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Pensamento

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DESCRIÇÃO
A evolução histórica de produção de conhecimentos ao desenvolvimento individual dos
processos cognitivos elementares e superiores de resolução de problemas e tomada de
decisão, com atravessamentos intelectuais inerentes à condição biológica e cultural humana.
PROPÓSITO
Conhecer o desenvolvimento intelectual é fundamental, tanto para os profissionais da saúde e
da educação, que pretendam avaliar e tratar pessoas das diferentes faixas etárias e fases de
desenvolvimento humano, como para os gestores, que pretendam construir processos
administrativos eficientes de seus produtos, serviços e gestão de pessoal.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Distinguir as diferentes correntes, bem como os tipos de conhecimentos que podemos
desenvolver
MÓDULO 2
Identificar processos de desenvolvimento cognitivo tais quais apresentados por Piaget e
Vygotsky
MÓDULO 3
Aplicar os mais sofisticados processos de mapeamento, derivação e acompanhamento de
solução aos problemas
MÓDULO 4
Analisar os processos de tomada de decisão segundo cada demanda situacional e
suscetibilidades do raciocínio humano
INTRODUÇÃO
A razão é uma capacidade própria do ser humano, que nos permite ascender às ideias com
base em uma ampla e profunda compreensão da realidade. Além dessa habilidade nos
distinguir dos demais seres vivos, ela pode promover a qualidade de vida e felicidade. Por meio
dela, podemos compartilhar experiências e conhecimentos úteis, descobrir leis da natureza,
projetar objetivos e planos de ação, coordenar um movimento coletivo, testar ideias
logicamente, recombinar elementos, passar adiante soluções conhecidas e investigar novas
soluções para problemas complexos ou inéditos.
Entretanto, não basta ser dotado dessa faculdade e não saber usá-la de modo eficaz. Por isso
vamos estudar os processos que operam na intelectualidade e suas mais sofisticadas
estratégias de aplicação de acordo com cada situação específica.
O primeiro passo será conhecer a evolução epistemológica que oportunizou a produção de
tipos distintos de conhecimento: empírico, religioso, filosófico e científico (cada um com seu
lugar e importância), bem como as articulações possíveis entre experiência, sentido e razão:
racionalismo, empirismo, intelectualismo e apriorismo.
Em seguida, apresentaremos uma fundamentação teórica sobre o desenvolvimento cognitivo
do ser humano, considerando modelos de classificação dos “estágios” de avanço intelectual de
processos elementares a partir de fatores biológicos, individuais e sociais.
As importantes capacidades superiores do raciocínio – resolução de problemas, julgamento e
tomada de decisão – também serão abordadas em seus usos mais elaborados para aplicação
em contextos cotidianos e institucionais diversos.
CORRENTES SOBRE A ORIGEM DO
CONHECIMENTO
A gnosiologia, ou teoria do conhecimento, é uma disciplina da filosofia que caracteriza o ato de
conhecer segundo a relação entre o sujeito (aquele que conhece) e o objeto (aquilo que pode
ser conhecido). Portanto, é possível apreender objetos e estabelecer conhecimentos de formas
distintas.
Ao longo da história, as pessoas encontraram diferentes caminhos para investigar, conhecer e
produzir conhecimento sobre a realidade e o que nela há. Podemos discutir a consistência de
cada conhecimento e o quanto são confiáveis. Independentemente desse debate, todos esses
tipos de conhecimento têm seu lugar.
MÓDULO 1
 Distinguir as diferentes correntes, bem como os tipos de conhecimentos que
podemos desenvolver
Há quatro correntes que, ao mesmo tempo que conflitam entre si, também se complementam.
São elas:
 Busto de Platão.
RACIONALISMO
Destaca e defende que a principal fonte do nosso conhecimento é a razão. O pensamento por
si só, por meio do exercício da razão, produziria os verdadeiros conhecimentos. Estes seriam
universalmente válidos e logicamente coerentes. Nossas experiências ficariam em segundo
plano, e a origem do conhecimento viria à nossa mente. Esse tipo de conhecimento é a priori,
ou seja, não é baseado na experiência, o que o torna incontestável. O conhecimento
verdadeiro só vem do pensamento puro. Um dos primeiros expoentes desse tipo de ideia foi
Platão.
 Estátua de John Locke (por William Theed) na fachada dos jardins de Burlington da
Academia Real.
EMPIRISMO
Destaca e defende que a principal fonte do nosso conhecimento são os sentidos, as
experiências, e não a razão. Defende a tese, que se opõe ao racionalismo, de que a única
fonte de conhecimento humano é a experiência. Segundo seus proponentes, o espírito humano
é vazio, uma tábula rasa. Seus maiores defensores são aqueles que vêm da área das ciências
naturais, em que a experiência tem papel preponderante. O principal fundador moderno dessa
postura foi John Locke, que afirmou que a psique era um papel em branco e que tudo seria
causado pela experiência, que imprimiria nela todo o nosso conhecimento. Portanto, para
Locke não existe conhecimento inato, afirmando que até mesmo as leis mais básicas do
pensamento humano são adquiridas por meio da experiência.
 Estátua de São Tommaso Aquino em Roma na Villa Borghese.
INTELECTUALISMO
Destaca e defende que o conhecimento envolve ambos, não sendo possível desprezar os
sentidos nem a razão. Mas a experiência ocorreria primeiro, sobre a qual a razão se
debruçaria. Os conceitos são decodificados pela razão humana, que organiza e julga as
percepções e impressões cedidas pela experiência. Podemos enquadrar nessa perspectiva de
origem do conhecimento as obras de Tomás de Aquino e Aristóteles.
 Monumento ao filósofo Immanuel Kant.
APRIORISMO
Também destaca e defende que o conhecimento envolve ambos, não sendo possível
desprezar os sentidos nem a razão, mas colocando este último como preponderante. Segundo
essa perspectiva, nós temos elementos a priori que nos auxiliam a formular conhecimentos,
dando primazia à razão. Immanuel Kant foi o fundador dessa corrente de pensamento,
afirmando que a matéria do conhecimento é a experiência, mas o pensamento lhe dá forma,
organizando os resultados obtidos pela experiência.
TIPOS DE CONHECIMENTO
Derivados dessas correntes de pensamento, há quatro tipos ou formas de produzir
conhecimentos. Vejamos cada um com mais detalhes a seguir:
CONHECIMENTO EMPÍRICO OU DE SENSO
COMUM
É a forma de apreender a realidade mais rudimentar ou vivencial porque são opiniões
baseadas nas experiências particulares. É um conhecimento construído no dia a dia e passado
de geração em geração, que não se preocupa com comprovações ou embasamento teórico.
Por exemplo, uma pessoa pode relatar que chá de camomila cura dores de cabeça porque
sempre funcionou para ela.
É um conhecimento elementar, baseado em interpretações individuais, que tenta ser aplicado a
uma realidade popular mais ampla, sem necessidade de provas. Portanto, esse saber não
requer método intencional, é assistemático, possui uma lógica frágil que leva a conclusões
parciais, além de ser dependente de um contexto específico, pois pessoas em outros tempos
ou locais podem ter percepções diferentes.
CONHECIMENTO RELIGIOSO
Esse tipo de conhecimento surge preenchendo lacunas deixadas pelo empírico, porque
consiste em atribuir explicações sobrenaturais a fenômenos naturais ainda não compreendidos
racionalmente. Por exemplo, caçadores podiam explicar que começou a trovejar quando
mataram um animal porque Deus ficou irado com a atitude deles.
As características principais deste tipo de conhecimento incluem dogmas frequentemente
fechados para contestação; a figura de “profetas” ou pessoas percebidas como iluminados para
transmitir a verdade sobrenatural. Devem ser considerados, ainda, elementos de
pseudociências que podem ser lógicos e ter coerência interna, o que não significa que são
testáveis ou reais, e que demandam atos de fé.
