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AULA 4 GESTÃO DA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS Prof. Edson Roberto Ferreira Bueno 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula serão abordadas as principais fontes ocultas de desperdício existentes nos processos de manutenção de máquinas e equipamentos, com os impactos das falhas de componentes, os principais elementos geradores de falhas e a demonstração de um exemplo prático. Também será tratado sobre a confiabilidade como indicador de um sistema, observando a curva da banheira e o processo de medição da confiabilidade. Finalizando, haverá a análise da influência do número de componentes para o cálculo da confiabilidade. TEMA 1 – AS FONTES DE DESPERDÍCIO NA MANUTENÇÃO 1.1 Fontes ocultas de desperdício na manutenção A manutenção é normalmente uma das áreas mais abrangentes de uma planta e, muitas vezes, não demonstra claramente as principais fontes de desperdício durante suas intervenções, ocultando, até de forma involuntária, pontos que poderiam ser melhorados, nos processos cotidianos. Segundo Teles ([S.d.]a), os desperdícios na manutenção colaboram para o aumento dos custos de todo o sistema de gerenciamento da manutenção e contribuem para que a empresa se torne menos competitiva no mercado, perante seus concorrentes. Numa intervenção padronizada, conforme demonstra a Figura 1, se pode verificar até 10 grandes fontes de desperdícios na manutenção. 3 Figura 1 – Fontes de desperdício na manutenção Grande parte dessas fontes é potencialmente tratável, podendo ser minimizadas ou eliminadas. Caso não possam ser eliminadas em sua totalidade, deverão ao menos, ser controladas. Tempo: o período determinado para acontecimento das atividades é considerado como uma variável limitada e irrecuperável. O tempo anotado para uma determinada atividade nunca mais é recuperado. Portanto, é essencial que a área de planejamento e controle de manutenção da empresa trabalhe intensamente em conjunto com as demais áreas envolvidas para buscar a otimização do tempo dos executores de manutenção sem perder os requisitos de qualidade. Dessa forma, o foco da otimização do tempo de execução na manutenção se resume basicamente em elevar o fator de produtividade dos técnicos. O fator de 4 produtividade, na manutenção, é definido pelo percentual de tempo que um funcionário passa fazendo alguma atividade em relação a sua disponibilidade, no período para o qual ele foi contratado. Por exemplo: apertando um parafuso, realizando uma inspeção, colocando um equipamento de volta a operação etc., excluindo o tempo decorrido com atividades que não geram valor ou resultado. Por exemplo: o tempo gasto com o funcionário esperando alguma peça no almoxarifado, se deslocando até o equipamento, escutando uma instrução de trabalho etc. Ainda de acordo com Teles ([S.d.]a), o fator de produtividade na manutenção tem a mesma denominação de wrench time, que, na tradução livre, é tempo de chave. Ou seja, o tempo em que um funcionário passa com a ferramenta nas mãos, durante uma atividade de manutenção. Movimentação: caso não esteja incluída no momento de planejamento da atividade de manutenção, é considerada como movimentação desnecessária, perda de tempo e fonte de improdutividade, ou seja, é desperdício. Quando a movimentação está inserida no planejamento, é considerada necessária e significa que pode ser medida e controlada. Qualquer movimentação não planejada é qualificada como desnecessária, como, por exemplo: desvios de percurso, esquecimento, ausência, busca de informações etc. Transportes: são considerados de modo diferente da movimentação porque leva-se em conta o tempo de deslocamento não planejado de máquinas, dispositivos e equipamentos. Ou seja, trata-se de transporte desnecessário. Estoque: é comum se observar, nas organizações, materiais ou produtos que ficam fisicamente disponíveis ou estocados num local reservado, até o momento de ingressarem no processo produtivo ou seguirem para a comercialização direta ao consumidor final. De acordo com Teles ([S.d.]a): Em média, 25% dos ativos de uma empresa estão em estoque. Desse total, 6% são itens voltados para manutenção. O custo com peças de reposição e materiais para manutenção é cada vez mais alto e contribui para que o setor de manutenção se torne menos competitivo. É função do Planejamento e Controle de Manutenção definir um estoque estratégico para manutenção. Gerir os estoques de peças de reposição é um grande diferencial para as empresas, pois com uma abordagem adequada pode-se reduzir consideravelmente os custos de estoque, mantendo um nível de serviço adequado. 