomiopatias, etc Tratamento Não-farmacológico: redução da exposição a fatores desencadeantes, treinamento de técnica inalatória e explicação dos sinais de alerta (piora dos sintomas e/ou aumento do uso de B2CA). Farmacológico: Beta-2-agonistas de curta ação (B2CA): fármacos de escolha para a reversão do broncoespasmo em crises asmáticas; estimulam a musculatura lisa brônquica promovendo a broncodilatação de início imediato. Ex: Salbutamol (Por inalação produz broncodilatação significativa em 15 minutos e o efeito persiste por 3 a 4 horas) Beta-2-agonistas de longa ação (B2LA): agonistas dos receptores beta-2 adrenérgicos, cujo efeito broncodilatador persiste por até 12 horas; deve ser prescrito com cuidado, pois alguns estudos demonstraram riscos de aumento de gravidade das crises em pacientes tratados B2LA, especialmente aqueles sem corticoterapia inalatória associada. Ex: salmeterol (Muitos pacientes com asma persistente moderada ou grave têm se beneficiado do uso de salmeterol juntamente com um corticoide inalatório,o salmeterol é geralmente bem tolerado, porém, tende a aumentar a frequência cardíaca e a concentração plasmática de potássio através de seus efeitos sobre os receptores ẞ2 extrapulmonares.) e Formoterol (É um agonista ẞ2 seletivo de ação prolongada. Ocorre broncodilatação significativa poucos minutos após inalação de dose terapêutica e pode persistir por até 12 horas. É um fármaco altamente lipofílico. Por isso, possui maior vantagem, em condições como a asma noturna, sobre os demais agonistas ẞ2 seletivos, pois sua difusão entre a bicamada lipídica da membrana plasmática estimula os receptores ẞ2 de maneira prolongada.) Corticosteroides inalatórios (CI): anti- inflamatórios mais eficazes para o tratamento da asma crônica sintomática. Corticosteroides sistêmicos: frequentemente necessários em pacientes com asma grave. Mais utilizados são a prednisona e a prednisolona amenizam a potência de uma inflamação em nosso corpo, que, caso exacerba os seus limites,pode ser extremamente prejudicial para o organismo. E, como consequência desses efeitos, temos a ação imunossupressora causada pelo GC. Dessa forma, os GC diminuem a liberação de citocinas (interleucinas e fatores de necrose tumoral) e de metabólitos do ácido araquidônico/AA (como prostaglandinas e leucotrienos) e aumenta a síntese de proteínas anti-inflamatórias. Isso tudo corrobora na inibição ou retardamento de etapas do processo inflamatório, como: redução da permeabilidade do endotélio capilar (reduzindo formação de edemas); e a inibição da marginalização e migração de leucócitos (reduzindo o processo de cicatrização por deposição de fibrina e proliferação de fibroblastos) Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma limitação do fluxo aéreo das vias aéreas inferiores, não reversível. Provocada por uma resposta inflamatória a toxinas inalatórias, principalmente a fumaça de cigarro, no entanto diversas outras toxinas também podem desencadear esse processo. O processo inflamatório crônico pode provocar alterações nos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). Epidemiologia De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 210 milhões de pessoas no mundo tem DPOC e a estimativa é de que a doença se torne a terceira principal causa de morte por volta do ano de 2020 No brasil, estima-se que haja DPOC em 12% da população acima de 40 anos, ou seja, 5.500.000 indivíduos. Morbidade: A DPOC, em 2003, foi a quinta maior causa de internamento no sistema público de saúde do Brasil, em maiores de 40 anos, com 196.698 internações e gasto aproximado de 72 milhões de reais. Mortalidade: No Brasil vem ocorrendo um aumento do número de óbitos por DPOC nos últimos 20 anos, em ambos os sexos, tendo a taxa de mortalidade passado de 7,88 em cada 100.000 habitantes na década de 1980, para 19,04 em cada 100.000 habitantes na década de 1990, com um crescimento de 340%. A DPOC nos últimos anos vem ocupando da 4ª à 7ª posição entre as principais causas de morte no Brasil. Fatores de risco Tabagismo: a causa mais comum de tendo sido evidenciado pelo fato de que 80 a 85% das pessoas com DPOC têm histórico de fumar. Deficiência hereditária na α1-antitripsina: AAT é uma enzima antiprotease que protege o