A teologia é um campo que reúne ou organiza os conhecimentos religiosos, destacando o
sagrado do profano, além de manter a recepção aos mistérios sobrenaturaispara os quais só
resta uma atitude de fé das pessoas.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
A atitude filosófica de olhar criticamente para o mundo ganhou prestígio ao resolver vários
problemas que os saberes empíricos e religiosos não davam conta. Consiste em questionar de
maneira racional, não necessariamente buscando respostas. Por exemplo, como saber se eu
existo? Se estou duvidando, então penso. Esse pensamento pressupõe algo pensante, no caso
eu. Portanto, se penso, logo existo.
As características principais são:
1 Produzido pelo uso da razão e lógica.
2 Pauta pela fé.
3 Premissas podem ser testadas racionalmente.
4 Contestadas ou criticadas.
5
Cultiva a atitude de olhar para coisas habituais e comuns como se fossem
inéditas e algo a ser descoberto.
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Representa o último avanço em matéria de explicação da realidade, partindo de métodos
objetivos e sistemáticos para reduzir ambiguidades ou imprecisões.
A metodologia científica inclui um conjunto de regras para conduzir uma pesquisa, evitando
que as conclusões extrapolem os dados obtidos. O saber científico fundamenta que a
verdade é assegurada pela verificação prática, aumentando a capacidade de prever e modificar
a realidade. E mais ainda, os experimentos precisam ser esclarecidos cuidadosamente para
ficarem disponíveis a outros cientistas que queiram refazê-los – esse aspecto é chamado de
replicabilidade.
Há filosofia sem ciência, mas não há ciência sem filosofia. Isso porque a filosofia lançou
criticamente as bases da produção do conhecimento, inclusive do método científico, que requer
reflexão crítica para levantar hipóteses e discutir os dados de pesquisa.
Esse saber não se trata de pessoas emitindo opiniões ou reflexões, mas de dados de pesquisa
verificáveis por meio de experimentos.
O conhecimento é cumulativo e novos dados levam a novas conclusões, traduzindo-se no lema
da ciência. Zela pela fidedignidade aos dados, replicabilidade (as pesquisas podem ser
refeitas) e generalidade (aplicável a diferentes contextos semelhantes ou idênticos).
Método Indutivo
Uma das principais descrições do método científico foi proposta por Francis Bacon no século
XVI, conhecido como método indutivo, baseado na observação, na neutralidade e na indução.
O fenômeno era observado diversas vezes de forma neutra, ou seja, sem uma ideia prévia do
porquê de ele acontecer de determinado jeito e, a partir de uma série de análises, repetições e
experimentos, uma lei era descrita induzindo do particular para o geral.
Método Falseacionista
Porém, esse modelo indutivo de ciência foi criticado por Karl Popper, em 1930, que alegava
não ser possível generalizar a partir de observações particulares, porque isso seria uma
extrapolação, uma vez que novas observações poderiam resultar em dados diferentes. Outra
crítica foi à neutralidade porque, segundo ele, sempre há uma ideia prévia, um pré-conceito
que vai influenciar a investigação, a análise e a descrição dos resultados. Popper propôs,
então, o método falseacionista, segundo o qual uma teoria só será considerada científica se
puder ser falseada por experimentos que a coloquem à prova. A teoria é válida enquanto
sobreviver às tentativas de falseamento.
Tipo de
conhecimento
Base do
conhecimento
Forma de aquisição
do conhecimento
O que valida o
conhecimento
Empírico Crença Experiência pessoal Testemunho
Religioso Crença (fé)
Revelações divinas ou
documentos sagrados
Dogma,
tradição e
testemunho
Filosófico Razão Observação e reflexão
Argumentação
lógica
Científico Razão
Investigação (método
científico)
Verificação
experimental
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 Tabela: Resumo dos tipos de conhecimento. 
Elaborado por Lincoln Nunes Poubel.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OS
MÉTODOS DEDUTIVO, INDUTIVO E
FALSEACIONISTA
O especialista Lincoln Nunes Poubel reflete a seguir sobre as características do conhecimento
científico e os métodos dedutivo, indutivo e falseacionista. Vamos lá!
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Correntes sobre a origem do conhecimento
Conhecimento filosófico
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A PERSPECTIVA DE PIAGET
Para a construção do conhecimento, nós, seres humanos, começamos uma jornada que se
inicia com o nascimento e vai até a adolescência. No estudo dessa jornada, Piaget parte de
uma epistemologia genética e desenvolve sua teoria construtivista.
Por meio dos seus estudos, ele propôs que os indivíduos passam por um processo de
adaptação durante seu desenvolvimento, que envolve dois mecanismos: a assimilação e a
acomodação. A criança assimila um objeto e o acomoda dentro de um esquema já dominado.
Quando ela recebe uma nova informação, tenta associar com algo que já conhece,
acomodando-o. Se a acomodação aos esquemas já construídos não for possível, um novo é
derivado, ampliando o conhecimento.
MÓDULO 2
 Identificar os processos de desenvolvimento cognitivo tais quais apresentados por
Piaget e Vygotsky
Piaget construiu sua teoria construtivista sobre as seguintes bases ou fatores essenciais para o
desenvolvimento cognitivo da criança: o biológico, relacionado ao crescimento orgânico e à
maturação do sistema nervoso; as experiências e os exercícios, por meio da interação da
criança com objetos; as interações sociais, por meio de linguagem, modelos e consequências
aplicadas, ou seja, educação; por fim, ocorre a equilibração das ações, que é a construção de
um esquema ou a acomodação a esquemas já existentes, permitindo a adaptação ao meio e
às situações.
Para Piaget, o desenvolvimento humano passa por fases ou estágios sucessivos e graduais
de organização do campo cognitivo e afetivo, em que os esquemas são formados, modificados
ou reconstruídos em períodos etários. São eles:

ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR
Acontece com os bebês de 0 a 2 anos, que estão descobrindo todas as sensações e os
movimentos do próprio corpo, incluindo a emissão de sons, explorando e apreendendo o
mundo através deles. O contato com o meio inicia-se por intermédio dos reflexos sensoriais e
comportamentos típicos da espécie, chegando ao desenvolvimento da fala, sem
representação mental ou pensamento conceitual, porque a criança ainda está aprendendo a
falar.
ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO
Acontece dos 2 aos 7 anos, tornando-se cada vez mais conceitual e representacional graças à
linguagem derivada da socialização, indo além das informações sensoriais. Mas ainda não é
efetiva ou inteligente por causa do pensamento egocêntrico, incapacidade de aderir à
perspectiva do outro (condição necessária ao verdadeiro diálogo), incoerência (contradizendo-
se com argumentos incompatíveis) e irreversibilidade (incapacidade de pensar
simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os
objetos). A criança possui uma percepção global dos objetos sem discriminar detalhes e deseja
conhecer como tudo ocorre e é explicado – fase dos porquês.


ESTÁGIO OPERATÓRIO CONCRETO
Vai dos 7 aos 11 anos, quando a capacidade cognitiva alcança o raciocínio lógico aplicado a
problemas reais, permitindo maior argumentação coerente, objetividade, conservação e
reversibilidade, com a diminuição do egocentrismo. A criança faz escolhas e também age no
seu meio a partir de necessidades e fatos concretos daquilo que está acontecendo na sua
vida.
ESTÁGIO OPERATÓRIO FORMAL
Vai de 12 anos até a idade adulta, quando é formado o raciocínio dedutivo, permitindo a
formulação de hipóteses e a explicação dos eventos com fatos observáveis. A capacidade de
abstração já foi desenvolvida, permitindo ao indivíduo pensar sobre os pensamentos e
sentimentos próprios e alheios, além de buscar soluções sem depender unicamente da
observação da realidade.

