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MATERIAL CRIMINOLOGIA, SOCIEDADE, VIOLÊNCIA E CONTROLE SOCIAL (UNIDADE 2)

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26/09/2022 12:23 Criminalidade, Sociedade, Violência e Controle Social
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=cikbn6ospurv2wHrPF4K4g%3d%3d&l=o2budGim9apGzkWleXCbDw%3d%3d&cd=UGhQrV… 1/32
CRIMINALIDADE, SOCIEDADE,
VIOLÊNCIA E CONTROLE
SOCIAL
CAPÍTULO 2 – CONTROLE SOCIAL E
SELETIVIDADE PENAL: QUAL O PAPEL
DAS CIÊNCIAS?
Ronaldo Félix Moreira Júnior
INICIAR 
Introdução
O processo de criminalização simbólica – como processo de tipificação de
condutas sem qualquer respaldo científico ou constitucional, normalmente
baseado no clamor público – também tem se mostrado solidificado na
sociedade, ao lado da naturalização da desigualdade e preconceitos. Com a
fragmentação e divisão social em grupos, muitos preconceitos são forjados e
naturalizado da mesma forma como a certos grupos são atribuídos o caráter da
periculosidade. Preste atenção ao nosso redor. Percebe que há grupos sobre os
26/09/2022 12:23 Criminalidade, Sociedade, Violência e Controle Social
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quais recai certo rótulo de periculosidade? Moradores de favelas, imigrantes, etc.
Há certo discurso propagado em relação aos aspectos negativos e supostamente
perigosos dessas pessoas.
As crises econômicas, nas últimas décadas, como um dos riscos apontados por
Ulrich Beck (1986), têm gerado na população sentimentos como incerteza e
desordem, o que afeta diretamente o chamado controle social informal,
responsável por tecer determinadas regras de convivência em comunidade.
Dessa forma, faz nascer e ser estimulado um maior policiamento de fronteiras
sociais, formando categorias preconceituosas. Isso acaba por refletir não
somente na atuação estatal seletiva, como também na própria dinâmica das
cidades. Diante deste contexto, é importante questionar “qual a relação entre o
crescimento das cidades e o aumento da criminalidade e segregação?” e “como
isso afeta nossa vida cotidiana?”
A primeira parte desse capítulo trata justamente da questão existente entre
cidade, criminalidade e democracia. O termo “democracia disjuntiva” é de
extrema importância para o entendimento da sociedade no período atual. Em
seguida, você irá entender a importância das várias áreas das ciências sociais no
estudo da sociedade e criminalidade. As disciplinas focadas nesse momento são
a sociologia, a antropologia e a ciência política.
Ainda em relação à interdisciplinaridade – analisada como a união de duas ou
mais disciplinas para um objetivo comum, enquanto transdisciplinaridade diz
respeito ao conhecimento ser, por si, sem fronteiras científicas –, a terceira parte
do capítulo diz respeito às áreas da saúde e seu papel no presente estudo, tendo
como base a relação existente entre o tema e à psicologia, em especial estudos
da psicanálise. Indaga-se, nesse momento: “as áreas da saúde podem contribuir
no estudo a respeito da criminalidade?” Por fim, o estudo das diferentes
disciplinas apontadas serve como estrutura da análise específica da seletividade
penal e da atuação policial. Acompanhe a partir de agora!
2.1 Controle e Cultura no Brasil da
década de 1990
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As últimas décadas foram marcadas por mudanças consideráveis na sociedade
como um todo, notadamente no ocidente. O que se conhece como globalização
alterou, de formas muitas vezes irreversíveis, costumes e hábitos dos indivíduos
e também a própria forma como muitos Estados Nacionais encaram suas
próprias políticas públicas. Na atualidade, vivencia-se um aumento exponencial
de fluxos, sejam eles de capitais, de informação, ou mesmo de pessoas. Há uma
dinâmica de modificação nas cidades. O fluxo de capitais normalmente é
acompanhado de um fluxo de indivíduos que, ávidos por sua parte dos lucros,
deixam suas cidades, o campo e até mesmo outros países em busca de uma
oportunidade.
Todos esses fluxos e mobilidades geram uma alteração nas cidades. Aumenta-se
a demanda pelo consumo (menciona-se, em especial, o consumo de drogas
lícitas ou ilícitas), por consequência também se fortalece o tráfico – que se utiliza
Figura 1 - O fluxo de informação, produtos e capitais se inserem na lógica do consumo, alterando
drasticamente costumes e hábitos. Fonte: Lissandra Melo, Shutterstock, 2018.
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de muitas dessas pessoas que simplesmente buscam uma oportunidade. Emerge
também o trabalho informal e, não menos importante, também se fortalece o
controle penal, mas não somente isso.
A própria arquitetura das cidades, de certa forma, acompanhará essas mudanças.
O medo e a insegurança geram um maior número de condomínios fechados
(horizontais ou verticais) e de arquitetura hostil e, assim, nasce mais uma forma
de segregação.
2.1.1 Dinâmica, democracia e cidades
Um aumento considerável de crimes violentos ocorreu nas cidades brasileiras
nas décadas de 1980 e 1990 (PERES; SANTOS, 2005). Não somente é necessário
compreender a razão da violência, mas se torna urgente apontar uma relação
entre criminalidade, democracia e espaço urbano, algo trazido por obras como
“Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo” (2000), escrito
pela antropóloga Teresa Caldeira.