5 Excesso de mão de obra: a otimização da equipe de manutenção pode ser verificada com vários indicadores de produtividade. Quando a equipe é mal dimensionada para uma determinada atividade, isso pode refletir na falta ou no excesso de mão de obra. O excesso de mão de obra representa uma grande taxa de ociosidade da equipe e é considerada um dos mais expressivos desperdícios na manutenção, sendo tão prejudicial quanto a falta de mão de obra. De acordo com Teles ([S.d.]a), o dimensionamento correto da equipe de manutenção acontece por meio do monitoramento e da análise de dois indicadores principais: 1. Fator de produtividade da mão de obra: indica o quanto a mão de obra específica produz durante um dia de trabalho. 2. Backlog (atraso): é um indicador de tempo, usado na gestão da manutenção para medir o acúmulo de atividades pendentes de finalização. Retrabalho: a repetição de atividades para um mesmo processo, de forma muito frequente ou crônica, pode indicar a necessidade de um estudo ou uma situação de maior atenção, principalmente em relação aos requisitos da qualidade do serviço. Quanto maior a frequência de retrabalho, menor é o indicador de qualidade dos serviços executados. O aceitável, normalmente, é uma taxa de até 3% de retrabalho em função de ordens de serviço reabertas. Falhas funcionais: as falhas assinaladas pela incapacidade do sistema de atender ao padrão de desempenho especificado no projeto se refletem em desperdícios na área de manutenção, na forma de falhas funcionais. Essas falhas são caracterizadas pela falta de planejamento das estratégias da área de manutenção, na empresa. A falha funcional pode ser originária, por exemplo, de erros de: projeto, fabricação, instalação e comissionamento ou erros de operação e manutenção. Manutenção preventiva: esse tipo de manutenção também pode representar desperdícios para a área de manutenção quando não apresenta resultados em todos os equipamentos, considerando a confiabilidade. Normalmente, a manutenção preventiva apresenta resultados concretos em apenas 11% dos equipamentos. Nesse cenário, apenas os equipamentos que têm taxas de falhas ligadas à variável tempo respondem positivamente à manutenção preventiva. 6 Esperas: o tempo de espera é considerado um dos mais prejudiciais desperdícios na manutenção. São um desperdício oculto e de difícil identificação, sendo muitas vezes negligenciadas e tidas como normais, nos ambientes industriais. Podem representar, em média, 23% do tempo de disponibilidade de um técnico de manutenção e são o resultado de diversas fontes. Normalmente são uma somatória de tempos como, por exemplo: espera para o supervisor conferir o serviço, filas de almoxarifado, período de tempo para o ativo ser liberado pela produção para a realização de manutenção, tempo para o técnico de segurança realizar uma avaliação e liberação etc. Cronograma de manutenção sem precisão: o cronograma de atividades é uma ferramenta fundamental para o planejamento e o controle da manutenção. Quando ocorre a elaboração do planejamento da manutenção, o setor de programação da manutenção lança esse plano em um cronograma de manutenção para que essas atividades possam ter suasexecuções agendadas. A elaboração do cronograma de manutenção é considerada uma atividade de gerenciamento de riscos. Todos os tempos necessários para a execução dos serviços devem ser contabilizados com a maior precisão possível, considerando o maior número de variáveis conhecidas, para minimizar possíveis desajustes. Se o programador estima uma quantidade de tempo insuficiente para uma determinada atividade, isso pode atrasar todo o cronograma e a atividade pode acabar não sendo executada. Se a estimativa da quantidade de tempo for superior ao necessário, os técnicos de manutenção podem terminar as atividades antes do tempo previsto e ficar ociosos, resultando também em desperdício de tempo, mão de obra e recursos. TEMA 2 – FALHAS DO SISTEMA Sempre há uma possibilidade de que, ao fabricar um produto ou prestar um serviço, as atividades não sejam desenvolvidas corretamente, conforme o planejamento prévio de uma organização. Aceitar que ocorrerão falhas não é, entretanto, a mesma coisa que ignorá-las e também não implica que a produção não possa ou não deva tentar minimizá-las. Além disso, nem todas as falhas são igualmente sérias. Algumas falhas são incidentais e podem não ser percebidas. 