pulmão de lesões (ex: protege da ação da elastase). Asma e hiper-responsividade das vias respiratórias: gera atuação do sistema imune, podendo, de forma crônica, levar à acometimento por DPOC. Repetidas infecções no trato respiratório: de forma crônica pode levar ao acometimento por bronquite crônica. Alta exposição aos gases poluentes ambientais: gerando: Hipertrofia das glândulas secretoras de muco. Irritantes causam inflamação com aporte de linfócitos CD8+, macrófagos e neutrófilos. Além disso, a DPOC tem uma relação comprovada com atividades laborais específicas, como exposição nas indústrias de borracha, plásticos, couro, têxtil, moagem de grãos, produtos alimentícios, etc. PATOGÊNESE O termo doença pulmonar obstrutiva crônica engloba dois tipos de doença obstrutiva das vias respiratórias: Enfisema, com alargamento dos espaços aéreos e destruição de tecido pulmonar. Bronquite obstrutiva crônica, com aumento da produção de muco, obstrução das vias respiratórias menores e tosse crônica. ENFISEMA BRONQUITE Obstrução funcional Obstrução física Perda da elasticidade Acúmulo de muco Afeta alvéolos Afeta brônquios Enfisema O enfisema se caracteriza pela perda da elasticidade pulmonar (elastina) e aumento anormal dos alvéolos distais aos bronquíolos terminais, com destruição das paredes alveolares e dos leitos capilares. Ocorre dilatação anormal e permanente das vias aéreas distais aos bronquíolos terminais, acompanhada por destruição de suas paredes na ausência de fibrose significativa. Com base nos segmentos das unidades respiratórias envolvidas, o enfisema é classificado em quatro tipos principais: (1) centroacinar, (2) pan-acinar, (3) parasseptal e (4) irregular. Destes, apenas os dois primeiros causam uma obstrução clinicamente significativa do fluxo aéreo. O enfisema centroacinar é a forma mais comum, constituindo mais de 95% dos casos clinicamente significativos. Centroacinar: dilatação que afeta inicialmente os bronquíolos respiratórios. Panacinar: com distensão inicial do alvéolo e ducto alveolar. Duas das causas reconhecidas de enfisema são: Tabagismo, que incita a lesão pulmonar. Deficiência herdada de α1-antitripsina (AAT), uma enzima antiprotease que protege o pulmão de lesões. TABAGISMO A exposição a substâncias tóxicas, como a fumaça do tabaco e poluentes inalados, induz inflamação ativa com acúmulo de neutrófilos, macrófagos e linfócitos no pulmão. Ocorre o movimento de células inflamatórias nos pulmões, resultando no aumento da liberação de elastase e outras proteases, que degradam a elastina. O cigarro diminui a produção de alfa1- antitripsina, enzima que degrada proteases (protege o tecido pulmonar). Nos casos em que o fumante desenvolve DPOC, a produção e liberação antiprotease pode ser inadequada para neutralizar o excesso de produção de protease, de tal maneira que o processo de destruição do tecido elástico permanece sem controle. DEFICIÊNCIA DE AAT É o segundo problema genético mais grave que afeta os pulmões e é o resultado de uma mutação do gene ATT no locus genético. ATT é um inibidor de protease que ajuda a proteger o pulmão de enzimas proteases, como a elastase de neutrófilos, que danifica o tecido pulmonar saudável e também auxilia na eliminação de bactérias durante uma disfunção respiratória aguda. Fisiopatologia A exposição inalatória provoca uma resposta inflamatória nas vias respiratórias e nos alvéolos. O processo é mediado pelo aumento da atividade da protease, liberadas pelos neutrófilos e outras células inflamatórias, e pela diminuição da atividade da anti-protease. As proteases pulmonares provocam a lise da elastina e do tecido conjuntivo no processo normal de reparação tecidual. A atividade dessas proteases costuma ser balanceada por antiproteases, como alfa-1 antitripsina. Esse desbalanço entre as proteases e as antiproteases é o principal mecanismo do componente enfisematoso da doença uma vez que causa hiperinsuflação e dificuldade de expiração. A inflamação causa estreitamento e obstrução das vias respiratórias, além de hipersecreção de muco, espasmo brônquico, fibrose peribrônquica e destruição das pequenas vias respiratórias. Isso normalmente costuma ocorrer devido à exposição crônica à substâncias inalatórias irritantes (tabagismo