Para ressaltar a relação entre o crescimento das cidades, a riqueza e a violência,
Adorno (2015) traz o estudo do sociólogo Cláudio Beato, coordenador geral do
Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP) da Universidade
de Minas Gerais. Em análise feita na década de 1990, foi provado que as taxas de
homicídios eram mais baixas em municípios mais pobres de Minas Gerais, e mais
altas nas cidades onde havia maior circulação da riqueza.
VOCÊ SABIA?
Diversas pesquisas foram elaboradas para se mensurar a desigualdade social em cidades do
Brasil para que os governos pudessem embasar a elaboração de suas políticas públicas. A cidade
de São Paulo apresenta um dos maiores índices de desigualdade, sendo que a própria
expectativa de vida na cidade possui diferenças em relação a certos locais. Enquanto em Jardim
Paulista há uma expectativa de vida de 79 anos, em Jardim Ângela, na zona sul da cidade a
expectativa é de 55 anos. No que diz respeito à educação infantil, a espera por vagas em creches
pode chegar, nas zonas mais pobres, a 441 dias (GOMES, 2017).
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Clique na interação a seguir para ler sobre a opinião de Caldeira (2000) sobre a
reprodução da criminalização dos pobres. Acompanhe. 
Caldeira (2000) salienta que a reprodução da
criminalização dos pobres, o desrespeito aos seus
direitos e a dificuldade para determinados grupos
carentes da sociedade em acessar à justiça são
elementos que corroboram para o aumento da
criminalidade. 
Para esse fim, também estão relacionados elementos
ligados ao processo de urbanização, como a migração,
industrialização, pobreza e analfabetismo. Há também
um aumento do termo em relação à instituição policial
ao mesmo tempo em que o Poder Judiciário deixa de
ser considerado um recurso confiável para solucionar
conflitos – sendo essa atuação também uma das
marcas da disjunção democrática.  
Nesse sentido, o Anuário Brasileiro de Segurança
Pública (2016) indica que 59% da população possui
receio em ser alvo de violência policial. Essa indignação
em relação à atuação policial, contudo, é seletiva, tendo
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Pode-se concluir, em relação à segregação urbana, enclaves fortificados e o
espaço público, que as formas de relacionamento urbano também têm se
transformado e passado por significativas mudanças, entre elas, uma
proximidade espacial cada vez maior entre grupos heterogêneos que, por outro
lado, estão cada vez mais separados socialmente. Os mencionados enclaves,
conforme Caldeira (2000), são uma das principais formas de ilustrar essa nova
regra de segregação, justamente por representar o medo do crime e da violência
por aqueles que se sentem ameaçado pelas diversas mudanças na sociedade e
que, assim, preferem deixar de lado espaços públicos de livre acesso e circulação
para viverem enclausurados com seus iguais, tendo um contato com outras
classes sociais apenas em eventuais relações de servidão, como segurança
privada, serviços domésticos etc.
2.1.2 Cidades e tráfico de drogas: uma análise sob a ótica da
criminologia feminista
Conforme mencionado, a grande concentração de pessoas, a aceleração da vida
na contemporaneidade e a lógica do consumo, entre outros fatores, acabam por
criar uma maior demanda por drogas lícitas e ilícitas. O tráfico, por sua vez, vale-
se de um grande contingente de indivíduos pobres e desempregados para
compor sua estrutura.
Toda essa lógica do surgimento e crescimento do tráfico nas grandes cidades
possui um efeito peculiar no que diz respeito às mulheres inseridas. Uma coleta
de dados realizada pelo Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Cidadania
(Universidade do Extremo Sul Catarinense) realizada com 35 mulheres do
Presídio Santa Augusta (CORTINA, 2015) constatou que 65% das entrevistadas
foram presas por crimes relacionados ao tráfico de drogas. Dessas, um total de
77% possuía histórico de abuso de drogas em algum momento da vida; 66% não
em vista que uma parcela da população, apesar de
recear a atuação violenta contra ela ou contra o grupo
da qual faz parte, acaba por aprovar essa ação
autoritária – e até mesmo ilegal – contra determinados
grupos de indivíduos. 
 
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tinha emprego formal no momento da prisão; 60% possuía baixo grau de
escolaridade; e 91% possuía filhos ou filhas. Uma análise interessante e que
corrobora com os dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) que
informa que o tráfico de drogas soma um total de 62% das condenações de
mulheres no Brasil.
VOCÊ SABIA?
Apesar de a média do aprisionamento feminino compor um total de 62% das condenações no
Brasil, essa proporção é muito maior em locais de fronteira e nos que estão inseridos na “rota do
tráfico”. Os maiores índices de aprisionamento de mulheres por tráfico de drogas, segundo o
DEPEN, estão nos seguintes estados: Rio Grande do Sul (89%); Roraima (89%); Mato Grosso
(82%); Mato Grosso do Sul (77%); Rondônia (77%); Amazonas (75%); São Paulo (69%); e Espírito
Santo (68%) (CORTINA, 2015).  
Apesar da criminalização e o número crescente de prisões, não há redução
efetiva do tráfico, pelo contrário, ele tem se tornado cada vez mais crescente,
tendo em vista a crescente demanda pelas substâncias vendidas. Tem-se,
portanto, um aumento do número de práticas delituosas devido ao lucro, que
potencializa a prática de um comércio considerado de alto risco (CORTINA, 2015).