Durante todo esse desenvolvimento cognitivo, Piaget trata da consciência moral, não como
inata, mas como produto das relações interindividuais que sedão por meio da coação e da
cooperação, estabelecendo três etapas que atravessam os estágios.
Nos relacionamentos baseados em coação existe um baixo nível de socialização, e as
interações são basicamente impositivas, dado que a criança não tem opinião própria ou esta é
desconsiderada. Esse tipo de troca não exige ou ensina reflexões, impossibilitando a
construção do raciocínio. O respeito aqui é unilateral dada a assimetria da relação.
Nos relacionamentos baseados em cooperação existe um alto nível de socialização e trocas
significativas, porque todos podem se expressar e contribuir em uma conversa, ocorrendo um
controle mútuo de argumentos que permite o desenvolvimento de habilidades intelectuais.
Quando discutimos e procuramos sinceramente compreender os outros, nos comprometemos
em não nos contradizer e com uma série de pontos de vistas diferentes dos nossos. O respeito
aqui é bilateral dada a simetria da relação.
O autor declara que a coação é natural e necessária nos primeiros anos da criança, no entanto,
não podemos continuar apenas com ela, sob pena do desenvolvimento cognitivo, da
inteligência, não se desenvolver. A imposição não é suficiente para promover todas as
capacidades intelectuais. Ele também diz que algumas tradições podem ser configuradas como
coação, quando as seguimos cegamente sem refletir ou verificar se aquilo faz sentido
atualmente.
Agora, vejamos as três etapas do desenvolvimento intelectual moral, que são:
ANOMIA
De 0 aos 6 anos, momento em que a criança busca satisfazer as próprias necessidades e
interesses, caracterizado pela ausência e incapacidade de compreender e reger-se por
regras e normas. Durante esse período, a relação interindividual ocorre predominantemente
pela coação (eu falo e você ouve ou eu mando e você obedece).
HETERONOMIA
Dos 6 aos 10 anos, momento em que a criança se interessa por atividades coletivas, e para
participar delas, regras são impostas coercitivamente por superiores, às quais se obedece e
começa a compreender. A criança exibe uma inflexibilidade com regras, sendo o que foi
definido imutável, porque não as concebe como criação de alguém. Ela não sabe que pessoas
criam regras e, portanto, não se vê como possível inventora de regras que possam ser, por um
acordo, legitimadas coletivamente. O dever determina o bem, e o que é bom é o que está em
conformidade com as regras.
AUTONOMIA
Dos 10 anos em diante, momento que poucos alcançam, em que a pessoa irá conseguir
formular as próprias regras. O respeito pelas regras é compreendido como decorrente de
mútuo acordo entre as pessoas, cada uma reconhecendo a si própria como possível
legislador, ou seja, criador de regras que serão submetidas à apreciação e à aceitação dos
outros. O adulto maduro piagetiano é “imunizado socialmente”, portanto, aquele que pode dizer
não, quando o resto da sociedade refém das tradições diz sim, contanto que este seja fruto de
sua atividade reflexiva e não apenas em decorrência de rejeição revoltada. Ele utiliza a razão
para verificar os fatos que estão ocorrendo e decidir se toma as próprias decisões, seguindo ou
não determinando ordenamento ou tradição. O bem determina o dever, e a regra deve estar
em conformidade com o que é bom.
A PERSPECTIVA DE VYGOTSKY
A linguagem pode se manifestar de diferentes formas, podendo ser expressa não apenas por
palavras vocalizadas ou escritas, mas também pelo nosso corpo como uma linguagem
corporal, por sinais, por códigos, por imagens, podendo, ainda, ser musicalizada. Portanto, a
linguagem é uma expressão humana que se dá por diferentes formas, não só pela oralidade.
Vygotsky tenta compreender como é que se constitui e desenvolve a linguagem. Ele busca a
raiz genética do pensamento e da linguagem, ou seja, como a linguagem interfere diretamente
na construção do nosso pensamento.
AS RAÍZES DO PENSAMENTO E DA LINGUAGEM
NO PLANO FILOGENÉTICO
Os estudos sobre a linguagem foram iniciados a partir dos animais. Vygotsky não realizou
experimentos, mas aproveitou estudos existentes com animais para compreender essa relação
entre pensamento e linguagem.
Um dos estudos feitos na época com chimpanzés e outros antropoides permitiu perceber que a
linguagem nos animais se constitui por meio de sons e gestos, por meio dos quais eles se
comunicam. Outra observação feita acerca dessas linguagens primitivas foi que junto à
incidência sonora (grunhido, barulho, grito) há também um gesto que movimenta os outros
animais que estão perto. Vygotsky percebeu que essa movimentação é muito semelhante às
linguagens infantis e aos primeiros movimentos que a criança emite.
A partir dessas observações, Vygotsky concluiu que o pensamento e a fala (até então
considerados de mesma matriz) têm raízes genéticas diferentes. As duas funções, linguagem e
pensamento, desenvolvem-se de formas diferentes e independentes, observando que os
antropoides possuem semelhanças com o homem no uso da fala com função social e de
descarga emocional.
Ele não os igualou, mas buscou semelhanças para tentar compreender o desenvolvimento da
nossa linguagem.
 COMENTÁRIO
No caso do ser humano, há uma estreita correspondência entre o pensamento e a fala.
Pensamento e linguagem, embora tenham raízes genéticas diferentes, possuem uma
correspondência. Há duas concepções um pouco distintas, mas interligadas: a primeira fase,
que Vygotsky denomina de linguística do pensamento, e outra fase, denominada pré-intelectual
da fala.
AS RAÍZES DO PENSAMENTO E DA LINGUAGEM
NO PLANO ONTOGENÉTICO
Vygotsky descreve o desenvolvimento da linguagem a partir de etapas ou fases:
Estágio natural ou primitivo
É o momento em que a fala é pré-intelectual, ocorrendo sob a forma de balbucio, choro e
riso, e o pensamento é pré-verbal, em que as representações de objeto são
rudimentares. Até então a criança emite ações (se debate), chora e grita para atrair a
atenção e se comunicar.
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Estágio das experiências psicológicas ingênuas
É o momento em que a criança já consegue interagir com objetos e pessoas à sua volta,
iniciando o desenvolvimento de uma inteligência prática. As formas e estruturas
gramaticais já são utilizadas corretamente, ainda que sem a compreensão lógica
(causalidade, temporalidade, condicionalidade etc.).
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Aqui, a fala e o pensamento se aglutinam e passam a servir ao intelecto, então os
pensamentos passam a ser verbalizados. Os sintomas que indicam a ocorrência são a
curiosidade ativa da criança pelas palavras, demonstrando grande interesse em saber o
nome das coisas, e a ampliação do vocabulário. Esse momento varia de acordo com as
condições físicas e estimulações de cada criança. Ela também já começa a elaborar as
palavras e atribuir um sentido a elas, que é construído socialmente. Emite um gesto de apontar,
que é acompanhado pela verbalização do objeto por parte do seu cuidador, buscando imitar o
som até tê-lo modelado.
Estágio da fala egocêntrica
Caracteriza o momento de transição das funções interpsíquicas, em que a fala
egocêntrica nas relações interpessoais começa a desaparecer, dando lugar à fala interior
das funções intrapsíquicas.
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A criança gradualmente migra de atividades sociais e coletivas para atividades mais
individualizadas. Junto com a experiência física do objeto, ela tem uma imagem mental do que
seja aquele objeto e passa a utilizar a fala de uma forma muito representativa, imaginária.
É nesse momento que a criança explora a linguagem para descrever as próprias fantasias,
sem uma função interpessoal. E, descrevendo os próprios pensamentos, brinca falando
sozinha (consigo). A criança está trabalhando com o significado, com o sentido dessas
palavras para ela por meio do ato de brincar, que a criação imaginar, a brincadeira do faz de
conta.
