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Aula 03 - Movimentos Literários - Parte III_P_90 (1)

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Aula 03
Senado Federal (Técnico - Policial
Legislativo) Literatura Nacional -
Cebraspe 2022
Autor:
Luana Signorelli
26 de Novembro de 2021
03164915195 - Willy Clayton Alves dos Santos
1 
 
Sumário 
Introdução ............................................................................................................................................... 3 
1 – Contextualização ............................................................................................................................. 4 
2 – O Romantismo .................................................................................................................................. 6 
3 – Romantismo no Brasil ........................................................................................................................ 7 
3.1 – Primeira Geração da Lírica .................................................................................................. 11 
3.2 – Segunda Geração da Lírica .................................................................................................. 14 
3.3 – Terceira Geração da Lírica ................................................................................................... 18 
3.4 – Prosa Romântica Brasileira .................................................................................................. 25 
3.5 – Teatro Romântico Brasileiro ................................................................................................ 31 
4 – Romantismo em Portugal ................................................................................................................ 46 
4.1 – Primeira Geração ................................................................................................................. 47 
4.2 – Segunda Geração ................................................................................................................. 47 
4.3 – Terceira Geração ................................................................................................................. 54 
5 – Contexto: Movimentos Artísticos no Geral ...................................................................................... 57 
6 – Crítica Literária .............................................................................................................................. 58 
7 – Lista de Questões ........................................................................................................................... 60 
8 – Gabarito ........................................................................................................................................ 62 
9 – Questões Comentadas .................................................................................................................... 72 
10 – Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 86 
12 – Considerações FInais .................................................................................................................... 87 
 
 
 
Luana Signorelli
Aula 03
Senado Federal (Técnico - Policial Legislativo) Literatura Nacional - Cebraspe 2022
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2 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Luana Signorelli 
 Instagram: @luana.signorelli 
 Telegram: Luana Signorelli 
 Facebook: /luana.signorelli 
 YouTube: Professora Luana Signorelli 
 TikTok: @luanasignorelli1 
 
 
Luana Signorelli
Aula 03
Senado Federal (Técnico - Policial Legislativo) Literatura Nacional - Cebraspe 2022
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3 
 
INTRODUÇÃO 
Olá, prezados concurseiros. 
Hoje nós vamos dar continuidade ao nosso Curso de Literatura para Técnico 
Legislativo/Policial – Senado Federal 2022 em teoria e questões. Lembrem-se sempre do nosso 
lema: 
 
O segredo do sucesso é a constância no objetivo. 
 
Segundo o nosso cronograma de aulas, hoje estudaremos o seguinte: 
 
AULA TÓPICOS ABORDADOS 
 
 
 
 
Aula 03 
Romantismo 
Características gerais. Contexto no Brasil: autores e obras mais 
importantes das três gerações românticas na lírica (primeira: Gonçalves 
Dias e Gonçalves de Magalhães; segunda: Álvares de Azevedo e Casimiro 
de Abreu; terceira: Castro Alves; Luís Gama; José do Patrocínio; Maria 
Firmina dos Reis) e os quatro tipos de romance romântico (José de Alencar; 
Joaquim Manuel de Macedo; Manuel Antônio de Almeida; Visconde de 
Taunay; Bernardo Guimarães). Teatro romântico brasileiro (Martins Pena). 
O abolicionismo (Joaquim Nabuco). Contexto em Portugal: obras e autores 
mais importantes das três gerações românticas (Almeida Garrett; Camilo 
Castelo Branco; Júlio Dinis e João de Deus). 
 
Hoje abordaremos quadros sinópticos de obras mais importantes. O quadro sinóptico é um 
material de apoio que irá poder ajudá-los pouco antes da prova, por se tratar de conteúdos grandes 
com muita informação. Tanto é que se quiserem ler a obra inteira, cuidado com os spoilers. Hoje em 
particular, vamos fazer a interpretação de texto e a análise sintática ao longo da própria aula. 
Metodologicamente, separei os movimentos literários de acordo com os seguintes grupos: 
 Literatura brasileira: Romantismo em 3 gerações da lírica: primeira; segunda e terceira. 
 Literatura portuguesa: Romantismo em 3 gerações: primeira; segunda e terceira. 
Para cada nacionalidade, iremos estudar autores e obras de gêneros variados, tais como 
prosa, poesia e teatro. Então, vamos lá, não percamos tempo! 
 
 
“Poderíamos dizer que o imaginário romântico nasceu como tomada de consciência destes dois 
processos de ruptura, mas sem determinar o que veio antes ou o que veio depois. A ansiedade e a 
expectativa geradas pela combinação destas mudanças foram tais que excederam, não raro, as 
dimensões objetivas das transformações, projetando sobre elas uma força simbólica capaz também 
de alterar a realidade, delimitando-lhe contornos e procedendo, dialeticamente, a uma nova 
tomada de consciência dos homens. Fica difícil, se não impossível, definir o que foi mais significativo, 
se a realidade concreta ou a simbólica.” 
SALIBA, Thomé. As imagens do instável. In: As utopias românticas. São Paulo: Estação Liberdade, 2003. 
Luana Signorelli
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4 
 
B
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A
SI
L 
IM
P
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IO
 
ER
A
 M
O
D
ER
N
A
 
1 – CONTEXTUALIZAÇÃO 
RESUMO DA HISTÓRIA LITERÁRIA NO BRASIL 
 
ESTILO LITERÁRIO PRINCIPAIS AUTORES DESCRIÇÃO 
 
 
 
 
 
ROMANTISMO 
LÍRICA 
• 1ª geração: Gonçalves Dias e 
Gonçalves de Magalhães 
• 2ª geração: Álvares de Azevedo 
e Casimiro de Abreu 
• 3ª geração: Castro Alves e Luís 
Gama 
PROSA 
• José de Alencar, Manuel Antônio 
de Almeida, Joaquim Manuel de 
Macedo, Bernardo de Guimarães 
TEATRO 
• Martins Pena, José de Alencar, 
Álvares de Azevedo. 
LÍRICA 
• 1ª geração: indianismo e 
nacionalismo 
• 2ª geração: ultrarromantismo e 
individualismo 
• 3ª geração: preocupação social 
e abolicionismo 
PROSA 
• 4 tipos de romance: indianista, 
regionalista, histórico e urbano 
TEATRO 
• Teatro dos costumes. 
 
 
 
 
RESUMO DA HISTÓRIA LITERÁRIA EM PORTUGAL 
ESTILO LITERÁRIO PRINCIPAIS AUTORES DESCRIÇÃO 
 
 
 
ROMANTISMO 
 Observação: a divisão por 
gerações ocorre para todos os 
gêneros, não só o lírico. 
• 1ª geração: Almeida Garrett, 
Alexandre Herculano e João de 
Deus 
• 2ª geração: Camilo Castelo 
Branco 
• 3ª geração: Júlio Dinis 
• Sentimentalismo 
• Evasão 
• Nacionalismo 
• Subjetivismo 
 
No Brasil, o período foi marcado por fatos importantes, como a Proclamação da 
Independência em 1822. Confiram outros marcos abaixo. 
Luana Signorelli
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PONTOS HISTÓRICOS MAIS RELEVANTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 – O ROMANTISMO 
1807 1816 1820 1826 1832 1855 
Primeira 
Invasão 
Napoleônica 
Inserido no plano de Napoleão para 
impor o Bloqueio Continental a toda 
a Europa, Portugal não aceita tal 
bloqueio e como consequência, um 
exército francês comandado pelo 
general Junot invade Portugal, 
resultando na fuga da família real 
para o Brasil (1807-1821). Com a 
ajuda do exército inglês comandadas 
por Wellington, as tropas francesas 
são derrotas e forçadas a abandonar 
Portugal. O Rio de Janeiro passa a ser 
a sede do governo português e a 
capital do reino. 
Revolução 
liberal 
 
A Burguesia mercantil via os 
seus negócios ameaçados com 
a abertura dos portos 
brasileiros ao comércio 
internacional. A Guarnição do 
Porto sentia-se revoltada com 
a falta de pagamento. Os 
comerciantes da cidade 
descontentes iniciam a 
revolução com o apoio de 
todas as camadas sociais 
(Nobreza; Clero e Exército 
português). Dá- se um 
movimento revolucionário 
liberal que veio marcar o fim 
do Antigo Regime e institui 
uma Monarquia 
Guerra civil 
Início da guerra civil que se 
prolongará por dois anos. 
Em 1836, ocorre a 
Revolução de Setembro que 
restabelece a Constituição 
de 1822. Em 1842, novo 
golpe de Estado, liderado 
por Costa Cabral. 
Mudança de 
reinado Morte de D. Maria e 
aclamação de D. João VI. Ele é 
casado com Carlota Joaquina, 
filha mais velha de Carlos IV, 
da Espanha. Juntos têm nove 
filhos, entre eles Pedro de 
Alcântara, futuro imperador 
do Brasil como Pedro I. 
Regência 
 
Morte de D. João VI. O 
Conselho de Regência, 
presidido pela Infanta D. 
Isabel Maria, escolhe D. 
Pedro como sucessor da 
coroa portuguesa sob o 
título de D. Pedro IV de 
Portugal. D. Pedro IV 
declara a Carta 
Constitucional. 
Aclamação de 
D. Pedro V 
 
Morte de D. Pedro V, e 
consequente subida 
ao trono do seu irmão 
D. Luís I de Portugal, 
por não ter deixado 
descendência. 
D. João VI 
Foi rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 
1816 a 1822 e conhecido como O Clemente. Ele gostava 
bem de um franguinho, inclusive, carregava-o no bolso. 
Fonte dos infográficos: Showeet 
Luana Signorelli
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6 
 
