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Aula 01
INSS (Técnico do Seguro Social) Direito
Previdenciário - 2022 (Pré-Edital) Profª.
Adriana Menezes
Autor:
Adriana Menezes
19 de Dezembro de 2021
 
 
 
 
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Sumário 
Legislação Previdenciária: sua aplicação, interpretação e integração .............................................. 2 
1. Conceito .................................................................................................................................... 2 
2. Autonomia do direito previdenciário ........................................................................................ 5 
3. Fontes da legislação previdenciária .......................................................................................... 5 
4. Aplicação, vigência, interpretação e integração da legislação previdenciária .......................... 8 
4.1. Aplicação da lei previdenciária no tempo e no espaço ...................................................... 8 
4.2. Vigência da lei previdenciária ............................................................................................. 9 
4.3. Interpretação da norma previdenciária ............................................................................. 11 
4.4. Integração da lei previdenciária ....................................................................................... 12 
5. Hierarquia das normas previdenciárias ................................................................................... 13 
 
 
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LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA: SUA APLICAÇÃO, 
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO 
1. Conceito 
Entende-se como legislação previdenciária o conjunto de normas e atos administrativos referentes 
ao funcionamento do sistema securitário. Nesse conjunto estão as leis, as medidas provisórias, os 
decretos, os tratados internacionais e as normas complementares. 
Apesar da adjetivação previdenciária, esse complexo de normas jurídicas costuma tecer relações 
com toda a seguridade social, ou seja, previdência, assistência social e saúde. 
A Constituição Federal, em seu art. 22, inciso XXIII, outorga competência privativa à União para 
legislar sobre a Seguridade Social, elaborando as normas sobre o sistema securitário. Mas permite 
que lei complementar autorize os Estados e Distrito Federal a legislar sobre o tema. 
No entanto, em relação à Previdência Social a competência legislativa é concorrente, conforme 
preceitua o art. 24, XII, da Carta Magna. 
É da competência privativa da União legislar sobre inatividade e pensões 
das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares. A outorga dessa competência deu-se 
com a alteração do inciso XXI do art. 22 da Constituição Federal, pela Emenda Constitucional nº 
103/2019: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
... 
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, 
convocação, mobilização, inatividades e pensões das polícias militares e dos 
corpos de bombeiros militares; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
103, de 2019) 
Pois bem. 
Vamos tecer comentários acerca das normas para que o leitor tenha uma noção, ainda que 
resumida, sobre o assunto: 
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a) Lei: é a fonte primária de obrigações e direitos. Ao Poder Legislativo cabe criar e disciplinar 
o sistema de seguridade social trazido pela Constituição de 1988. Cabe à União, repita-se, 
elaborar as leis sobre a organização da seguridade social. 
As leis, conforme dispõe o art. 59 da CF/88, podem ser ordinárias, complementares ou delegadas. 
• Em relação ao seu aspecto formal, as leis ordinárias são aquelas que para serem aprovadas 
necessitam do quórum da maioria simples de votos dos membros presentes na casa legislativa no 
dia da votação. 
• Já as leis complementares exigem um quórum privilegiado de aprovação pela maioria 
absoluta dos membros da casa legislativa, ou seja, a maioria do total dos membros integrantes da 
casa, sempre. 
• Em relação ao aspecto material, ensina Lenza1 que: 
as hipóteses de regulamentação da Constituição por meio de lei complementar 
estão taxativamente previstas no Texto Maior. Sempre que o constituinte originário 
quiser que determinada matéria seja regulamentada por lei complementar, 
expressamente, assim o requererá. 
Às leis ordinárias cabem as matérias que não forem regulamentadas por lei complementar, decreto 
legislativo (matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional) e resoluções (matéria de 
competência exclusiva do Senado e da Câmara dos Deputados). O campo material ocupado pelas 
leis ordinárias é residual. 
• As leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, com a autorização do 
Congresso Nacional. Haverá a solicitação ao Poder Legislativo, delimitando o assunto sobre o qual 
irá se legislar. O Congresso, então, aprova o pedido e especifica o conteúdo da delegação e os 
termos de seu exercício. É bom registrar que matérias que exigem a regulamentação por lei 
complementar não podem ser objeto de lei delegada. 
b) Medida Provisória: ato editado pelo Poder Executivo – Presidente da República – com força 
de lei. Para sua edição torna-se necessário que haja situação de relevância e urgência, 
conforme previsto nos artigos 59 e 62, ambos da CF/88. 
 
1. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13ªed., São Paulo: Saraiva, 2009, p.417. 
 
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Na área securitária é muito comum a utilização da medida provisória para tratar de assuntos que 
podem ser tratados por lei ordinária. 
Exemplo mais recente pode-se citar a Medida Provisória n. 871/2019 que trouxe a exigência da 
carência mínima de 24 contribuições mensais para a concessão do auxílio-reclusão. 
As matérias que exigem a regulamentação por lei complementar não poderão ser 
objeto de medida provisória, em face da vedação prevista no art. 62, § 1º, inciso III do Texto Maior. 
c) Tratado internacional: acordo celebrado entre o Brasil e outro país, pelo Presidente da 
República, com a aprovação do Congresso Nacional por meio da expedição de um decreto 
legislativo. 
Dispõe art. 85-A da Lei nº 8.212/91: 
 Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou 
organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria 
previdenciária, serão interpretados como lei especial. 
 Significa que os tratados internacionais que versam sobre matéria previdenciária devem ser 
observados em relação à legislação previdenciária interna. Aplica-se o disposto no tratado 
internacional. 
d) Decreto: é ato normativo expedido pelo Poder Executivo para regulamentar, “explicar” as 
leis, conforme previsão do art. 84, IV, da CF/88. 
O decreto, no entanto, não poderá ultrapassar o alcance da lei que estiver regulamentando a ponto 
de inovar ou alterar o texto legal. É fonte secundária do Direito Previdenciário, uma vez que não 
poderá inovar no mundo jurídico, criando direitos e obrigações. 
Como exemplo de decreto relativo à matéria da seguridade social, temos o Decreto nº 3.048/99 
que regulamenta as Leis nº 8.212/91 e nº 8.213/91 que tratam, respectivamente, do plano de custeio 
da Seguridade Social e do Plano de Benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 
e) Normas complementares: são atos expedidos pelas autoridades administrativas, pressupondo 
sempre a existência da lei ou de outro ato legislativo a que estejam subordinados. 
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Nesse grupo encontram-se as Portarias, as Instruções Normativas, as Circulares, etc. São, também, 
fontes secundárias do Direito Previdenciário. 
Como exemplo, pode ser citada a Instrução Normativa PRES/INSS nº 77/2015 que estabelece 
rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da 
Previdência Social. 
2. Autonomia do direito previdenciário 
Não obstante à denominação do ramo legal previdenciário, esse segmento trata não somente da 
previdência social, como também da saúde e da assistência social. Alguns autores preferem usar a 
terminologia de Direito da Seguridade Social ou Direito da Segurança Social. 
A autonomia do Direito Previdenciário ainda não é pacífica entre os doutrinadores. 
Alguns entendem que o surgimento do Direito Previdenciário se deu a partir da segmentação do 
Direito Administrativo, devido à organização estatal da proteção social, enquanto outros o 
consideram como evolução do Direito do Trabalho. 
Há, ainda, aqueles que consideram o Direito Previdenciário autônomo, desde o seu surgimento, já 
que desde épocas remotas os conceitos e princípios previdenciários são conhecidos, sendo alguns 
até anteriores ao próprio Direito do Trabalho. 
Fábio Zambitte Ibrahim defende a autonomia do Direito Previdenciário ao dizer que: 
a autonomia do Direito Previdenciário é consequência do conjunto de princípios 
jurídicos próprios deste ramo, além do complexo de normas aplicáveis a este 
segmento. Pode-se, ainda, encontrar conceitos jurídicos exclusivos do Direito 
Previdenciário, como por exemplo, salário de contribuição e salário de benefício, 
estranhos a outros ramos do Direito. 
Comungamos com a posição do autor referido, uma vez que entendemos que o Direito 
Previdenciário surgiu antes mesmo do Direito do Trabalho e tem conceitos próprios, específicos 
em relação à matéria de que trata. 
3. Fontes da legislação previdenciária 
Qualquer fonte de Direito, inclusive na área securitária, decorre de uma estrutura de poder, a qual 
traz a necessária garantia de cumprimento de determinada norma imposta à sociedade. Ainda que 
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seja esperado o cumprimento espontâneo da lei por parcela da população, a certeza da sanção 
pelo descumprimento deve existir. 
Segundo Fábio Zambitte Imbrahim2 “pode-se afirmar que temos, como fonte de Direito e, por 
consequência, da legislação previdenciária, as leis e a jurisprudência.” 
O Direito Previdenciário tem sua base assentada na Constituição Federal. 
São fontes do Direito Previdenciário: a Constituição Federal, a Emenda Constitucional, as Leis 
Complementares, Ordinárias e Delegadas, a Medida Provisória, o Decreto Legislativo, a Resolução 
do Senado Federal, os atos administrativos normativos e a jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
A palavra lei, em seu sentido mais amplo, contempla a Constituição Federal, as leis ordinárias, as 
leis complementares, as leis delegadas, as medidas provisórias e os atos administrativos em geral 
(como as portarias, as instruções, etc.). 
Já em sentido estrito, o conceito de lei situa-se nos atos elaborados pelo Congresso Nacional, com 
o poder de criar as leis ordinárias e complementares e as medidas provisórias e leis delegadas, 
elaboradas pelo Poder Executivo. 
As leis ordinárias, complementares e delegadas e as medidas provisórias são consideradas fontes 
primárias do Direito Previdenciário. Elas poderão inovar no mundo jurídico, criando direitos e 
obrigações, desde que, é claro, respeitem a Constituição Federal. 
As fontes secundárias não poderão contemplar novos direitos e obrigações, mas apenas 
regulamentar as fontes primárias para o seu fiel cumprimento. Destacam-se, nesse caso, os 
decretos, as instruções normativas, as resoluções, as orientações internas e outras. 
Jurisprudência segundo o Professor Henrique Correia3 “é a decisão reiterada no mesmo sentido 
sobre a mesma matéria”. A jurisprudência, como geradora de norma jurídica individual em razão 
das decisões judiciais, é fonte de Direito, pois suas decisões são vinculantes para as partes. 
As decisões reiteradas dos Tribunais pátrios formam a jurisprudência e são capazes, até mesmo, 
de modificar o conteúdo dos atos administrativos, adaptando-os às interpretações oriundas do 
Judiciário. 
Têm-se como vinculantes, as decisões do STF proferidas em controle concentrado de 
constitucionalidade e, desde a reforma constitucional por meio da Emenda nº 45/2005, as súmulas 
 
2. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 14ed., Niterói: Impetus, 2009, p.150. 
3. CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho. 5ª ed. Salvador: JusPodivm, 2013, 41. 
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vinculantes do Pretório Excelso obrigam o Poder Judiciário e a Administração Pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal a sua observância. 
O Novo Código de Processo Civil inovou ao impor o sistema de precedentes obrigatórios ao Poder 
Judiciário por meio do disposto no art. 927: 
Os juízes e os tribunais observarão: 
I – as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; 
II – os enunciados de súmula vinculante; 
III – os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas 
e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; 
IV – os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do 
Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V – a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 
 
Para Ivan Kertzman4 
Fonte do Direito Previdenciário é todo fato social gerador de normas jurídicas 
previdenciárias. Dividem-se em materiais e formais. As primeiras são fontes 
potenciais do Direito, ou seja, fatores sociais, econômicos, políticos, etc. que 
influem no surgimento de normas jurídicas. 
Já as fontes formais são manifestações do Direito formadoras do próprio Direito 
Previdenciário, podendo subdividir-se em estatais e não estatais. 
(...) 
As fontes formais estatais englobam a Constituição, leis complementares, leis 
ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções 
do Senado. Englobam, também, decretos regulamentares do poder executivo, 
instruções ministeriais, circulares, portarias, ordens de serviço e normas individuais. 
 
4. KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 14ed., Salvador: JusPodivm, 2016, p.94. 
 
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Os demais ramos do Direito são fontes, também, para o Direito Previdenciário e para o Direito 
Securitário. Podem ser citados o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito do 
Trabalho. Na verdade, o Direito é único, sendo dividido, apenas, por questões de didática. 
4. Aplicação, vigência, interpretação e integração da legislação 
previdenciária 
4.1. Aplicação da lei previdenciária no tempo e no espaço 
Aplicar a lei significa reconhecer a subsunção de determinado caso concreto à situação genérica 
prevista em lei, ou seja, enquadrar determinado evento acontecido numa previsão legal que o 
preceda. 
 
Maria, casada com João há 2 anos e segurada da Previdência Social Brasileira, na 
qualidade de empregada, veio a óbito. Nesse caso, João tem direito à pensão por morte 
de Maria, conforme dispõem os arts. 16, I e 74 da Lei nº 8.213/91.Nesse contexto, houve 
um fato concreto (a morte de Maria) que ensejou a concessão do benefício da pensão por 
morte. Foi aplicada a lei previdenciáriapara esse caso em concreto, concedendo a pensão 
por morte ao seu marido. 
 
Em matéria previdenciária, aplica-se o princípio segundo o qual tempus regit actum: aplica-se a 
lei vigente na data da ocorrência do fato. 
Esse princípio é aplicado no entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela 
súmula nº 340: “a lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente 
na data do óbito do segurado”. 
Assim, para os pensionistas que tiveram o óbito de seus segurados sob a égide de uma Lei X, 
deverão receber pensão nos termos dispostos pela Lei X. Caso venha, no futuro, uma Lei Y que 
traga melhores condições para a concessão da pensão por morte, essa nova Lei Y não poderá ser 
aplicada para casos cujos óbitos ocorreram antes dela. 
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As normas previdenciárias são aplicadas a todos que vivem no território nacional, segundo o 
princípio da territorialidade. 
Há situações, todavia, que a proteção previdenciária brasileira atinge pessoas que estão fora do 
território nacional e estrangeiros que prestam serviços no Brasil. O princípio da extraterritorialidade 
é aplicado como exceção. 
É o caso, por exemplo, de brasileiros civis que trabalham para a União, no exterior, em organismos 
oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá 
domiciliado e contratado, salvo se estiverem segurados na forma da legislação vigente do país do 
domicílio. E, também, de estrangeiros que prestam serviços, no Brasil, a missão diplomática ou 
repartição consular de carreira estrangeira, com residência permanente no país. 
4.2. Vigência da lei previdenciária 
A vigência é a propriedade das regras jurídicas que estão prontas para propagar efeitos tão logo 
aconteçam no mundo fático os eventos que elas descrevem. A vigência é uma "característica da 
norma que indica o lapso de tempo no qual a conduta por esta prescrita é exigível. Em outras 
palavras, a vigência indica o período no qual as prescrições jurídicas têm efeito..."5 
A lei passa a estar em vigor quando completa todos os trâmites para a sua formação, estando, 
portanto, pronta e acabada, e, ainda, apta para irradiar seus efeitos. É a chamada aptidão da lei 
para surtir os efeitos que lhe são próprios. 
Em geral, a vigência da lei previdenciária não difere das demais leis que, salvo disposição em 
contrário, começam a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicadas, conforme 
dispõe o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). 
No entanto, com o advento da Lei Complementar nº 95/98, nasceu a exigência para que a data da 
vigência da lei fosse indicada expressamente, contemplando prazo razoável para que dela se 
tivesse amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” para 
as leis de pequena repercussão. 
Em outras palavras, segundo o comando previsto no art. 8º da Lei Complementar nº 95/98, a lei 
tem que trazer em seu texto, de modo expresso, quando é que entrará em vigor, quando começará 
a produzir seus efeitos. 
 