Estágiode crescimento interior
A partir dos 8 anos, é o momento em que a criança opera com fala interior,
caracterizando o surgimento do pensamento verbal, das deduções lógicas, das
representações mentais e simbólicas.
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Essa fusão é um momento marcante no desenvolvimento da nossa linguagem porque as
curvas do pensamento e da fala, até então separadas, unem-se para dar início a uma nova
forma do comportamento: o pensamento torna-se verbal, e a fala torna-se intelectual. Falar
e pensar tornam-se uma atividade unificada em nosso processo intelectual. O momento mais
significativo no percurso do desenvolvimento intelectual acontece quando a fala e a atividade
prática, até então consideradas duas linhas que seguem trajetórias distintas e independentes,
cruzam-se, dando origem às formas puramente humanas de inteligência prática e abstrata.
 RESUMINDO
Vygotsky concluiu que o desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem,
ou seja, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência sócio-
histórica da criança. O desenvolvimento da fala interior depende de fatores externos, e o
crescimento intelectual depende do domínio dos meios sociais do pensamento, que é a
linguagem. A natureza do próprio desenvolvimento é transformar nossos padrões de
ação biológicos para os sócio-históricos. A aprendizagem pressupõe uma natureza
social específica e um processo por meio do qual as crianças penetram na vida
intelectual através daqueles que a cercam.
De acordo com o que você leu até agora, tente completar as lacunas do texto a seguir.
Com a ênfase no outro para a aprendizagem, Vygotsky apresenta os seguintes conceitos: o
desenvolvimento real, que se refere ao que a criança faz sozinha; o desenvolvimento
potencial, que são as tarefas que ela pode vir a aprender com a intervenção dos outros; e a
zona de desenvolvimento proximal, que é o processo intermediário de aproximação
sucessiva por meio do outro.
A LINGUAGEM E O DESENVOLVIMENTO DO
PENSAMENTO SEGUNDO VYGOTSKY
O especialista Lincoln Nunes Poubel reflete a seguir sobre como o desenvolvimento do
pensamento é determinado pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência
sócio-histórica da criança. Vamos lá!
VEM QUE EU TE EXPLICO!
A perspectiva de Piaget
As raízes do pensamento e da linguagem no plano filogenético
VERIFICANDO O APRENDIZADO
ESTRATÉGIAS E OBSTÁCULOS NA
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
A resolução de problemas representa, na maioria dos casos, uma sequência lógica para
alcançar um objetivo que solucione um problema e para implementá-lo de maneira que não
ocorra novamente.
Alguns problemas podem ser resolvidos apenas por tentativa e erro.
 EXEMPLO
Quando buscamos tocar uma música em um instrumento que não dominamos, podemos ficar
horas testando notas até chegarmos à melodia que desejamos. Essa metodologia nem sempre
nos permite chegar a uma solução e pode levar a um excesso de tempo e esforço na resolução
de uma problemática.
MÓDULO 3
 Aplicar os mais sofisticados processos de mapeamento, derivação e
acompanhamento de solução aos problemas
Outra estratégia utilizada na resolução de problemas é o uso de algoritmos. Consiste no uso
de um procedimento metódico, lógico e sequencial que, embora também dispenda tempo, pode
ser mais efetivo do que o ensaio e erro pela sua maior organização.
 EXEMPLO
Na resolução de uma charada com letras, podemos usar uma sequência de combinações
ordenadas e testar todas as possibilidades por meio da análise combinatória até chegarmos à
solução.
Quando o número de combinações resultantes de um algoritmo é muito grande, podemos usar
atalhos. Nesse caso, a heurística nos permite dar uma resposta em menor tempo e esforço,
porém nem sempre a resposta estará certa.
A heurística é um processo mental simples que implica o uso de processos cognitivos que nos
permitem ignorar ou pular algumas operações que seriam feitas de forma sistemática pelo
algoritmo.
Dessa maneira, a pessoa pode fazer escolhas mais rápidas e frugais de forma adaptativa,
utilizando possibilidades que sejam condicentes com a experiência ou o mundo real. Por
exemplo, no caso de charadas com letras em português, sabemos que não existem palavras
que tenham a sequência de letras CQ, portanto, descartamos essa possibilidade e nem
consideramos a letra Q ao pensar em uma letra que venha depois da letra C.
Outro exemplo ocorre durante a escolha da opção certa em uma questão de matemática de
múltipla escolha. Caso não saibamos fazer o cálculo para chegarmos à resposta correta,
chutamos usando a heurística, descartando alternativas que aparentam ser menos lógicas,
decidindo em função de critérios diversos como familiaridade, proximidade, entre outros. As
técnicas heurísticas não asseguram as melhores soluções, mas permitem chegar a soluções
válidas e disponíveis em dado momento.
Tanto a heurística como os algoritmos seguem o modelo de processamento de informação
utilizado pela Psicologia Cognitiva para explicar a forma como pensamos. Segundo Newell,
Shaw e Simon (1959):
AS HEURÍSTICAS FORAM CONSIDERADAS DURANTE
MUITO TEMPO MODELOS COGNITIVOS POR
EXCELÊNCIA, ELAS CONSTITUEM-SE COMO REGRAS
BASEADAS NA EXPERIÊNCIA E NO PLANEJAMENTO,
SUBSTITUINDO AS ANTERIORES BASEADAS NA
PROCURA ALGORÍTMICA QUE CHEGA ÀS SOLUÇÕES
CORRETAS DEPOIS DE TER COMBINADO O
PROBLEMA COM TODAS AS SOLUÇÕES POSSÍVEIS.
(NEWELL; SHAW; SIMON, 1959, p. 256)
Em outros casos, a pessoa pode usar a mistura destes métodos, por exemplo, combinando a
heurística com o método de tentativa e erro. Quanto mais métodos combinar, maiores são as
chances de acertar.
No entanto, no processo de resolução de problemas podem existir alguns obstáculos. Para
Sternberg (2001), existem certas configurações mentais que impedem a pessoa a chegar a
uma solução. Uma delas é o entrincheiramento, isto é, quando a pessoa se fixa em
determinada estratégia que funcionou bem no passado com outros problemas, mas que não
funciona para o que precisa ser resolvido no momento. Outra dificuldade na resolução de
problemas é a fixidez funcional, que consiste em um tipo específico de configuração mental,
que envolve a incapacidade de o solucionador perceber que determinada ferramenta, já
conhecida, pode ser usada com outra função ou configuração. Isso o impede de resolver novos
problemas usando velhas estratégias ou instrumentos de maneira inédita.
O estudo de como podemos resolver um problema e os elementos que podem dificultar tal
resolução permitem aos pesquisadores compreender por que determinado indivíduo tem mais
ou menos facilidade nessa tarefa, a fim de auxiliar e formular ferramentas que facilitem o
processo.
Vejamos agora alguns entendimentos que permitem a formulação de passos organizados para
facilitar o processo de resolução de problemas em diversas áreas, como as gerenciais e
organizacionais.
O PDCA
A resolução do problema pode ser entendida como um processo que segue o ciclo PDCA
(PLAN-DO-CHECK-ACT): Planejar, Executar, Checar e Agir. Esse ciclo representa um método
interativo de gestão formado por esses quatro passos ou etapas que estimulam a melhoria
contínua de pessoas e processos. Na primeira etapa (PLAN), nós planejamos; na segunda
etapa (DO), nós fazemos; na terceira etapa (CHECK), nós checamos e, se durante a nossa
verificação ocorrer falhas, voltamos ao planejamento. Uma vez aprovada, adotamos como
quarta etapa (ACT) as ações corretivas de melhoria e padronização do que foi produzido. Esse
método gerencial de tomada de decisões garante o alcance das metas necessárias à
sobrevivência da organização, visando controlar e conseguir resultados eficazes e confiáveis
em suas atividades.
 Ciclo PDCA (PLAN-DO-CHECK-ACT).