Vocês se consideram uma pessoa romântica? 
A palavra “romântico” é frequentemente associada a um conjunto de comportamentos e 
valores, como dar ou receber flores, gostar de ler ou escrever poemas e histórias de amor, 
emocionar-se facilmente, ser gentil e delicado com a pessoa amada. Esse tipo de romantismo, porém, 
é diferente do Romantismo na arte. Este também está relacionado aos sentimentos, mas foi muito 
mais do que isso. Foi um amplo movimento que surgiu no século XIX e representou artisticamente 
os anseios da burguesia que havia acabado de chegar ao poder na França via Revolução. Estudar a 
literatura do período implica conhecer as transformações então ocorridas e ver de que modo elas 
acarretaram uma nova forma de ver e sentir o mundo. 
Os principais autores que constituíram o Romantismo no exterior e serviram de inspiração 
para os escritores brasileiros são: 
 
 
As principais características do Romantismo na Literatura são: 
• Poeta inglês conhecido pelo estilo sombrio e melancólico, que inspirou a 2ª geração
romântica do Brasil. Sua vertente ficou conhecida como “byronismo”.
• Principal Obra: Don Juan (1819).
LORDE BYRON
• Escritor estadunidense caracterizado por uma escrita sombria, de horror, mistério e
fantasia.
• Principais obras: contos. Alguns dos mais conhecidos são “O Retrato Oval”, “A queda
da casa de Usher” e “O gato preto”. O celébre poema “O corvo” foi inclusive
traduzido por Machado de Assis.
EDGAR ALLAN POE
• August e Friedrich Schlegel foram críticos, filósofos e tradutores alemães. Seus
estudos foram variados, tendo incluído até a cultura oriental. Desenvolveram o
conceito de ironia romântica.
• Principais obras: fragmentos. Athenaeum – August Schlegel (1798-1800), Lucinde –
Friedrich Schlegel (1799).
IRMÃOS SCHLEGEL
•Autor alemão considerado percursor do romantismo como movimento literário. 
•Suas obras tem grande presença da natureza ligada à uma religiosidade, sendo 
entendida como uma imagem do paraíso.
•Principais obras: Os sofrimentos do Jovem Werther (1774), Os anos de Aprendizado 
de Wilhelm Meister (1797) e Fausto (1806). 
GOETHE
• Escritor francês cujas principais características são obras de forte crítica social e
posição política progressista.
•Principais obras: O corcunda de Notre-Dame (1831) e Os miseráveis (1862).
VICTOR HUGO
Luana Signorelli
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• Amor romântico (alma) convive com amor físico (erótico);
• Realização do ato sexual como realização completa do indivíduo.
Amor romântico + erotismo
• Apologia à morte;
• Gosto pelo isolamento e os locais macabros;
• Introspecção.
Evasão (fuga da realidade)
• A natureza como espaço idílico, paradisíaco; 
• A projeção da mulher perfeita;
• Desejo de liberdade, ideal de mundo melhor.
Idealização (ou idealismo)
• Desejo de livrar-se do modo de vida burguês;
• Certa rebeldia.
Liberdade
• Busca dos traços característicos de cada povo (os laços de semelhança);
• Constituição das identidades nacionais a partir da exaltação da natureza;
• Histórias de heróis fundadores; 
• Na Europa, traduz-se nas novelas cujas personagens são cavaleiros medievais.
Nacionalismo
• Rompimento com as inspirações greco-latinas; 
• Valorização da Idade Média (início das colônias);
• Métricas não clássicas na poesia e romance como principal forma na prosa. 
Oposição aos clássicos
• Valorização da escrita subjetiva;
• Sofrimento do amor não correspondido;
• Sofrimentos existenciais, inclusive a inescapabilidade da morte;
• Sentimento de inadequação na sociedade. 
Sentimentalismo
• Inspiração na poesia de Byron;
• Vida boêmia e decadência;
• Melancolia e pessimismo;
• Preseça da tuberculose: a morte se torna o destino próximo. 
Spleen (mal do século)
• A ideia de que algo sublime não precisa ser necessariamente belo;
• Temas baixos e linguagem de baixo calão.
Sublime e grotesco
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Lorde Byron (1788-1824) fez parte de uma geração que assim 
como Oscar Wilde (1854-1900), escritor irlandês, foram 
considerados como dândis. Segundo o Dicionário Houaiss, o 
termo significa indivíduo que se veste com elegância; 
indivíduo que se veste e comporta com afetação e delicadeza 
ou ainda homem que tem preocupação exagerada com a 
aparência pessoal. Influenciaram toda uma geração. O 
personagem Werther de Goethe, por exemplo, usava uma 
casaca azul e um colete amarelo. 
 
 
Autores
Byron
Poe
August 
Schlegel
Goethe
Victor 
Hugo
Luana Signorelli
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O ROMANTISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IRONIA ROMÂNTICA 
 Assim como de uma Natureza personificada pode-se dizer que brinca com – 
ou ironiza – suas formas criadas, parecendo prometer a cada uma delas uma 
inteireza e uma estabilidade de ser, apenas para relativizá-las e desestabilizá-las no 
fluxo sem-fimda criação e des-criação, assim também o homem, ou mais 
especificamente o artista, sendo ele próprio uma parte da natureza, tem ao mesmo 
tempo uma energia criativa e uma des-criativa, uma inventividade entusiasta, 
irrefletida, e uma inquietação irônica, autoconsciente que não pode satisfazer-se 
com a finitude da realização, mas deve continuamente transcender mesmo aquilo 
que sua imaginação e inspiração criaram. O que deveria ser realmente um 
predicamento sem esperança seria um universo totalmente compreensível e 
portanto, num sentido, um universo morto. 
 (...) O artista que consegue este difícil ato de equilíbrio, esta “alternação 
admiravelmente perene de entusiasmo e ironia”, produz uma obra que contém em 
si mesma seu próprio vir-a-ser. O artista será como Deus ou a Natureza imanente 
em cada elemento criado e finito, mas o leitor também terá consciência de sua 
presença transcendente enquanto atitude irônica frente à sua própria criação. Esta 
superação criativa da criatividade é a Ironia Romântica; ela ergue a arte a uma força 
superior (...). Fonte: MUECKE, 2008, p. 40-41, grifo meu. 
Evasão 
Erotismo 
Idealização 
Liberdade Nacionalismo 
Contra os 
clássicos 
Sentimentalismo 
Spleen 
Mal do século 
Sublime 
Grotesco 
Luana Signorelli
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Apesar de ser, do ponto de vista ideológico, uma arte revolucionária, o Arcadismo era, do 
ponto de vista estético, uma arte conservadora, pois se limitava fundamentalmente a eliminar os 
exageros do Barroco e retomar os modelos do Classicismo do século XVI. Criar uma linguagem 
verdadeiramente nova, identificada com os padrões mais simples da vida do novo público 
consumidor, a burguesia, foi tarefa que coube ao Romantismo. 
 
Adeus! Assim de ti afastado, 
Cada laço estreito a perder, 
O coração só murcho e seco, 
Mais que isso mal posso morrer. 
– Lorde Byron 
 
(Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2020) 
O romance Os sofrimentos do jovem Werther, do escritor alemão Goethe, é um dos marcos 
fundadores do Romantismo europeu e exerceu grande influência sobre os escritores românticos 
brasileiros. A partir do trecho abaixo, marque a alternativa correta, a qual se dá para concluir a 
partir dele. 
 
Aos 04 de maio de 1771. 
 Como estou contente de ter partido! Ah, meu amigo, o que é o coração humano! Deixar-te, a 
ti que eu tanto amo, de quem eu era inseparável, e estar contente! Sei que me perdoarás. Não 
estavam todas as minhas demais relações como que escolhidas pelo destino a fim de afligir um 
coração como o meu? A pobre Leonor! E contudo eu era inocente! Podia eu fazer algo se, enquanto 
o encanto teimoso de sua irmã me proporcionava tão agradável companhia, uma paixão se acendia 
em meu pobre coração? E todavia... serei eu totalmente inocente? Não alimentei seus sentimentos? 
Não me deleitei com as sinceras expressões daquela criatura, expressões que tantas vezes nos 
fizeram rir, embora na realidade fossem tão pouco dignas de riso? Não fiz eu... Oh, o que é o homem 
para se atrever a lamentar-se sobre si mesmo! Eu quero, dileto amigo, eu te prometo que quero 
corrigir-me, nunca mais haverei de, como sempre fiz, beber até a última gota os males que o destino 
nos reserva. Quero gozar o presente e o passado será passado para mim. É claro, caríssimo, que tu 
tens razão. As dores dos homens seriam menos agudas se eles não... Deus sabe por que eles são 
feitos assim! Se ocupar com tanta assiduidade da fantasia, chamar de volta a lembrança dos males 
passados, ao invés de tornar o presente suportável... 
GOETHE, Johann Wolfgang. Os sofrimentos do jovem Werther. Porto Alegre: L&M Pocket, 2001, p. 12-13. 
 
Diante do exposto, todas as alternativas estão corretas, EXCETO 
A) a obra tem uma estrutura epistolar, ou seja, é construída a partir de cartas escritas por Werther. 
B) o romantismo é um movimento centrado na primeira pessoa, descompromissado com o ser 
humano no geral. 
C) os jovens da época começaram a se vestir igual a Werther e a viver paixões desenfreadas como 
ele. 
D) Leonor é o amor temporário de Werther. 
E) o Romantismo alemão baseou-se no movimento de Sturm und Drang. 
 