Como já tratado, a carência de emprego, a necessidade de ganhos rápidos e de
consumo são alguns fatores que levam ao angariamento de indivíduos para a
composição das “fileiras” do tráfico, mas a lógica para a participação feminina é
ainda mais complexa.
Comumente se fala que a crescente participação feminina no tráfico diz respeito
à influência exercida por companheiros ou familiares já envolvidos, mas essa
explicação é superficial, não abarcando todos os casos.
Muitas mulheres que se envolvem com o tráfico de drogas por uma espécie de
busca de poder e respeito, uma espécie de status, mas ainda assim, as relações
discriminatórias de gênero também as atingem, tendo em vista que a elas são
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destinadas, neste ramo, atividades consideradas secundárias e inferiorizadas,
reproduzindo papéis ou tarefas associadas ao feminino, como limpeza,
embalagem, ou pequenas vendas (CORTINA, 2015).
A maior parte, contudo, dos dados coletados com mulheres em situação prisional
(CORTINA, 2015) apontam que o principal motivo para o envolvimento com o
crime de tráfico é a dificuldade de inserção no mercado de trabalho lícito e
formal, somado com a dificuldade de sustento de seus filhos ou filhas, tendo em
vista o número crescente de famílias monoparentais.
Essa informação corrobora com a hipótese de que no geral o objetivo de
participação no tráfico é, em geral, motivado por fatores econômicos e também
com a hipótese sustentada por Adorno   (2015) de que a criminalidade (em
especial o tráfico) tende a crescer em locais onde há circulação de capitais e
indivíduos, muito embora as oportunidades de empregos formais sejam
escassas.
Quadro 1 - Os dados básicos sobre o encarceramento feminino no Brasil (2014-2016) são um indicativo
para as precárias condições das detentas no sistema penitenciário brasileiro. Fonte: BRASIL, 2016.
2.2 Interdisciplinaridade e Ciências
sociais
26/09/2022 12:23 Criminalidade, Sociedade, Violência e Controle Social
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Tráfico de drogas, sua ligação com a criminalidade em geral, bem como a relação
existente entre modernidade, fluxos e mobilidades são fenômenos complexos.
Uma análise desses acontecimentos por meio de apenas uma disciplina
conseguiria abordar apenas aspectos superficiais e provavelmente incorreria em
equívocos em qualquer tentativa de aprofundamento. Por isso se nota que o
estudo sobre a sociedade, violência e criminalidade não é algo exclusivo da
criminologia, de modo que o tema é abordado com precisão por diversas áreas
do conhecimento. A própria criminologia, como já foi visto, não é uma ciência
una, tendo sido formado pela união entre diferentes áreas do saber. Tem-se, com
isso, a importância da interdisciplinaridade – como processo de vinculação entre
duas ou mais disciplinas que abordam determinado tema – para o estudo desses
assuntos complexos. Acompanhe a seguir!
2.2.1 As Ciências Sociais
O que se pode considerar como ciência, ou conhecimento científico, é algo
correspondente ao século XVII, com o surgimento de sólidos métodos de
investigação. Entretanto, a ciência desse período se refere, principalmente, às
ciências naturais e exatas. O caráter científico do estudo da sociedade surgiu
apenas anos depois, no século XIX.
Considera-se como Ciências Sociais (MELLO, et. al., 2014) o conjunto de saberes
relacionados às seguintes disciplinas: Antropologia, Sociologia e Ciência Política,
justamente por estudarem fenômenos semelhantes, resultantes da vida em
sociedade. Apesar disso, determinados autores compreendem que esse grupo
deve ser ampliado para abordar disciplinas como: Psicologia, Etnologia,
Geografia Humana, Economia, Administração e Ciências Jurídicas. Entretanto, a
maioria dos autores prefere a primeira divisão, sendo que outras disciplinas
(como as Ciências Jurídicas) acabam por ficar no contexto de Ciências Sociais
Aplicadas.
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As relações estabelecidas pelos indivíduos dentro de uma sociedade são o
principal objeto de estudo das Ciências Sociais. Essas relações certamente não
obedecem a características objetivas, pois resultam de valores, costumes e
representaçõeshistórico-culturais de um determinado grupo. Portanto, não se
pode dizer que as Ciências Sociais são como as Ciências Naturais, tendo em vista
que a última lida com fenômenos distintos relacionados à biologia, física ou
química.
Roberto Da Matta, antropólogo brasileiro, trata muito bem das principais relações
e controvérsias relacionadas entre as Ciências Sociais e Naturais, conforme pode
ser visto a seguir (MELLO, et. al., 2014). Clique para ver.
Quadro 2 - Conceitos básicos das disciplinas que formam os pilares das Ciências Sociais,
indispensáveis para o estudo não apenas da criminalidade e violência. Fonte: MELLO, et. al., 2014, p.
18.
