Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A ITU consiste na presença de germes patogênicos no sistema urinário resultando em processo inflamatório sintomático Segunda maior causa de infecção bacteriana na pediatria Graças ao uso rotineiro da ultrassonografia no pré-natal e os registros de doença renal crônica, a abordagem do trato urinário em crianças teve uma mudança significativa É importante tratar ITU para evitar futuras complicações nas crianças Crianças com ITU de repetição tem mais chances de apresentarem refluxo vesico uretral, atelectasias, entre outros. O pior prognostico de ITUs em crianças é a pielonefrite, que pode levar até mesmo ao choque séptico Fatores que predispõem: refluxo vesico uretral, 90% dos refluxos vesicouretrais se curam sozinhos, com o passar dos anos Profilaxia: 50% da dose do antibiótico escolhido em dose única a noite por 6 meses. É feito em ITUs de repetição + refluxo vesicouretral grau V • Atinge 8,4% das meninas e 1,7% dos meninos menores de 7 anos de idade, com alto risco de recorrência dentro do primeiro ano do episódio inicial • Os picos de incidência ocorrem no lactente, na segunda infância e na adolescência. • Fatores predisponentes em lactentes incluem refluxo vesico ureteral (RVU) e outras anomalias estruturais e funcionais do trato urinário • Escherichia coli é a bactéria mais comumente encontrada nas ITUs – 80-90% das infecções (uma bactéria que fica alocada no TGI). Os demais 20% são causados por Klebsiella, Protheus, pseudomonas e enterococo • Crianças com constipação intestinal possuem maiores chances de adquirirem ITUs • A suspeita diagnóstica deve ser realizada em todos os pacientes lactente com febre sem foco aparente há mais de 24 horas • Uma ferramenta disponível para estimar a probabilidade de ITU em lactentes é a UTICALC (https://uticalc.pitt.edu/). • A calculadora apresenta duas etapas: 1) cálculo da probabilidade de ITU pré-coleta de urina, com base em sintomas clínicos; 2) cálculo da probabilidade de ITU após resultado do sedimento urinário. É uma opção interessante e prática a ser utilizada na emergência e com capacidade de aumentar a predição clínica e a tomada de decisão • A idade da criança é um fator importante na avaliação dos sintomas. Em <2 anos, devemos descartar malformações de trato urinário e na anamnese o questionamento sobre alterações na ecografia pré-natal deve ser lembrada. • Nas adolescentes do sexo feminino, atentar para o início da atividade sexual. SINTOMAS: Podem variar desde sintomas leves até quadros graves de bacteremia RN e lactentes: até 2 anos • Febre sem foco aparente • Vômitos • Diarreia • Icterícia persistente • Recusa alimentar • Irritabilidade • Quadro de septicemia • Perda ponderal Pré-escolares: Fisiopatologia, Manifestações Clínicas, Diagnóstico e Tratamento INFECCAO URINARIA NA PEDIATRIA • Urina fétida • Dor abdominal • Disuria • Polaciuria • Incontinência • Urgência miccional • Febre Escolares: • Urina fétida • Disuria • Polaciuria • Incontinência • Urgência miccional • Enurese secundaria (incapacidade de conter micção, eliminando urina) • Dor lombar • Febre (em casos de pielonefrite) Adolescentes: • Disúria • Polaciúria • Urgência miccional • Dor lombar e febre (se pielonefrite) • Padrão ouro é a urocultura • Em crianças sem controle esfincteriano: Deve ser realizada por meio de cateterismo vesical ou punção supra púbica (PSP) • Outro método possível é o “clean catch”: Após 25 minutos de ingestão de líquidos/mamada (25ml/kg) o lactente é seguro pelas axilas e recebe estímulos na região sacral e suprapúbica para estimular a micção e coletar o jato intermediário • No brasil, ao invés de segurar pelas axilas, deita a criança na maca • Coleta por saco coletor: só deve ser utilizada para descartar diagnóstico (negativa) se o quadro clinico for leve e a demora no diagnóstico não piorar a evolução do paciente (se