5 . DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 4. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: RT, 
2011, p. 192. 
 
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Exemplo: 
 “Essa lei entrará em vigor 90 dias após a sua publicação”. 
Em regra, sendo vigente a lei, ela está apta a produzir seus efeitos, dotada, portanto, de eficácia. 
Quando nada disser a lei, entrará em vigor 45 dias após a sua publicação, salvo as exceções 
previstas. 
Há que se atentar, contudo, em relação à eficácia da lei da seguridade social, a exceção prevista 
no § 6º do art. 195 da Constituição Federal, que introduz o princípio da anterioridade mitigada ou 
do prazo nonagesimal ou da noventena, o qual retém a eficácia da nova lei que cria ou modifica a 
contribuição social. 
 
Conforme o artigo mencionado, a cobrança da contribuição social da seguridade social, caso venha 
a ser instituída ou aumentada, somente terá eficácia após decorridos 90 dias da data da publicação 
da lei. 
Assim, vale dizer que, muito embora a lei possa entrar em vigor na data por ela estipulada, a 
eficácia da cobrança da contribuição aumentada ou criada para o financiamento da Seguridade 
Social somente poderá acontecer após 90 dias decorridos da publicação da lei que a instituiu ou 
aumentou. 
Não se pode cobrar uma contribuição de financiamento do sistema de Seguridade Social antes do 
prazo de 90 dias da publicação da lei que criou a contribuição ou causou-lhe um aumento. 
 
 
 
Uma lei publicada em 30/01/2021 aumenta a alíquota da COFINS (contribuição 
para o financiamento da seguridade social incidente sobre a receita). Esse aumento 
somente passa a vigorar após 90 dias decorridos do dia 30/01/2021. 
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Antes, esse aumento não poderá ser cobrado dos contribuintes, por força do que 
dispõe o § 6º do artigo 195 da Constituição Federal. 
4.3. Interpretação da norma previdenciária 
A interpretação da norma jurídica é a atividade mental desenvolvida pelo jurista, objetivando traçar 
uma ligação entre o texto normativo abstrato e o fato que se apresenta cru, à espera de uma 
roupagem produzida nos lindes da Ciência do Direito. 
Ao interpretar um texto normativo, o intérprete deve buscar, dentro das opções existentes no 
mesmo, aquela que seja a mais compatível com o caso concreto, não se limitando às situações 
previstas pelo legislador quando da elaboração do texto. 
De acordo com Hugo de Brito Machado6, “o intérprete não cria, não inova, limitando-se a 
considerar o mandamento legal em toda a sua plenitude, declarando-lhe o significado e o alcance”. 
De fato, deve-se lembrar de que a lei, devido a sua natural abstração, acaba por atingir e regular 
casos que sequer foram pensados pelo legislador. 
Os métodos de interpretação podem ser: 
a) quanto à origem: 
1) interpretação legislativa, legal ou autêntica: ocorre quando o próprio Poder Legislativo 
elabora uma nova lei que interpretará a lei anterior. A lei posterior vem para interpretar a anterior. 
2) interpretação jurisprudencial: é feita pelo Poder Judiciário no exercício da jurisdição, com 
o objetivo de aplicar as normas aos casos concretos, na solução das lides. 
3) interpretação administrativa: é realizada pela Administração Pública no exercício da 
função administrativa. 
4) interpretação doutrinária: feita pelos estudiosos da Ciência Jurídica em seus trabalhos 
doutrinários. 
b) quanto ao meio: 
1) interpretação gramatical, literal ou filosófica: à luz do próprio texto da norma sob exame, 
busca-se o sentido da lei mediante a análise do significado das palavras utilizadas pelo legislador. 
 
6. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29 ed., São Paulo: Malheiros, 2008, p. 
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Vai-se buscar o sentido da norma jurídica a partir do significado das palavras que estão no seu 
texto. 
2) interpretação histórica ou genética: o intérprete deve examinar os elementos, as 
circunstâncias e as causas que implicaram na criação da lei. A análise que se faz é no sentido de 
saber o que levou aquela lei ser criada. 
3) interpretação teleológica ou finalística: feita mediante a apuração da finalidade objetivada 
pela norma. A interpretação teleológica da lei se faz perguntando o que o legislador quis buscar, 
atingir com a sua criação; qual seriao seu objetivo a alcançar com a nova lei. 
4) interpretação sistemática: a interpretação se faz partindo do entendimento de que todas 
as regras jurídicas devem ter, entre si, um nexo, pois são parte de um só sistema jurídico. A norma 
deve ser interpretada, considerando a sua existência dentro do ordenamento jurídico como um 
todo. 
Ao se utilizar do método de interpretação sistemático, o intérprete busca compatibilizar o texto 
legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visualizando 
a lei objeto de interpretação como parte de um todo. 
c) quanto à finalidade: 
1) interpretação estrita: ocorre quando há a concordância entre o significado das palavras 
com o que pretende o legislador. 
2) interpretação restritiva: ocorre quando o texto é mais amplo do que a intenção da lei, 
devendo o intérprete restringir o seu alcance. 
3) interpretação extensiva: ocorre quando o texto é mais restrito do que a intenção do 
legislador, devendo o intérprete expandir o alcance da lei. 
4.4. Integração da lei previdenciária 
A integração é o meio de que se vale o aplicador da lei para tornar o sistema jurídico inteiro, sem 
lacunas. 
É o que pode acontecer caso o intérprete verifique não existir uma regra jurídica que se amolde 
especificamente para o caso concreto. Há uma lacuna na norma que precisa ser preenchida. 
A integração difere da interpretação na medida em que aquela não visa a mens legis, o significado 
de determinada norma, mas sim o preenchimento de lacunas do ordenamento jurídico, pois o juiz 
não pode deixar de resolver a lide proposta, alegando a inexistência de lei a respeito. 
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Cabe ao aplicador do Direito utilizar-se de recursos integrativos, buscando a solução adequada 
para a lide. 
Como ferramentas de integração, temos a analogia, a equidade, os costumes e os princípios gerais 
do Direito. 
A analogia consiste na aplicação a um determinado caso, para o qual inexiste preceito expresso, 
de norma legal prevista para uma situação semelhante. Funda-se em que as razões que ditaram o 
comando legal para a situação regulada devem levar à aplicação de idêntico preceito ao caso 
semelhante. Deve-se procurar relação jurídica similar, para a qual exista regramento jurídico. 
A equidade atua como instrumento de realização concreta da justiça, em que a aplicação rígida e 
inflexível da regra legal escrita repugnaria ao sentimento de justiça da coletividade, que cabe ao 
aplicador da lei implementar. Esse deverá utilizar o senso de justiça para preencher a lacuna que 
se encontra na lei. Pela utilização da equidade corrige-se a insuficiência da norma decorrente da 
sua generalidade. 
Nesse sentido, no âmbito da previdência privada e no dos planos previdenciários públicos, o 
Superior Tribunal de Justiça invocou a analogia e a equidade como formas de integração de lacuna 
normativa, estendendo aos parceiros homoafetivos a condição de dependentes previdenciários. 
Os costumes são práticas reiteradas, de longa data, pela sociedade e aceitas como corretas. Têm 
força normativa, desde que não sejam contrários à lei. 
Os princípios gerais de Direito são aqueles que fornecem as principais diretrizes do ordenamento 
jurídico, responsáveis pela fundação de toda a construção jurídica. São os princípios básicos que 
orientam todos os ramos do Direito. 
Podem ser mencionados o princípio da igualdade perante a lei, o da ampla defesa, entre outros. 
5. Hierarquia das normas previdenciárias 
A hierarquia das normas é a ordem de graduação entre elas, de forma que a superior é fundamento 
de validade da inferior: 
– normas constitucionais; 
– leis complementares, ordinárias, delegadas, tratados internacionais, medidas provisórias, 
decretos legislativos e resoluções do Senado; 
– decretos regulamentares; 
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– instruções normativas, portarias, ordens de serviços. 
“É tecnicamente indevida a expressão hierarquia das leis, pois não existe hierarquia entre atos 
legais, mas sim entre normas jurídicas.”7 No caso de confronto entre duas normas, aplica-se a de 
hierarquia superior. 
Caso as normas estejam no mesmo patamar hierárquico, prevalecerá a norma especial em relação 
à norma geral. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro 
ou organismo internacional e o Brasil sejam partes e que versem sobre matéria previdenciária são 
interpretados como leis especiais. 
Também, pode ser aplicado o princípio in dúbio pro misero. No caso de haver conflito entre duas 
normas de mesma hierarquia, na dúvida, utiliza-se a lei mais benéfica. Havendo duas normas 
equivalentes que tratem da questão previdenciária, aplica-se a mais favorável ao beneficiário. 
 
LEGISLAÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA 
Leis 
• ordinária: aprovação por maioria simples dos votos. 
• complementar: aprovação por maioria absoluta dos votos. 
• delegada: elaborada pelo Poder Executivo com autorização do Poder Legislativo. 
Medida 
Provisória 
• ato do Poder Executivo com força de lei. Não pode tratar de matéria reservada à 
lei complementar. 
Tratados e 
convenções 
internacionais 
• são interpretados como “lei especial”. 
Decreto • ato expedido pelo Poder Executivo. Regulamenta a lei. 
Normas 
complementares 
Expedidas pelas autoridades administrativas: 
• Portarias; 
• Instruções normativas; 
• Resoluções; 
• Orientações, etc. 
FONTES DA 
LEGISLAÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA 
Lei 
• em sentido amplo: Constituição Federal, leis, medidas provisórias e atos 
administrativos em geral. 
• em sentido estrito: leis ordinárias, leis complementares, leis delegadas e medidas 
provisórias. 
Jurisprudência • decisões judiciais reiteradas sobre a mesma matéria. 
 
7. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 19ªed., Niterói: Impetus, 2014, p.153. 
 
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FONTES 
Primárias 
poderão inovar no mundo jurídico, criando direitos e obrigações, desde que, é claro, 
respeitem a Constituição Federal. São consideradas fontes primárias: as leis 
ordinárias, complementares e delegadas e as medidas provisórias, decreto legislativo 
e resolução do Senado. 
Secundárias 
não poderão contemplar novos direitos e obrigações, mas apenas regulamentar as 
fontes primárias para o seu fiel cumprimento. Destacam-se, nesse caso, os decretos 
regulamentares, as instruções normativas, as resoluções, as orientações internas e 
outras. 
Materiais 
são fontes potenciais do Direito, ou seja, fatores sociais, econômicos, políticos, etc. 
que influem no surgimento de normas jurídicas. 
Formais 
englobam a Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, 
medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções do Senado, decretos 
regulamentares do poder executivo, instruções ministeriais, circulares, portarias, 
ordens de serviço e normas individuais. 
MÉTODOS DE 
INTERPRETAÇÃO 
quanto à 
origem: 
• autêntico ou legal; 
• jurisprudencial; 
• administrativo; 
• doutrinário. 
quanto ao meio: 
• literal ou gramatical; 
• histórico ou genético; 
• teleológico ou finalístico; 
• sistemático. 
quanto à 
finalidade: 
• estrita; 
• restritiva; 
• extensiva. 
MÉTODOS DE 
INTEGRAÇÃO 
• analogia; 
• equidade; 
• costumes; 
• princípios gerais de Direito. 
 
 
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