sendo a causa mais comum), que induzem a uma reação inflamatória crônica nas pequenas vias aéreas, com presença de linfócitos CD8+, macrófagos e neutrófilos. Essa inflamação crônica resulta na proliferação das células caliciais e hipertrofia das glândulas submucosas, causando assim hipersecretividade de muco e estreitamento das pequenas vias aéreas. A maior resistência das vias respiratórias aumenta o trabalho de respiração. A hiperinsuflação pulmonar, embora diminua a resistência das vias respiratórias, também aumenta o esforço respiratório. A força expiratória depende em grande parte da elasticidade pulmonar, que está diminuída na DPOC. Trata-se do fenômeno do aprisionamento de ar que promove um aumento do volume residual, da capacidade residual funcional e da capacidade pulmonar total. Esse aprisionamento ocorre por causa da degradação da elastina alveolar por proteases, como foi dito anteriormente. A elastina é um componente responsável por resistirà insuflação, auxiliando o esforço expiratório, algo semelhante ao que observamos em uma bola inflável, em que o componente elástico resiste à distensão e busca retornar ao seu estado de repouso. CONSEQUÊNCIAS DO EFISEMA A perda da elastina provoca diminuição da capacidade de retração elástica do pulmão. Dificuldade de empurrar o ar para fora da caixa torácica. Maior dificuldade de expirar do que de inspirar (pois a complacência pulmonar, isto é, a capacidade do pulmão de se expandir e se encher de ar está alta). Expiração ativa (uso ativo dos músculos acessórios da expiração). ALTERAÇÕES NA FUNÇÃO PULMONAR Oxigenação diminuída: taquipneia, dispneia ao exercício. Hiperdistensão e hiperinsuflação pulmonar: tórax em forma de barril. Uso da musculatura acessória: expiração prolongada e ruidosa. Hipóxia crônica: baqueteamento dos dedos. Hipoventilação: expansão torácica diminuída. Colapso bronquiolar: creptações e sibilos à inspiração. PORQUE A FUNÇÃO RESPIRATÓRIA FICA COMPROMETIDA? São nos alvéolos que ocorrem a troca gasosa, devido ao seu contato com a corrente sanguínea e muitos outros fatores. Quando os alvéolos estão preservados, em que o epitélio respiratório e o capilar sanguíneo está próximo, isso favorece a passagem de O2 e CO2 por diferença de pressão, logo esse processo é funcional. No caso de enfisema, os sacos alveolares ficam destruídos e dilatados, não conseguindo mais realizar troca gasosa. O enfisema avançado produz pulmões volumosos, muitas vezes sobrepostos ao coração e ocultando- o, quando a parede torácica anterior é removida. Em geral, os dois terços superiores dos pulmões são afetados com maior severidade. Grandes vesículas ou bolhas apicais são mais características do enfisema irregular secundário à cicatrização e do enfisema acinar distal. Grandes alvéolos podem ser vistos facilmente na superfície de corte do pulmão fixado. Microscopicamente, os alvéolos anormalmente grandes são separados por septos delgados, com fibrose centroacinar apenas focal. Ocorre uma perda da fixação dos alvéolos à parede externa das pequenas vias aéreas. Os poros de Kohn são tão grandes que os septos parecem estar flutuando ou sofrem protrusão cegamente para os espaços alveolares com uma extremidade em forma de baqueta. A vasoconstrição prolongada leva a alterações da hipertensão arterial pulmonar. Conforme as paredes alveolares são destruídas, ocorre uma redução da área do leito capilar. Na doença avançada, existem espaços aéreos anormais ainda maiores e possivelmente vesículas ou bolhas, que muitas vezes deformam e comprimem os bronquíolos respiratórios e a vasculatura do pulmão DIAGNÓSTICO Raio-x: o pulmão fica altamente aumentado de tamanho, diminuindo até mesmo a proporção do tamanho do coração (como se estivesse espremido. E em perfil é possível perceber o tórax em tonel e aumento do espaço retroesternal. Espirometria: A limitação permanente ao fluxo aéreo é definida quando esta relação é definida quando esta relação é < que 70% após o uso de bronco dilatador. Essa limitação permanente é essencial para o diagnóstico de DPOC. Uma outra alternativa de índice para avaliar limitação do fluxo aéreo é a relação FEV1/FEV6. Nessa relação, o que é avaliado é a relação entre o fluxo expiratório após 1 segundo e 6 