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CASO
Um dos autores mais importantes para a sociologia clássica, Karl Marx tem causado muita
polêmica e isso não é um fato recente. Diante do crescimento e alteração estrutural do
capitalismo (do capitalismo industrial para o capitalismo globalizado e informacional) e do
fracasso da União Soviética ainda é possível se falar em contribuição marxista para as Ciências
Sociais? Certamente. Além do fato da União Soviética não ter sido propriamente socialista (mas
com um modo de produção típico de um capitalismo estatal burocrático) e de Marx ter
mencionado que o socialismo seria capaz de triunfar somente em escala global, a relação de
Marx com a polícia continua válida nos dias atuais. Para o autor, o capitalismo avança sempre
por um processo de destruição criativa. Novas forças destroem estruturas antigas em um
conflituoso processo, mas necessário para que o sistema de produção possa se manter. Tem-se
como exemplo a indústria do entretenimento. O MP3 tornou o CD dispensável e atualmente o
streaming fez com que o download entrasse em desuso. Novos negócios por meio dessas
tecnologias surgiram (Deezer, Spotify), mas o antigo modelo de negócio da música centrado nas
gravadoras saiu prejudicado. (MELLO et. al., 2014).
Conclui-se pela impossibilidade de enquadrar as Ciências Sociais nos quadros
rígidos pertencentes às outras ciências, tendo em vista suas peculiaridades
relacionadas ao objeto de estudo. É necessário ressaltar que, apesar de não ser
possível comportar métodos ou técnicas rígidas e rigorosas como nas Ciências
Eventos isoláveis são objeto das Ciências naturais. São fenômenos
recorrentes e sincrônicos, podendo ser analisados, isolados e
reproduzidos dentro de determinadas condições de controle em um
laboratório.
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naturais, isso não significa que não há métodos no campo social ou que eles não
possuam certo grau de rigor. Mello (2014) ainda salienta que o próprio
pesquisador deve ser considerado no contexto no qual os fenômenos se
apresentam, tendo em vista que também faz parte do objeto que investiga.
2.2.2 Ciências sociais, segurança e violência
A violência e sua repercussão nas políticas de segurança pública é um tema
recorrente não apenas para a sociologia, mas também para as Ciências Sociais
em geral. Como um tema intrinsicamente ligado à sociedade, é indispensável
que se faça uma análise com bases sociológicas ou antropológicas.
Autores como Bauman, no campo sociológico, são imprescindíveis para a análise
da modernidade e de como, com o processo de globalização, o mundo inteiro
tem sofrido mudanças e criado conflitos, conforme já abordado.
Como visto na análise de Teresa Caldeira, a antropologia é responsável por
apontar cirurgicamente dados que devem ser analisados primeiramente em
aspectos locais. Da mesma forma, Alba Zaluar, em “A Máquina e a Revolta”
(1985), realiza uma precisa análise sobre pobreza e seus conceitos, tendo como
laboratório o conjunto habitacional Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Há um
estudo direto sobre a vida dos moradores do complexo, bem como sua vivência e
relação com violência, religião, arte etc. Esse tipo de análise é indispensável para
a compreensão do fenômeno, que jamais poderia ficar presa a uma visão
superficial.
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Clique na interação a seguir para saber mais sobre a importância da Ciência
Política neste contexto.
Figura 2 - Estudos antropológicos fazem uma análise diretamente na fonte de muitos conflitos na
sociedade brasileira. Fonte: Donatas Dabravolskas, Shutterstock, 2018.
A Ciência Política, por sua vez, tem a importante função
de analisar o papel dos órgãos de poder no que diz
respeito às políticas públicas e a atuação geral do
Estado, além de estudar, entre outros objetos, as
organizações e os processos políticos de uma sociedade
e instituições, como corporações e entidades religiosas,
que se relacionam com o Estado. Quando se fala em
violência estatal, análises clássicas como de Carl
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Schmitt se tornam essenciais, pois trabalham com a
dicotomia “amigo-inimigo”, um dos alicerces da
constituição de um Estado.
Para haver a existência do espaço político é preciso que
exista oposição e conflito (DIETER, 2009). O que pode
ser entendido dessa análise é que esse inimigo não é
algo existente naturalmente (como já visto, não se trata
de uma entidade natural, mas construída),  ele é
colocado como uma figura escolhida pelo Estado para
que este consiga se autoafirmar, sem estar
necessariamente ligado a uma rivalidade previamente
existente em relação a esse Estado, ainda que ela possa
existir de alguma forma, mesmo que internamente
naquele Estado.
Isso pode ser notado ao afirmar Schmitt que o inimigo
não pode ser comparado a um adversário em geral.
Também não pode ser considerado inimigo o
adversário privado a quem se nutre sentimentos de
desafeto. Inimigo será apenas um conjunto de pessoas
em um eventual combate, segundo uma possibilidade
real desse acontecimento. O inimigo é o inimigo
público, pois tudo o que se refere a um grupo
semelhante de pessoas, como um povo, se torna
público (SCHMITT, 2008).
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Importante também mencionar que a declaração de um inimigo (como a “guerra
às drogas”) é algo que pode ensejar na decretação de normas violadoras de
direitos – tem-se, como exemplo as intervenções das Forças armadas – que
apesar de atingirem primeiro sempre uma camada mais pobre da sociedade,
acaba por legitimar um verdadeiro Estado de Exceção capaz de colocar em risco
todo um Estado Democrático.
“Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo” (2000), é uma indispensável obra de
antropologia escrita por Teresa Pires Caldeira. O livro se baseia em depoimentos de moradores de
diferentes bairros da cidade de são Paulo que foram colhidos entre os anos de 1989 e 1991. A tese
defendida pela obra é de que ocorre no Brasil o que se compreende como “democracia disjuntiva”,
marcado pela expansão da cidadania política e por uma deslegitimação da cidadania civil, criando
uma noção de espaço público com características de fragmentação e segregação.