Luana Signorelli
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Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: correta. Epistolar significa dizer que ela é escrita em forma de cartas, o que 
conseguimos concluir mediante o cabeçalho com a data. 
Alternativa B: incorreta – gabarito. Apesar de ser uma das principais características do 
Romantismo no geral, o individualismo e o subjetivismo, esse trecho evidencia partes 
verdadeiramente filosóficas e humanas, isto é, universais, como “o que é o coração humano!”, “Oh, 
o que é o homem para se atrever a lamentar-se sobre si mesmo!” e “As dores dos homens seriam 
menos agudas se eles não...”, embora esta última frase esteja incompleta. 
Alternativa C: correta. chamou-se de a Febre de Werther. Os jovens começaram a se vestir de 
colete amarelo e casaco azul, exatamente igual a Werther, e houve uma onda de suicídio. 
Alternativa D: correta. Este é o nome de uma outra personagem do romance. Werther estava 
momentaneamente enamorado por ela, mas a sua verdadeira amada era Carlota. 
Alternativa E: correta. Sturm und Drang significa tempestade e ímpeto, tumulto e violência. 
“Movimento literário germânico desenvolvido entre 1770 e 1785, e cujo nome deriva de uma peça 
de igual título, escrita por F. M. Klinger (1752-1831), e publicada em 1776. Conquanto (...) 
proximamente nas ideias francesas em voga no tempo, sobretudo as de J. J. Rousseau (1712-1778), 
preconizava o retorno às mais legítimas raízes da germanidade” (MOISÉS, 2004, p. 435). 
 Grau de dificuldade da questão: médio. 
Gabarito: B. 
 
3 – ROMANTISMO NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecas Fuga da 
Família Real 
 
Museus 
Imagem: Pixabay. 
Independência 
Imprensa 
Escolas de Nível 
Superior 
Tipografia 
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Poucos anos depois de nossa independência política em 1822, surge o Romantismo no Brasil, 
e por isso a sua história se confunde com a história política do país. Com a fuga da família real em 
1808, uma vez que Portugal fora invadido por Napoleão, a colônia passou por uma série de 
mudanças. 
 Criação de escolas de nível superior; 
 Fundação de museus e bibliotecas públicas; 
 A criação de tipografias; 
 A criação de uma imprensa regular. 
A produção literária mais consistente entre os séculos XVII e XVIII se justificou pelo advento de um 
público leitor. Depois da Independência em 1822, os intelectuais e artistas da época se engajaram no 
processo de tentativa de criação de uma identidade nacional. 
 No Brasil, o Romantismo teve um significado a mais: ele tinha a característica de ser 
anticolonialista e antilusitano, o que representava uma rejeição à literatura produzida na época 
colonial por ela estar ligada aos modelos de cultura portuguesa. Foi nesse sentido que o Romantismo 
brasileiro também integrou o nacionalismo. 
Tradicionalmente, divide-se o Romantismo no Brasil em três gerações, com características 
principais distintas. 
A divisão a seguir é a mais conhecida no Romantismo Brasileiro. 
Porém, a terminologia de “geração” é aplicada apenas para o 
gênero lírico (poesia). A prosa e o teatro seguem uma 
classificação diferente. 
 
 
• Nacionalista (a partir da Independência Política em 1822).
• Indianista (exaltação do símbolo nacional; proposta estética inclusiva).
• Religiosa (mística e transcendental, voltada para osublime).
• Principais autores: Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.
PRIMEIRA GERAÇÃO
• Egocentrismo (sinônimo de individualismo e subjetivismo).
• Pessimismo (ligado ao spleen e ao mal do século).
• Ligação com a morte (morbidez e descrições sombrias).
• Principais autores: Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.
SEGUNDA GERAÇÃO
• Cunho político-social (Lei Áurea foi assinada em 13 de maio de 1888).
• Abolicionismo (movimento do qual fizeram parte Joaquim Nabuco; Maria Firmina dos
Reis; José do Patrocínio e Chiquinha Gonzaga, por exemplo).
• Principais autores: Castro Alves e Luís Gama.
TERCEIRA GERAÇÃO
Luana Signorelli
Aula 03
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Os escritores de prosa romântica não se enquadram exatamente em nenhuma das fases, pois 
dialogam com características de todas elas. Na prosa, divide-se os romances não por gerações, mas 
por tendências, tipos ou ainda classificações: 
 
 
 
As gerações também não se aplicam ao teatro propriamente dito. Temos como principais 
autores no teatro romântico brasileiro: Martins Pena, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães, 
Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo. 
Vamos estudar primeiramente o marco inicial do Romantismo. 
 
Gonçalves de Magalhães 
Nome completo: Domingos José Gonçalves de Magalhães, foi 
considerado introdutor do Romantismo no Brasil. No teatro, 
ele escreveu Antônio José ou O poeta e a Inquisição (1838). 
A publicação da obra Suspiros poéticos e saudade (1836), de 
Gonçalves de Magalhães, tem sido considerada o marco 
inicial do Romantismo no Brasil. A importância dessa obra, 
porém, reside muito mais nas novidades teóricas de seu 
prólogo, em que Magalhães anuncia a revolução literária 
romântica, do que propriamente na execução dessas teorias 
(CEREJA; MAGALHÃES, 2004, p. 62, grifo meu). 
ROMANCE 
INDIANISTA
• Resgate da 
cultura e 
história dos 
indígenas 
brasileiros. 
• Índio como 
figura heróica, 
idealizada. 
• Valorização da 
natureza 
brasileira. 
• Principal autor: 
José de 
Alencar.
ROMANCE 
HISTÓRICO
• Retrato dos 
costumes de 
uma época do 
passado.
• Mistura dados 
reais com 
ficcionais. 
• Principal autor: 
José de 
Alencar. 
ROMANCE 
REGIONALISTA
• Ambiente rural 
ou cultura 
típica de 
determinadas 
regiões. 
• Diversidade 
do Brasil e 
ideia de "Brasil 
verdadeiro". 
• Principais 
autores: José 
de Alencar, 
Bernardo 
Guimarães e 
Visconde de 
Taunay.
ROMANCE 
URBANO
• Histórias da 
alta sociedade 
das capitais.
• Crítica aos 
costumes.
• Principais 
autores: José 
de Alencar, 
Joaquim 
Manuel de 
Macedo e 
Manuel 
Antônio de 
Almeida. 
Luana Signorelli
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3.1 – Primeira Geração da Lírica 
É marcada pelo indianismo, o nacionalismo (ufanismo) e a exaltação da natureza. 
Gonçalves Dias 
Filho de português com cafuza (relativo a ou 
filho de negro e índia, segundo o dicionário Houaiss), 
estudou na sua terra natal de Maranhão, tendo 
completado a sua formação em Coimbra, onde cursou 
Direito. Voltou para o Brasil com vários de seus 
escritos. Fez várias viagens pelo Brasil, passando pela 
Amazônia, e chegou a escrever um Dicionário da 
língua tupi. 
 Além de poemas sobre a natureza brasileira, 
sua obra foi um verdadeiro projeto de construção de 
cultura brasileira. Na lírica, também produziu poemas 
religiosos, explorando a manifestação de Deus na 
natureza. Fora isso, também são temas de suas 
discussões a pátria, o índio e o amor não 
correspondido. 
 
 Épica 
 I-Juca-Pirama (1851); 
 Canção dos Tamoios (e Confederação dos Tamoios de Magalhães, 1856); 
 Os Timbiras (1857). 
 
TEXTO I 
CANÇÃO DO TAMOIO 
I 
Não chores, meu filho; 
Não chores, que a vida 
É luta renhida: 
Viver é lutar. 
A vida é combate, 
Que os fracos abate, 
Que os fortes, os bravos 
Só pode exaltar. 
 
II 
Um dia vivemos! 
E o homem que é forte 
Não teme da morte; 
Só teme fugir; 
Luana Signorelli
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Condor Tapir 
No arco que entesa 
Tem certa uma presa, 
Quer seja tapuia, 
Condor ou tapir. 
 
Comentário 
A épica de Gonçalves Dias é baseada numa numerologia clássica. Assim como Os Lusíadas 
de Luís de Camões tem 10 cantos, também tem 10 cantos tanto I-Juca-Pirama quanto a Canção 
dos Tamoios. 
Vários fatores são importantes nesse texto: o som, pois há rimas (terminações iguais dos 
termos – vida/renhida; combate/abate); há ritmo e métrica (pois todos os versos são 
redondilhas menores, isto é, apresentam 5 sílabas poéticas, com acento na segunda e na 
terceira sílaba poética – não-cho-res-meu-fi-lho); há figuras de linguagem (uma, por exemplo, 
é a anáfora, a repetição de termos no início do verso – não/não; que/que). 
E, no sentido mais global ou geral, o trecho é bonito, pois alude à luta na vida, que pode 
remeter à luta cotidiana de cada um, a qual universalmente pode tanto representar um índio 
no século XVIII quanto um brasileiro no século XXI. 
No mais, na última estrofe há alusões ao condor, pássaro típico da Terceira Geração e o 
tapir, outro animal. Já tapuia é uma tribo indígena. 
Segundo o dicionário Houaiss, o tapir é um animal comum aos mamíferos, de corpo pesado, 
membros curtos, os anteriores dotados de quatro dedos e os posteriores de três, todos 
terminados em pequenos cascos, cauda muito curta e focinho longo e flexível. Isso ilustra a 
preocupação de Gonçalves Dias com a fauna, especialmente a brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Luana Signorelli
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 Prosa: principais obras 
 Meditação (1850); 
 Memórias de Agapito (1843); 
 Um Anjo (1843). 
 
 Poesia: principais obras 
 Primeiros Cantos (1846); 
 Segundos Cantos (1848); 
 Últimos Cantos (1851); 
 Cantos (1857); 
 Lira Varia (1869). 
TEXTO II 
LEITO DE FOLHAS VERDES 
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo 
À voz do meu amor moves teus passos? 
Da noite a viração, movendo as folhas, 
Já nos cimos do bosque rumoreja. 
 
Eu sob a copa da mangueira altiva 
Nosso leito gentil cobri zelosa 
Com mimoso tapiz1 de folhas brandas, 
Onde o frouxo luar brinca entre flores. 
 
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco, 
Já solta o bogari2 mais doce aroma! 
Como prece de amor, como estas preces, 
No silêncio da noite o bosque exala. 
 
Brilha a lua no céu, brilham estrelas, 
Correm perfumes no correr da brisa, 
A cujo influxo mágico respira-se 
Um quebranto de amor, melhor que a vida! 
 