segundos, respectivamente. Bronquite A bronquite crônica representa uma obstrução das pequenas e grandes vias respiratórias. Caracterizada pela grande produção de muco na árvore brônquica, suficiente para causar expectoração excessiva. Associada a uma hipertrofia das glândulas submucosas na traqueia e nos brônquios. Bronquite aguda: é comum após infecções respiratórias por influenza, por exemplo, devido à uma inflamação de curta duração dos brônquios, cujo principal sintoma é a tosse. Bronquite crônica: é caracterizada pela tosse produtiva com duração de mais de 3 meses nos últimos dois anos, ou seja, é um diagnóstico clínico. Vale ressaltar que mesmo após cessar o tabagismo, o paciente pode apresentar este quadro. Fisiopatologia Hipersecreção de muco: presença de fumaças tóxicas estimula o aumento da quantidade de glândulas mucosas e de células caliciformes do epitélio respiratório que reveste os brônquios levando à produção de muco espesso. Cílios: os cílios do epitélio respiratório também ficam prejudicados, e assim a função de “varrer” o muco para liberar as vias aéreas se torna deficiente. Inflamação: as substâncias inaladas que levam à bronquite crônica causam danos celulares, provocando respostas inflamatórias agudas e crônicas envolvendo neutrófilos, linfócitos e macrófagos. A inflamação de longa duração é acompanhada de fibrose envolvendo as vias aéreas e também pode acarretar a obstrução crônica das vias aéreas. A DPOC também é uma das principais causas de cor pulmonale, que significa disfunção do ventrículo direito consequente a um distúrbio pulmonar que causa aumento da pós-carga do ventrículo direito. Isso ocorre pela hipóxia crônica, pois as arteríolas pulmonares sofrem hipertrofia da sua camada de músculos lisos, resultando em vasoconstricção e aumento da resistência da circulação pulmonar, levando, por fim, à Hipertensão Arterial Pulmonar. Na radiografia, na presença de Cor pulmonale, podem ser visíveis achados de hipertensão pulmonar e insuficiência do ventrículo direito, com hilo pulmomar congesto, artéria pulmonar proeminente e dilatação do ventrículo direito. MORFOLOGIA - HISTOPATOLOGIA Hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco associadas a um aumento de células caliciformes da mucosa presente principalmente nas vias aéreas proximais; Redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônquica por edema e fibrose; Presença de linfócitos TCD8+, macrófagos e neutrófilos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O sintoma primordial da bronquite crônica é a tosse persistente com produção de escarro. Depois de muitos anos da doença, aparecem os sintomas de dispneia ao esforço e outros sintomas da DPOC, como hipercapnia, hipoxemia e cianose leve. Em longo prazo, a maioria dos pacientes desenvolve cor pulmonale com insuficiência cardíaca direita. DIAGNÓSTICO Raio-x: pode evidenciar volumes pulmonares aumentados + diafragmas relativamente rebaixados + hiperinsuflação. Artérias pulmonares proeminentes: comuns e são associadas com hipertensão pulmonar e outros. Provas de função pulmonar: mostrando alterações, com limitações na respiração. Avalilação gasométrica e do ph: A avaliação da oxigenação pode ser feita, inicialmente, de maneira nãoinvasiva pela oximetria de pulso. Se for identificada uma saturação periférica de oxigênio (SpO2) igual ou inferior a 90%, está indicada a realização de gasometria arterial para avaliação da PaO2 e da PaCO2. A oximetria deve ser repetida periodicamente e sempre que houver exacerbaçãohipoxemia, também pode ocorrer desequilíbrio ventilação/perfusão. Existem dois estereótipos dos pacientes com DPOC: • Pink Puffers: Corresponde aos pacientes enfisematosos. São magros, apresentam pletora e tórax em tonel. A dispneia é tipo expiratória e a ausculta pulmonar revela diminuição dos murmúrios vesiculares. • Blue Bloaters: Corresponde aos pacientes com bronquite. Apresentam hipoxemia grave (cianose) associada ao cor pulmonale, que leva a insuficiência ventricular direita e edema. A ausculta pulmonar é rica em ruídos adventícios. Diagnóstico diferencial: asma brônquica, bronquiolite, bronquiectasias, tuberculose, ICC. ESTADIAMENTO O estadiamento da GOLD (da “Iniciativa Global Pela Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) classifica