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Abdome ANAMNESE ABDOMINAL Introdução → Queixas gastrointestinais são causa frequente de consulta médica → Diversidade de sinais e sintomas → História clínica, análise dos sintomas, exame físico permitem estabelecer o diagnóstico provável → Anatomicamente, o abdome é dividido em 9 regiões e 4 quadrantes: Sintomas do Aparelho Digestivo → Dor → Disfagia → Odinofagia → Pirose → Regurgitação → Eructação → Soluço → Sialose → Hematêmese → Náuseas e vômitos → Dispepsia → Diarreia → Esteatorreia → Constipação → Melena → Enterorragia → Hematoquezia • Definição: Dificuldade de deglutição • Deglutição x respiração • Deglutição pode ser divida nas fases: - Preparatória e oral (voluntárias) -> disfagia orofaríngea ou transferência - Fase faríngea e esofágica (involuntárias) -> disfagia baixa ou de transporte → Questionamentos: • Sólidos x líquidos (mais grave quando ocorre com líquidos, comum na mudança de fase) • Tempo de evolução e mudança no padrão • Perda de peso (desnutrição/desidratação) • Episódios contínuos (tumores) x esporádicos (ex: doenças músculo do esôfago) • Associação com outros sintomas • Dificuldade em iniciar deglutição • Engasgos, regurgitação nasal • Sinais de broncoaspiração (tosse, dispnéia, voz molhada durante a respiração) – paciente não consegue coordenar • Isolamento social no momento da refeição → Causas: • Mecânicas: - Processos inflamatórios boca e faringe - Neoplasias - Compressões extrínsecas (aumento tireoide) - Divertículos (acumulo de alimentos gera disfagia – típico de pacientes idosos) • Miopatias: (raras) - Distrofia muscular - Dermatomiosite, polimiosite - Tirotoxicose - Miastenia • Doenças do SNC: (comuns) - AVC prévio - Doença de Parkinson - Esclerose múltipla - Doenças degenerativa • Doenças do motoras do esôfago: - Acalasia - Espasmos esofagiano difuso - Esofagite eosinofílica Acalasia • Ausência do relaxamento do músculo do esôfago – pode acumular alimentos • Esôfago: 4 camadas: Mucosa, submucosa, muscular própria e adventícia - Muscular: - 1/3 proximal: m. esquelética - 1/3 médio: m esquelética + m. liso - 1/3 distal: m. liso • Quadro clínico: disfagia, regurgitação, tosse, halitose, dor retroesternal, broncoaspiração • Diagnóstico: - Padrão ouro de diagnostico: Manometria esofágica (pressão) - Esofagograma - Endoscopia digestiva • Definição: Sensação de corpo estranho localizado ao nível da fúrcula esternal, que se movimenta para cima e para baixo, desaparecendo durante a alimentação. • Fortemente associado a distúrbios psiquiátricos – ansiedade e depressão (não tem nada “orgânico”) • Definição: Dor que surge com a deglutição • Isolado ou comumente acompanhado da disfagia • Extremamente frequente em casos de infecções oportunistas da cavidade oral e esôfago (monilíase, HSV e CMV). • Secundária a uso de medicações • Definição: Sensação de queimação ou ardência (piros = fogo) • Referida como azia/queimação retroesternal • Relação com as refeições, alimentos e associação com regurgitação • Definir intensidade, duração, frequência, fatores desencadeantes e impacto na qualidade de vida. DRGE • Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE): um dos diagnósticos mais comuns na clínica • Extremamente prevalente • Diagnóstico baseado em sintomas típicos (pirose e regurgitação) e atípicos (dor torácica, tosse, pigarro e disfonia) • Melhora com antiácidos • Endoscopia apresenta achados sugestivos e pode encontrar-se normal (não erosiva) • Padrão ouro para diagnóstico é pHmetria de 24 horas • Definição: Retorno do alimento ou secreções contidas no esôfago ou estômago à cavidade bucal, sem náuseas e sem participação dos músculos abdominais - Relação com refeições, posição, associação com pirose • Ruminação (subtipo): Regurgitação repetida e sem esforço de alimentos recentemente digeridos, com subsequente remastigação e deglutição - Causas: mecânicas (estenoses, neoplasias, divertículos) ou motoras (acalasia) • É considerado fenômeno normal, uma vez que se ingere