A flor que desabrocha ao romper d’alva 
Um só giro do sol, não mais, vegeta: 
Eu sou aquela flor que espero ainda 
Doce raio do sol que me dê vida. 
 
Sejam vales ou montes, lago ou terra, 
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite, 
Vai seguindo após ti meu pensamento; 
Outro amor nunca tive: és meu, sou tua! 
 
Luana Signorelli
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Tupã é o deus dos deuses, conhecido 
como deus do trovão. Indica mitologia e 
religiosidade indígenas. 
Meus olhos outros olhos nunca viram, 
Não sentiram meus lábios outros lábios, 
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas 
A arazóia3 na cinta me apertaram. 
 
Do tamarindo a flor jaz entreaberta, 
Já solta o bogari mais doce aroma 
Também meu coração, como estas flores, 
Melhor perfume ao pé da noite exala! 
 
Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes 
À voz do meu amor, que em vãote chama! 
Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil 
A brisa da manhã sacuda as folhas! 
 
1tapiz = extensão de terreno coberta de flores, relva. 
2bogari = arbusto escandente nativo da Índia, de flores brancas, dobradas, muito perfumadas, e bagas 
pretas. 
3arazóia = mesmo que araçoia: saiote, feito de penas, usado por mulheres indígenas. 
 
Comentário 
 Reparem que o que pode ser difícil nesse poema é o vocabulário. Por isso é que eu 
disponibilizei um glossário. 
 Depois, o eu lírico se direciona a Jatir, um nome próprio. Então, ele apela para um 
sentimentalismo, fala de natureza, amor, brilho das estrelas, perfume e magia que é o 
quebranto do amor. A presença da natureza é marcante: lago, terra, dia e noite. O eu lírico faz 
juras de amor, promete exclusividade. 
 Mesmo na lírica amorosa, ao fim há alusão à mitologia tupi. Na mitologia dos indígenas de 
língua tupi, Tupã é o trovão, cultuado como divindade suprema. 
 
 Teatro: principais obras 
 Patkull (1843); 
 Beatriz Cenci (1845); 
 Leonor de Mendonça (1846) → principal; 
 Boabdil (1850). 
 
Quais são os principais deuses da mitologia indígena brasileira? 
Não é apenas a cultura grega ou nórdica que crê em seres divinos. Os índios que habitam 
o Brasil também trazem um legado mitológico – que permanece vivo à época da chegada dos 
colonizadores europeus, os mais de mil povos indígenas que viviam por aqui já tinham um rico 
e variado panteão de divindades, todas em estreita ligação com as forças da natureza. 
Além dos tupis e dos guaranis – dois dos grupos mais importantes –, ianomâmis, araras e 
dezenas de outros povos deixaram um legado mitológico que permanece vivo até hoje entre os 
mais de 450 mil índios que habitam nosso território. 
A seguir, conheça algumas dessas divindades tupi-guaranis: 
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==5e4da==
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TUPÃ 
Chamado de “O Espírito do 
Trovão”, Tupã é o grande 
criador dos céus, da terra e dos 
mares, assim como do mundo 
animal e vegetal. Além de 
ensinar aos homens a 
agricultura, o artesanato e a 
caça, concedeu aos pajés o 
conhecimento das plantas 
medicinais e dos rituais 
mágicos de cura. 
JACI 
 
É a deusa Lua e guardiã da 
noite. Protetora dos amantes e 
da reprodução, um de seus 
papéis é despertar a saudade 
no coração dos guerreiros e 
caçadores, apressando a volta 
para suas esposas. Filha de 
Tupã, Jaci é irmã-esposa de 
Guaraci, o deus Sol. 
GUARACI 
Filho de Tupã, o deus Sol 
auxiliou o pai na criação de 
todos os seres vivos. Irmão-
marido de Jaci, a deusa Lua, 
Guaraci é o guardião das 
criaturas durante o dia. Na 
passagem da noite para o dia – 
o encontro entre Jaci e Guaraci 
–, as esposas pedem proteção 
para os maridos que vão caçar. 
 
Disponível em: https://tinyurl.com/y4jc6ong. Acesso em: 29 set. 2020. 
 
3.2 – Segunda Geração da Lírica 
Algumas décadas depois da introdução do romantismo no Brasil, a poesia ganha novos rumos 
com o aparecimento dos ultrarromânticos. Esses poetas, desvinculados do compromisso com a 
nacionalidade assumido pela primeira geração, desinteressam-se da vida político-social e voltam-se 
para si mesmos, numa atitude pessimista. Como forma de protesto contra o mundo burguês, vivem 
entediados e à espera da morte. 
Sem acreditar nas ideias e valores que levaram à Revolução Francesa e sem ter nenhum outro 
projeto, essa segunda geração sentia-se a geração perdida, em termos de estilo, seguindo a tradição 
do le fin de siècle (o fim de século). Por isso, ficaram conhecidos como mal do século. E a forma 
encontrada para expressar seu pessimismo e o sentimento de inadequação à realidade foi, no plano 
pessoal, levar uma vida desregrada, dividida entre os estudos acadêmicos e o ócio, os casos amorosos 
e a leitura de obras literárias como Musset e Byron, escritores cuja vida eles imitavam. 
 No plano da Literatura, desenvolveram as seguintes características: 
 Desprezo pelo nacionalismo e o indianismo da primeira fase; 
 Subjetivismo; 
 Egocentrismo; 
 Sentimentalismo; 
 Sondagem interior → da qual mais tarde irá se aproveitar o Realismo. 
 
Uma das principais obras do período é Lira dos Vinte Anos, uma obra de 1853 escrita por 
Álvares de Azevedo, poeta da segunda geração romântica, conhecida também como 
ultrarromantismo ou mal-do-século. As características principais dessa geração lírica, que 
também se encontram na obra – composta por 33 poemas –, são: sentimentalismo 
exacerbado, pessimismo, morbidez e apego à morte. Dividida em três partes, a “Lira dos 
Vinte Anos”, revela as diferentes faces literárias de Álvares de Azevedo, autor que 
estudaremos agora. 
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Álvares de Azevedo 
É a principal escritor do ultrarromantismo no Brasil e 
viveu entre 1831-1852. Paulista, fez os estudos básicos no 
Rio de Janeiro e cursava o 5º ano do curso de Direito quando 
sofreu um acidente (queda de cavalo). Tendo se complicado, 
o caso o levou à morte antes de completar 21 anos. 
 Sua obra completa 7 livros entre poesia, prosa e 
teatro e foi produzida quando ele era estudante universitário 
em apenas 4 anos. Apesar da irregularidade da obra e da 
curta vida, foi expoente da sua geração. 
 
 Poesia: principais obras 
 Lira dos Vinte Anos (1853); 
 O conde Lopo. 
 
 Prosa: antologia de contos 
 Noite na taverna (1855). 
 
 Teatro: principal obra 
 Macário (1855). 
 
 
TEXTO I 
 
Pálida, à luz da lâmpada sombria, 
Sobre o leito de flores reclinada, 
Como a lua por noite embalsamada, 
Entre as nuvens do amor ela dormia! 
 
Era a virgem do mar! Na escuma fria 
Pela maré das águas embalada! 
Era um anjo entre nuvens d'alvorada 
Que em sonhos se banhava e se esquecia! 
 
Era mais bela! O seio palpitando... 
Negros olhos as pálpebras abrindo... 
Formas nuas no leito resvalando... 
 
Não te rias de mim, meu anjo lindo! 
Por ti – as noites eu velei chorando, 
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo! 
Comentários 
 O soneto segue um projeto estético de Álvares de Azevedo que é a contradição. Na Lira 
dos Vinte Anos, a primeira e a terceira partes mostram o eu lírico adolescente, casto, 
sentimental e ingênuo. Por isso é que ele é representado pela figura de Ariel, representação do 
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bem. Ariel e Calibã são reaproveitamentos literários da peça teatral A tempestade (1611) de 
William Shakespeare. 
 Esse soneto se organiza por relações antitéticas. A antítese é uma figura de linguagem que 
marca sentidos opostos numa mesma oração. Portanto, percebemos a escuridão e a claridade; 
a noite e o amanhecer; o sonho e a realidade, a virgem pálida e distante (idealizada) e a mulher 
corporificada e sensual. Inclusive, o poema segue este caminho: da idealização rumo à 
materialização. Essa gradação acontece à medida que o dia vai amanhecendo. 
 
 
TEXTO II 
 
MACÁRIO 
Sim. É belo fumar! O fumo, o vinho e as mulheres! Sabes... há ocasião em que dão-me venetas 
de viver no Oriente. 
 
SATAN 
Sim... o Oriente! mas que achas de tão belo naqueles homens que fumam sem falar, que amam 
sem suspirar? É pelo fumo? Fuma aqui... vê, o luar está belo: as nuvens do céu parecem a 
fumaça do cachimbo do Onipotente que resfolga dormindo. Pelas mulheres? Faze-te vigário de 
freguesia... 
 
MACÁRIO 
É uma coisa singular esta vida. Sabes que às vezes eu quereria ser uma daquelas estrelas para 
ver de camarote essa Comédia que se chama o Universo? essa Comédia onde tudo que há mais 
estúpido é o homem que se crê um espertalhão? Vês aquele boi que rumina ali deitado 
sonolento na relva?Talvez seja um filósofo profundo que se ri de nós. A filosofia humana é uma 
vaidade. Eis aí, nós vivemos lado a lado, o homem dorme noite a noite com uma mulher: bebe, 
come, ama com ela, conhece todos os sinais de seu corpo, todos os contornos de suas formas, 
sabe todos os ais que ela murmura nas agonias do amor, todos os sonhos de pureza que ela 
sonha de noite e todas as palavras obscenas que lhe escapam de dia... Pois bem—a esse homem 
que deitou-se mancebo com essa mulher ainda virgem, que a viu em todas as fases, em todos 
os seus crepúsculos, e acordou um dia com ela ambos velhos e impotentes, a esse homem, 
perguntai-lhe o que é essa mulher, ele não saberá dizê-lo! Ter volvido e revolvido um livro a 
ponto de manchar-lhe e romper-lhe as folhas, e não entendê-lo! Eis o que é a filosofia do 
homem! Há cinco mil anos que ele se abisma em si, e pergunta-se quem é, donde veio, onde 
vai, e o que tem mais juízo é aquele que moribundo crê que ignora! 
Álvares de Azevedo – Macário. 
Disponível em: https://tinyurl.com/tlchtx2. Acesso em: 24 fev. 2020. 
 