Ele é modelado com base na abordagem “8Ds”, composta por 8 disciplinas para a resolução de
problemas. Cada uma delas valendo-se de uma série de ferramentas como recursos para
levantamento e tratamentode fatos e dados.
OS 8DS
Os 8Ds consistem em um método originalmente desenvolvido na Ford Motor Company, nas
décadas de 1960 e 1970, tendo sido usado para abordar e resolver problemas. Atualmente,
costuma ser empregado por diversos profissionais a fim de garantir qualidade e eficiência em
seus processos. São etapas da resolução de problemas: D1- Formar e conscientizar a equipe;
D2- Definir o problema; D3- Fazer a contenção do problema; D4- Identificar a origem, a causa
do problema; D5- Implementar a ação corretiva; D6- Verificar a abrangência das ações; D7-
Prevenir a reincidência; D8- Fazer acompanhamento, finalizar e recompensar equipe.
A seguir, vamos conhecer cada uma delas com mais detalhes:
1
D1 – FORMAR E CONSCIENTIZAR A EQUIPE
Documente a maior quantidade possível de informação específica sobre o problema. Descrição
do problema, quando e onde foi descoberto, histórico de reincidência.
D2 – DEFINIR O PROBLEMA
Descreva o que é e o que não é verdadeiro sobre o problema. O que, onde, quando e a sua
extensão. Defina também as medidas e demonstre-o em gráfico, fotos, vídeo, entre outros.
2
3
D3 – FAZER A CONTENÇÃO DO PROBLEMA
É uma fase crítica tão logo o problema seja descoberto, para evitar que os clientes sejam
afetados novamente. Documente todas as atividades de contenção e como elas tiveram êxito
para prevenir a reincidência.
D4 – IDENTIFICAR A CAUSA DO PROBLEMA
Utilize ferramentas de resolução do problema para diagnosticar a origem da causa provável.
Faça essa rastreabilidade por meio de um brainstorming sobre todas as causas possíveis a fim
de escolher as três mais prováveis. Uma sugestão nesta etapa é o uso do diagrama espinha de
peixe de Ishikawa, que será explicado mais em diante.
4
5
D5 – PLANEJAR A AÇÃO CORRETIVA
Trata-se de uma resposta imediata para evitar que o problema afete as operações posteriores.
Ou seja, contenha o problema de forma rápida e eficaz, impedindo que ele se propague. A
ação corretiva reúne as atividades de contenção (D3) e uma resposta permanente que elimina
a origem da causa ou a controla. O 5W2H é um excelente método de planejamento porque
especifica o que (what) será feito; por que (why) será feito; onde (where) será feito; quando
(when) será feito; quem (who) fará; como (how) será feito e quanto custará (how much). Ele
norteará as ações sobre o que surgiu na etapa anterior.
D6 – IMPLEMENTAR E VERIFICAR A ABRANGÊNCIA
DAS AÇÕES
Verifique se as ações utilizadas poderão ser aplicadas a outros processos ou produtos
similares para abrangê-los e adotarmos uma política completamente eficiente.
6
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D7 – PREVENIR A REINCIDÊNCIA PADRONIZANDO
É o ponto em que um POP (Procedimento Operacional Padrão) é criado ou os documentos
envolvidos com os dados relativos à implantação da contramedida são atualizados. Isso inclui o
alerta da qualidade, os planos de controle, as instruções de trabalho, a ficha técnica, os
procedimentos e outros documentos que sejam necessários para fazer a atualização, de tal
forma que a reincidência seja prevenida.
D8 – ACOMPANHAR, FINALIZAR E RECOMPENSAR
EQUIPE
Faça as reuniões de acompanhamento que geralmente são necessárias como esforços de
verificação. De tempos em tempos podem ser feitas novas verificações, e se as ações
corretivas especificamente prevenirem a situação da forma desejada, isso significa que a
precisão da ação está confirmada. É o ponto em que forçamos a ocorrência do modo de falha
para fazer com que o problema ocorra novamente, testando logicamente em condições
controladas, para validar definitivamente a solução. É nesse momento que fazemos o
encerramento, reunindo na sequência a equipe em uma sessão de feedback para parabenizá-
la e premiá-la.
8
A ABORDAGEM DOS “8DS”NA
PSICOLOGIA
O especialista Lincoln Nunes Poubel reflete a seguir sobre como o psicólogo pode fazer uso da
abordagem dos “8Ds” na sua prática profissional. Vamos lá!
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Estratégias e obstáculos na resolução de problemas
O PDCA
VERIFICANDO O APRENDIZADO
ELEMENTOS E ETAPAS DO PROCESSO
DECISÓRIO E TIPOS DE TOMADA DE
DECISÃO
Processo decisório, também chamado tomada de decisão, é algo que todo mundo faz. Todos
tomamos decisões na vida, por exemplo, quando você acorda e decide o que tomar de café da
manhã, qual trajeto usará para chegar ao seu trabalho, o que vai fazer primeiro nele, onde vai
almoçar... Ou seja, estamos tomando decisões o tempo todo! E embora não seja algo que
MÓDULO 4
 Analisar os processos de tomada de decisão segundo cada demanda situacional e
suscetibilidades do raciocínio humano
funcione apenas dentro de uma organização, vamos estudar a tomada de decisão no ambiente
corporativo.
Essas decisões podem englobar desde situações simples e banais no dia a dia até outras
bastante complexas, podendo mudar sua realidade, a situação da organização. Naturalmente,
elas podem ser difíceis (por exemplo, qual profissão você vai escolher, com quem você vai se
casar) ou apenas decisões diárias (por exemplo, o refrigerante que você vai tomar no almoço).
Na empresa isso não é diferente, e boa parte do trabalho de um administrador, de um gestor,
resume-se à tomada de decisão. O processo de tomar decisão é um ingrediente substancial e
inseparável das atividades de planejamento, organização, direção e controle. Este é
exatamente o processo administrativo.
 SAIBA MAIS
Antes de prosseguir, vejamos algumas definições importantes: Basicamente, tomar uma
decisão é escolher entre algumas alternativas ou possibilidades para atender a uma
necessidade, resolver um problema ou aproveitar alguma oportunidade. Julgamentos, por sua
vez, são processos cognitivos (de pensamento) que acontecem antes da tomada de decisão.
Agora, veremos exatamente qual é a sequência de etapas do processo de tomada de decisão,
que vai desde identificar a existência do problema até pôr a ação em prática para resolver a
atual situação.
Toda decisão inclui elementos relevantes, tais como o tomador de decisão, sendo este quem
faz a escolha ou opção entre várias alternativas de ação futura. Também são considerados os
objetivos, ou seja, aquilo que o tomador de decisão pretende alcançar com suas ações. Outro
fator essencial diz respeito às preferências, que são os critérios que o tomador de decisão usa
para fazer suas escolhas.
Nesse passo, há também a estratégia, que se trata do curso de ação ou caminho que o
tomador de decisão escolhe para alcançar seu objetivo, em função dos recursos de que pode
dispor. A situação é outro elemento que remete aos aspectos do ambiente que envolve o
tomador de decisão, recursos e conhecimentos de que dispõe, alguns deles fora do seu
controle, e, por fim, o resultado, que é a consequência ou o efeito da estratégia e das ações.
Em geral, o processo decisório consiste em sete etapas:
Percepção da situação que envolve aquele problema;
Análise e definição do problema;
Definição dos objetivos;
Busca das alternativas de solução ou dos cursos de ação;
Avaliação e comparação das alternativas;
Escolha (seleção) da alternativa mais adequada para atingir os objetivos;
Implementação da alternativa escolhida.
Outra classificação das etapas na tomada de decisão faz essa divisão:
Identificação do problema;
Diagnóstico da situação;
Desenvolvimento das alternativas;
Avaliação das alternativas;
Escolha da melhor alternativa.