7 Por exemplo, no final de um concerto, um violinista pode tocar uma nota errada e o efeito ter pouca probabilidade de causar grande impacto. Se ele ou ela está executando um solo, entretanto, o erro pode estragar toda a execução. Seja num concerto ou em outro sistema qualquer, pode haver mais tolerância com relação a alguns tipos e alguns níveis de falhas do que com relação a outros. Outro exemplo: se o acendedor de cigarros em um carro falha ou uma caneta usada por um policial não escreve durante um boletim, o efeito pode ser irritante, mas não necessariamente sério e vital. Opostamente, o vazamento do fluido de freio de um carro ou a falta de combustível de um avião durante um voo podem colocar em risco todo um processo. As organizações, portanto, precisam discriminar as diferentes falhas e prestar atenção especial àquelas que são críticas por si só ou porque podem prejudicar o resto da produção. Para isso, é preciso se entender por que as coisas falham e se ser capaz de medir o impacto de uma ou várias falhas. 2.1 Elementos geradores de falhas De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002): As falhas na produção ocorrem por razões muito diferentes, que podem ser agrupadas como aquelas que: Têm sua fonte dentro da operação produtiva, porque seu projeto global foi malfeito ou porque suas instalações (máquinas, equipamentos e edifícios) ou pessoal falharam; São causadas por falhas no material ou informações fornecidas à operação produtiva; São causadas por ações dos clientes. 2.2 Medição de falhas As falhas, num processo de medição, podem ser verificadas e medidas das seguintes formas: Confiabilidade, em que se verifica a probabilidade de uma falha ocorrer; Disponibilidade, em que se trata do período de tempo útil disponível para a operação; Taxas de falhas, em que se considera a frequência com que uma falha ocorre. A confiabilidade e as taxas de falhas são formas diferentes de se medir uma mesma coisa, ou seja, ambas tratam da tendência de uma produção, ou parte 8 dela, a falhar. Já a disponibilidade é uma medida das consequências da falha na operação produtiva. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), a taxa de falhas (TF) pode ser calculada pelo número de falhas em um período de tempo. Por exemplo, a segurança de uma cidade pode ser medida pelo número de atendimentos de segurança em um período de tempo e a taxa de falhas de um motor pode ser medida em termos do número de falhas, dividido pelo seu tempo de funcionamento. A taxa de falhas pode ser medida como uma porcentagem do número total de produtos testados ou como o número de falhas no tempo: TF = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑥 100. Ou: TF = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 . 2.3 Exemplo prático Um lote de 50 componentes eletrônicos é testado durante 2 mil horas. Quatro dos componentes falham durante o teste, como segue: Falha 1 ocorreu após 1.200 horas. Falha 2 ocorreu após 1.450 horas. Falha 3 ocorreu após 1.720 horas. Falha 4 ocorreu após 1.905 horas. Taxa de falhas (%) = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑥 100 = 4 50 𝑥 100 = 8% O tempo total do teste = 50 x 2.000 = 100.000 horas de componentes. Porém: Um componente não operou: 2.000 - 1.200 = 800 horas. Um componente não operou: 2.000 - 1.450 = 550 horas. Um componente não operou: 2.000 - 1.720 = 280 horas. Um componente não operou: 2.000 - 1.905 = 95 horas. Portanto: o tempo total de não operação é de: 1.725 horas. Tempo de operação = 𝑇𝑜 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑛ã𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 = 100.000 − 1725 = 98275 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠. Taxa de falhas (em tempo) = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 = 4 98.275 = 0,000041. 