os pacientes es estágios que vãode 1 a 4. É realizado a partir do resultado espirométrico, a GOLD recomenda realização de espirometria anual para guiar a terapia dos pacientes de acordo com a evolução da doença. O sistema GOLD classifica os pacientes em grupos A, B, C e D a depender de quão sintomático o paciente é e da quantidade de exacerbações da doença que ele apresentou no último ano. Tratamento A infecção respiratória é a principal causa de exacerbação da DPOC. Nos casos de infecção respiratória, observa-se mudança do padrão de secreção do paciente e piora na dispneia. Os agentes etiológicos mais comuns são: Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, Moraxella catarrhalis e os vírus respiratórios. Deve-se suspeitar de tromboembolismo pulmonar quando ocorrer a exacerbação da DPOC sem causa evidente ou que não responda à terapêutica instituída para infecções respiratórias. A suspeita de pneumotórax deve ser levantada quando paciente apresenta deterioração grave e rápida, o que pode ocorrer como resultado da ruptura de uma grande bolha. É recomendado iniciar a terapêutica broncodilatadora inalatória em episódios de exacerbação aguda com o uso associado do brometo de ipratrópio a um β-2 de ação curta (como salbutamol ou fenoterol). Os corticoides reduzem a taxa de falha terapêutica e o tempo de permanência hospitalar. A medicação mais recomendada é a prednisona via oral 40 mg∕dia ou metilprednisolona 0,5 mg∕kg∕dia por 05 dias a 14 dias. Tratamento com oxigênio em alto fluxo: comprovadamente aumenta a sobrevida (com uso de pelo menos 15 h/dia). Quantidade de oxigênio deve ser suficiente para manter PaO2 > 60 ou saturação > 90%. Se o paciente preenche os critérios em repouso, prescrever O2 também durante exercício e sono (em geral, adicionando 1 L/min). Existem três sistemas de oxigenoterapia que são os cilindros, os concentradores e o oxigênio líquido. Em geral, são administrados por óculos nasal (mais confortável do que os cateteres nasofaríngeos), com fluxos baixos (em geral até 5 L/min) e sem a necessidade de umidificação. A vacinação também é importante, a anti- influenza, a pneumocócica polissácarídica e conjugada e a VPP23 para pacientes com VEF1<40% e com menos de 65 anos. DPOC estável tratamento: Os broncodilatadores são a base do tratamento sintomático das doenças pulmonares obstrutivas. A via de administração preferencial é inalatória. • B2-Agonista: atuam aumentando a ação do sistema simpático nas vias aéreas, abrindo os canais de potássio e aumentando o AMP cíclico. Os B2-agonistas de longa duração são mais eficazes (formoterol e salmeterol) em controlar os sintomas de pacientes fora dos períodos de exacerbações. • Anticolinérgicos: O brometo de ipaprópio é um antagonista específico dos receptores muscarínicos. O pico de ação é entre 30-90 minutos e o efeito dura entre 4 a 6 horas. • Xantinas: Tendo a aminofilina e teofilina como principais fármacos, são consideradas a última opção de terapia broncodilatadora. Seu efeito broncodilatador é inferior as outras drogas, além de causar efeitos adversos como náuseas, tremores e arritmias. • Os corticoides inalatórios são recomendados em pacientes com VEF1 < 50% e que tenham tido exacerbação no ano anterior e que necessitou do uso de antibiótico ou corticoide oral. Porém, a associação dessas drogas com beta-agonistas de ação prolongada, mostra redução da mortalidade, das exacerbações e melhora a qualidade de vida desses pacientes. • Tratamento de cor pulmonale: diuréticos quando há edema. Flebotomia na exacerbação em caso de hematócrito superior a 55%, embora seja discutível. Vasodilatadores (p. ex., bloqueadores do cálcio) não são eficazes e podem até piorar a hipoxemia. Digoxina em caso de disfunção ventricular esquerda ou arritmias supraventriculares associadas. Principais diferenças Enquanto a asma se diferencia da bronquite crônica e do enfisema pela presença de broncospasmo reversível, alguns pacientes com asma típica também desenvolvem um componente irreversível. Inversamente, alguns pacientes com DPOC típica apresentam um componente reversível. É comum rotular esses pacientes na prática clínica como portadores de DPOC/asma.
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