uma quantidade pequena de ar junto a uma refeição ou líquido (arroto) • Torna-se sintoma quando é excessiva ou quando causa desconforto ou sensaçãode distensão epigástrica – arroto é fisiológico, mas em excesso é patológico • Aerofagia: deglutição de grande quantidade de ar - Pacientes com ansiedade, depressão... • É causado por contrações clônicas do diafragma • Frequente no megaesôfago • Outras causas: doenças do SNC, irritação do nervo frênico ou doenças que comprometam mediastino e pleura • Definição: Produção excessiva de secreção salivar • Sinônimos: Sialorréia ou ptialismo • Causas: Esofagopatias obstrutivas e megaesôfago • Náusea: sensação desagradável percebida no epigástrio e na garganta (enjoo) - Associação com cefaleia, sensação de vertigem e sintomas abdominais. - Como sintoma isolado, acontece por repugnância a algum alimento, odor desagradável, visão de uma cena chocante ou como efeito colateral de medicamentos • Vômitos (Êmese): é a expulsão abrupta do contéudo gástrico para o exterior, precedido por náuseas. Pode ocorrer espontâneo ou induzido voluntariamente. - Importante questionar o material expelido; sangue, restos alimentares, material fecalóide • Definição: dor ou desconforto abdominal localizado na região epigástrica, acompanhada ou não de saciedade precoce, plenitude pós prandial ou distensão abdominal. • Sintoma extremamente frequente • Definição: Aumento do teor hídrico das fezes. • Frequentemente é acompanhada do aumento no número de evacuações diárias e do volume fecal em 24 horas. • Sintoma extremamente comum em doenças do trato gastrointestinal → Questionamentos: • Consistência das fezes • Presença de sangue ou muco • Volume aproximado • Número de evacuações • Presença de gordura (esteatorréia) • Tenesmo • Causa despertar noturno • Dados epidemiológicos (contato com indivíduo portador de sintoma semelhante, alimentação, medicamentos, viagens, estresse) • Antecedentes pessoais (alergias, diabetes, doenças pancreáticas, hipertireoidismo, cirurgias) • Outros sintomas (febre, dor abdominal, náuseas, vômitos) → Tempo de evolução: • Aguda (até 2 semanas) x Persistente (2 a 4 semanas) x Crônica (mais de 4 semanas) → Etiologia: • Infecciosa x não infecciosa → Mecanismo fisiológico: • Osmótica x secretora x exsudativas x motora • Definição: Aumento da quantidade de gorduras excretadas nas fezes. • Caracteriza-se por evacuações volumosas, brilhantes, podendo deixar aparentes gotas oleosas na superfície da água do vasos sanitário • Definição: Normal até uma evacuação a cada dois dias • Padrão individual (não avaliar o tempo, sim a mudança na frequência) • Mudança no ritmo intestinal individual Sangramento Digestivo → Alta: ângulo de Treitz para cima → Média: jejuno e íleo (rara) → Baixa: colón e reto • Vômitos com sangue • Origem da boca até o ângulo de Treitz (alta) • Evacuação com fezes enegrecidas (borra de café) e com cheiro pútrido (alta – endoscopia) • Fezes com “raias” de sangue (pouca quantidade geralmente apensa no papel) • Sangue vermelho vivo pelo ânus – muita quantidade Dor Abdominal → Pode ser produzida por sintomas agudos e crônicos → Pode ter origem em órgãos situados na cavidade abdominal, retroperitônio, tórax, parede muscular ou por doenças sistêmicas → Questionamentos: • Localização • Cronologia e periodicidade - Aguda x crônica - Intermitentes x contínuas • Intensidade e tipo • Ritmo ou horário • Fatores de agravo e alívio • Duração • Irradiação ICTERÍCIA, HIPERTENSÃO PORTAL E ABDOME ICTERÍCIA → Icterícia é definida como condição caracterizada coloração amarelada da pele, conjuntivas e membranas mucosas como resultado da deposição tecidual disseminada da bilirrubina → Hiperbilirrubinemia (elevação no plasma) → É detectada quando sua concentração sérica eleva-se mais que 2-3mg/100ml • Importante valor diagnóstico e deve ser sempre valorizada • Melhor observada em ambiente iluminado com luz natural • Geralmente percebida na conjuntiva ocular e pele – na pele é mais tardio • A bilirrubina é hidrofóbica – sempre fica ligada à proteínas (albumina) • Cada adulto produz 4mg/kg/dia • A maior parte da bilirrubina (80%) provém da degradação da hemoglobina de hemácias senescentes • Bilirrubina conjugada é excretada e sofre metabolismo da bactérias do cólon, formando o urobilinogênio • As fezes normais contém uma mistura de urobilinogênio e urobilina. A diminuição ou ausência de excreção de bilirrubina na luz intestinal pode provocar alteração na cor das fezes tornando-as mais claras (hipocolia fecal) ou brancas (acolia fecal) – problema no fígado ou obstrução • Em condições normais, pequena quantidade de bilirrubina é excretada na urina. Essa fração é responsável pela mudança na coloração (colúria) → Manifestações clinicas associadas dependem da fração da bilirrubina que se encontra elevada → Hiperbilirrubinemia NÃO conjugada (indireta) • Ictericia → Hiperbilirrubinemia conjuada (direta) • Ictericia • Colúria – coloração escura da urina • Acolia ou hipocolia fecal - fezes esbranquiçadas (pode estar ausente) Hiperbilirrubinemia Indireta • Aumento da produção de bilirrubina (hemólise)• Problemas no hepatócito, metabolização • Redução na captação hepatocelular (medicamentos) • Redução na conjugação (Síndrome de Gilbert – enzima é “preguiçosa” → aumento da bilirrubina indireta → apenas anemia) Hiperbilirrubinemia Direta • Conjugada com ácido glicurônico • Doenças hepáticas (Hepatites, cirrose) • Obstrução biliar (cálculos, neoplasias, colestases) → Colangite aguda é a infecção da vias biliares e cursa com: • Ictericia • Dor abdominal • Febre com calafrios → Colangite torna-se mais grave, adiciona: • Confusão mental • Hipotensão arterial → Ocorre quando em um paciente ictérico, ao palparmos no hipocôndrio direito encontramos uma massa ovalada, que é a vesícula biliar distendida que se torna palpável por efeito de uma neoplasia de vias biliares extra hepáticas (tumores periampulares), especialmente neoplasia de cabeça de pâncreas → Vesícula biliar palpável + icterícia = câncer de pâncreas → Cauda do pâncreas pode comprimir o ducto colédoco – icterícia • Idade • Profissão • Procedência/viagens • Raça • Hábitos (álcool e drogas injetáveis) • Antecedentes (história familiar, transfusão sanguínea, tratamento dentário, etc) • Uso de medicamentos e exposição a tóxicos • Anemia - Hemólise? Neoplasia? • Estigmas de Cirrose • Estigmas de etilismo • Exame neurológico alterado (encefalopatia?) • Questionário CAGE (Alcoolismo) • Alterações cutâneas (Equimoses, petéquias, telangiectasias, xantelasmas) • Exame do abdome (Ascite,fígado palpável, Murphy positivo, vesícula palpável) → Contratura palmar de Dupuytren → Aranhas vasculares (Telangiectasias) e ginecomastia – estrógeno → Hipertrofia de parótidas → Desnutrição → Deficiência vitamínica (tiamina e folato) → Encefalopatia de Wernicke (Confusão mental, sonolência, nistagmo, oftalmoplegia e ataxia) → Psicose de Korsakoff (surto grave de delirium tremens) → Diante de um paciente ictérico, deve-se observar o aumento da bilirrubina (BD ou BI ) → “Hepatograma” é dividido em enzimas hepáticas e provas de função hepática Enzimas hepáticas: • TGO (AST): Aspartato aminotransferase • TGP (ALT): Alanina aminotransferase • GAMA GT: Gama glutamil-transpeptidase • FOSFATASE ALCALINA → Nas hepatopatias encontramos aumento das transaminasaes e pouco elevação da gama gt e fosfatase alcalina. → Nas colestases (obstruções) encontramos grande elevação da gama gt e fosfatase alcalina e discreto aumento das transminases Função hepática • Albumina • Tempo de protrombina (INR) → Medem o poder de síntese do hepatócito, quando gravemente disfuncionante, sintetizam menos albumina (hipoalbuminemia) emenos fatores de coagulação (alargamento doINR) HIPERTENSÃO PORTAL → Hipertensão portal é definido como aumento na pressão sinusoidal hepática > 6mmHg Aumento da pressão na veia porta (junção da veia mesentérica superior + esplênica) → As vias colaterais portossistêmicas descomprimem os sinusoides hepáticos hipertensivos e dão origem a varizes. → Também