Basicamente, há dois tipos de tomadas de decisão, a tomada de decisão programada ou
estruturada e a tomada de decisão não programada ou não estruturada. Veja a seguir a
definição e exemplos desses tipos de decisão.
TOMADA DE DECISÃO PROGRAMADA OU
ESTRUTURADA
A tomada de decisão programada ou estruturada corresponde àquela rotineira, que ocorre o
tempo todo e que se torna esperada, de tal forma que podemos nos preparar e antecipar a ela.
Portanto, para economizar tempo, esforço e recursos, a organização padroniza a solução para
aquele problema.
 EXEMPLO
Imagine que você esteja estudando na faculdade, tenha uma provapara fazer e a perdeu. A
faculdade tem milhares de alunos e sempre há alguém que perde uma avaliação, precisando
de outra oportunidade ou outro método avaliativo. Trata-se de um problema real e rotineiro,
corriqueiro para a instituição. O responsável do setor não buscará uma solução a cada novo
aluno com a mesma demanda de segunda oportunidade. Haverá uma padronização para esse
tipo de problema.
A isso denominamos decisão programada ou estruturada, porque nenhuma nova análise é
necessária para um problema frequente, para o qual as soluções já foram estabelecidas. Elas
funcionam seguindo um Procedimento Operacional Padrão (POP) do tipo “se isso, então faça
aquilo”.
TOMADA DE DECISÃO NÃO PROGRAMADA OU
NÃO ESTRUTURADA
Há ainda a tomada de decisão não programada ou não estruturada, que remete àquela relativa
a algo que não acontece muitas vezes, que não é rotineiro e para o qual, como nunca ou
raramente aconteceu, não há uma solução pronta. É aqui que os processos e as etapas de
tomada de decisão acontecem, demandando muito mais do gerente ou administrador.
 Imagem representativa do Procedimento Operacional Padrão, contendo ícones de manual,
passos e implementação do POP.
Podemos também classificar a tomada de decisão de acordo com o nível hierárquico em que
elas ocorrem:
1 - Decisões estratégicas
Envolvem a definição da estratégia e do negócio da organização, com foco no longo
prazo.
2 - Decisões táticas
Ocorrem no nível gerencial e envolvem o destino do departamento e das gerências. Vão
tentar pôr em prática as decisões estratégicas, com foco no médio prazo.
3 - Decisões operacionais
Estão voltadas à execução das tarefas e das atividades que concretizem as decisões
estratégicas e táticas, com foco no curto prazo.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quanto aos envolvidos na tomada de decisão, ela pode se dar de forma individual, sendo mais
fácil de identificar o responsável e havendo menor conflito no processo decisório (que será feito
solitariamente), tornando-o mais barato e rápido. O grupo também se envolve na tomada de
decisão e oportuniza a geração de mais alternativas, melhor qualidade nas análises com o
fluxo de informação circulante e maior envolvimento e motivação dos envolvidos.
MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO
No que se refere às formas com que as decisões são tomadas, temos a intuição, que é aquela
em que não há uma clareza quanto aos aspectos que estão governando uma inclinação
decisória. Não há um pensamento consciente baseado em parâmetros e dados identificáveis.
Não é exatamente irracionalidade, mas suposições e inclinações derivadas das experiências
que nos aumentam a sensibilidade sobre alguma coisa.
Quanto mais complexo e abstrato for o problema e quanto mais alto for o nível hierárquico,
mais frequente (e, por vezes, importante!) é o uso da intuição.
Outra forma de tomar decisão corresponde à decisão racional (clássico ou “ideal”), também
chamada de teoria do Homo Economicus. Ela se baseia na ideia de tomar decisões lógicas
utilizando somente a razão, buscando maximizar os resultados. A ideia é basicamente analisar
como o processo de tomar decisão deveria acontecer.
Deriva de premissas que na prática são muito difíceis de reunir: o responsável tem um
problema definido; um objetivo claro; todas as informações de que precisa e todas as
alternativas bem calculadas; os critérios para avaliar as alternativas são definidos e
conhecidos; o responsável é lógico e busca aumentar os ganhos finais; e utiliza somente a
razão para tomar a decisão sem influências emocionais. Algo bem difícil de imaginar na prática,
mas que tinha como objetivo diminuir ao máximo vieses.
Para sua viabilidade, seriam necessários um problema muito bem definido e diagnosticado;
objetivos claros e conhecidos; nenhuma restrição de tempo e recursos; dispor de informação
precisa, mensurável e confiável; um tomador de decisão racional; e critérios que permaneçam
estáveis no tempo.
É importante ressaltar o conceito de racionalidade limitada, segundo o qual em todas as
decisões há diversas limitações possíveis.
As limitações de contexto incluem restrições de tempo e custos, situações complexas e poucas
informações. Já nas limitações pessoais há o armazenamento e o processamento de todas as
informações, os desvios da percepção e o julgamento por interferências de vieses, valores,
crenças e emoções.
Mais realisticamente com o que se dá no processo decisório, a teoria subjetiva da utilidade
esperada, como uma variação do modelo racional, declara que as pessoas, ao decidir, buscam
maximizar o prazer, o que é chamado de utilidade positiva, e minimizar a dor, denominado de
utilidade negativa. Logo, cada um buscaria aquilo que lhe é mais desejável. A decisão é
racional, mas subjetivamente limitada.
Na prática, os gestores não usam o modelo racional como a teoria clássica propunha. Portanto,
segundo o modelo da racionalidade limitada, as decisões são as possíveis com o melhor que
você consegue. Fazemos o melhor que podemos dentro do tempo que temos, com os recursos
disponíveis e que nossas capacidades nos permitem.
Não há uma única decisão que seja a melhor de todas, mas sim um conjunto de
decisões diferentes que satisfazem diferentes critérios.
Nesse contexto, o conceito de satisficing é utilizado para descrever a estratégia de tomada de
decisão que envolve pesquisar alternativas disponíveis até que um limite de aceitabilidade seja
atingido. Ou seja, remete ao fato de que nos satisfizemos com uma quantidade de informações
disponíveis (não com todas possíveis) para nos sentirmos preparados para tomar a decisão.
Propõe que os seres humanos nem sempre tomam as decisões ideais, mas a melhor decisão
possível com as informações que têm, dentro dos limites de suas capacidades.
Quando não conseguimos todas as informações ou há mais alternativas do que julgamos
possível avaliar, tomamos as decisões por meio de um processo chamado Eliminação por
Aspecto, em um funil decisório. Começamos por um dos aspectos que nos é mais importante,
buscando as que o atendam. Só então elegemos outro aspecto na hierarquia subjetiva de
valor, repetindo a operação até sobrar apenas uma das alternativas.
Um dos aspectos que permeia a tomada de decisão é o grau de convicção ou certeza, risco e
incerteza presente nela. A certeza é um dos aspectos que significa que todas as informações
necessárias estão disponíveis para saber o que acontecerá; o risco é o aspecto que significa
que existem informações suficientes para estimar uma probabilidade; e a incerteza significa
que não existem informações disponíveis para calcular uma probabilidade.
A tomada de decisão ainda pode ser classificada em quatro tipos básicos, de acordo com as
condições de certeza, risco, incerteza e turbulência (ambiguidade). São eles:
A COMPUTAÇÃO
Ocorre no ambiente de certeza e você tem todas as informações de que precisa disponíveis.
O JULGAMENTO
Ocorre no ambiente de risco, em que os objetivos estão definidos, há informações, mas os
efeitos futuros da decisão podem ser eventualmente afetados por fatores imprevisíveis e
incontroláveis, estando a decisão baseada numa estimativa de probabilidades.
O COMPROMISSO
Ocorre no ambiente de incerteza, em que os objetivos estão definidos, as causas dos
problemas são conhecidas, mas há pouca informação sobre as alternativas e seus resultados.