9 TEMA 3 – A CONFIABILIDADE E O TEMPO DE OPERAÇÃO 3.1 A curva da banheira Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002): Para a maioria das etapas que compõem uma operação, as falhas são uma função do tempo. Em diferentes etapas da vida útil de qualquer coisa, a probabilidade de que falhe sempre será diferente. A probabilidade de, por exemplo, uma lâmpada elétrica incandescente falhar é relativamente alta quando é ligada pela primeira vez. Qualquer defeito pequeno no material do qual o filamento é feito ou na forma em que a lâmpada foi montada pode causar a falha da lâmpada. Se a lâmpada durar até além dessa etapa inicial, ela ainda pode falhar a qualquer momento, mas quanto mais sobrevive, mais provável se torna sua falha. A maioria dos elementos e partes físicas de uma operação qualquer normalmente comporta-se de maneira semelhante, conforme demonstra a curva da banheira representada no gráfico da Figura 2, o qual descreve a funcionalidade de um elemento comum e a probabilidade de falha em função do tempo. Figura 2 – Curva da banheira-padrão Fonte: Adaptado de Slack; Chambers; Johnston, 2002. Também de acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), a curva da banheira-padrão compreende três etapas distintas: A mortalidade “infantil” ou a etapa de “vida inicial”, quando falhas iniciais ou prematuras ocorrem por causa normalmente de peças defeituosas ou uso inadequado; A etapa de “vida normal” ou vida útil, quando a taxa de falhas é normalmente baixa, razoavelmente constante e causada por fatores aleatórios normais; Falhas prematuras Fim da vida útil Vida útil 10 A etapa de “desgaste”, quando a taxa de falhas aumenta à medida que a peça se aproxima do final de sua vida útil e as falhas são causadas por envelhecimento e deterioração das peças. Mesmo com comportamentos semelhantes, as peças utilizadas numa mesma operação devem ser analisadas individualmente, conforme demonstra a Figura 3. Figura 3 – Curvas da banheira para duas peças de uma operação Fonte: Adaptado de Slack; Chambers; Johnston, 2002. Observando-se a Figura 3, se pode verificar que a curva A representa uma peça com falhas relativamente previsíveis e a curva B representa uma peça com um padrão de falhas mais aleatório. Ou seja, as duas curvas apresentam características ligeiramente diferentes. A curva A mostra uma parte da produção que tem alta taxa de falhas de mortalidade infantil inicial, mas depois uma vida normal longa, de baixa taxa de falhas, seguida pela probabilidade gradualmente crescente de falhas à medida que se aproxima a fase de desgaste. A curva B tem aproximadamente as mesmas etapas relativas de mortalidade infantil, vida normal e desgaste. Difere acentuadamente, entretanto, quanto à previsibilidade segundo a qual as falhas ocorrem. A curva Amostra uma parte com características de falhas muito previsíveis. Se se sobreviver à mortalidade infantil (isto é, após o tempo x), é muito provável que se sobreviva pelo menos até o início do desgaste (no momento y). Após o tempo y, entretanto, a probabilidade de sobrevivência diminui rapidamente. A curva B, por outro lado, mostra uma parte que é muito menos previsível. A distinção entre as três etapas 11 é menos clara, com a taxa de mortalidade infantil reduzindo-se lentamente e uma probabilidade gradualmente crescente de falhas por desgaste. As instalações com curvas de falhas similares à mostrada na curva B são muito mais difíceis de se manterem de forma planejada. As falhas em operações que dependem mais de recursos humanos do que de tecnologia, como em alguns serviços especializados, podem seguir uma curva um tanto quanto diferente. Podem ser menos suscetíveis a desgaste de componentes, mas mais à complacência do pessoal técnico, à medida que o serviço pode tornar-se tedioso e repetitivo se não for revisto e renovado. Em um caso desses, há uma etapa inicial de redução de falhas, equivalente à etapa de mortalidade infantil, à medida que os problemas no serviço são eliminados. TEMA 4 – CONFIABILIDADE NA MANUTENÇÃO 4.1 Medição da confiabilidade Conforme afirma Almeida (2014): A manutenção preditiva está diretamente ligada com o gerenciamento da manutenção, pois esta utiliza ferramentas adequadas que indicam o momento mais adequado de se fazer uma intervenção de manutenção. Portanto, pode-se dizer que a manutenção preditiva não conserta, mas indica o melhor momento para a intervenção. Diferentemente da manutenção preditiva, a confiabilidade mede a habilidade de um sistema, produto ou serviço desempenhar-se como esperado, durante certo intervalo de tempo. O ideal, para o contexto de confiabilidade das operações é que o gráfico siga a curva da banheira-padrão (Figura 2); porém, nas operações de serviços, após uma etapa inicial de detecção e melhorias de falhas, pode haver taxas de falhas crescentes, causadas por complacência crescente, conforme demonstrado no gráfico da Figura 4. 