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Eficacia dos direitos Fundamentais

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Eficácia dos direitos fundamentais
Toda norma constitucional é dotada de eficácia jurídica, uma mais que as outras, variando sua carga eficacial. Ou seja, algumas noras constitucionais não possuem eficácia imediata e direta de aplicabilidade. 
Segundo a Constituição de 1988, todas as normas que definem os direitos constitucionais possuem eficácia direta e imediata de aplicabilidade (ou seja, quando entram em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos), não necessitando de qualquer interposição do legislador. Porém, essas normas estão longe de se identificarem funcional e normativamente por mais que esteja expresso na constituição. Com efeito, assim como todas as outras normas constitucionais, as definidoras de direitos fundamentais possuem diferenças entre si relacionadas as funções que exercem e as diferentes técnicas de positivação as quais s submeteram e por isso, não possuem a mesma carga eficacial. 
A nossa Constituição aplica o princípio da aplicabilidade nas normas que definem direitos humanos, inspiradas em outras constituições estrangeiras, como da Alemanha e Espanha. Esse princípio abrange todos os direitos fundamentais previstos na Constituição, até mesmo os não previstos em seu catálogo, desde que, quanto a estes, ostentem a nota distintiva da funcionalidade material (como os decorrentes dos tratados internacionais em que o Brasil participa). 
Isso se deve não somente porque está previsto na Constituição, mas também por conta de uma interpretação sistemática e teológica que venha a recair na análise desse texto. Os direitos fundamentais submetem-se a mesmo regime jurídico-constitucional, em razão da marcada indivisibilidade que os caracteriza. Assim, onde houver uma norma definidora de direitos fundamentais, nela há de se repousar a ideia de que sua aplicação se dá de maneira imediata e direta. 
Mas em que consiste essa aplicação e em que medida uma norma definidora de direitos fundamentais tem aplicação imediata?
Existem duas posições extremadas. A primeira diz que os direitos fundamentais só têm aplicação imediata se as normas que os definem são completas na sua hipótese e no seu dispositivo(ou ela é completa ou não é auto-executável) e a segunda defende a imediata e direta aplicação das normas de direitos fundamentais, ainda que de caráter programático, no sentido de que os direitos subjetivos nelas consagrados podem ser imediatamente desfrutados, independente da concretização legislativa. 
A primeira não pode ser aceita pois vai contra ao que é dito na Constituição. 
Canotilho afirma que a aplicação direta e imediata não significa apenas que os direitos fundamentais se aplicam independentemente da intermediação legislativa, significando também que eles valem diretamente contra a lei, quando essa estabelece restrições em desconformidade com a Constituição. 
Com isso, em caso de descumprimento, por omissão, de algum direito fundamental ou de lacuna legislativa impeditiva de sua fruição, deve e pode o judiciário desde logo e em qualquer natureza, aplicar diretamente o preceito definidor do direito em questão, emprestando o direito fundamental o desfrute imediato, independente de qualquer providência de natureza legislativa ou administrativa.
Em face da vinculação de todos os órgãos públicos (eficácia vertical) e de todos os particulares (eficácia horizontal) aos direitos fundamentais e forte no que dispõe os princípios da aplicação imediata das normas definidoras desses direitos e da inafastabilidade do controle social, qualquer órgão do Judiciário encontra-se investido do dever-poder de aplicar diretamente as normas de direitos fundamentais, assegurando o pleno gozo das posições subjetivas neles consagradas, seja qual for a natureza e a função desses direitos, e isso se dá independentemente de qualquer concretização legislativa. 
Esse princípio está relacionado com a ideia de que a exigência de uma regulamentação dos direitos punha em perigo a eficácia destes, pois bastava a inércia de um legislador para que as normas constitucionais referentes ao direitos constitucionais se tornassem conteúdos vazios de sentido e conteúdo.
O fato na norma constitucional definidora dos direitos fundamentais remeter ao legislador ordinário a tarefa de regulá-la, não afasta esse raciocínio, isso porque, quando ocorre, pretende o constituinte uma regulamentação geral e uniforme desses direitos para todos os titulares.

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