Comentários 
É um texto ultrarromântico, marcado pela crença num modo de vida: “Sim. É belo fumar! 
O fumo, o vinho e as mulheres! Sabes há ocasião em que dão-me venetas de viver no Oriente.” 
O diabo está personificado e inclusive participa do diálogo. Esse diabolismo também está 
presente em Fausto de Goethe, por exemplo, com a figura de Mefistófeles. Atenção: embora 
sejam obras do mesmo ano, consistem em gêneros diferentes: Macário é ume peça de teatro, 
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dividida não exatamente em atos e cenas, mas sim em duas partes. O seu personagem 
Penseroso já foi mencionado pelo escritor realista Machado de Assis em seu romance Quincas 
Borba, em comparação inclusive ao Hamlet de Shakespeare. 
Já Noite na taverna é uma antologia de 7 contos. Muitas das epígrafes são do próprio Lorde 
Byron. Muitos dos contos se intitulam com nomes próprios (de pessoas). 
 I – Uma noite do século. 
 II – Solfieri. 
 III – Bertram. 
 IV – Gennaro. 
 V – Claudius Hermann (nesse, inclusive, tem uma poesia embutida). 
 VI – Johann. 
 VII – Último beijo de amor. 
 
TEXTO III 
 
(SEGUNDO ATO – LABORATÓRIO) 
WAGNER (mais baixo) 
Um ser humano! E que casal de amantes 
Fostes trancar no tubo da fornalha? 
 
MEFISTÓFELES 
Livre-nos Deus! a procriação, como era antes, 
Hoje qual vão folguedo valha. 
O frágil núcleo gerador da vida, 
A suave força, do íntimo surgida, 
Tomando e dando para enfim formar-se, 
Da essência própria e alheia apoderar-se, 
Foi derrubada do alto pedestal. 
(...) 
A humana essência – a mistura é o jeito, – 
Composta for e se unifique, 
E destilada no alambique 
Se coalhe e se solidifique, 
Eis realizado o grande feito. 
GOETHE, Johann Wolfgang Von. Fausto II. Trad. Jenny Klabin Segall. 
São Paulo: Editora 34, 2007 (v. 2, p. 321-322). 
Comentários 
O trecho contrapõe a Criação Divina de Deus com a criação alquímica humana. Também 
uma figura histórica é aproveitada, a do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883). Na 
época, havia uma discussão sobre o real curso da ciência. Esclarecendo que o uso do diabo em 
Goethe é místico e transcendental, como costuma ser a tradição romântica, e não uma crença 
orientada ao satanismo. Os textos românticos costumam ser filosóficos e trazer uma reflexão 
quanto ao ser humano. Esse trecho antecede o episódio da Noite de Walpurgis Clássica. 
 
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Casimiro de Abreu 
Natural de Barra de São João no Rio de 
Janeiro em 1839, escreveu grande parte de sua 
obra Primaveras em Portugal. Ele ajudara a 
desanuviar o caminho que Álvares de Azevedo 
deixou em aberto quando ele morreu. 
Diferentemente da obra de Álvares de 
Azevedo na qual o amor se confunde com a 
morte, em Casimiro o amor associa-se à vida e 
a sensualidade, embora esta ainda seja ligada 
ao medo de amar, sempre disfarçada, cheia de 
jogos e insinuações. 
Outros temas recorrentes na sua obra: a 
infância, a pátria e a saudade – como é o caso 
de seu célebre “Meus oito anos”, bem como a 
solidão e a natureza. Faleceu em 1860. 
 
 
 Poesia: principais obras 
 Minha Mãe (1855); 
 Rosa Murcha (1855); 
 Saudades (1856); 
 Suspiros (1856); 
 Meus Oito Anos (1857); 
 Treze Cantos (1858); 
 Folha Negra (1858); 
 Primaveras (1859). 
 
 Prosa: principais obras 
 Fora da Pátria (1855); 
 Longe do Lar (1858); 
 Carolina (1856); 
 A Cabana (1858). 
 
 Teatro: principais obras 
 Camões e o Jau (1856). 
 
TEXTO I 
Eu tenho uns amores – quem é que os não tinha 
Nos tempos antigos? – Amar não faz mal; 
As almas que sentem paixão como a minha 
Que digam, que falem em regra geral. 
 – A flor dos meus sonhos é moça bonita 
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 Qual flor entr’aberta do dia ao raiar, 
 Mas onde ela mora, que casa ela habita, 
 Não quero, não posso, não devo contar! 
 
Oh! ontem no baile com ela valsando 
Senti as delícias dos anjos do céu! 
Na dança ligeira qual silfo voando 
Caiu-lhe do rosto seu cândido véu! 
 – Que noite e que baile! – Seu hálito virgem 
 Queimava-me as faces no louco valsar, 
 As falas sentidas que os olhos falavam 
 Não quero, não posso, não devo contar! 
 
Comentários 
 O poema apresenta forte musicalidade, característica comum à poesia romântica em 
geral, especialmente a de Casimiro. 
Outro escritor romântico que descreveu um baile em sua obra foi José de Alencar em Senhora: 
“Há uma delícia, uma voluptuosidade pura e inocente nesta embriaguez da velocidade”. 
 Por fim, a sensualidade e o erotismo dos amantes isolados aumentam gradativamente, 
mas o eu lírico ainda tem medo de amar. 
 
 
FRIEDRICH, Caspar David. Dois homens contemplando a lua (c. 1825-30). 
Fonte: Metropolitan Museum of Art. 
 
 Observação: as obras ultrarromânticas costumam ser sombrias, não só tematicamente (no 
conteúdo), como também formalmente (nas cores, numa obra de Artes Visuais, por exemplo). São 
comuns imagens de crepúsculo. 
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Fonte: Pixabay. 
TEXTO II 
MEUS OITO ANOS 
Oh! que saudades que tenho 
Da aurora da minha vida, 
Da minha infância querida 
Que os anos não trazem mais! 
Que amor, que sonhos, que flores, 
Naquelas tardes fagueiras 
À sombra das bananeiras, 
Debaixo dos laranjais! 
 
Como são belos os dias 
De despontar da existência! 
– Respira a alma inocência 
Como perfumes a flor; 
O mar é – lago sereno, 
O céu – um manto azulado, 
O mundo – um sonho dourado, 
A vida – um hino d’amor! 
 
Que auroras, que sol, que vida, 
Que noites de melodia 
Naquela doce alegria, 
Naquele ingênuo folgar! 
O céu bordado d´estrelas, 
A terra de aromas cheia, 
As ondas beijando a areia 
E a lua beijando o mar! 
ABREU, Casimiro. Meus oito anos. Disponível em: https://tinyurl.com/yxudydpm. 
Acesso em: 29 set. 2020. 
 
Comentários 
E nem todo ultrarromântico está deprimido, alguns só estão melancólicos mesmo! 
Atenção: essa orientação para o passado e para a infância é um indicativo da insatisfação com 
o presente e não deixam de assinalar uma fuga da realidade. Também marcam o spleen, o 
tédio e não aceitação/negação do presente. 
Segundo o crítico literário Massaud Moisés, é possível fazer uma análise semântica desse 
poema, pois “aurora”, “vida” e “infância” são termos com “determinada riquezaemotiva e 
sentimental”, típica dos ultrarromânticas, mas aqui responsável por ampliar o sentido dos 
termos. Logo, a infância é mais um recurso para o idealismo do que um porto seguro. As 
imagens são longínquas, não muito promissoras. 
 
 
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3.3 – Terceira Geração da Lírica 
As décadas de 60 e 70 do século XIX representam um período de transição na poesia 
brasileira. Ao mesmo tempo que muitos dos procedimentos da primeira e da segunda geração se 
mantêm, surgem novidades de forma e de conteúdo, dando origem à terceira geração da poesia 
romântica, que se volta mais para os problemas sociais. 
 A terceira geração da poesia romântica brasileira é formada por poetas ligados à corrente 
condoreira ou hugoana, como também é chamada por influência do escritor francês Victor Hugo. 
 Talvez seja Castro Alves o primeiro grande poeta social brasileiro. Como poucos, soube 
conciliar as ideias de reforma social com procedimentos da poesia, o que tornou a sua arte engajada. 
A linguagem usada por ele era grandiosa, eloquente e acentuada de hipérboles e espaços amplos, 
como o mar, o céu, o infinito, o deserto. Ele também usava a negritude como bandeira. Associa-se a 
aves que representam a liberdade, como a águia, o falcão e o albatroz. 
 
Castro Alves 
Ocupante da cadeira de no 7 na Academia 
Brasileira de Letras, era considerado o poeta dos 
escravos e nasceu em 1847. Estudou Direito em Recife e 
São Paulo. Representou maturidade em relação à 
ingenuidade das gerações anteriores, como o idealismo 
indianista e amoroso e o nacionalismo ufanista. 
A crítica objetiva ao regime social prefigura o 
movimento posterior do Realismo. 
 
 Poesia: principais obras 
 Espumas flutuantes (1870); 
 A Cachoeira de Paulo Afonso (1876); 
 Os Escravos – O Navio Negreiro (1883); 
 Hinos do Equador (1921). 
 
 Teatro: principais obras 
 Gonzaga ou a Revolução de Minas (1875). 
 
TEXTO I 
 I 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas, 
Veleiro brigue corre à flor dos mares, 
Como roçam na vaga as andorinhas... 
 