Hoje não há mais o endereço certo para o inimigo, isso
facilita sua identificação em qualquer etnia, religião,
classe social, grupo político ou mesmo território, seja
ele no interior ou no exterior do estado. Esse ponto
muito interessa ao estudo dos conflitos e da violência
de uma maneira geral e pode muito bem explicar
determinados aspectos de uma seletividade presentena atuação das políticas públicas de segurança do
Estado brasileiro.
VOCÊ QUER LER?
 
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É importante mencionar que a citada autora realiza um apontamento em relação
ao fim de um período de ditadura militar e à chegada de um Estado considerado
democrático. Não obstante, pilares indispensáveis à democracia, tais como:
liberdade; igualdade; tolerância e respeito às diferenças, não encontraram
disseminação na sociedade, sendo substituídos por características como:
fragmentação; separação sólida nos espaços sociais e urbanos; e pela valorização
da desigualdade.
Nasce uma noção social sobre o crime, ou seja, uma ideia introjetada na
sociedade embasada pelo senso comum sobre o que – ou quem – é o criminoso.
Trata-se de um discurso classificatório maniqueísta que distingue de maneira
nítida o criminoso do “cidadão de bem”, sendo que muitas vezes o migrante, o
indivíduo que chega à cidade em época recente, é visto pelo menos como um
“criminoso em potencial”. Isso fica claro na obra mencionada quando uma
senhora de classe média, descendente de imigrantes italianos, refere-se a
migrantes recentes, como os nordestinos, como sendo culpados do aumento da
violência e criminalidade em seu bairro (CALDEIRA, 2000).
Por meio dessa percepção ocorre a criação de um círculo que se inicia com a
ideia do medo que é trabalhado e reproduzido na sociedade e gera a violência
que, combatida com aparatos violentos, acaba, em verdade, por se ampliar,
gerando ainda mais medo e insegurança.
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Interessa o fato de que na entrevista mencionada tanto a entrevistada
(descendente de imigrantes italianos), quanto o indivíduo objeto de sua análise
(o nordestino) compartilham uma condição de proximidade (a condição de
migrante), mas nesse caso, o migrante mais recente, diferente do já estabelecido,
pertence a outra classe social, sendo analisado como um distante, um criminoso.
Esse mesmo tipo de pensamento pode ser visto quando a obra analisa
moradores de bairros de elite e suas opiniões a respeito dos moradores de
regiões periféricas da mesma cidade.
No que diz respeito às cidades em si, é importante mencionar a existência e o
papel dos enclaves fortificados como um dos pilares da representação da
democracia disjuntiva.
Os enclaves fortificados, conforme Caldeira (2000), são propriedades privadas de
uso coletivo, enfatizando valores do que é privado e restrito, enquanto
desvaloriza, ao mesmo tempo, o que é público e aborto na cidade.  Tais enclaves
são demarcados e isolados por grandes muros, grades e enfeitados por todo tipo
Figura 3 - A grande mobilidade de pessoas na atuallidade escapa ao controle estatal contemporâneo.
Fonte: Komar, Shutterstock, 2018.
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de sistema de segurança, como cercas elétricas e câmeras. Voltam-se,
normalmente, para o próprio interior, rejeitando explicitamente a vida pública
das ruas.
O controle desses complexos é feito por meio de guardas (normalmente
armados) e por sistemas de segurança – importantes no papel de imposição de
regras de inclusão e exclusão. Ressalta-se que com o crescimento das cidades (e
por consequência dos condomínios fechados), os indivíduos, que guardam
características por determinadas áreas, passam a se relacionar em um círculo de
vida muitas vezes marcados pela vigilância mútua, uma característica importante
do controle social informal exercido por membros de uma mesma comunidade.
Esses enclaves são uma das formas de representação dessa democracia
disjuntiva justamente por ser também uma forma de se expressar a lógica de
exclusão que existe na sociedade brasileira, exclusão que convive com
características de democracia nessa sociedade.
2.3 Interdisciplinaridade: Ciências
sociais e Ciências da saúde
Neste tópico, trataremos da influência das Ciências da Saúde no que diz respeito
ao estudo da Segurança Pública. O tema é amplo, a partir do momento em que se
discute tanto a questão da saúde do profissional dessa área – de grande
importância no planejamento operacional e estratégico das instituições
relacionadas à segurança – quanto a contribuição dessas ciências para o estudo
da criminalidade em si.
Muito embora os conceitos trazidos pela Medicina durante a vigência do
pensamento criminológico positivista, como frenologia, tenham sido deixados de
lado, não se pode ignorar a contribuição dessa área em outras disciplinas, como
na Criminalística, no auxílio à elucidação de uma atividade criminosa. Interessa-
nos, nesse momento, mencionar a contribuição da psicanálise para os estudos
criminológicos, mas é preciso que alguns conceitos sejam explicados, que
traremos a seguir.
2.3.1 A relação entre Psicanálise, Psicologia e Psiquiatria
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A Psicologia, em geral, é classificada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) como uma disciplina atinente às Ciências
Humanas, como Sociologia, História e Filosofia. Entretanto, o próprio Conselho
Nacional de Saúde (em sua Resolução 218/97) reconhece o papel do psicólogo
como uma atuação profissional da área da saúde, tendo em vista que seu
objetivo é, em essência, a promoção de qualidade de vida ao ser humano. Muito
embora as três disciplinas (Psicanálise, Psicologia e Psiquiatria) tratem, em
última análise, da saúde mental dos indivíduos, há fundamentais distinções
entre elas.