A INSPIRAÇÃO
Ocorre no ambiente de turbulência, em que não se têm as causas do problema, os objetivos
não estão definidos, as alternativas são desconhecidas e o cenário muda muito rápido.
Há dois tipos de pensamento que podem compor o processo decisório.
O pensamento linear ocorre na situação mais simplificada. Nele, para cada problema há uma
solução única, que afeta apenas uma área da empresa e estará sempre válida. Ou seja, são
situações cada vez mais raras, em que a tarefa poderia ser feita por uma máquina, porque só
há uma maneira de executar aquela atividadeou solução. É um modo mais simples de ver e
enfrentar a realidade.
O pensamento sistêmico, por sua vez, ocorre em situações mais complexas. Por meio dele,
pode-se analisar a organização, seu funcionamento, a relação entre os órgãos internos, e da
empresa com o ambiente externo. Ou seja, é possível encontrar várias maneiras de chegar a
uma solução, que afetará não só determinada área, mas também toda a organização,
precisando ser monitorada, visto que os problemas são inter-relacionados e mudam. Logo, a
solução, que era válida em um momento, pode deixar de ser válida se ocorrer alguma
mudança no ambiente. Trata-se de um modo mais complexo de ver e enfrentar a realidade.
HEURÍSTICAS DE JULGAMENTO
É nesse segundo processo que entram as heurísticas ou os atalhos mentais nos julgamentos
para a tomada de decisão. Todos temos capacidade limitada, recursos e tempo finito para fazer
análises, pensar, obter dados e tomar decisão. E estamos em constante busca para reduzir as
demandas do processamento de informação. Tudo que pode nos ajudar a tomar uma decisão,
simplificando e facilitando esse trabalho, funcionaria como atalhos utilizados para reduzir os
esforços e as adversidades do processo. Esses mecanismos econômicos, na maioria das
vezes inconscientes, uma vez que não percebemos que os estamos utilizando, são chamados
de heurística de julgamento.
As heurísticas de julgamento nada mais são do que tendências de raciocínios evolutivos,
biológicos e culturais que utilizam pistas ou esquemas para reduzir as demandas de
pensamento. Se todos temos uma capacidade limitada de solucionar e analisar problemas
complexos, buscaremos não a situação ótima maximizadora, mas a que seja razoável dentro
do tempo e da capacidade de que dispomos.
Essa é a teoria do prospecto ou teoria perspectiva, segundo a qual princípios psicológicos
levam a simplificações de dado problema e guiam o comportamento humano frente à incerteza.
Ao identificar heurísticas e vieses que guiam o julgamento humano, é possível explicar o que
as teorias anteriores não conseguiram: o porquê de tomarmos decisões intuitivas, por vezes
erradas, ou, em outras palavras, o porquê de às vezes aquilo que escolhemos nem sempre ser
a melhor alternativa.
Podemos classificar o processo de julgamento em dois tipos, o julgamento probabilístico e
o julgamento de valor. Veja a seguir a definição e exemplo de cada um.
JULGAMENTO PROBABILÍSTICO
Aqui trabalhamos com as chances deste ou daquele evento ocorrer. Assim, existem três grupos
de regras práticas ou heurísticas de julgamento que utilizamos e incluem a da
representatividade ou similaridade, a da disponibilidade e a da ancoragem, ajustamento
e enquadramento, que veremos com mais detalhes mais adiante.
A heurística da representatividade ou similaridade é também chamada julgamento pelo
estereótipo, ou seja, utiliza-se algum modelo mental de referência para tomar a decisão.
Buscamos condições semelhantes na memória ou nas representações e as usamos como
base para o nosso julgamento, tornando-o muito mais rápido do que por probabilidade ou
estatística. Aqui acontece a falácia das taxas de base: tendemos a ignorar as taxas de base na
avaliação das probabilidades quando temos qualquer informação descritiva, mesmo que seja
irrelevante. Por exemplo, estimar que alguém tímido seja bibliotecário em vez de vendedor,
mesmo que existam muito mais vendedores do que bibliotecários.
A heurística da disponibilidade é aquela em que estimamos as chances de ocorrência de um
evento, com base nos dados que lembramos, ou seja, na facilidade com que conseguimos nos
lembrar das ocorrências daquele evento. Então, se você acha que algo ocorre muito porque viu
ou ouviu bastante sobre aquilo, a decisão seguirá sua estimativa. É dependente da facilidade
para obter os dados. Por exemplo, cancelar uma viagem de avião após ouvir a notícia de uma
queda de avião recente.
A heurística da ancoragem, ajustamento e enquadramento é aquela em que se avalia a
chance de ocorrência de um evento colocando uma base (âncora) de comparação, da qual se
faz os julgamentos. As pessoas comparam a informação subsequente com base nessa âncora
e se ajustam em relação a ela até chegarem a um ponto em que a informação parece razoável.
O enquadramento é a tendência a enfatizar as potenciais perdas ou ganhos de pelo menos
uma alternativa na tomada de decisão. Por exemplo, sentir-se bem ou mal com sua renda,
tendo como base a referência da receita média do brasileiro.
JULGAMENTO DE VALOR
É por meio dele que indicamos nossas preferências, nossa tolerância ao risco, nossos valores
pessoais. Por exemplo, concluir que alguém é mais honesto porque exibiu uma opinião igual à
sua sobre algum aspecto.
FERRAMENTAS DE DIAGNÓSTICO DO
PROBLEMA E DERIVAÇÃO DE SOLUÇÃO
Uma das técnicas utilizadas para fazer o diagnóstico da situação é o princípio de Pareto,
também chamado de regra do 80/20. Ele ajuda a priorizar e dizer o que é importante,
declarando que em geral 80% dos efeitos são gerados por 20% dos fatores. Por exemplo, 80%
das vendas de uma loja são geradas por 20% dos produtos. 80% das mortes em um hospital
são geradas por 20% das doenças. 80% dos acidentes ocorrem em 20% dos locais de uma
região. 80% dos resultados de venda são de 20% dos vendedores. E é aplicável à
criminalidade, à saúde, à educação, às organizações, sendo muito útil à administração.
Outra ferramenta é o diagrama de Ishikawa, também chamado de diagrama causa e efeito ou
diagrama espinha de peixe, utilizado principalmente para estruturar e hierarquizar as principais
causas de determinado efeito: o problema estudado. Você tentará mapear e descobrir as
principais causas do problema que está acontecendo.
O diagrama espinha de peixe de Ishikawa mapeia e hierarquiza os 6Ms onde as prováveis
causas estão, sendo eles: mão de obra (competência, motivação e responsabilidade); máquina
(adequação, potência, velocidade e capacidade); método ou processo utilizado (padronização,
adequação); materiais (funcionalidade, peso, segurança); meio ambiente (temperatura,
barulho, elementos tóxicos, sujeira) e medição (adequação, precisão, aferição).
 Diagrama de causa e efeito – Ishikawa.
Uma vez identificadas as possíveis causas, podemos nos concentrar nas mais prováveis e
investigá-las profundamente.
Outra ferramenta interessante é o diagrama de correlação ou dispersão, utilizado para
entender a possível correlação entre duas ou mais variáveis diferentes. Por exemplo, para
descobrir a correlação entre investimento em saúde e expectativa de vida da população.
Para a tomada de decisão também podemos dispor de ferramentas de desenvolvimento de
alternativas, ou seja, métodos para desenvolver as alternativas que depois serão escolhidas.
Temos as seguintes estratégias: brainstorming e brainwriting, que detalharemos a seguir.
Também chamado de tempestade de ideias, o objetivo de um brainstorming é criar um
ambiente onde as críticas sejam suspensas para que um grupo de pessoas reunidas possam
se exprimir livremente, “jogando soluções ao vento”, sugerindo qualquer ideia até esgotá-las
para, só então, iniciar suas análises.