permitem que a amônia originária do intestino atinja o cérebro, causando, encefalopatia hepática. → Além disso, está associada a retenção de sódio e água formando ascite (mais circulação colateral) → Varizes de fino calibre: vasos de fino calibre que desaparecem totalmente à insuflação do órgão → Varizes de médio calibre: vasos de médio calibre que não desaparecem à insuflação e ocupam menos de 1/3 da circunferência do órgão → Varizes de grosso calibre: vasos de grosso calibre que não desaparecem à insuflação e ocupam mais de 1/3 da circunferência do órgão → Esplenomegalia: aumento do baço → Ascite → Circulação colateral ABDOME AGUDO → Afecção súbita (aguda), não traumática, cuja principal manifestação é dor abdominal e, em geral, exige tratamento cirúrgico. → Em geral, necessita de intervenção médica imediata, cirúrgica ou não → Apendicite é a principal causa → Apendicite → Colecistite aguda → Pancreatite aguda → Diverticulite → Doença inflamatória pélvica → Abscessos intra-abdominais → Peritonites primárias e secundárias → Aderências intestinais → Hérnia estrangulada → Fecaloma → Obstrução pilórica → Volvo → Intussuscepção → Íleo biliar → Corpo estranho → Bolo de áscaris → Úlcera péptica perfurada → Neoplasia gastrointestinal perfurada → Febre tifoide → Divertículos do cólon → Gravidez ectópica rota → Ruptura do baço → Ruptura de aneurisma de aorta abdominal → Cisto ovariano hemorrágico → Necrose tumoral→ Endometriose → Isquemia intestinal → Trombose mesentérica → Torção de pedículo de cisto ovariano → Infarto esplênico • Dor abdominal • Náuseas e vômitos • Alteração do hábito intestinal • Sangramento vaginal • Antecedentes patológicos • Exame físico geral • Exame físico abdominal 1- Inspeção 2- Ausculta 3- Percussão 4- Palpação 5- Sinais de irritação peritoneal → Atitude passiva antálgica - flexão da coxa sobre a bacia. → Hiperestesia cutânea/”defesa muscular” “abdome em tábua” → Pesquisa do sinal de Blumberg → Palpação da região dolorosa no sentido de identificar a víscera dolorosa SINAL DE BLUMBERG: • Dor ou piora da dor à descompressão súbita do ponto de McBurney • Onde é pesquisado? - A pesquisa do sinal é feita no ponto de McBurney, também chamado de ponto apendicular. É traçado uma linha que liga a cicatriz umbilical com a espinha ilíaca ântero-superior. Divide-se esta linha em 3 partes, sendo o ponto referido o local que corresponde ao encontro do terço médio com o terço distal da linha • Com o paciente em decúbito dorsal, é realizada uma compressão no ponto de McBurney, seguida de uma descompressão súbita, que será referida pelo paciente como dor ou piora da dor quando o sinal presente • O sinal de Blumberg é um dos sinais clássicos da Medicina, e sua presença representa Inflamação peritoneal, e é muito sugestivo do diagnóstico de Apendicite, apesar de não ser patognomônico desta condição. • Somente é pesquisado no ponto de Mcburney, sendo que a descompressão dolorosa em qualquer outra parte do abdome não é reconhecida como este sinal SINAL DE ROVSING → Dor abdominal cólica → Distensão abdominal → Parada de laminação de gases e fezes → Náuseas e vômitos → Peristaltismo visível → Ruídos abdominais aumentados no início desaparecendo à seguir → Dor abdominal de forte intensidade → Abdome em tábua → Pneumoperitônio → História anterior de úlcera gástrica/duodenal perfurada, perfuração de alça intestinal SINAL DE JOBERT → O maior valor propedêutico, corresponde à afirmação do pneumoperitonio por perfuração da víscera oca, pelo sinal de Jobert, ou o timpanismo de toda a região hepática, afastadas as outras possibilidades de timpanismo parcial da mesma região → Dor abdominal → Síndrome hipovolêmica → Sinais de irritação peritoneal → Gravidez ectópica rota, ruptura de aneurisma de Aorta, ruptura de vísceras → Dor abdominal mal definida → Febre pode estar presente → História anterior de arteriopatias crônica, IAM, AVC, claudicação abdominal → Vômitos com eliminação de líquido necrótico
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