Donde vem? onde vai? Das naus errantes 
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? 
Neste saara os corcéis o pó levantam, 
Luana Signorelli
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Fonte: https://tinyurl.com/y3c66346. 
A temática condoreira pode ser cobrada 
numa abordagem interdisciplinar. O 
movimento Blacks Lives Matter (vidas 
negras importam) é um movimento ativista 
que busca por igualdade étnica que ganhou 
importância no ano de 2020, após um 
ataque violento a George Floyd. 
Galopam, voam, mas não deixam traço. 
 
 
Bem feliz quem ali pode nest'hora 
Sentir deste painel a majestade! 
Embaixo — o mar em cima — o firmamento... 
E no mar e no céu — a imensidade! 
 
Homens do mar! ó rudes marinheiros, 
Tostados pelo sol dos quatro mundos! 
Crianças que a procela acalentara 
No berço destes pélagos profundos! 
 
Por que foges assim, barco ligeiro? 
Por que foges do pávido poeta? 
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira 
Que semelha no mar — doudo cometa! 
 
Albatroz! Albatroz! águia do oceano, 
Tu que dormes das nuvens entre as gazas, 
Sacode as penas, Leviathan do espaço, 
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas. 
 
Comentários 
 Estão aqui apenas uns trechos. No final de alguns versos há perguntas e questionamentos, 
evidenciando um eu lírico atribulado. 
 Há o contraste entre a condição degradante da escravidão e o sentimento de liberdade 
vivido no mar, representado pelo pássaro do albatroz ao final. Dar asas ao eu lírico significa a 
ele mais do que liberdade, mas sim fuga daquela situação. 
 
TEXTO II 
MOCIDADE E MORTE 
Oh! eu quero viver, beber perfumes 
Na flor silvestre, que embalsama os ares; 
Ver minh'alma adejar pelo infinito, 
Qual branca vela n'amplidão dos mares. 
No seio da mulher há tanto aroma... 
Nos seus beijos de fogo há tanta vida... 
– Árabe errante, vou dormir à tarde 
À sombra fresca da palmeira erguida. 
 
 
 
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Se o Governo do Império Brasileiro, 
Faz coisas de espantar o mundo inteiro, 
Transcendendo o Autor da geração, 
O jumento transforma em sor Barão; 
Se o estúpido matuto, apatetado, 
Idolatra o papel de mascarado; 
E fazendo-se o lorpa12 deputado, 
N’Assembléia vai dar seu – apolhado! 
Não te espantes, ó Leitor, da novidade, 
Pois tudo no Brasil é raridade! 
Comentários 
É importante lembrar que um grande escritor não se atém a uma temática somente. A 
questão social é muito importante para Castro Alves, mas ele também escreveu um tipo de 
poesia mais lírica/sentimental, como é o caso desse exemplo. 
Nesse poema, há identificação com a natureza, como podemos observar na flor silvestre 
e na comparação do repouso do árabe nômade embaixo de uma palmeira com a do poeta 
perto da amada. O condoreirismo se verifica mediante imagens de grandiosidade, eloquência, 
como em “Ver minh'alma adejar pelo infinito, /Qual branca vela n'amplidão dos mares.” Existe 
ainda erotismo, como no apelo para as sensações, mencionando perfume no primeiro verso, 
e comparando os beijos da amada a fogo. E, por fim, exotismo, na menção da figura do árabe 
errante, ou seja, sem rumo. Exotismo significa representar o estrangeiro. 
Há metáforas de elementos da natureza, que se equiparam a outras coisas, mas não 
personificação. O sensualismo não é velado, mas explícito. 
 
OUTROS ESCRITORES CONDOREIROS 
 
 
Luís Gama 
 Nasceu em 1830 e faleceu em 1882. Foi um escritor e jornalista 
brasileiro que ganhou várias alcunhas: Patrono da Abolição da Escravidão 
do Brasil e ainda Libertador dos Escravos. Sua principal obra é Primeiras 
Trovas Burlescas do Getulino, que além de tudo é muito ousada, porque 
acusa autoridades de corrupção. 
 
 
Se os nobres desta terra, empanturrados, 
Em Guiné têm parentes enterrados; 
E, cedendo à prosápia, ou duros vícios, 
Esquecendo os negrinhos seus patrícios; 
Se mulatos de cor esbranquiçada, 
Já se julgam de origem refinada, 
E curvos à mania que domina, 
Desprezam a vovó que é preta-mina: – 
Não te espantes, ó Leitor, da novidade, 
Pois tudo no Brasil é raridade! 
 
GAMA, Luís. Primeiras Trovas Burlescas do Getulino. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/rn7hwwk. Acesso em: 29 set. 2020. 
 
 
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José do Patrocínio 
Nasceu em 1853 e faleceu em 1905. Foi jornalista e trabalhou na Gazeta da Tarde. Escreveu 
o romance Os retirantes (1879), mas também o Manifesto da Confederação Abolicionista (1883). Foi 
a vanguarda do movimento negro no Brasil. 
 
Estamos em plena aurora. 
Dentro em três dias via começar a história moderna do Brasil e fechar-se a triste história 
dos tempos bárbaros da nossa terra. 
Não é possível imaginar de um lance de pensamento o que será todo esse iluminado 
futuro, não obstante o presente fornecer-nos o esboço do que ele será nos largos traços dos 
acontecimentos que nos surpreendem. 
O que está por trás do dia 3 de maio não cabe na previsão dos políticos e não é 
demasiado otimismo profetizar que a nossa evolução nacional será feita com a mesma rapidez 
da dos Estados Unidos. 
As estrelas do Sul dentro em um quarto de século não invejarão o fulgor da constelação 
do Norte. 
PATROCÍNIO, José. Semana política. Fonte: ABL. Disponível em: https://tinyurl.com/yxfvcaqz. 
Acesso em:28 ago. 2020. 
 
Chiquinha Gonzaga 
 O condoreirismo no Brasil não permitiu 
aberturas e liberdades maiores ao movimento 
negro, como também prefigurou movimentos 
femininos. Chiquinha Gonzaga nasceu em 1847 e 
faleceu em 1935. Foi compositora, instrumentista 
e maestrina. Escreveu “As pombas” e a marchinha 
carnavalesca “Ó abre alas”, entre outros. Em 
1869, ela se separa do marido. Além de 
abolicionista era republicana. 
 
 
 
 
Maria Firmina dos Reis 
 O abolicionismo foi uma tomada de posição contra o modelo 
econômico escravagista no Brasil. Uns escritores se afirmavam 
literariamente no gênero lírico (poesia) e outros na prosa, como é o 
caso de Maria Firmina dos Reis. Maranhense, nasceu em 1822 e 
faleceu em 1917. Publica o romance Úrsula (1859), considerado o 
primeiro escrito por uma brasileira. Depois, em 1887, publica “A 
escrava” na Revista Maranhense. 
 
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Filme: 12 anos de escravidão 
Sinopse: 1841. Filme baseado e umm livro com a questão escravagista nos Estados 
Unidos, levando em consideração que não foi um modelo unicamente empregado no 
Brasil naquela época. Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um escravo liberto, que vive 
em paz ao lado da esposa e filhos. Um dia, após aceitar um trabalho que o leva a outra 
cidade, ele é sequestrado e acorrentado. Vendido como se fosse um escravo, Solomon 
precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver. Ao longo de doze 
anos ele passa por dois senhores, Ford (Benedict Cumberbatch) e Edwin Epps (Michael 
Fassbender), que, cada um à sua maneira, exploram seus serviços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Cebraspe – ESCS – 2015) 
O livro e a América 
Talhado para as grandezas, 
Pra crescer, criar, subir, 
O Novo Mundo nos músculos 
Sente a seiva do porvir. 
— Estatuário de colossos — 
Cansado doutros esboços 
Disse um dia Jeová: 
“Vai, Colombo, abre a cortina 
Da minha eterna oficina...” 
“Tira a América de lá”. 
(...) 
Por uma fatalidade 
Dessas que descem de além, 
O sec’lo que viu Colombo 
Viu Guttenberg também. 
Quando no tosco estaleiro 
Da Alemanha o velho obreiro 
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A ave da imprensa gerou... 
O Genovês salta os mares... 
Busca um ninho entre os palmares 
E a pátria da imprensa achou... 
Por isso na impaciência 
Desta sede de saber, 
Como as aves do deserto 
As almas buscam beber... 
Oh! Bendito o que semeia 
Livros... livros à mão cheia... 
E manda o povo pensar! 
O livro caindo n’alma 
É germe — que faz a palma, 
É chuva — que faz o mar. 
Castro Alves. Espumas flutuantes. Cotia: Ateliê Editorial, 2005, p. 75. 
 
No fragmento do poema “O livro e a América”, de Castro Alves, a América é apresentada como 
espaço de 
A) religiosidade rígida, visto que sua população se orienta pelos livros sagrados do cristianismo. 
B) exercício do domínio europeu, que nega à população local a educação e a possibilidade de pensar 
por si mesma. 
C) precariedade momentânea, por ser um território desértico, desolado e sem valor. 
D) futuro da humanidade, por estar vinculada às grandes conquistas modernas. 
Comentários 
  Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Religiosidade é uma característica da primeira geração e não da 
terceira. Em todo caso, lá tinha um sentido de transcendência, arrebatamento e sublime. Aqui no 
poema Jeová é mencionado como peça importante, uma verdadeira voz que impulsiona o ser 
humano a desbravar. 
Alternativa B: incorreta. Não há dados suficientes para se afirmar isso. É certo que há “sede 
de saber”, mas não é mencionado que pretendiam deter o conhecimento. 
Alternativa C: incorreta. Pelo contrário: “O Novo Mundo nos músculos /Sente a seiva do 
porvir”. 
Alternativa D: correta– gabarito. Embora de uma maneira crítica, mas a descoberta da 
América é consequência (materializada nas metáforas de germe e chuva) do conhecimento adquirido 
nos livros, da criação da imprensa por Johannes Gutenberg (1400-1468), cujo museu fica hoje na 
cidade de Mainz e até mesmo de certa crença religiosa (no desconhecido). Lembrando que a 
imprensa teve um papel central para o Romantismo, porque propiciou a criação de livros e 
respectivamente aumentou sua circulação. 
 Atenção: questões históricas e sociais passam a ser importantes para o Romantismo. Já há 
certo distanciamento histórico e há um revisionismo sobre a colonização. 
 Grau de dificuldade da questão: médio. 
Gabarito: D. 
 