Como nem sempre expressar as ideias oralmente é fácil, em função do grupo e seus membros,
uma alternativa consiste em escrever as ideias e depositá-las em uma urna anonimamente,
para posterior avaliação, processo conhecido como brainwriting.
Outra estratégia identifica-se com a análise do campo de forças, método que considera que
todo comportamento é derivado do equilíbrio (ou não) de duas forças opostas: reforçadoras (ou
propulsoras), que incitam e dão força ao comportamento, motivando-o; e as punitivas/aversivas
(ou restritivas), que enfraquecem ou cessam o comportamento, abolindo a motivação. Se uma
força for maior do que a outra, influenciará o comportamento nessa direção. Fazemos esse
levantamento e utilizamos essa análise para entender quais são os fatores favoráveis e quais
são contrários a qualquer alternativadecisória.
Árvore de decisão é mais uma estratégia que remete a uma maneira de detalhar e desdobrar
cada decisão possível, de modo que possamos analisar o impacto de todas as possibilidades
levantadas, por meio de uma representação gráfica como o ramo de uma árvore. Permite
visualizar cada resultado possível de cada alternativa e é sobretudo útil em decisões
complexas para ambientes de incerteza. Outra estratégia pertinente é o método cartesiano,
desenvolvido por René Descartes, que é a base do método científico, tendo influenciado as
estratégias de tomada de decisão na Administração, baseando-se em quatro princípios: a
dúvida sistemática, a análise ou decomposição, a síntese ou a composição e a enumeração ou
verificação.
RENÉ DESCARTES
Filósofo e matemático francês que viveu entre 1596 e 1650.
A estratégia dúvida sistemática ou da evidência consiste em não aceitar nada como verdadeiro
enquanto não houver evidência clara a favor de determinada análise ou ideia. O objetivo é
evitar precipitações e prevenir equívocos, deixando possibilidades em aberto até que se
obtenha uma evidência clara em favor de uma decisão. A análise ou decomposição consiste
em dividir e decompor cada problema em tantas partes quanto possíveis, analisando e
resolvendo cada parte separadamente.
A síntese ou composição consiste em conduzir ordenadamente os raciocínios e pensamentos
dos mais simples aos mais complexos. E, por fim, a enumeração ou verificação consiste na
checagem ou recontagem para que possamos ter certeza de que não houve omissões ou
falhas de raciocínio, de tal forma que deixamos de considerar algum aspecto do problema.
javascript:void(0)
E, por último, temos a estratégia do Método Delphi, que consiste em enviar questionários a
diferentes especialistas de forma anônima para que não se influenciem nem se inibam com as
respostas dos colegas, buscando as melhores alternativas e análises de mentes mestras.
HEURÍSTICAS DE JULGAMENTO
O especialista Lincoln Nunes Poubel ilustra os diversos atalhos mentais nos julgamentos para
a tomada de decisão. Vamos lá!
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Elementos e etapas do processo decisório e tipos de tomada de decisão
Modelos de tomada de decisão
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, o pensamento humano é um fenômeno multifatorial e de surpreendente natureza.
O tempo todo somos convocados pela realidade a utilizar nossas habilidades cognitivas, pois
raízes biológicas, processos temporais e incentivos circunstanciais oportunizam e impulsionam
um agir no mundo mediado pela razão.
Pudemos constatar que cada situação específica pode requerer distintas operações cognitivas.
Quanto mais preparados estamos, mais nos adaptamos à circunstância vigente, além de saber
examinar e contribuir com o desenvolvimento intelectual dos demais – de alunos, familiares a
colaboradores. Provavelmente, se nós, seres humanos, não usássemos a razão, o debate e o
diálogo para coexistirmos, o que nos restaria seriam os três Fs da indignidade: a fraude, o furto
e a força. Portanto, a razão pode nos elevar à dimensão mental para operar inteligente e
eticamente no mundo.
Agora que você domina mais sobre sua extensão, seu funcionamento e seus modos de
aplicação, poderá principalmente avaliar o quanto tem explorado essa capacidade para
conhecer a realidade, resolver problemas e coordenar decisões.
 PODCAST
Para encerrar, o especialista Lincoln Nunes Poubel faz um resumo sobre o uso de estratégias
heurísticas e modelos de tomada de decisão na prática do profissional psicólogo em diferentes
contextos. Vamos ouvir!
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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BAZERMAN, M. H.; MOORE, D. Processo decisório. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
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LA TAILLE, Y. et al. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São
Paulo: Summus, 1993.
NEWELL, A.; SHAW, J. C.; SIMON, H. A. Report on a general problem-solving program:
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PIAGET, J. O juízo moral na criança. Tradução de Elzon Lenardon. 4. ed. São Paulo:
Summus, 1994.
PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. 2. ed. Rio de Janeiro: Difel, 2006.
ROBBINS, S. Comportamento organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002.
STERNBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. Trad. Maria Regina Borges Osório. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 2001.
TAVARES, J. M. Teoria dos Jogos: aplicada à estratégia empresarial. Rio de Janeiro: LTC,
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TERNER, G. L. K. Avaliação da aplicação dos métodos de análise e solução de
problemas em uma empresa metalmecânica. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção). Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2008.
VARGAS, D. L. Resolução de problemas utilizando a metodologia 8D: Estudo de caso de
uma indústria do setor sucroalcooleiro. In: IX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DE SERGIPE, 2017. Anais [...] Sergipe: UFS, 2017.
VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes,
2000. (Psicologia e pedagogia).
_______. L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos
superiores. (Organizadores Michael Cole et al.). Tradução de José Cipolla Neto. 6. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1998a.
EXPLORE+
Leia A ciência como forma de conhecimento, de Carlos Alberto Ávila Araújo. Neste trabalho
você encontra distinções entre os tipos de conhecimento, os principais autores da
fundamentação científica e a contextualização da ciência no cenário contemporâneo.
Leia a Autonomia moral na obra de Jean Piaget: a complexidade do conceito e sua
importância para a educação, de Lia Beatriz de Lucca Freitas, disponível na publicação on-
line Educar em Revista. Essa leitura tem o objetivo principal de esclarecer a teoria moral de
Piaget, uma vez que a moralidade autônoma pode ser investigada e desenvolvida por ações
educativas.
Busque pelo texto de Leandro Miletto Tonetto et al., intitulado O papel das heurísticas no
julgamento e na tomada de decisão sob incerteza, disponível em Estudos de Psicologia
(Campinas) [on-line]. v. 23, n. 2, 2006, p. 181-189. Trata-se de uma investigação de como
regras gerais de influência na tomada de decisão, chamadas heurísticas, simplificam
julgamentos em tarefas de incerteza.
Procure ler Heurísticas no estudo das decisões econômicas: contribuições de Herbert
Simon, Daniel Kahneman e Amos Tversky, de Adriana Sbicca, em Estudos Econômicos
(São Paulo) [on-line]. v. 44, n. 3, 2014, p. 579-603. Esse estudo articula as ideias de Simon,
Kahneman e Tversky, para o desenvolvimento de uma teoria da decisão do agente econômico,
passando pelo conceito de racionalidade limitada.
Conheça os diferentes modelos de tomada de decisão e aplicações, além da articulação entre
processo decisório e informação produzida internamente à organização no texto de Mariana
Lousada e Marta Lígia Pomim Valentim, intitulado Modelos de tomada de decisão e sua
relação com a informação orgânica, em Perspectivas em Ciência da Informação [on-line]. v.
16, n. 1, 2011, p. 147-164.
Procure aprender com o texto de Popper: Conhecimento objetivo: uma abordagem
evolucionária. São Paulo, ed. da Universidade de São Paulo, 1975.
Leia também outros trabalhos do mesmo autor:
O cérebro e o pensamento. Campinas: Papirus, 1995.
Os dois problemas fundamentais da teoria do conhecimento. São Paulo: UNESP,
2013.
CONTEUDISTA
Lincoln Nunes Poubel

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