A Psicologia e a Psiquiatria foram fundadas com diferentes fundamentos e
preocupações. Enquanto a Psicologia tem como objeto de estudo a busca do
funcionamento da consciência, a Psiquiatria tem lidado com a construção de um
saber sobre a loucura e transtornos mentais. Conforme Bock, Furtado e Teixeira
(1999), o desenvolvimento da Psicologia permitiu que se compreendesse os
processos psicológicos, ao passo que a Psiquiatria foi responsável por
sistematizar o conhecimento e aspectos do funcionamento psicológico que se
desviam de um padrão compreendido de normalidade.
VOCÊ SABIA?
A gênese psicanalítica veio a partir de Sigmund Freud (1856-1939). Pela utilização de elementos
observáveis ao seu redor como base para a criação de suas teorias, Freud tentou compreender e
explicar fenômenos como a histeria, a neurose e a psicose. Freud também cunhou a noção do
inconsciente, uma importante peça da mente humana, utilizada ao lado de formulações como o
complexo de Édipo (MEZAN, 1996).
A Psicanálise, desenvolvida originalmente por Sigmund Freud, trata da
interpretação de conteúdos inconscientes de um indivíduo por meio de suas
ações, falas e de seu imaginário. Nesse contexto de análise do homem como
sujeito do inconsciente, não poderia essa disciplina deixar de trazer explicações
para o comportamento desviante (SERRA, 2015).
2.3.2 A Psicanálise, o criminoso e teoria da sociedade punitiva
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Conforme Serra (2015), os diversos saberes que formam o conhecimento
criminológico tratam de uma redução da tensão que existente entre as ideias de
delinquente e vítima, na tentativa de relativizar o contraste entre seus termos. A
Psicanálise, por outro lado, ao adentrar no campo da criminalidade, faz
aproximações entre as ideias de homem “de bem” e homem “criminoso”, fazendocom que não haja especificamente uma oposição entre esses conceitos.
Não somente isso, as diversas teorias da Psicanálise não se limitam a explicar
simplesmente o comportamento desviante, mas pode se voltar, inclusive, para a
pena e a necessidade de sua aplicação, incluindo a sociedade dentro do próprio
objeto de estudo.
A orientação da pesquisa psicanalítica no que diz respeito ao comportamento
desviante foi desenvolvida por Freud entre as décadas de 1920 e 1930 –
desenhando o que poderia ser classificado como a gênese de uma criminologia
psicanalítica.
Para que se possa compreender com mais clareza a teoria psicanalítica em
relação à criminalidade e à sociedade punitiva, é preciso entender a
representação da personalidade por meio de suas instâncias: Id, ego e superego.
Conforme Serra (2015), o Id pode ser visto como a instância inferior, que é
comandada pelo princípio do prazer. Trata-se da área responsável pela
impulsividade. O superego, instância superior, é o que se pode compreender
como uma espécie de consciência, atuando como um regulador das pulsões
instintivas do Id. Desenvolve-se na personalidade por volta dos cinco anos de
idade e fornece as noções de obrigações e valores.
O ego, por sua vez, é a instância intermediária. Seu funcionamento é pela
mediação entre os desejos do Id e a censura feita pelo superego. Trata-se da
ponderação.
Após essas considerações, é possível tecer uma teoria psicanalítica da
criminalidade, baseado nas teorias psicanalíticas de doutrina freudiana. Serra
(2015) aponta os três princípios fundamentais dessa criminologia psicanalítica.
Clique nos itens a seguir.
O homem é por natureza antissocial.
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O crime é consequência de uma domesticação sem êxito de uma
espécie de animal selvagem.
A personalidade é moldada durante a infância do indivíduo, fase
fundamental para a determinação de um futuro comportamento
desviante ou conforme.
Rejeita-se, por meio desses parâmetros, a ideia de um delinquente nato porque,
conforme Freud, todos os indivíduos entram na vida com instintos imorais e
antissociais, que podem ou não ser conditos na fase adulta. O crime existe,
portanto, para a satisfação simbólica dos instintos libidinosos. O caráter
inibitório do superego, de uma forma que o ego se submete às exigências do Id.
Ressalta-se, contudo, a existência de uma criminalidade neuroticamente
condicionada onde é possível perceber a existência de processos neuróticos que
flexibilizam a dependência do ego em relação ao superego, ou até mesmo o
iludem em relação aos reais motivos, ocultando-lhe o sentido do ato. Veja na
interação a seguir alguns exemplos de Serra (2015):
O delito-sintoma também chamado de delito-obsessão,
em que o ato aparece de maneira incompreensível e
irresistível na consciência (cleptomania).
O crime que é provocado por mecanismos patológicos
de sofrimento, tanto de sofrimento real como de
sofrimento imaginado (o agente projeta sobre a vítima,
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Não obstante as ideias relacionadas ao indivíduo e seu desejo inconsciente de
delinquir (ou ser punido por esse ato), as teorias psicanalíticas também
conseguem desenhar um estudo a respeito do desejo punitivo de uma
sociedade, tendo como base as análises freudianas em “Totem e Tabu” (1913)
para compreender as razões e a estrutura por trás da vontade social em infligir
pena aos indivíduos que cometem algum tipo de ato desviante.