 
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3.4 – Prosa Romântica Brasileira 
 Apesar de formado em Medicina, 
Macedo exerceu mesmo o jornalismo e se 
engajou na política. A moreninha foi a sua 
primeira obra e foi feita com o propósito bem 
claro de satisfazer o gosto do leitor da época. 
Tanto é que seu modelo foi reaproveitado por 
vários outros romances posteriores do autor. 
Esse modelo é pautado nas seguintes 
características: comicidade, namoro difícil ou 
impossível (platônico), a dúvida entre dever e 
desejo, o reconhecimento inesperado de uma 
identidade, as brincadeiras de estudantes e 
uma linguagem mais voltada para o tom 
coloquial. O final feliz (happy end) é uma das 
marcas de algumas obras românticas mais 
voltadas para o idealismo. 
Os homens viviam uma vida de boemia enquanto a mulheres mantinham sua castidade e o 
final feliz é típico do Romantismo, bem como sentimentalismo exagerado. 
No teatro, escreveu O cego e Cobé. 
 
 
 
 
 
TRECHO DE “A MORENINHA” 
– E ela, que possui talvez seus duzentos mil cruzados, não é assim, Filipe? Olha, se é assim, 
e tua avó se lembrasse de querer casar comigo, disse Fabrício, juro que mais depressa daria 
o meu “recebo a vós” aos cobres da velha, do que a qualquer das nossas “toma-larguras” da 
moda. 
– Por quem são!... deixem minha avó e tratemos da patuscada. Então tu vais, Augusto? 
– Não. 
– É uma bonita ilha. 
– Não duvido. 
– Reuniremos uma sociedade pouco numerosa, mas bem escolhida. 
– Melhor para vocês. 
– No domingo, à noite, teremos um baile. 
 
Comentários 
 A moreninha (1844) é considerada como obra introdutória da prosa romântica brasileira. 
Embora não identificada, parte-se do pressuposto de que se situa na Ilha de Paquetá e 
envolve os costumes oitocentistas e burgueses, como baile. O ambiente é de “patuscada”, 
ou seja, festa com muita comida e bebida; comemoração barulhenta e animada entre amigos 
(dicionário Aulete). 
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Fonte da imagem: Pixabay. 
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A moreninha (1844) 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 23 capítulos e um epílogo. 
PERSONAGENS Filipe, Leopoldo, Fabrício, Augusto, Joana, Joaquina, D. Ana, Moreninha (irmão de 
Filipe), D. Violante. 
TEMPO Primeira metade do século XIX. 
ESPAÇO A ilha de... Não é especificado, mas se acredita que seja a de Paquetá. 
ENREDO Augusto, Leopoldo e Fabrício são convidados por Filipe (são 4 estudantes de 
Medicina) para passar o feriado de Sant’Ana na casa de sua avó na Ilha. Houve uma 
aposta entre Filipe e Augusto: alguém se apaixonaria na ilha e o outro teria que 
escrever um romance por perder a aposta. 
CONFLITO Quem acaba por se apaixonar é o Augusto. Ele se apaixona por Carolina, a quem 
chega a propor, mas está ligado a uma promessa de infância com uma garota que 
encontrou na praia. 
CLÍMAX A garota da praia acaba se revelando convenientemente como sendo Carolina,pois 
havia guardado um presente (um camafeu: joia ou entalhe) dele para comprovar. 
DESFECHO Eles ficam juntos e Augusto escreve o romance A moreninha para contar sua 
história. 
 
 
 
 
 
 
A luneta mágica (1869) 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA VI (6) capítulos. 
PERSONAGENS Simplício, Américo, tia Domingas, prima Anica, Sr. Nunes, Reis, Armênio. 
TEMPO Fim do século XIX, mais especificamente, década de 60. Em todo caso, tempo vago, 
indeterminado, como é indicado em “No princípio do ano corrente de 186...”. 
ESPAÇO Cidade do Rio de Jáneiro. 
ENREDO Simplício ficou órfão com 12 anos e vai morar com a sua família. Um dia indicam a 
ele um gravador de vidros chamado Reis que poderia ajudá-lo com o seu problema 
de miopia. Reis tenta e não consegue, e recomenda para Simplício o mágico 
Armênio, que entrega ao menino uma luneta com a qual ele podia enxergar. Porém, 
ela tinha uma peculiaridade: o menino não podia fixar por mais de 3 minutos em 
nenhum objeto, senão veria o mal deles e com 13 ele iria ver o futuro e a luneta se 
destruiria automaticamente. 
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CONFLITO Claro que uma criança de 12 anos iria ignorar os conselhos. Ele começa a ver o mal 
em toda a sua família. Começa a se sentir decepcionado e todo mundo o julga louco. 
CLÍMAX Ele decide tomar um ato heroico de destruir a própria luneta. Olha para ele mesmo 
no espelho. Acaba por ver o próprio mal e a luneta se destrói antes que ele possa 
ver o próprio futuro. 
DESFECHO Simplício retorna ao mágico que dessa vez faz para ele uma luneta que consegue 
ver o bem nos outros. Novamente, ele desobedece, e vendo o bem em todos 
começa a se sentir enganado e se apaixona por todas as mulheres. Indo se suicidar 
no corcovado, aparecem Armênio e Reis, que lhe explicam que todos nós temos o 
mal e o bem dentro de nós mesmos e lhe entregam a luneta do bom senso. 
 
Manuel Antônio de Almeida 
Nascido em 1830 no Rio de Janeiro e falecido em 1861, 
representa um escritor de transição do Romantismo para o Realismo, 
sendo essa a sua principal característica. Sua obra já apresenta crítica 
social, denúncia e ironia, elementos típicos do movimento posterior. 
 De família pobre, cursou Medicina com dificuldade, embora 
nunca tenha a exercido, tornando-se na realidade jornalista. 
Como escritor, escreveu uma única obra, mas que, pelo seu 
descompromisso e senso de humor, alcançou um lugar simbólico na 
Literatura brasileira. 
 
Joaquim Manuel de Macedo e Manuel Antônio da Almeida 
escrevem um tipo de romance romântico chamado de urbano. 
Essa prosa costuma ser mais social, crítica e irônica e por isso 
mesmo geralmente configuram obras de transição, pois 
tendem a abandonar o idealismo. Por exemplo, em Lucíola 
(1862) a protagonista é uma prostituta. Como já se trata da 
segunda metade do século XIX, também é conhecido como 
Romantismo Tardio. Os escritores desse período inovaram até 
algumas formas literárias, pois os romances costumavam 
amalgamar cartas, bilhetes e outros focos narrativos. 
 
Memórias de um sargento de milícias (1854) 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA XLVIII (48) capítulos. 
PERSONAGENS Leonardo, Maria das Hortaliças, o Compadre, a Comadre, Major Vidigal, Dona 
Maria, Luisinha, Vidinha. 
TEMPO Início do século XIX, época de D. João VI. 
ESPAÇO Rio de Janeiro. 
ENREDO Maria da Hortaliça e Leonardo Pataca vieram de Portugal em um navio negreiro, 
tendo gerado Leonardo. Porém, ela abandona o marido para voltar para a terra 
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natal. Pataca não cuida do filho e entrega para ser criado pelo padrinho, o barbeiro. 
O pai Leonardo Pataca se envolve com uma cigana. Ao tentar reconquistá-la, vai 
preso. Conhece o amor novamente em Luisinha, mas que acaba por casar com José 
Manuel. Com vida atribulada e passagens pela prisão, Leonardo Pataca 
ironicamente irá se tornar sargento e reencontra Luisinha viúva com quem obtém 
permissão de casar. 
CONFLITO Os altos e baixos de Leonardo Pataca, desencontrado no amor e preso várias vezes, 
típico representante malandro. 
CLÍMAX O seu amor Luisinha casa com um outro, José Manuel. 
DESFECHO Pataca a reencontra viúva e casa com ela, além de ter obtido um cargo militar. 
 
 
Tratava-se de uma cigana; o Leonardo a vira pouco tempo depois da fuga da Maria, e das 
cinzas ainda quentes de um amor mal pago nascera outro que também não foi a este respeito 
melhor aquinhoado; mas o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia 
naquele tempo; não podia passar sem uma paixãozinha. Como o ofício rendia, e ele andava 
sempre apatacado, não lhe fora difícil conquistar a posse do adorado objeto; porém a 
fidelidade, a unidade no gozo, que era o que sua alma aspirava, isso não o pudera conseguir: a 
cigana tinha pouco mais ou menos sido feita no mesmo molde da saloia*. Por toda a parte há 
sargentos, colegas e capitães de navios; a rapariga tinha-lhe já feito umas poucas, e acabava 
também por fugir-lhe de casa. Desta vez porém, como não eram saudades da pátria a causa 
desta fugida, o Leonardo decidira haver de novo e por todos os meios a posse de sua amada. 
Encontrou-a com pouco trabalho, e empregando o pranto, as súplicas, as ameaças, porém tudo 
embalde, decidiu por isso a buscar com meios sobrenaturais o que os meios humanos lhe não 
tinham podido dar. 
Entregou-se portanto em corpo e alma ao caboclo da casa do mangue, o mais afamado de 
todos os do ofício. 
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/y5fuu9f8. Acesso em: 11 set. 2020. 
*Saloia = pessoa que vive nos arredores de Lisboa; pessoa que vive no campo, camponesa. 
 