12 Figura 4 – A complacência crescente Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002): A importância de qualquer falha específica é determinada parcialmente pelo efeito que tem no desempenho de toda a produção ou sistema. Isso, por sua vez, depende da forma pela qual o desempenho é relacionado às partes do sistema que são sujeitas a falhas. Se os componentes de um sistema forem todos interdependentes, uma falha em um componente individual pode causar a falha de todo o sistema. Observe o exemplo: se um sistema interdependente tem n componentes, cada qual com sua própria confiabilidade R1, R2... Rn, a confiabilidade de todo o sistema, Rs, é dada por: Rs = R1 x R2 x R3 x... Rn, Em que: R1 = confiabilidade do componente 1; R2 = confiabilidade do componente 2; etc. 4.2 Exemplo prático Uma máquina automática de produção de pizza, em uma fábrica de alimentos, tem cinco componentes principais, com confiabilidades individuais (probabilidades de o componente não falhar), conforme demonstrado no Quadro 1. 13 Quadro 1 – Confiabilidade de componentes Componente Confiabilidade Aplicador de massa de tomate 0,97 Aplicador de queijo 0,9 Forno 0,98 Misturador de massa 0,95 Rolo e cortador de massa 0,99 Se uma dessas partes do sistema de produção falhar, todo o sistema parará de funcionar. Logo, a confiabilidade do todo o sistema é: Rs = 0,95 x 0,99 x 0,97 x 0,9 x 0,98 = 0,805. TEMA 5 – A INFLUÊNCIA DO NÚMERO DE COMPONENTES NA CONFIABILIDADE DO SISTEMA 5.1 Número de componentes Como visto anteriormente, a confiabilidade de um item corresponde a sua probabilidade de desempenhar adequadamente o seu propósito especificado, por um determinado período de tempo, sob condições ambientais predeterminadas. Já a definição de um item depende do seu propósito, podendo ser: Um sistema, constituído de um arranjo de diversos componentes, denominado item; Um componente do arranjo em particular. Por exemplo, na análise de um monitor, pode-se considerar o monitor (com todas as partes agrupadas) como item ou algum dos seus componentes, individualmente. Fogliatto ([20--]) afirma que, independente de se tratar de um sistema ou item isolado, o cálculo da confiabilidade sempre deve apresentar valores entre 0 e 1. Tomando como exemplo um sistema cuja confiabilidade total seja 0,8, mesmo o sistema contendo componentes individuais com confiabilidade significativamente maior, a confiabilidade geral continuará sendo 0,8. Se o sistema tivesse um maior número de componentes, então sua confiabilidade seria ainda menor. Quanto maior o número de componentes interdependentes de um sistema, tanto menor será sua confiabilidade. O gráfico da Figura 5 mostra a redução da confiabilidade do sistema à medida que aumenta o número de seus componentes. 14 Figura 5 – O efeito do número de componentes em um sistema (n) sobre a confiabilidade do sistema total Fonte: Adaptado de Slack; Chambers; Johnston, 2002. Observando-se o gráfico da Figura 5, por exemplo, para um sistema formado por componentes com confiabilidades individuais iguais a 0,99, com 10 componentes a confiabilidade do sistema reduz-se para 0,9; com 50 componentes é menor do que 0,8; com 100 componentes é menor do que 0,4; e com 400 componentes é menor do que 0,05. Em outras palavras, num sistema com 400 componentes (não incomum em uma grande operação automatizada), mesmo se a confiabilidade de cada componente individual for de 99%, o sistema todo estará trabalhando com menos do que 5% do tempo. 15 REFERÊNCIAS ALMEIDA P. S. de Manutenção mecânica industrial: conceitos básicos e tecnologia aplicada. São Paulo: Érica, 2014. FOGLIATTO, F. S. Manutenção e confiabilidade. Porto Alegre, [20--]. Disponível em: <http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/397_laminas_da_aula_1. pdf>. Acesso em: 28 out. 2018. SLACK N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. TELES, J. 10 grandes desperdícios na manutenção. Engeteles, Brasília, [S.d.]a. Disponível em: <https://engeteles.com.br/10-grandes-desperdicios-na- manutencao/>. Acesso em: 28 out. 2018. TELES, J. Curva PF: o que é e como usar a curva. Engeteles, Brasília, [S.d.]b. Disponível em: <https://engeteles.com.br/curva-pf/>. Acesso em: 28 out. 2018.
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