Segundo a análise da sociedade punitiva, os impulsos por algum tipo de
repressão ao “delinquente” existem em decorrência de um medo “capacidade de
contágio” do crime. A punição, nesse caso, será capaz de proporcionar àquele
por meio de um processo psicótico, seus instintos
recalcados, como que em legítima defesa ao entender-
se prejudicado).
O crime “legitimado” por racionalizações, que se trata
da situação em que se invoca algum tipo de razão
aceitável para a prática do ato, o que faz com que o ego
se desvie da vigilância do superego.
O crime por sentimento de culpa, o maior exemplo da
criminalidade neurótica, que se manifesta pelo desejo
inconsciente de punição, não somente pelo crime, mas
pela culpa proveniente dos desejos proibidos em geral.
A culpa, nesse caso, precede o crime e a sanção
representa o alívio.
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responsável pela aplicação da pena de uma oportunidade de cometer similar
crime e a descarregar seus próprios sentimentos reprimidos de culpa.
Jacques-Marie Émile Lacan (1901-1981) foi um dos maiores psicanalistas franceses. Após estudar
medicina, especializou-se em Psiquiatria, cursando doutorado no ano de 1932. Apesar de ter tido
Freud como uma de suas grandes bases, Lacan deu início a uma corrente psicanalítica própria,
chamada de Lacanismo. No que diz respeito às teorias psicanalíticas da criminalidade, os
pesquisadores lacanianos argumentam que o crime é a busca de uma inscrição social desejada por
todo sujeito (SERRA, 2015). 
Serra (2015) explica que, para Freud, há uma tentação por parte dos membros de
um grupo em imitar aquele o violador do tabu, com o objetivo de também liberar
seus instintos reprimidos, o que explica a estrutura punitiva de “solidariedade”
(ou seja, de atuação mútua) e, consequentemente, a representação da
capacidade contagiante do tabu. É pressuposto da reação punitiva a presença de
impulsos similares àquele proibido nos demais indivíduos pertencentes ao
grupo. A pena, portanto, sendo anterior ao crime, representa um reforço do ego
social. Conclui-se que onde houver algum tipo de proibição, haverá também
algum desejo impedido. 
VOCÊ O CONHECE?
2.4 Seletividade penal e atuação
policial
Até aqui, temos estudado a importância das mais variadas ciências no que diz
respeito ao tema do controle social e da seletividade penal. Mas, como já
falamos, é impossível que apenas uma disciplina – tal como o Direito ou mesmo a
Sociologia – seja capaz, por si apenas, de abordar os diferentes aspectos desses
complexos fenômenos.
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Também é de grande importância demonstrar como os diferentes campos
científicos possuem diferentes formas de análise de um mesmo fenômeno, como
o tema criminalidade recém abordado na perspectiva das teorias psicanalíticas.
O tópico atual tem como objetivo tratar de um importante tema da matéria como
um todo – a seletividade penal e atuação judicial –, mas para tanto faz uso de
uma importante disciplina para as Ciências Humanas: a Filosofia.
Figura 4 - A filosofia, desde a antiguidade, tem o objetivo de gerar reflexões e críticas. Fonte: Le�eris
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Por meio da análise de autores como Giorgio Agamben e Jessé de Souza, é
possível elucidar e aprofundar ainda mais nesse importante tema, compreendo
as raízes do que se compreende por subcidadania e o descaso estatal relativo a
determinados grupos da sociedade. Faz-se, também, nesse momento, uma
alusão e correlação entre a literatura distópica e a violação a direitos pelo Estado,
como forma de ilustrar o problema mencionado.
2.4.1 A análise da sociedade por meio da Distopia
Utopia tem sido um termo recorrente nas discussões cotidianas, mas também na
filosofia política – é um termo quetraz uma noção de progresso. Distopia, por
outro lado, é um termo que foi utilizado pela primeira vez por John Stuart Mill e
Greg Webber em 1868 para tratar de sociedades hipotéticas em condições piores
do que as da própria realidade. Por que se falar em distopia? Moreira e Moreira
Júnior (2017) entendem que a reflexão por meio do estudo da distopia também
pode ajudar compreender fenômenos como a violência e subcidadania – tendo
em vista que são temas comuns em obras distópicas, ao mesmo tempo que
também são temas preocupantes na sociedade contemporânea. A sociedade
constantemente vivencia uma “barbárie civilizada” ilustrada por atos
considerados violentos realizados por Estados para o exercício de seu poder
punitivo. A distopia se mostra, portanto, como um eficaz meio de estudar a
realidade por meio do irreal.
Papaulakis, Shutterstock, 2018.
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A literatura distópica, em geral, pode ser analisada como um aviso de incêndio.
Chama-se a atenção para fenômenos em crescimento por meio da arte para que
seja criada uma reflexão.
Para Moreira e Moreira Júnior (2017), obras clássicas sobre distopias, como
“Admirável Mundo Novo” (HUXLEY, 1932) ou “1984” (ORWELL, 1949) carregam
similaridades entre si e com a própria realidade ao abordarem temas como os
apontados na interação a seguir.
Figura 5 - A vigilância é uma característica marcante das obras distópica, como “1984”, de George
Orwell. Fonte: martin33, Shutterstock, 2018.