Comentários 
O romance como um todo tem viés cômico. Leonardo Pataca queria chamar atenção da 
cigana só para si. Poderia ser mulherengo, mas padecia de um estado atípico: estava afeiçoado 
por ela. A resolução dele é suspeita, pois estava indo atrás de fórmulas prontas para o amor. 
Parte-se do pressuposto de que o caboclo seja um curandeiro ou algo dessa natureza a partir 
do trecho: “[Leonardo Pataca] decidiu por isso a buscar com meios sobrenaturais o que os 
meios humanos lhe não tinham podido dar”. O trecho todo é narrado com ironia. 
 
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O ROMANCE URBANO 
 Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance urbano, pelo fato de tratar das 
particularidades da vida cotidiana da burguesia, conquistou um enorme prestígio entre o 
público dessa classe. Esse êxito não apenas teve como consequência a consolidação e o 
amadurecimento do romance como gênero, mas também preparou caminhos para voos 
literários mais altos, representados pelos romances urbanos de Machado de Assis, que 
surgiram alguns anos depois. 
 O romance romântico, em vez de tratar de temas antigos, relacionados aos gregos e 
romanos, retratava o dia a dia do leitor, pondo em discussão certos problemas e valores 
vividos pelo próprio público nas cidades. Para a burguesia de então, ver o mundo retratado 
nos livros era uma novidade excepcional. 
 Por essa razão, o romance urbano, entre todos os tipos de romance que se produziram na 
Europa e no Brasil no século XIX, é o mais lido desde o Romantismo até os dias de hoje. 
Fonte: CEREJA; MAGALHÃES, 2004, p. 193. 
 
Bernardo Guimarães 
 Nasceu em 1825 e faleceu em 1884. É natural de Ouro Preto, 
sendo o patrono da Cadeira nº 5 da Academia Brasileira de 
Letras. Variou entre temática social e regionalista. Escreveutambém poesia, mas suas obras mais conhecidas são: 
  O ermitão de Muquém (1869); 
 O seminarista (1872); 
 A escrava Isaura (1875). 
 
 
 
 
 
Lá bem longe, no coração dos desertos, em uma das mais remotas e despovoadas 
províncias do Império, existe uma das mais notáveis e concorridas dessas romarias, notável, 
sobretudo, se atendermos ao sítio longínquo e às enormes distâncias que os romeiros têm de 
percorrer para chegarem ao solitário e triste vale em que se acha erigida a capelinha de Nossa 
Senhora da Abadia do Muquém na província de Goiás, cerca de oitenta léguas ao norte da 
capital e a sete léguas da povoação de S. José de Tocantins, à margem de um pequeno córrego 
que tem o significativo nome de Córrego das Lágrimas. Das mais remotas paragens acodem 
romeiros a essa isolada capelinha para implorar à santa o alívio de seus padecimentos e trazer-
lhe preciosas oferendas. Durante alguns dias do ano aquele lôbrego e escuro sítio transforma-
se em uma ruidosa e festiva povoação; o Muquém é sem contestação a romaria mais 
concorrida e a mais em voga do interior. 
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Eis aqui por que ocasião e como nos foi contada a história da fundação dessa importante 
romaria. 
Viajávamos eu e mais dois companheiros vindos de Goiás, e atravessávamos a província de 
Minas com direção à corte; acabávamos de arranchar em um belo sítio nas campinas 
graciosamente acidentadas do município do Patrocínio, junto à margem de um ribeirão, 
chamado Rio de S. João. A paisagem era enlevadora, o tempo magnífico. 
O rio corre escoltado em uma e outra margem por uma orla de árvores alterosas e da mais 
formosa ramagem; o rancho está situado em um delicioso vargedo cerca de duzentos passos 
de distância do leito do rio, cujo brando murmúrio... não se ouvia, pois corre manso e 
silencioso como a jibóia escorregando sutilmente pela vereda úmida dos brejos. O tope escuro 
dos arvoredos destacava-se vivamente no horizonte inflamado pelos clarões do sol poente. 
GUIMARÃES, Bernardo. O ermitão de Muquém. Disponível em: https://tinyurl.com/yxpokwu5. 
Acesso em: 25 set. 2020. 
 
Comentários 
Pela descrição, classifica-se como romance regionalista. Há idealização do lugar, 
sobretudo, no último parágrafo. Religiosidade no sentido de sublime e arrebatamento, no 
caso, verificável no costume popular e religioso da romaria. 
 
 
INDIANISTA
- formação do povo brasileiro;
- associação de personagens à 
natureza;
- mistura de características dos povos 
indígenas e europeu.
HISTÓRICO
- fato histórico é o ponto de partida e 
a história ocorre no passado
- personagens com comportamento 
histórico
- Documentos e refereências 
históricas
REGIONAL
- projeto de formação de identidade 
nacional;
- arquétipos e costumes de cada 
região → regionalismo
- fazer os brasileiros conhecerem o 
BRASIL
URBANO
- amor versus interesses financeiros;
- crítica aos valores e costumes
- referências à realidade → realismo
TIPOS DE ROMANCE 
ROMÂNTICO
Luana Signorelli
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José de Alencar 
José de Alencar (1829-1877) foi o principal 
brasileiro da fase romântica. Natural do Ceará, cursou 
Direito em São Paulo, mas morou grande parte de sua 
vida no Rio de Janeiro. Foi advogado e jornalista. Na 
política, foi várias vezes deputado e chegou a Ministro da 
Justiça, cargo exercido entre 1868-1870. 
Foi o principal na construção do projeto nacional, 
tendo perpassado pelos 4 tipos de romance, mas 
também pelos outros gêneros, especialmente o teatro. 
 
 Prosa: principais obras 
 
 Teatro: principais obras 
 Verso e reverso (1857); 
 O Crédito (1857); 
 O Demônio Familiar (1857); 
 As asas de um anjo (1858); 
 Mãe (1860); 
 A expiação (1867); 
 O jesuíta (1875). 
 
 
 
 
ROMANCE 
INDIANISTA
• Também 
chamado de 
Ciclo 
Indianista.
• O Guarani 
(1851);
• Iracema 
(1865);
• Ubirajara 
(1874).
ROMANCE 
HISTÓRICO
• As Minas de 
Prata (1862);
• A Guerra dos 
Mascates 
(1873).
ROMANCE 
REGIONALISTA
• O gaúcho 
(1870);
• O tronco do 
ipê (1871);
• Til (1871).
ROMANCE 
URBANO
• Cinco minutos 
(1856);
• A viuvinha 
(1857);
• Lucíola (1862);
• Diva (1864);
• A pata da 
gazela (1870);
• Sonhos d'ouro 
(1872);
• Senhora 
(1875).
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O Guarani (1857) 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA X (10) capítulos e um epílogo. 
PERSONAGENS Peri, Ceci (Cecília), D. Antônio Mariz, Isabel, D. Laurinda, D. Diogo Mariz, Loredano, 
Álvaro. 
TEMPO Século XVII, iniciando-se no ano de 1604 → tempo histórico. 
ESPAÇO Casa colonial; rio Paquequer (afluente do rio Paraíba), florestas do sudeste 
brasileiro. 
ENREDO D. Antônio Mariz, pai de Ceci, a protagonista, é fidalgo português que ajudou a 
fundar a cidade do Rio de Janeiro. Sua casa colonial estava sempre cheia de todos 
os tipos. Por exemplo, Loredano (ex-frei Ângelo di Lucca) era um italiano 
aproveitador que queria raptar sua filha Ceci. Porém, ela era protegida pelo valente 
índio da tribo aimoré, Peri, tendo-a salvado inclusive de uma avalanche de pedras. 
O pai dela era grato a ele. 
CONFLITO O filho de D. Antônio mata por acidente em uma caçada uma índia da tribo aimoré. 
Isso desencadeia uma rivalidade entre as duas famílias. 
CLÍMAX Peri quer dar um fim ao conflito de maneira heroica, porém trágica: toma veneno e 
vai combater a própria tribo aimoré. Como sabe que eles são antropofágicos (come 
a carne da própria espécie): ao matá-lo e comê-lo, Peri saberia que eles se 
envenenariam. 
DESFECHO Álvaro (ex-pretendente de Ceci, mas que se casa com Isabel) salva Peri. D. Antônio 
pede para que Peri se converta ao cristianismo e que fuja com a filha Ceci. Eles 
acabam fazendo isso, e veem a antiga casa do pai se desfazer num incêndio, 
desencadeado por uma explosão na luta contra os aimorés. O romance termina com 
Peri arrancando idealmente uma palmeira do chão, fazendo uma canoa e com os 
dois fugindo rumo ao horizonte. 
 
Esse romance tem um pé na tradição clássica da tragédia e do herói que 
quer se sacrificar em prol do bem maior, que deve escolher entre dever e 
necessidade. Apesar do idealismo romântico, esse elemento da tragédia 
antecipa alguns aspectos do realismo: Álvaro morre no conflito com os aimorés; 
sua esposa Isabel se suicida, d. Antônio se sacrifica. Já o elemento do 
antropofagismo antecipa o movimento literário do Modernismo. 
Portanto, por mais fantástica que possa parecer a obra e possam se revelar os atos bravos e 
heroicos e Peri, a obra é inovadora em muitos sentidos. 
Além disso, José de Alencar escreve uma prosa que configura no romance de pesquisa. 
Escrever não é fluido; demanda procedimentos técnicos não só narrativos como também de 
pesquisa. Portanto, para escrever seus romances indianistas, o escritor leu a Carta de Pero Vaz de 
Caminha, por exemplo. 
Por fim, também é comum a associação desse romance com o cavalheiro do Trovadorismo. 
No Brasil, na mesma época, estava ocorrendo o Quinhentismo, mas os valores medievais da época 
eram parecidos, de forma que a figura do Peri foi construída levando-se em consideração o amor 
cortês, isto é, código de conduta moral voltado para a honradez e a bravura. 
 
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Fonte da imagem: Pixabay. 
Iracema (1844) 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 33 capítulos. 
PERSONAGENS Martim, Iracema, Araquém, Poti, Caubi, Moacir.

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