positivo, o exame precisa ser repetido por método invasivo). Nas crianças com controle esfincteriano podemos utilizar jato intermediário. Se o teste da fita reagente for sugestivo de ITU, ou não realizado, mas a suspeita diagnóstica for alta, deve-se prosseguir com a avaliação do sedimento urinário (exame físico e químico), bacterioscópico (Gram) e urocultura para confirmação diagnóstica. A urocultura segue sendo o padrão ouro para diagnóstico de ITU • A ITU pode ser dividida em 3 categorias: cistite (infecção urinária baixa), pielonefrite (dor e febre associada) e bacteriúria assintomática. (sem sintomas urinários, mas pode ter outros sintomas como irritabilidade, dificuldade para amamentar, constipação intestinal) DIAGNÓSTICO POR MEIO DE ACHADOS LABORATORIAIS: • Sedimento urinário sugestivo de ITU: acima de 5-10 leucócitos por campo de grande aumento, nitrito positivo, esterase leucocitária positiva, presença de bactérias. • Urocultura: na amostra obtida por PSP qualquer contagem de colônias; por cateterismo vesical acima de 1000UFC/ml, jato intermediário acima de 50 a 100 mil UFC/ml • Não existe antibiótico padrão ouro • Recomenda-se iniciar empiricamente com terapia de menor espectro antimicrobiano possível com base na coloração gram se disponível. Deve-se priorizar por um antibiótico que tenha cobertura para Escherichia coli, conforme o padrão de sensibilidade bacteriana local (resistência inferior a 20%) • Via de administração é oral • A revisão da terapia precisa ocorrer na saída da urocultira geralmente em 48-72h, apoiada no antibiograma. TEMPO DE TRATAMENTO: • Na infecção urinária febril o tempo de tratamento com antibiótico é de 10 dias, em acordo com as diretrizes inglesa (NICE), italiana (ISPN) e australiana (KHA-Cari).10,13,14 As diretrizes Canadense e Americana (AAP) sugerem sete a 14 dias e a Colaboração Cochrane afirma serem necessários novos estudos para definir tempo de tratamento RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA: • O uso de antibiótico nos 90 dias anteriores ao quadro (em terapia ou profilaxia) aumenta a chance de resistência bacteriana, sendo maior o risco se intervalo inferior a 30 dias.11,12 Outros fatores associados à maior resistência incluem anomalias do trato urinário (refluxo vesicoureteral, hidronefrose, displasia, litíase), hospitalização prévia e alteração funcional da bexiga e intestino TRÊS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS PARA TRATAMENTO EMPÍRICO: • Nitrofurantoína • Cefalexina • Bactrim (sulfametoxazol + trimetoprima) • Ainda não existe consenso sobre esse tópico • Tem como objetivo reduzir os episódios de pielonefrite e formação ou piora da cicatriz renal • É utilizada com crianças que apresentam alteração no ultrassom (malformação de trato urinário), infecção de trato urinário febril com refluxo vesico uretral de grau IV ou V, uropatia obstrutiva e ITU recorrente (2 ou mais episódios de pielonefrite ou 1 episodio de cistite e 1 de pielonefrite ou 3 ou mais episódios de cistite) • Utiliza-se profilaxia até terminar a investigação • Nitrofurantoina e sulfametoxazol • O objetivo é descartar malformações de trato urinário que possam implicar desfechos no futuro • Os principais exames incluem ultrassonografia dos rins e bexiga (US), uretrocistografia miccional (UCM) e cintilografia renal com ácido dimercaptosuccínico - tecnécio-99 (DMSA) • A cintilografia é pouco usada pelo risco a exposição a radiotopos Prognostico: • Bom desde que diagnosticada e tratada precocemente • Crianças com probabilidade de doença renal crônica são os que apresentam malformações no aparelho renal ou creatinina e ureia altas, paciente com cicatriz renal, refluxo vesico uretral de alto grau Referência: • Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP: Infecção do Trato Urinário em Pediatria – Existe consenso entre os consensos? – atualização 2021
Compartilhar