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Sendo intrinsicamente antiautoritárias, insubmissas e com viés fortemente
crítico, tais obras problematizam possíveis eventos perigosos caso certas
tendências atuais acabem por se tornar vencedoras (os autores mencionam
como exemplo o crescimento de ideias fascistas no ocidente).
2.4.2 Ação estatal e violação à igualdade e dignidade humana
Uma das principais marcas do cenário político brasileiro é a manutenção
exagerada da hierarquia e a naturalização da desigualdade. Jessé Souza (2006)
compreende que nas sociedades periféricas a desigualdade social toma grandes
proporções. Por existir esse tipo de desigualdade endêmica, forma-se a noção de
subcidadania, uma qualidade designada a certos grupos de indivíduos que não
possuem os requisitos considerados básicos para uma plena cidadania e nem
atendem aos desejos da classe dominante.
Essa subcidadania é constantemente representada em obras distópicas, que
tratam de uma realidade similar à vida real, sendo que os aspectos ruins são
sempre maximizados. Em muitas dessas obras o rótulo de subcidadão não recai
sobre os seres humanos, mas sobre seres diversos.
Esse campo da literatura e do cinema permite essas conjecturas porque a partir
delas se torna possível compreender melhor a própria realidade. Exemplos
podem ser muito apontados como “Androides sonham com ovelhas elétricas?”
(DICK, 1968), ou sua adaptação cinematográfica “Blade Runner” (SCOTT, 1982). 
Blade Runner – O caçador de Androides, de Ridler Scott, (1982) é, além de ser um dos maiores exemplos
do cinema em relação à ficção científica distópica, um excelente filme sobre a própria condição do ser
humano. O enredo trata de uma corporação que desenvolve no século XXI humanos sintéticos que
são utilizados para trabalhos forçados e um policial persegue um grupo desses replicantes renegados.
De maneira extraordinária, o filme consegue abordar temas como preconceito, desigualdade e
subcidadania.
Processos de indiferenciação subjetiva.
VOCÊ QUER VER?
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Nas obras mencionadas existe o estigma e o rótulo de subcidadão nos chamados
“replicantes”. Não existe uma sanção aos indivíduos responsáveis pelo
extermínio desses indivíduos. Há uma semelhança com a ideia de Homo Sacer
trazida por Giorgio Agamben (concebida do direito romano) vista na figura da
pessoa cuja sua própria condição é desqualificada de uma forma que sua vida é
apartada de qualquer conjunto de direitos. A vida do Homo Sacer está submissa
ao poder do soberano, ela pode ser lesada e morta, sem, entretanto, ser
sacrificada (AGAMBEN, 2002).
Essa figura de excluída pode ser associada à realidade brasileira e à violência
estatal praticada pelas forças policiais contra os integrantes das regiões de
periferia. Há uma violência que antecede à violência física e ocorre ainda no
processo de determinação de condutas criminosas. O poder punitivo trabalha
com o direcionamento de sua punição a um grupo de indivíduos. Normalmente
em uma sociedade capitalista (focada, atualmente, no consumo), o aparato
jurídico punitivista incide nos grupos fora desse contexto. A atuação policial
ocorre em momento posterior.
“Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua” (1995), do autor Giorgio Agamben, é uma incrível obra
filosófica que aborda temas como o Poder Soberano e o Homo Sacer (o indivíduo que pode ser morto
por qualquer pessoa sem que esta seja, por sua vez, punida), abordado como o corpo do cidadão que
acaba por ocupar uma posição importante dentro das estratégias e ditames de um poder estatal,
existindo, assim, uma verdadeira biopolítica. A condição de matabilidade de determinados indivíduos
trazida pelo autor serve como parâmetro de reflexão sobre as violentas políticas públicas de
segurança públicas aplicadas atualmente.
Menciona-se novamente a criminalidade como um status social que é atribuído a
certa pessoa pelos detentores do poder de definição. O indivíduo rotulado
reveste-se de uma condição: a de violador de uma norma.
É necessário ainda mencionar que hoje equivocadamente se imagina um país
composto por uma população homogênea, dona de alguma identidade-padrão.
Conforme o autor, as origens dos diversos grupos humanos que formaram a
VOCÊ QUER LER?
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sociedade são rapidamente esquecidas.
Síntese
Após o fim deste capítulo foi possível aprofundar ainda mais em relação ao tema
da segurança pública e violência. A função do capítulo consiste justamente em
apontar as perspectivas de diferentes campos do conhecimento em relação ao
tema principal. No que diz respeito à antropologia, foi mostrado o processo de
segregação espacial e política existente no Brasil, bem como também foi
abordado com precisão a visão psicanalítica em relação ao criminoso (e a
vontade inconsciente de delinquir) e em relação à própria sociedade punitiva
(em conter os anseios desviantes). Você também aprendeu sobre os aspectos
filosóficos de autores como Jessé de Souza e Giorgio Agamben para ilustrar a
condição de matabilidade do indivíduo excluído na sociedade brasileira.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
relacionar as transformações metropolitanas com o processo de
segregação espacial e política;
compreender a importância das ciências sociais no desenvolvimento da
criminologia e no estudo da criminalidade;
compreender a importância das demais ciências no estudo da
criminalidade e da sociedade punitiva.
avaliar a importância da comunicação entre ciências sociais e ciências da
saúde no contexto da segurança pública;
analisar de maneira crítica a relação entre atuação policial e seletividade
penal.
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